Inquérito SP_DID_048

SPEAKER 1: : Passando dia oito de junho de mil... Novecentos e setenta e dois. Bom, então, como é que foi essa sua viagem? Quer dizer, a organização dela, como é que vocês pensaram em organizar a viagem?

SPEAKER 2: : Bom, essa viagem é uma.... Era uma viagem tradicional, feita pelos alunos no ITA, que estão no quarto ano. Uhum. Então, no no fim do e era o período de (), de três meses de férias, ãh, a turma, com a maioria dos alunos da turma, viajava. Então essa, essa, é... (), a organização dessa viagem começava no início do quarto ano. Hum. Então, era feita uma, uma arrecadação de dinheiro através de pedidos a, a indústrias. Então, cada indústria, () era solicitada uma contribuição e cada um daria quanto, quanto quisesse. A finalidade da viagem era técnica, porque os alunos iam visitar indústrias na Europa e também cultural. Uhum. Ãh... Quase todas as indústrias que contribuíam eram indústrias que tinham a, a matriz na Europa. Então, ah, ãh, o donativo da indústria, podia ser feito ou através de dinheiro, ou através de estadia na Europa... Hum. Durante alguns dias, ou de qualquer maneira, desde que essa ma, essa maneira revertesse em benefício. Então, uma das grandes contribuições que nós tivemos foi da Varig. Da Varig... nos doou vinte passagens de ida e volta. Outra contribuição que nós tivemos foi da fa-bi. A fa-bi doou um avião para nos levar e trazer. Então, ãh, uma turma foi feito, eh, uma distribuição dos alunos que iam pela Varig ou iam pela fa-bi. Logicamente, é um critério () feito pela Varig. (risos) Então, para, para haver a escolha, era feita uma contagem de pontos. Então, aqueles que conseguiam mais dinheiros, mais dinheiro, uh, o valor, o valor que era conseguido eh, era, era... Ãh, transformado em pontos. Hum. E... Além disso, nós tínhamos uma rifa também de um automóvel. Aqueles que vendessem mais rifa também conseguiriam mais ponto. Então, no final, Esses pontos eram secretos. Ãh... Era se... Era, era contado secretamente para ninguém, logicamente, deixar outro para trás, né? Então, ãh, era formado inicialmente, no, no fim do terceiro ano, era formada a comissão de viagem. Essa comissão de viagem era composta de oito elementos. Presidente, tesoureiro tinha uh, o relações públicas, tinha todo, todos os elementos que éh, eram necessários para que tivesse a ligação com todo o pessoal. Tinham uh os elementos ãh encarregados de organizar, ãh, o fichário de indústrias. Porque, eh, eh, eh, nós temos um, um fichário de indústrias, que haviam contribuído nos anos anteriores, e esse fichário passava de ano para ano, praticamente para facilitar. Uhum. Então, ãh, essa viagem foi, ah, organizada e o objetivo era levar o maior número possível de de elementos. Foram, num to tal to tal de cinquenta e uma pessoas, sendo, ãh, dessas cinquenta e uma, dois professores com as suas esposas. Então, viajaram a turma de eletrônica e a turma de mecânica. Então, a viagem, eu em particular, eu parti pela, pela fa-bi. Eu fazia parte da comissão de viagem.

SPEAKER 1: : Não fez muito pontos então?

SPEAKER 2: : Não, eu não fiz nenhum praticamente, mas existia uma regra que todo elemento da comissão, ele receberia uh, o número do, do aluno que tivesse feito o maior número de pontos. A comissão de viagem não, não entrava na competição pelo trabalho que teria que fazer. Então, eh, a opção era, os os primeiros colocados, eles poderiam escolher quem fosse de Varig, voltaria de fa-bi e vice-versa. Somente quatro alunos foram de navio, voltaram de navio também porque faltou, faltou quatro passagens. Então, eu em particular parti de um avião da, da fa-bi, nós partimos do Rio de Janeiro. ### Cê-quatro. Não dava medo não? Não. Dê-cê-quatro que não tinha, não ti nha. ti nha ban co. ban cos. Ah. Era um avião para, para () e para carga. Esse avião era um avião que ele fazia uma viagem normal, para, para Suez, quando o Brasil tinha ainda ah, as tropas em Suez. Então, esse avião ali passava pela Europa. Ele passava por Portugal e de Portugal ele vol, ele ia para o, para o Egito. Então, nós partimos do Rio de Janeiro, Do Rio de Janeiro fomos para Recife, e... De Recife fomos para Ilha do Sol, pelo () de Cabo Verde. Da Ilha do Sol, nós fomos para Portugal e Lisboa.

