Inquérito SP_DID_039

SPEAKER 1: : Gravação do dia onze de cinco de sete nta e dois. Bom, então, ãh Maria Lúcia, você poderia para nós né falar assim a respeito do ciclo da vida de um ser humano, desde o nascimento, desde o da fase anterior ao nascimento até, se for possível né, atingir a a fase adulta.

SPEAKER 0: : Eu acho que você, mais que ninguém,

SPEAKER 1: : Conhece... pelo menos as fases né... desde da da criança até... Eu acho que para falar assim sobre o ciclo da vida... é assim uma coisa assim tão grandiosa... tão enorme... que praticamente nós passaríamos a tarde inteira aqui. Em todo caso... eu acho que eu poderia resumir para vocês... um pouco da do que tem acontecido comigo. Realmente eu tive dez filhos e então... nós acompanhamos... meu marido e eu acompanhamos muito essa parte... esse ciclo da vida. A minha mais velha está com vinte e dois anos... e o meu menor está com cinco anos... e eu agora já tenho uma netinha de modos que realmente há muitos anos que nós estamos acompanhando isso. Quando nós soubemos que estávamos esperando o primeiro filho foi assim... aquela sensação... Ficamos assim meio perplexos, achando que não estávamos ainda muito preparados para isso, mas aceitamos aquilo como uma coisa da natureza, uma coisa normal e natural e não tivemos grandes problemas. Parece que hoje em dia os jovens todos planejam muito isso, fala-se até na paternidade responsável. (riso) Ainda ontem, ouvindo uma Uma conferência sobre isso, um debate sobre esse assunto, paternidade responsável, eu até fiquei bastante aborrecida, porque julgava-se e comentava-se sobre a criança a na que viria que viria a nascer ou antes que quando fosse nascer quase como uma coisa a ser adquirida e não como uma criança, como uma pessoa. Parece que entre os jovens hoje, entre os noivos, comenta-se Quando que vamos ter um filho? Quando podemos pagar um filho? E filho é muito mais do que isso. Aliás, eu acho que isso a gente só vem a sentir na hora que nasce a criança. Na hora que nasce a criança é uma sensação assim completamente diferente de tudo aquilo que a gente já passou na vida. Aquela sensação de você ter criado, você e seu marido terem criado uma vida uma vida assim, uma criança to uma criança assim, com perfeitinha, que mexe, que chora, que olha. Mas, olha, é uma dessas coisas que ninguém pode, só quem tem é que pode entender. Durante a gravidez, voltando um pouco para trás, durante a gravidez, graças a Deus, eu estou pondo assim particularizando um pouco, mas, graças a Deus, eu passei muito bem. Eu era, naquele tempo, como comentei agora há pouco com vocês duas, um pouco ignorante do sobre todos os perigos que eu poderia ter passado. Parece que hoje em dia se tem se presta muita atenção à gravidez. Ainda outro dia, conversando com o médico, eu soube que do quinto mês em diante é indispensável que a gestante tenha uma alimentação especialmente de proteínas para que os filhos sejam inteligentes. Hum. E que essa essa mania de fazer regime, claro que a gente deve ser elegante, não deve engordar. Aliás, um entre parentes, uma coisa engraçada que eu escolhi o meu médico exatamente porque as ãh os clientes dele saíam magras depois (riso) do parto e eu e eu não queria saber de ficar gorda. Então, ãh mas e e por sorte, escolhi, na época, o melhor médico que tinha, que era o doutor Sila Matos. Eu tenho muita saudades dele, aliás né. Ele era ótimo. Mas, vo ãh eh outro dia perguntando a esse médico, ele disse, olha, essa mania de só querer fazer regime e passar muita fome está ótimo. Não se deve comer macarrão, pão, doces, essas coisas todas. Mas, do quinto mês em diante, tomar um especial cuidado para que não as crianças não sejam depois meio burrinhas. (riso) Isso é uma novidade, eu acho, que para vocês também né. É (). Né? Bom. Uma outra novidade também que eu aprendi, e eu acho que uma vez nós estamos falando sobre o ciclo da vida, eu acho uma coisa assim muito importante, porque eh e e isso eu estou falando porque eu tenho tido palestras com médicos, por causa da minha profissão, e por isso que eu estou assim meio pontificando nesse ponto. Mas ah... conversando também com outro médico... ele me disse... e nos contou a todos... que o momento mais importante da vida... mais grave... mais perigoso... mais cheio de co coisas... enfim... coisas ruins podem acontecer... exatamente na hora do parto. Porque é exatamente na hora do