SPEAKER 1: : Mas e o conforto? Me conta essa viagem dentro do avião que eu não posso imaginar, assim, o tipo de conforto que vocês poderiam ter tido nessa

SPEAKER 2: : Bom, o conforto era o, era o pior possível. Eh.... O avião, no dia a dia, não tinha, não tinha bancos normais de passageiros. Ele tinha banco de para... De paraquedista. O banco de paraquedista é um banco de lona. Ah... Porque o paraquedista ele viaja com Uma mochila. O tempo todo. Isso porque em qualquer emergência, ele tem que saltar. Então é um banco que não tem, não tem encostado. Ele só tem assento. Ai... Nossa! E o assento é distanciado da, da lateral do avião, para que o sujeito tenha uma certa liberdade de movimento. Então isso aí foi praticamente a viagem toda. Então, eh, nós viajamos de... a Recife, durante o dia. Essa viagem foi, foi muito ruim, porque o desconforto era total. A gente teria que ou ir sentado ou deitado no chão. Além disso, uh, nessa viagem a gente não teve muito problema, porque foi durante o dia, tinha bastante calor, fazia bastante calor, mas o pior foi a viagem de Recife para a Ilha do (). ### Isso porque nós fizemos a viagem de noite. Uma viagem à noite. E o avião era um avião praticamente antigo. Um avião que foi construído em mil novecentos e trinte a três, trinta... e quatro. Era um avião bastante antigo. E esse avião, a porta dele, não tinha uma vedação perfeita, então ventilava bastante por dentro. Então, como a gente viajava à noite, mas em alto mar, dentro era bastante frio. E para dormir, que era à noite, tinha que dormir no chão, deitado no chão. E, de vez em quando, o avião sacudia, tinha todos os problemas que tem um avião que faz a viagem até o Rio, um avião a hélice, tinha, mas só que isso era em alto mar. E... Antes de nós partirmos de, de Recife, quando nós partimos do Rio, deu problema, o avião atrasou quatro horas, porque deu pane. Quando partimos de Recife, ele atrasou um dia, porque deu pane. E quando nós estávamos em alto mar, o comandante do avião, que era um coronel da aeronáutica,adasdsadasdasfsaasfsadfasfdsfa Em dado o momento, solicitou que todo mundo saísse da, da beira do avião e fosse mais para a frente, porque o avião estava... Estava com a beira muito pesada. Então aí se está perdendo altura. E para que não, também não consumisse muita gasolina, então foi todo mundo para Eu não fiquei com medo, porque eu acho que o pessoal da aeronáutica, os pilotos da aeronáutica, eles têm muita experiência. ### E mesmo porque o avião, eh, o fato de ter dado o pane, eh, mostra que o pessoal, eh, eles só partem com o avião quando tem muita segurança. O avião em si não tem segurança, mas o pessoal faz o que ele te nha. Depois, chegando na... Na Ilha, na Ilha do Sol, lá no norte da África, o avião aterrizou. A Ilha do Sal é uma ilha que não, que não tem, não tem nada, só tem uma salina, por isso que é a Ilha do Sal, explora da explora da por franceses. Mas o fato que O fato que mais, que mais interessou que eu achei mais interessante na Ilha do Sal, foi que na Ilha do Sal não tem... Praticamente não tem rádio, não tem nada, não tem comunicação nenhuma. A não ser a comunicação do aeroporto. E... Todas as crianças da ilha conheciam o Pelé. Sem a gente ter falado nada. A primeira coisa que perguntavam era do Pelé. Isso foi em sessenta e seis. O Pelé já estava com uma certa fama. O pessoal conhecia o Pelé do Brasil. O ca fé ca fé do Brasil, mas eles achavam que o café da África era melhor, né? Aham. Logicamente. Ãh... E a Ilha do Sal não tinha praticamente nada de interessante.

SPEAKER 1: : () Mas comeram bem lá, não?

SPEAKER 2: : Nós comemos razoavelmente. Era uma comida diferente. Eu passei por lá também. Você passou por lá também? Era uma comida diferente. Tinha um restaurante. razoável, a gente tem a impressão que está na... Está na... Na Índia, com aqueles restaurantes ingleses e... E praticamente não achei nada de interessante na, na Ilha. Da Ilha do Sal, nós fomos para Lisboa, e isso, nós fizemos a travessia durante o dia, porque o que não era explicado é porque que às vezes fazia, nós fazíamos uma travessia durante o dia, às vezes durante a noite, O comandante dizia que a noite era melhor, porque tinha menos problema de calor. Hum. Mas essa da Ilha do Sal até Lisboa, essa é durante o dia. Chegando em Lisboa, nós éramos convidados oficiais do governo português, do governo Salazar, e ao chegarmos ao aeroporto, nós tivemos algum problema na alfândega, mas quando souberam que nós deram os convidados oficiais, que veio representando o governo, aí não teve mais problema e passamos na alfândega sem, sem problema.

SPEAKER 1: : Mas havia problema por eh, ãh, por al, por alguma, ãh, coisa que levavam? Hum.

SPEAKER 2: : Não... Sim ou não? Não, num, num, não é. É que, ãh, eu acho que em Lisboa eles tem uma certa precaução, precaução contra esse, contra () de alfândega. A alfândega, pelo que eu percebi, a alfândega de, de Portugal e da Espanha é muito rigorosa. Não sei porque, eu acho que é muita desconfiança, né? Mas, chegando em Lisboa, nós ficamos hospedados em, em, em dois hotéis. Eu, em particular, fiquei hospedado num hotel que tinha... Ãh, é um hotel bastante antigo, Hotel do século passado. Era um hotel que não tinha água encanada.

SPEAKER 1: : ### Onde? Na Avenida Liberdade?

SPEAKER 2: : Não, na Praça do (). Era um hotel bastante antigo. Como o... Como a estadia era por conta do governo português, a gente não podia reclamar não. ### Claro (risos). Porque era de graça. E ficamos em, em Portugal. Em Portugal nós visitamos praticamente indústria nenhuma, Portugal é muito pobre em indústria. Visitamos a escola politécnica de Lisboa, visitamos a escola de aeronáutica e o que mais me impressionou na escola politécnica foi ah, a suntuosidade da reitoria. A reitoria era de um luxo ###

SPEAKER 1: : Não visitaram o laboratório que ele recebeu, não?

SPEAKER 2: : Visitamos também. E... Tivemos muito pouco contato com os, com os estudantes, porque justamente naquela época, naqueles dias, uh, um estu, um estu, um estudante que havia sido eleito presidente da União dos Estudantes de Portugal, como é tradicional, ele é expulso de Portugal. Então, eh, em Portugal, praticamente, visitamos essas escolas. De cultural, visitamos algumas casas de fado. Ãh... A casa que nós fomos foi a Canal Catrineta... Uhum. Que é muito conhecida. Lá, as cantoras conhecem muito bem as cantoras brasileiras, principalmente a Ângela Maria, que eu acho que é a cantora que tem, a cantora que tem... maior cartaz em Portugal.

SPEAKER 1: : E de Portugal... Mas como é que vocês se, se locomoviam dentro de Portugal? Houve, assim, já previamente combinado? Como é que vocês acertaram esse problema de locomoção dentro do país?

SPEAKER 2: : Bom, em Portugal nós não visitamos muito, nós, praticamente, ficamos só em Lisboa. E a locomoção era feita por um ônibus emprestado pelo governo português. Ah, sim. Então, O governo português ele pagou a estadia durante todo o tempo que ficamos lá, pagou essa, toda a alimentação, todo o, eh, almoço e janta, e principalmente a viagem que era feita por ônibus. Então todas as visitas que nós fazíamos eram feitas através desse ônibus.

SPEAKER 1: : O ônibus especial ou o ônibus comum?

SPEAKER 2: : Não, era um ônibus especial. Olha, o ônibus era um ônibus, ãh... Era um ônibus comum. Eu não me lembro direito como é que ele era, mas era um ônibus comum. Não tinha nada de, de particular. Inclusive, quando nós estivemos na casa de fado, foi patrocinada pelo governo português. ### Lis boa nós ficamos praticamente uma semana. Ãh, de Lisboa, nós fomos para a Espanha. Fomos de trem. E, basicamente, toda a viagem na Europa toda, nós sempre procuramos fazer de trem. Raro, raras são as viagens que fizemos ou de ônibus, ou, ou de...

SPEAKER 1: : (), você podia comparar, assim, esse tipo de viagem de trem na Europa a uma viagem de trem no Brasil, por exemplo? A pessoa, o turista pode ir num, num, num determinado vagão ou eles tem... Porque aqui, ãh, geralmente, a gente, quando viaja de trem, evita, né? Uma, Um determinado tipo de passagem porque acha que não é muito confortável.