parto que se decide a vida da criança. A vida eh... É assim que, hoje em dia, eles estão. Isso, para mim, também é novo. Tanto que, quando foi para a minha neta, eu não sabia nada disso. Bom, com meus filhos nem se fala, mas, para minhas ne para a minha neta, eu também não sabia nada disso e não tomei as precauções que se deve tomar. E eu estou falando isso porque, para quem sabe, alguém poder, ãh já ciente disso, poder tomar as precauções. Dizia ele, que é o doutor Lefévre, dizia o seguinte, que dez minutos que atrase a assistência de uma criança que precise de uma oxigenação maior, ou que esteja engasgado, ou que esteja com o umbigo enrolado no pescoço, dez minutos só, que seja de atraso, já dá para tornar a criança excepcional para o resto da vida. Algumas, irrecuperáveis. Nossa! Portanto, ele disse até uma coisa engraçada, e eu quando repeti isso na televisão, o pessoal disse, Lucinha, você está ficando reacionária. Não é. Os filhos dos pobres hoje em dia são muito mais bem atendidos do que os filhos dos ricos. Porque os filhos dos pobres são atendidos no Hospital das Clínicas e ali no IESP, no Hospital Servidor Público, que tem um médico especializado, não é só pediatra, além do parteiro, um médico especializado junto com o parteiro. Porque o parteiro está preocupado com a mãe. () Não é? Então, assim, tendo o médico da criança, qualquer coisinha pode resolver. Bom, mas isso se seria um Dois pontos que eu assim me impressionei muitíssimo nesses últimos tempos e que, quando foi com meus filhos, eu não sabia de nada disso. (riso) Não sabia e, graças a Deus, tudo correu muito bem. E, realmente, eu acho que noventa por cento da da dos nascimentos, dos partos, dão-se de uma maneira normal. É lógico. Mas a gente precisa estar prevenido. Quanto ao nascimento, eh eu acho que hoje em dia também está bem mais simplificado do que das nossas mães, porque para mim também sempre foi muito fácil. Eu tomava anestesia para eles... de modo que eu... praticamente sou virgem nessa parte de nascimento. Era até o nascimento da minha neta. Então, sobre o nascimento, eu queria contar para vocês que foi a sensação... ãh quando eu vi minha neta nascer, foi uma dessas sensações... que eu nunca posso mais esquecer. A cabecinha saindo, assim, aos poucos... Depois, assim, só o cabelinho, depois a cabecinha inteira, depois aquela luta já desde então pela vida, depois a força que ela fazia para sair inteirinha, e ainda o chorinho dela. Olha, foi assim uma sensação mesmo completamente diferente, emocionante, e daí você começa a entender a grandiosidade da vida é uma coisa que você Não realiza direito. Você tem. Aliás, eu tive também quando a pri primeira filha, apesar de não não ter ter assistido, a gente tem uma outra sensação de... a gente começa a entender a vida de uma maneira diferente ah. Quanto depois os primeiros cuidados com com as crianças, Eu acho que isso é muito fácil quando você tem bastante saúde, é lógico. Eu sempre tive leite. Eu acho que normalmente a gente deve amamentar as crianças. (riso) Agora também não é moda mais amamentar a criança. (riso) Não é não é moda. Tem gente até que que acha incômodo. Mas eu acho que uma vez que a gente tem filho, ou você tem filho e você se dedica a eles, ou você ãh... Não está muito na hora de ter filho, né? Ma ### Sabe por quê? Eu acho que são por cau ãh por muito por ignorância. Por ignorância total, aliás, eu vou dizer. Porque não sabem das vantagens da amamentação. Claro que... não é assim tão agradável você amamentar... principalmente no começo... o seio... o bico do seio fica partido... dói... vai chupar da cólica... quando a criança vai vai mamar... dá cólica... a criança não pega direito... claro que no começo... e, aliás, eu tinha me esquecido disso tudo... eu me relembrei agora por causa da minha filha. Tudo isso eh acontece... mas depois torna-se uma coisa mais ou menos automática. Você fica mais preso... é lógico... mas as vantagens são tão grandes para a criança... que eu acho que quem não amamenta é por causa de ignorância dessas vantagens todas. Uma delas é é que a criança fica imunizada para uma porção de doenças, inclusive todas aquelas que a mãe teve que a mãe teve. O utra coisa é que o leite já é bem contrabalanceado (riso) exatamente para as necessidades da criança. Mas, enfim, isso são coisas de médico e que ãh também ãh constatadas que hoje em dia deve-se amamentar.