SPEAKER 2: : ### E... E na Europa? Eh, a gente não pode falar em trem, nos, nos trens da Europa, a gente tem que falar, tem que distinguir, ãh, de, tem que distinguir os trens de cada país da Europa. Uhum. Então,  se a gente pegar os, ãh, for falar nos trens de Portugal, por exemplo, a primeira classe de, de Portugal é praticamente igual à primeira classe aqui no Brasil. A segunda classe é muito pior aqui no Brasil. Se a gente for, ãh, analisar, ãh, os trens na França e na Itália, na, na França, Itália, na Suécia, nesses países, ãh, nos países nórdicos, na Alemanha, os trens, de, de segunda classe são comparados aos trens de primeira classe no Brasil. Agora, os de primeira classe, mesmo lá na Europa, Pessoas que viajam de, de primeira classe são praticamente as pessoas que no Brasil viajariam de, de avião. Então, uh, os trens, eles tem, são bem mais velozes que os trens no Brasil, eles falam nesses países mais avançados, e eles têm uma qualidade que aqui no Brasil é muito difícil de se encontrar, que é a pontualidade. Os trens, eles obedecem, inclusive, o horário no minuto. Eles chegam a tempo até no minuto. Se a pessoa chegar na estação um minuto atrasada, pode estar certo que perdeu o trem. Como aconteceu com muita gente que viajou conosco. (risos) Ah, é? Então, de Lisboa, nós fomos para, para a Espanha. Para a Espanha, em particular, para Barcelona, de, de trem. Em Barcelona não viaj, não visitamos nenhuma indúst, nenhuma indústria. Só passamos a noite, visitamos as cidades. Eu praticamente não, não gostei de Barcelona, achei que não tinha nada de, de mais. Depois de Barcelona, nós fomos para Madrid. Madrid eu achei uma, uma cidade muito bacana. E o que mais... Impressionou, não a mim, mas todos, todos nós que fomos para lá. ### São as mulheres mais bonitas da his tória Mas é porque não viu, as que você via. Não, não (). ###

SPEAKER 1: : (risos) Pode ter certeza que são mais ainda. São mais ainda? São lindas, não? Como ()... Das mais ().

SPEAKER 2: : ### ### Elas não são o que a gente imagina aqui no Bra sil. Elas são... São bonitas mesmo. E é... A gente sabe que... A gente conhece quando tem... E tem uma opinião quando tem mulher bonita numa, numa cidade. Quando a gente anda na rua, quase todas são bonitas. Aham. Então, as mulheres que eu mais... Mais bonitas que eu achei, da Europa, foi em Madrid, e foi em Estocolmo. Depois, de, em Madrid, em Madrid também não vi, não fizemos, eh, visita nenhuma a indústria, porque, eh, na Espanha não éramos convidados, eh, nós estávamos só de passagem e ficamos pouco tempo e só praticamente conhecemos Barcelona e Madrid. Nós não, não vimos nenhuma Tourada, porque era fora de temporada. () justamente no inverno. E de Madrid, nós fomos para Marsella, sul da França. Em Marsella, nós fomos só uma noite também. Marsella não tem nada de extraordinário.

SPEAKER 1: : Deu para sentir a experiência assim do porto ou não?

SPEAKER 2: : Não, porque nós num, num, praticamente não ficamos no porto. Nós ficamos mais na cidade. Porque nós chegamos à tarde, ficamos à noite e no dia seguinte já fomos embora.

SPEAKER 1: : É um outro porto, chamado (). ### Um foco de drogas (risos). É. Acho que sempre foi, né? É uma coisa... Agora que estão descobrindo, não é mesmo? () hora do dia.

SPEAKER 2: : De... De Marsella nós fomos para Toulouse. Todos nós fomos para Paris. Ãh E na França foram as cidades que nós mais tempo ficamos. E por aí nós ficamos cinco dias, evidentemente porque vale a pena. Nós fizemos na França basicamente viagens, ãh visitas a indústrias aeronáuticas. A maioria das indústrias que nós temos foram praticamente todas indústrias aeronáuticas. na França, que sou da aviação, nós da aviação, e vimos o protótipo do Concórdia, o início de construção do protótipo do Concórdia, que foi lançado só no ano passado, depois de seis anos. E Paris. Paris é uma cidade maravilhosa ### Todo dia, toda hora. Tem, logicamente, as boates. Boates do país, as casas noturnas. Tem uh, os mus eus mus eus, Museu de Versalhes. E... O país, nós ficamos... () cinco dias. Mas se ficasse mais...