SPEAKER 0: : E esse leitezinho que sai no começo, antes de ser o leite mesmo, aquela primeira substância? Sei. Que a criança

SPEAKER 1: : Como é que chama aqui lo, né? Eu não lembro viu. Uh para eu lembrar de nome, sou dura. Não lembro como é que chama aquilo. Não lembro mais. (riso) Esse eu não lembro. (riso) Agora, o que mais que nós podíamos comentar ainda sobre amamentação? Você teria alguma coisa ainda nesse ponto que eu não falei?

SPEAKER 0: : Quando a criança é amamentada por outra criança? Já no nos tempos mais antigos que usava um pouco isso, né? Era amamentada por outra criança. É.

SPEAKER 1: : Pelas amas de leite, né? É. Ah, sim. Sobre isso, olha, para te dizer bem a verdade, eu não sei bem como é. Não sei bem porque isso era muito antigamente, né? É. Hoje em dia não usa mais, não se fala mais, mesmo leite de nutriz, não se fala mais muito. No meu tempo ainda se falava em leite de nutriz, não sei quem, mas eu não não não estou bem ao par disso, não. Agora, quanto ãh depois a criancinha uh o que que se deveria fazer para a criancinha? (riso) Hum. Como que deve-se educar uma criancinha? Dá-se de de três em três horas, de quatro em quatro horas? Olha, eu acho que isso também depende muito de cada criança. Se a criança é mais sadia, mais gordinha, menorzinha, né? Isso eu acho que também depende muito. Agora, o que eu acho engraçado o que eu achei engraçado outro dia foi como que se deve educar a criança para para pôr no urinol, logo no começo. Ah eu achei muito engraçado isso. (riso) (riso) Porque, eh... Eu achei engraçadíssimo, porque eu fui muito da teoria de que que eu ah sempre achei que criança com dois anos, você nunca vê criança com dois, três anos de fralda, né? No fim, vai aprendendo naturalmente. Mas estavam me contando que existe verdadeira psicose quanto a isso. (riso) E que desde desde cedo já começa a sentar a criança no urinol, coitadinha nem senta direito e já põe a criança. E no fim é a mãe é que fica lá fazendo mil micagens para a criança e que não adianta nada. Isso na hora certa, quando a criança começar a entender, vai vai vindo isso. Vem vindo, não é? Acho que é muito de brasileiro essa teoria. Ah uh ãh Eu estava falando da história também da da alimentação, se alimenta de três em três horas ou de quatro em quatro horas. Eu sou um pouco da opinião, se bem que tenha que haver uma certa disciplina, porque você não precisa ser tão rígida, né? Um pouquinho, né? Um pouquinho antes, um pouquinho depois, se a criança chora, dá de mamar, se está chorando é porque está com fome, não é mesmo? (riso) Agora, uma coisa que eles chamam muita atenção hoje em dia, Eu sou muito relaxada, entre parênteses, por isso que chama muita aten ção é a vacinação. Hum. Não é vacinação, hoje em dia, está todo mundo chamando muita atenção sobre isso. E, claro que, se você, de repente, se vê responsável por uma doença dessas graves, e que você for culpado porque não vacinou, isso é horrível não é. Quais seriam assim as doenças característica da criança? Da criança assim um pouco maior já, né? sarampo, caxumba, que já tem vacina, sarampo, caxumba, catapora, ãh sei lá o que mais que a gente pode lembrar. Eu sou tão tão aérea. (riso) Bom, claro que gripe e dor de garganta, isso é até três, quatro anos, isso é comum. Mas essas outras, eh essas outras exatamente, sarampo, eu acho que é uma coisa assim muito grave. Inclusive, eu vou dizer a vocês que eu tive As as duas meninas, exatamente, por causa do sarampo, eu precisei passar seis meses em Campo de Jordão. Porque complicou com história de pulmão. (riso) Bom, então, voltando... Você estava falando de de... Bom, nós estávamos falando de doenças e eu comecei a me lembrar de de doenças que as mães podem ter e que podem prejudicar enormemente as crianças () Principalmente quando a gente está esperando, evidente. Principalmente a rubéola. Eu acho que hoje em dia existem outras doenças que estão está se chegando à conclusão que pode fazer tanto mal quanto a rubéola. Mas a rubéola, principalmente no meu tempo, era mais conhecida. Hoje em dia existe também vacina para isso. Aliás, essa vacina é uma coisa que seria bom se chamar a atenção. Deve ser tomada ãh com uns, parece que, dois meses, seis semanas antes da mulher engravidar. Porque senão pode, de repente, afetar o bebezinho () Mas eh... nessa parte rubéola eu tive uma experiência (riso)... em que eu vou falar voltar... ah eu não gosto muito... mas... é o que vocês me pediram... falar um pouco do caso particular. Eu tive rubéola quando eu estava esperando... meu sexto filho. E... eu quis continuar a gravidez... eu não quis interromper. Foi naturalmente uma gravidez... assim... muito... aflita, nós estávamos muito temerosos que acontecesse alguma coisa grave, uma vez que todos prediziam que ia acontecer as piores coisas. Graças a Deus, a criança nasceu... ãh normalmente... e até um mês, se bem que muito pequenininho, e até um mês nós não percebemos nada. Quando nós estávamos... eh exatamente ele estava com um mês... nós estávamos... era férias de julho... Ãh eu estava até com o carro carregado para ir para a Campos de Jordão, porque, como ele era muito magrinho, muito pequenininho, o médico tinha recomendado, inclusive, que fosse que saísse de São Paulo. O menino ficou roxo, assim, de um de um roxo diferente de todos os outros. Era o sexto, a gente já achava já sabia essa altura, (riso) mais ou menos, o que acontece com as crianças. E e eu chamei o médico e ele disse que ele tinha qualquer coisa de coração. Bom, para encurtar a história, esse menino precisou passar até um ano até um ano em tenda de oxigênio e depois ele foi operado de () de canal (). É uma uma uma veia, ou artéria sei lá, artéria né, () uma artéria que deveria fechar quando nascia a criança, mas não fechou. Então, o cora o sangue, em vez de dar a volta no corpo inteiro, dava uma voltinha curta. científicas. Em resumo, o menino precisou ser operado. Operação muito grande. Está ótimo, graças a Deus. Ficou completamente normal. E esse mesmo já caiu do segundo andar. (riso)