SPEAKER 1: : () E lá tinham, assim, um, um transporte especial para vocês, ou vocês mesmos se arrumaram?

SPEAKER 2: : Não, em Paris, nós, dependendo do, do dia, quando a gente faz, eh, estava decidindo fazer uma visita à indústria, então vinha e vi, viria um ônibus, né? Fretado pelo governo francês, Porque na França, nós éramos convidados, (). Então, viria um... Um avião, um... Desculpe, um ônibus, buscaram-nos no hotel e levaram-nos até a indústria. Almoçávamos na indústria e depois retornávamos à tarde ao hotel. Agora, nos dias de, de folga, quer dizer, eram os dias que nós não tínhamos visitas à indústria, então aí nós fazíamos transporte por nossa conta.

SPEAKER 1: : Como é que era?

SPEAKER 2: : O transporte no país, o transporte mais cômodo, mais barato, mais eficiente é o me trô me trô. A gente consegue ir a qualquer lugar de Paris, eh, tomando o metrô, não andando mais do que um quarteirão. Coisa mais fácil andar de metrô, né? Uh, a gente nunca, nunca tinha conhecido nada, nem sabia como era aquilo. A gente só lendo a descrição da estação é suficiente para, para entender. A gente ia de uma estação a outra, então precisava saber qual era a estação de destino. () a pessoa tinha que saber, apertar um botão e... Num painel tudo, todo o caminhamento que a pessoa teria que fazer no metrô, inclusive as baldeações, era indicado. Ãh... () a gente, de vez em quando, andava de automóvel. () Nós alugamos automóvel durante um dia, só para sentir o trânsito. O trânsito é uma beleza porque ninguém usa automóvel, todo mundo usa, usa metrô. Se vê alguns ônibus... Uhum. Mas é muito raro. Os ônibus que a gente vê são os ônibus, que geralmente chamam de, de, de ônibus de dois andares.

SPEAKER 1: : Reparou na clientela dos ônibus, não? Quem anda de ônibus? Eu...

SPEAKER 2: : Eu não me lembro, eu num, num, não, não sou muito observador.

SPEAKER 1: : ### Ah, bom, eu sei, eu sei o porquê. É, a companhia fazia linhas e os aposentados (risos)... Porque todo mundo, ninguém anda, né? Só quem tem tempo, né? Porque... Entre metrô e ônibus, ah... O percurso e o... É uma diferença enorme, né?

SPEAKER 2: : Bom, nós já... Nós, nós, nós tivemos lá no inverno. Então, foi em Paris que nós vimos pela primeira vez a neve.

SPEAKER 1: : E que... Eh, qual foi, assim, a reação? Ah, ()...

SPEAKER 2: : É uma emoção completamente diferente. A gente se... Sente uma emoção muito grande, parece que... É uma coisa diferente, é difícil de... Vira um... Expli car.

SPEAKER 1: : moleque outra vez, né?

SPEAKER 2: : Vira moleque. Inclusive a gente estava, estava em turma, assim, grande, a gente fica va A gente fazia bola de neve, né. Garoto de cinco anos faz, jogava um no outro. () brincando. Mas... () No país... Ãh, o que, o que a gente observava muito... O que a gente observava muito, principalmente quando dava de metrô, é que na Europa em geral a gente no ta que eles dão grande valor para as pessoas, para as pessoas mutiladas de guerra. Principalmente no metrô, existem lugares reservados para essas pessoas. Bom, e de Paris, de Paris nós fomos para... Agora perdi o roteiro. De Paris nós fomos para a... A Holanda. Nós fomos para Amsterdã. Em Amsterdã, nós... visitamos também indústrias aeronáuticas, porque o ITA sendo uma escola da aeronáutica, a gente tinha muita facilidade em conseguir estadia e oferta de visita à indústria, geralmente indústria aeronáutica. Algumas, ãh... Quando, quando fomos à Holanda, aí houve uma separação da turma de eletrônica, da turma de mecânica, uma de mecânica e aeronáutica que estava junto, mas a nossa turma só tinha, viajando, só tinha dois aeronáuticos. E a turma () de eletrônica visitava, visitavam Phillips, indústrias eletrônicas em geral, e nós visitávamos as indústrias mecânicas, especificamente aeronáuticas.

SPEAKER 1: : Tiveram alguma experiência turística com os canais? Não.