SPEAKER 0: : Com a cabeça na pedra.

SPEAKER 1: : Aliás, nunca me acontece coisa assim muito assim... Eles não são muito levados, mas esse também já caiu com a cabeça na pedra. Também já ficou quase morto. Isso também é outra coisa também que é uma coisa boa para chamar a atenção. Quando bate a cabeça, a gente não pode mexer na criança. O que eu sacolejei para ver se ele falava... (riso) Eu sempre ouvi dizer que não pode deixar dormir? Não tem nada disso. Você tem que deixar esticado, não pode mexer a cabeça, não pode fazer nada. E ir para para para o hospital. De preferência, o hospital das clínicas ou qualquer hospital. Nunca pronto-socorro. Porque pronto-socorro, que mexem com a criança, foi uma loucura. Mas uma loucura total. Essa novidade completa. Ah, é... mas para mim também. Eu sacolejava o menino, o menino não falava, estava morto. É. Fala, chora, faz qualquer coisa saindo sangue do ouvido do menino. Foi uma coisa incrível. Mas, em resumo, esse já viveu duas vezes né. (riso) É. Agora, ãh voltando ao assunto de nascimento que vocês estavam... me perguntando... e que eu... (riso) muita experiência eu não tenho... porque eu não assisti os partos do meu filho, como eu disse a vocês... porque eu dormia. Mas... ãh também comentando eh e eh... um deles... engraçado... um deles eu não fui tão bem... mas dormi, né... então não sei bem... mas eu soube que houve que fizeram fórceps de todas as alturas... porque existem várias qualidades de fórceps... fórceps alto, fórceps médio, fórceps não sei quanto... (riso) ah isso eu nem sei como é que é direito. Fórceps... é claro que todos nós sabemos... são as pinças grandes em que pegam assim as têmporas da criança... e que ajuda a nascer puxando a criança. Existe até um grande professor aqui de ginecologia, ou não sei se é obstetrícia, aliás, que que é... Aliás, ele é o responsável pela seção de obstetrícia aí do Hospital das Clínicas, que ele acha que se o fórceps fosse bem feito, todas as crianças deveriam ser... nascer com o fórceps, o que eu discordo plenamente dele. Hum em todo caso, ele é professor e eu sou simplesmente uma palpiteira. Mas precisa ser assim uma coisa muitíssimo bem feita. Diz ele que a cabeça da criança é assim nesse né onde pega o fórceps, é uma parte assim muito resistente, e que isso ajuda muito a criança e não faz a criança sofrer tanto. Outra coisa que esse professor me ensinou, porque eu não tinha curiosidade em nada, achava que a natureza tinha que resolver tudo, (riso) o que não se dá absolutamente com a minha filha, Cada coisa... o que vai acontecer... estuda... medita... vê se está em ordem... se não está em ordem... (riso) eu ah eu, para mim, isso eu achava que tudo ia acontecer certo. Aliás, graças a Deus, sempre aconteceu. Mas eh... ele estava contando que... nessa parte de você... na hora do parto... o médico fica... apertando assim ãh... por cima... da barriga da da da da parturiente... forçando... que aliás foi o que sempre aconteceu comigo... Não era o () que fazia, não... era o outro... que tinha um ajudante né... que apertava... apertava... para a criança nascer... que isso é uma loucura... porque pode forçar a cabecinha da criança... a cabecinha ah ah que o... bem a cabecinha que está nascendo... pode forçar os aquelas veias que tem aqui... sei lá como é que chama... os vasos sanguíneos... Como chama aquela coisinha assim? A moleira? Pois é... não, mas não é na moleira... nos vasos sanguíneos... é aqui... exatamente... na cabeça... E que podem também afetar depois a parte intelectual da criança. Eu não sei bem, porque essas coisas muito científicas eu não sei, mas eles disseram que isso é muito perigoso. E que o parto deve ser feito o mais natural possível, porque a criancinha vai empurrando com o pé o fundo do útero. Ela e la mesmo aquela aquela contração que faz é a criancinha que está empurrando o fundo do útero para já fazer a força para nascer. Agora, vo voltando ainda a falar de nascimento, que é o que vocês estão mais interessadas, eh uma coisa assim que eu não achei assim tão bonita e não nem tão poético é o depois do nascimento da criança. Aliás, eh eu achei muito feio, (riso) parte. E isso é isso. Eu só assisti na minha filha, como eu disse para vocês, porque nos outros, dormindo, não podia ver nada. E sempre diziam... nascia a placenta, nascia a placenta... e eu, como não era de indagar  muitas coisas, sabia que existia placenta que era para alimentar a criança... e e nisso ficava... tinha que sair depois... também não não tinha maiores curiosidades. Mas eu assisti o da Lúcia... e e é muito feio... achei muito feio... é uma... uma espécie assim de uma sacola... de um saco assim... é meio disforme... eh olha essa parte eu não gostei. Depois que nasce a criança, fica ainda. Essa parte. E que, aliás, eh quando cortam o umbigo da criança é exatamente porque o umbigo está ligado à placenta né. Então, quando o médico corta o umbigo, depois vem a placenta. Eu não sei bem, eu não não prestei muita, muita atenção nessa parte porque eu estava muito emocionada. (riso) Agora, os primeiros anos de vida, eu não sei se isso ainda interessa para vocês. Não sei se ainda caberia isso. ### Todo ciclo da vida. () É comprido, né? (riso) Você sabe que ãh eu vejo agora, uh primeiro, quando começa a engatinhar, eu gosto muito de criancinha pequenininha, bebezinho, eu adoro bebezinho. Aquela hora que começa a andar, vou te contar, dá uma canseira, na gente? (riso) Eu me lembro ãh dessa fase com um pouco de de sono. Porque como eu tive bem em seguida, principalmente os primeiros, e eu quando começava a (), me dava um sono, enfim, uma coisa incrível, muito grande mesmo. Era o meu sinal típico, sono e fome. Os três primeiros meses eram uma coisa horrorosa. (riso) Só tinha vontade de dormir e comer. Então, o a criança, eh para você ver, já do primeiro para o segundo, tem um ano e pouco de diferença né. Então, quando eu eu estava de três meses, o outro estava começando a andar. E é aquela hora que você está louca para se esticar numa cama, que você já fica mole e com preguiça. Principalmente quando a gente ainda é assim muito jovem, mais jovem, porque mais tarde você vai perdendo um pouco o sono né. Se bem que eu durmo até hoje, porque eu estou maluca. Quando posso. (riso) Mas aquilo era um pesadelo. () Eu deitava e a criança chorava, a criança andava, a criança mexia. E esses e Isso é o que eu me lembro desses primeiros tempos. Criança começa a andar, pega em tudo, tropeça em tudo. Eu acho a pior época, se bem que a mais en é muito engraçadinha. Mas a que eu gostava depois é a quando começa a falar, né? Ai, que graça. Aí é uma gracinha. Agora, eu tenho traumas incríveis é com alimentação de criança. testo dar comida para criança. (riso) Detesto. Eu al eu tenho alguma coisa... eu não sei bem o que que é... eu tenho alguma coisa... eu quero dar... a criança não come... os meus filhos não comem bem direito... Esse meu último... esse de cinco anos... é uma coisa até engraçada. Cada vez que ele senta para comer... cada vez, hein? Ele... tem alguma coisa também... porque ele já percebeu,  né? (riso) Ele dorme. (riso) Não, m as ele dorme mesmo. (riso) Dorme de dormir. Não é fingido, não. Dorme de dormir. Aí você pega e põe na cama ele acorda. (riso)  E fica bom. E não é fingimento, é engraçado, não é alguma coisa. Então, essa história de dar de comida para criança não é muito o meu forte, não. Agora, depois vão crescendo, cinco anos, essa idade que esse meu está, meu Deus do céu nossa... Ele sendo caçula, então, nós estamos aqui (riso) completamente... Ele é mesmo caçula. para nós, para os pais, para o Marcelo e para mim. Porque para os outros, coitado, o que ele aguenta dos outros, eu vou te contar viu. É caçula e todos acham que podem educá-lo. Em vez de todos poderem mimá-lo, não. Todos podem edu acham que devem educá-lo. Então, nós, em compensação, temos que (riso) não mimar, porque eu acho que mimo sem educação não funciona. Criança, aliás, para você... Principalmente tendo bastantes. Ou você educa bem as crianças para eles se tornarem agradáveis, ou então não é possível a convivência. () Não é mesmo? Se não Não é possível. () () Que eh às vezes o pessoal diz ah os seus filhos estão bem educados não sei o quê. Não é que sejam bem educados, é que eles estão comodamente (riso) educados. Não é só para mim não é só para mim a comodidade, mas não é isso. Para a vida. Porque se eles não sabem que existem certas regras, que eles