SPEAKER 2: : Não. Não, nós só fizemos Na Holanda, nós fizemos uma, uma, um passeio pelo porto de Rotterdam. Uhum, com, com... De, de... Com...

SPEAKER 1: : Com um barco. Que tipo de barco?

SPEAKER 2: : É um barco... Ele, ele tem um nome especial, mas eu não lembro. É um barco, ãh, totalmente fechado. Um barco de turismo. É especial para, para passeio. Esse tipo de passeio. Ele dá uma volta em todo o porto. E passa entre os (). E... É um barco totalmente fechado. Principalmente porque era inverno, né? A gente... A gente nota, inclusive, uma certa... Ãh... Não é bem neve, né? É uma certa Uma camada muito fina de gelo em cima da água. E... Então o barco tem que ser completamente fechado, porque se, hum, senão faz muito frio. Esse barco dá uma volta completa, mostra todo o porto. O porto não tem nada de, de extraordinário, só que é bastante grande. São os principais portos da, da Europa. E o que nós conhecemos na Holanda foi, foi Amsterdã e Rotterdam.

SPEAKER 1: : E a () das ruas de Amsterdã, com certeza.  Sim. ### Correspondeu à expectativa? Não?  Muita gente se decepciona, não?

SPEAKER 2: : Eu me decepcionei. Eu esperava... Eu esperava que fosse diferente. Mas eu não achava que fosse... Teria que ser muito melhor.  Foi uma certa decepção.  Uhum. Eh ãh... Na Holanda ainda, nós ficamos... Porque o nosso... Nós ficamos, ãh, em um total de seis dias. Dos quais, dois em Amsterdã.  E os co, quatro dias nós ficamos numa cidadezinha, que era uma cida, cidadezinha de veraneio. Como era inverno, ela estava completamente vazia. Nós ficamos, nós ficamos num hotel, por ser inverno, numa cidade de veraneio, o hotel era muito barato. Essa cidadezinha devia ter no máximo uns vinte mil habitantes. Era uma cidade muito, muito bacana. E a gente fazia, quando a gente precisava vir para Amsterdã, a gente fazia viagem de ônibus. Até que, ãh, um dia, quando nós íamos de Amsterdã para Roterdã, que seria o último dia, uh... Nevou durante a noite. Então, formou-se uma camada de gelo. na rua, então o ônibus não conseguia andar. Então o ônibus... Ãh, duas pessoas conseguiram empurrar um ônibus. Para vocês terem uma ideia. E nós perdemos a viagem, né? Chegamos no, na estação bem mais tarde. Quase uma hora de atraso. E... Isso, isso para mostrar a honestidade do, do europeu. Nós chegando atrasados. No Brasil, se acontecesse isso, que se dane, né? Lá eles devolveram toda... Re, retribuíram todas as passagens, eles trocaram todas as passagens. Sem problema nenhum. Só pelo fato de a gente ter pedido e não por... Não por um fato normal. Depois nós fomos da Holanda para a Dinamarca. Dinamarca é um país completamente diferente na Europa. É um país... Um país, ãh, que sai do normal da Europa. Um país que tem um padrão mais ou menos como o Brasil. Pode comparar com o Brasil. O padrão do povo em geral. Lá nós visitamos somente uma indústria, uma indústria eh, não é bem uma indústria, é uma companhia de transporte. Transporte aéreo. De lá nós fomos para, para Nós tínhamos também companhia de transporte aéreo. E... Em Estocolmo durante três a quatro dias. E de lá nós fomos para a Alemanha. A Alemanha foi o país que nós ficamos bastante tempo. Ficamos praticamente quinze dias na Alemanha. A viagem na, na Alemanha também era toda era financiada pelo governo alemão. que tem um órgão gover, governamental que trata exclusivamente de, de mostrar o país para estudantes, estudantes estrangeiros. Então, eh, ah, quando ### Munique, em Munique nós encontramos um guia, esse guia ficou conosco durante quinze dias. Ele falava espanhol perfeitamente. E duran te duran te os quinze dias nos acompanhou a todas, a todas as visitas, tanto para indústria como para, para visitas Nós estivemos em Munique, e em Hamburgo, e só não fomos em Berlim, porque a situação naquela época, naquela época estava mais ou menos quente, não permi tia. permi tia. E visitamos a Floresta Negra, que é impressionante, muito grande, e é uma paisagem completamente diferente da que a gente vive normalmente. Chama Floresta Negra por cau sa cau sa da vegetação, que é um verde bastante escuro.