têm que respeitar certas coisas, para eles também depois vai ser muito desagradável, não é? Depois vão indo, vão indo, começam a chegar naquela idade de estudo. Ah, meu Deus do céu, estudo. Santana. Uma vez uma cunhada minha, ela disse, achei muito graça porque ela disse, se você quiser algum dia ãh... lançar uma praga, assim, a pior praga que você puder... desejar a um inimigo é esse, que seu filho não estude. E realmente, é, que não estude. E realmente, quando a criança não quer estudar, é muito cacete. Porque a gente está preocupando-se que ele seja bom aluno que. Hoje em dia, aliás, se você não tiver estudo, não tem jeito, né? E eu tive alguns problemas de estudo em casa. Agora, uma coisa que a gente precisa (riso) lembrar é que eles, aos poucos, vão tomando suas próprias responsabilidades. Um deles repetiu ano. quando já estava na na quarta série. Repetiu o ano. E eu fiquei para me acabar. Fiquei mesmo fiquei sucumbida. Ai meu Deus do céu! Quarta série, vai repetir. Isso é coisa que se faça. Todo caso, meu filho, chamei eles. Meu  filho, eu sinto muito, mas você vai ter que trabalhar agora para pagar seu colégio, porque eu não posso mais pagar para você. Bom, eu acho que isso Deus mandou assim de presente para mim. Porque o menino mudou. O menino realmente é um rapaz muito bonitão. Estava sen Naquela época, se julgava o tal, (riso) fazendo grande sucesso e achando então que estudo era uma coisa assim completamente secundária. Quando ele foi trabalhar, para pagar os estudos dele, ele percebeu que existia um outro lado da vida, um lado que todo mundo dá duro né, que não é só pai e mãe dizendo que vai estudar, vai fazer isso e passa uma boa parte do tempo sem grandes ocupações. Bom, o menino mudou de tal forma que, naquele ano mesmo, ele resolveu, fez uma dureza e recuperou completamente o que ele tinha perdido, graças a Deus. E, fora isso, ele mudou de mentalidade completamente. Então, aí, nós já estamos, assim, bem mais adiante nessa fase de de jo de jovens, de juventude, em que eles estão começando a tomar a responsabilidade dos estudos, em que eles estão começando já a serem eles mesmos. No começo, e nos primeiros, eu acompanhei muito os estudos. Não deu certo. Nos outros Nos últimos, eu acompanho muito de longe. Dá muito mais certo. Engraçado. Né não sei bem por quê. Provavelmente, acho que essa presença da gente querendo que faça não é muito não foi muito produtiva. Agora, eu estou com vários em universidade. Carlos, quer dizer Regina e José, quatro, em faculdade. Eles estão completamente responsáveis já. Todos trabalham, estão com cinco filhos trabalhando. Já é uma fase, assim, quase que de adulto para adulto. Então, é muito interessante. Na mesa, todos têm as suas opiniões. E, a essa altura, ãh como eu trabalho num campo que me dá muitas ocasiões de de conhecer muita coisa, de estar em contato com muita gente, eu quase que posso dialogar com esses jovens, e (riso) com os meus filhos e com os outros que vêm muito aqui em casa, quase que de igual para igual. Porque, se eu não estivesse nesse campo ou não estivesse trabalhando para fora, eu acho que eu teria muito muita dificuldade. Porque hoje tudo vai tão depressa, né? Mas aí começa, então, uma uma fase que eu acho assim sensacional, que é a fase do namoro. A fase do namoro, a fase em que eles começam a se interessar pelas ãh pelas meninas. Eu falo mais meninas, porque aqui eu tenho mais rapazes né e. Desde aquele primeiro encontro, principalmente quando foi assim com a primeira, com a Lúcia Maria, a gente vivia junto o namoro. Eu namorava quase que junto com ela. E foi engraçado que a Lúcia, quando conheceu o marido dela, Ela ela tinha quatorze anos e eu não queria que ela namorasse ele, apesar dele ser ótimo rapaz, de jeito nenhum, porque eram da mesma idade. E aí eu fiz de tudo para acabar o namoro, fiz de tudo. (riso) Mas olha só, com primeira filha a gente faz cada barbaridade que eu vou te contar viu e ah. Ela namorou aí dois anos e veio um rapaz que eu gostava. E eu achava bom. Não é que eu gostava, mas que eu achava ótimo e ideal. E ela namorava o rapaz, coitadinha, obedientemente, mas dizia assim, mamãe mas eu não gosto dele. Sei. Dizer, sem entusiasmo. Sem entusiasmo Nenhum. ()

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : Você já imaginou que coisa horrível? E ela dizia assim, pois é, mamãe, eu vou casar com esse rapaz porque ele preenche os ideais. Mas que eu ame igual, assim, esse amor que você fala. () Imagina se eu acredito nisso. Você imagine a minha aflição (riso) Graças a Deus, acabou com aquele outro rapaz, que aliás era um ótimo rapaz. E começou a namorar de novo o que é hoje o marido dela. Aí foram indo, já estavam com noivado marcado, tudo pronto, tudo. Aí aconteceu um grande desastre. e que separou os dois por mais um ano e pouco. Aconteceu um acidente na família dele. Passou, e mas a Lúcia Maria nunca se consolou. Nunca se conformou também.

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : Está. Não estava. Era incrível. Ela, para mim, ela fazi a. Porque eu disse, minha filha, se ele não quer mais saber de você, porque nessa altura ele não tinha não queria, ele que tinha rompido Um namoro, quase noivado né. Mas você trate da sua vida e deixa de ser boba, deixa de ser idiota (riso) vá cuidar da sua vida. Mas ela nunca se convenceu muito que que devia e. Sabe o quê? Eu tenho a impressão que o dela era ser amor assim tipo medieval () (riso). Ela tinha paixão pelo Luís, sempre teve paixão por ele. ### E ela fazia comparações. Mamãe, você veja, o Luiz era assim. (riso) Esse é assim. E dizia, mas minha filha, o Luiz já passou. Agora é esse, porque o Luiz não quer saber de você. Mas ela não se convenceu. E esse tempo de namoro, de noivado, principalmente quando a gente é mãe de mulher, mãe de menina, é eu vou dizer para vocês, é muito duro para a gente. para nós mães, viu? Muito duro. Porque você sofre junto com a filha, evidentemente, que foi o que aconteceu com a Lúcia Maria, porque ela sofreu mesmo. Nessa época ela sofreu e sofreu mesmo, viu? Você não pode fazer nada. Você não po O que que você pode fazer? Você não pode resolver nada, não pode fazer nada, você não pode também dar grandes conselhos, porque vamos, como aliás foi o caso dela, vamos que dê certo depois de novo. Você não pode fazer muita coisa. (riso) Então, você tem que ficar maneirando, você tem que estar ali, você tem que estar amparando, você tem que estar vendo alguma coisa que distraia, você tem que estar às vezes ficando meio brava, porque nessa ocasião a Lúcia Maria ficou tão abalada, mas ela ficou tão abalada, você imagina, que ela primeiro quis deixar os estudos. Ela já estava no segundo ano da faculdade. Eu disse... de jeito... estava no segundo no fim do segundo ano da faculdade... eu disse... de jeito nenhum... minha filha, agora você vai acabar de... não eu não estou mais interessada... ela não conseguia acordar de manhã cedo... ela não ia fazer provas... não lembrava... ela sempre foi ótima aluna... sabe? Chegava nas provas... dava branco na cabeça... ela não conseguia fazer nenhuma prova... mas foi assim... ela ficou... ela ela começou a engordar... foi assim... um drama mesmo na vida da Lúcia, viu? Ela ficou com ãh com com as muitas espinhas no rosto. Ficou com o sistema dela feminino, inclusive. Tudo atrapalhou. ### A Lúcia Maria tem paixão por Luiz. Mas é uma coisa extraordinária. Eu acho formidável. Mas, de qualquer maneira, ãh essa parte de namoro das filhas é muito difícil. Depois, com a outra, é muito engraçado. Es sa outra minha, está namorando firme. Ah, mas essa é (), né? Então, namora, namora, de repente briga, aí começa a namorar outro, então às vezes os dois... che che chegavam os dois ao mesmo tempo, os dois brigavam na porta. (riso) Olha um drama, viu? Graças a Deus eu só tenho duas meninas, porque mais do que duas meninas eu não aguentava essa história de namoro. Eu sempre digo, isso é demais para a minha beleza, não aguento. Agora, com os meninos, o começo, pelo menos, está sendo, assim, muito suave. Porque uh o Marcelinho, que nós chamamos de Marcelinho, e que é muito maior do que eu, muito maior do que o pai, Mas é porque chama o pai chama Marcelo também, né? O Marcelinho está namorando já há cinco anos. Eu tenho a impressão que ele fica noivo ainda esse ano. Tenho a impressão. Não pergunto muito, não. (riso) Mas já estão vendo casa, não sei o que, de modo que deve ficar. E o outro também já está namorando já há algum tempo, de modo que também não tem essa aflição de namoros, ou não tem? E o Pedro, que tem dezessete anos, também está namorando calmamente, de modo que (riso) esses para esses daí não não não tem grande, pelo menos por enquanto, não temos grandes problemas. A gora... Na fase assim da adolescência né, no início da adolescência, há assim uma diferença entre a educação da menina e a educação do menino? Deixa eu pensar um pouquinho se há diferença. Eu não acho que haja diferença na na fase de educação da menina e do menino. O que eu acho, o que eu senti, é que eles e passam essa fase, vamos dizer, essa fase infernal, (riso), essa é ótima (), infernal, em idades muito diferentes e com demonstrações muito diferentes. Alguns de uma maneira mais aguda, outros de uma maneira assim muito mais suave e até engraçada. A Lúcia talvez não tenha... a Lúcia também passou... eu não sei bem se precisar bem para você... mas uns têm antes... outros têm depois... uns ficam mais quietos... outros ficam mais agressivos... eu não acho que seja assim... mais difícil um ou outro... não... eu acho que isso depende do gênio de cada um. Eu não não não reparei isso. E qual é essa idade... em que há essa mudança? Também varia muito... viu? Também varia muito... tem... Uns que ficaram com dezoito anos... ãh dezessete anos... outros começam com treze, quatorze... eu acho que isso variou muito. ### É... nas meninas especialmente. Engraçado que as meninas começaram mais tarde essa fase. Mais Mais tarde do que os meninos. É Engraçado, né? E é () ### Foi diferente. Eu tenho a impressão que é uma hora que elas querem se afirmar mais... eu não sei bem... De repente, dá uma coisa, mas não foi assim nada assim muito... muito grave não. Bater