SPEAKER 1: : Montanha, não? Não.

SPEAKER 2: : ### É montanhosa. Uhum. Mas são montanhas bem amenas, não são montanhas muito altas. Então, a gente olhando de longe, a gente vendo, ah, a vegetação, que são eucaliptos, né? Mas são de um verde bastante escuro. Estão de longe dá impressão de ser preto. (), é por isso que chama, parece... ### Em Munique, nós... Como todo... Como bebedor de chope, bebemos bastante chope. Fizemos Na ()... Hum, justifica a fama? Justifica. Eu achei o chopes alemão, os chopes de Munique, bem mais fraco que o nosso. Ele é muito mais... Muito mais água do que cerve ja. Mas assim mesmo a cerveja é muito boa. E... Nós fomos numa casa que deveria caber mais ou menos umas quatro mil pessoas, cinco mil pessoas. Eh.. Era uma casa enorme. E lá todo mundo, mesmo os os alemõ, os alemães, eles vinham à nossa. à nossa mesa sem nos conhecer e tentavam falar com a gente, conversar. O que mais me decepcionou, na... No bom sentido, na Alemanha, foi foi o alemão. Uhum. Eu tinha, eu tinha uma impressão do ale, do alemão como sendo uma pessoa seca, uma pessoa que não quer ter contato com ninguém. Como a gente tem essa, essa impressão aqui no Brasil. Me decepcionou completamente, porque pelos contatos que eu tive na Ale, na Alemanha, toda vez que a gente precisava de ajuda, principalmente na Alemanha, que é uma língua totalmente diferente, e a gente sempre conseguia, sempre conseguia boas informações, sempre conseguia. Isso era, era de uma espontaneidade que a gente nunca esperava. A gente pedia para ir a algum lugar, Então era capaz de acompanhar a gente até (), né? Só para... Só para ser cortês, né? Isso aí foi uma das grandes decepções, no bom sentido. É...

SPEAKER 1: : O que nunca aconteceria em Paris, por exemplo. Hum.

SPEAKER 2: : Não, isso em Paris é... Se eu te conseguir, isso é... É milagroso. É. É. Porque o país, o francês... O francês, de maneira geral, ele é grosso. É. Isso eu posso dizer. com muita experiência, eu trabalho com o franceses. Francês eh, é grosso mesmo. E principalmente o francês do país. Porque ele acha que o semelhante que está ao lado dele é um estranho e por ser um estranho ele não pode nem falar, nem olhar, nem saber quem é. Completamente diferente do alemão que eu pensava que era assim. Né? O francês, eu pensava que ele era () cordial, que a gente se sentia bem, enfim, né? O francês é muito cordial, fala bonito, e não sei o quê. E... Justamente o contrário. O alemão que eu esperava um jeito seco, é que era bastante, bastante cortês. Da Alemanha nós fomos para a, nós fomos para Suíça. Na Suíça nós estivemos em Genebra. Nós, ãh, praticamente não fizemos visita a nenhuma a indústrias, só, só fomos à (). E na Suíça, ãh, da Suíça houve uma despensa. E... E isso para que cada um tivesse... No final da viagem, nós fizemos um balanço, quanto tinha em caixa. Vimos que tinha... Quanto é que era? () Dividimos para todo mun do mun do. E aí cada um foi para o seu lado. Alguns preferiram ir para Itália, a maioria foi para Itália, evidentemente. Outros.. Outr os, dentro da Itália, cada um fez o seu roteiro. Literalmente a turma se, se rejuntou em quatro, alugaram um carro... Uhum. E, e aí vai fazendo diversos roteiros. Nós fomos, inicialmente, para Milão. Nós fomos ir... Para Suíça. até Milão por trem. Em Milão, alugamos um carro, fomos até Veneza. E de... Parando em diversas cidades, em Pisa, no... Veneza mesmo, fomos à, à cidade. ### ###

SPEAKER 1: : Parma, não? Não. ###

SPEAKER 2: : ### Não é Par ma. Par ma. Na Itália? Agora eu esqueci o nome.

SPEAKER 1: : Eu estou, eu estou com a memória  meio fraca. Não é (), (risos) ().

SPEAKER 2: : Não estou nervoso, não. É... Fomos para Veneza. Veneza é uma cidade maravilhosa. Só que tem um cheiro muito desagradá vel.

SPEAKER 1: : desagradá vel. Verdade, é?  Verdade. Deve ser dos canais, é? Os canais.

SPEAKER 2: : É m, uma... É uma água... Parada. Um pouco parada, é. Um pouco suja, não é? Acho que é peixe também que coloca aquele cheiro. É um cheiro diferente, ãh?! Não é um cheiro muito ruim, mas é um cheiro desagradável.

SPEAKER 1: : Se mantém o transporte tradicional em Veneza, não? Hum...

SPEAKER 2: : Não, eh... De gôndola, não. Eles fazem... Eles fazem, tráfi... Tem, a gente vê... logicamente, mas, uh, a maioria do pessoal anda de barco, barco a motor, como o nosso. A maioria do pessoal anda. Gôndola mesmo, mas a gente vê muito em filme, né? Aham. Lá a gente vê muita gôndola, mas parada. Acho que é para fazer filme, sabe? (risos) A prioridade, sim. É.. É. Tem uma Bom, em Veneza nós ficamos, ãh, pouco tempo, porque lá é muito desconforto. Não tem um hotel muito bom, tem hotéis, hotéis antigos, como outras cidades antigas. E... () De Veneza nós voltamos, passamos de novo por Milão, e de Milão nós pegamos, Toda a estrada litorânea. Da estrada litorânea no Mediterrâneo. Hum. Fomos até Nápoles. Nápoles, em Nápoles, nós ficamos... Ficamos mais ou menos cinco dias. De Nápoles, nós fomos para Pompeia, para visitar as antiguidades. Fomos também para a ilha de Capri, que é uma ilha maravilhosa, paisagem natural, uma coloração de pedras completamente diferente, uma coloração azulada, acinzentada. () é uma ilha muito bacana. Depois da Ilha de Capri, nós voltamos para Nápoles. Nápoles é uma, uma cidade muito conhecida, e é realmente como aparece. uma cidade simples o povo é bastante simples a gente tem facilidade de se comunicar como toda a Itália a gente tem bastante facilidade de se comunicar por, por ascendência italiana e porque aqui o pessoal também fala muito a gente aqui co, conhece muita gente que fala com Como fala em Nápoles, o italiano aqui em São Paulo é típico de Nápoles. Depois de Nápoles, nós fomos para Roma. Em Roma, nós ficamos... Ficamos algum tempo, ficamos bastante tempo aliás, porque Roma representa muitas, muitos passeios, né? Muitas visitas a, a ruínas. Depois de Roma, nós fizemos... ah, a viagem até Lisboa, eu em particular, com, com alguns, porque a nossa passagem, na verdade, era Rio de Janeiro-Lisboa. Então, eu teria que voltar até Lisboa para pegar o avião. Nós voltamos de Roma até Lisboa de trem. Então, é aí que a gente vê a diferença realmente dos trens. Nós partimos com um trem italiano, quando entrou na fronteira francesa um trem foi trocado, um trem francês, quando chegou, entrou na, na fronteira da Espanha foi trocado por um trem português. Então a gente nota que há bastante diferença, o trem português é um trem que a gente vê aqui esses trenzinhos com banco de madeira antigo, e... Enquanto que Os trens franceses e italianos, a gente poderia dormir tranquilamente, sem problema. O grande problema () que eu senti, e alguns sentiram, no fim da viagem, foi a falta de dinheiro. Uhum. A falta de dinheiro é uma lá stima. lá stima. A gente não tinha nem... Eu, em particular, não tinha dinheiro nem para comprar passagem... Aham. De trem até Lisboa. Consegui isso com um emprés timo. emprés timo. Mas a falta de dinheiro é, é um fator importante porque todo mundo vê coisas, vê facilidades de compra ali. Coisas na Europa em geral, na Itália também, por preços que a gente não encontra aqui no Brasil. Primeiro, não encontra a mercadoria aqui, segundo, não encontra por aqueles preços. Então a gente gasta o que tem e o que não tem. Esses foram os grandes problemas que nós sentimos. Depois De, de Lisboa, logicamente, quando nós chegamos em Lisboa, a gente não via a hora de, de voltar para o Brasil.

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 2: : Esses foram () os grandes problemas que nós sentimos. De, de Lisboa, logicamente, quando nós chegamos em Lisboa, a gente não via a hora de, de voltar para o Brasil. Depois de quase três meses fui de, de Lisboa. Depois tomamos o avião da Varig. Foi uma viagem muito confortável. Principalmente porque tinha almoço no avião. A gente não comia quase há um dia. (risos) Depois de, de Lisboa, eh, nós descemos em Recife. Em Recife ficamos algumas horas só.