SPEAKER 0: :  porta? Fazer mal criação?

SPEAKER 1: : Não teve ()? Não, não teve muito. Claro que sempre tem, em todo lugar é igual, né? (riso)

SPEAKER 0: : Evidente.

SPEAKER 1: : Mas não tem assim muito demais, não, viu? Tem ### Claro que tem, isso não vou dizer que não teve, porque tem, lógico. Não foi assim muito... de chamar atenção demais, não. Depois, como são muitos aqui, dilui um pouco, né? Ah é

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : Dilui um pouco e tem mais uma coisa. E sendo muitos, tem muitas vantagens. (riso) É que um ah os outros, caçoam da das atitudes, (riso) não dão trégua. Mas não dão trégua. Qualquer um que começa com coisa, os outros todos dão ensinos, mas todos. (riso) Mas é uma é engraçadíssimo, viu? Depois, uma coisa que, ah aqui agora, principalmente que eles estão maiores, ãh está acontecendo, que eu acho formidável, é que, de vez em quando, a gente faz, assim, muito comumente, aliás, a gente faz, assim, um uma conversa sobre como está cada um dentro da família. E todos entram na berlinda, desde nós pais. Todos juntos? Todos juntos. Desde nós, no almoço, no jantar, sabe, assim, uma conversa casual. A gente mesmo eles falam, vo vo você está não está prestando atenção na gente, mamãe, ou falam para o para o... Bom, para o Marcelo nunca acham nada, porque o Marcelo realmente é sensacional, nunca tem nada. (riso) É É. A admiração que eles têm pelo pai é uma coisa completamente fora do normal. Mas E o Marcelo tem um jeito extraordinário com eles mesmo. Mas todos entram na berlinda. Todos. (riso) Desde os desde o pequeno, que eles sempre acham que está mal educado e que eu acho que está otimamente bem educado, (riso) até a mais velha. Todos entram, todos comentam. Olha, está faltando diálogo, nós não estamos conversando uh. Sempre tem alguma coisa que eles eles mesmos vão se aplainando, sabe? ### bém, ou só em relação a () Pois é, em relação ao outro, você é fulano, ou está pensando o que aqui da casa, você tem que conversar mais, você está está chegando sempre atrasado no almoço, assim você não pode conversar, você não está trazendo nada para para a nossa conversa, quer dizer, eles mesmos se vão se ãh como vão se educando, sabe? E vão se aceitando. Porque claro que existe uns que combinam lógico combina mais com com outro. E assim, olha, eu acho que esse ciclo da vida, mais ou menos, (riso) nós já completamos aqui em casa, porque... foi desde o do nosso namoro... Ah, no meu namoro, bom, tem uma coisa interessantíssima... Então me conta. (riso) Esse pedaço eu preciso contar. (riso)

SPEAKER 0: : Aliás, eu já contei isso para tanta gente que acho que provavelmente você já sabe também. (riso)

SPEAKER 1: : Você sabe que quando eu comecei a namorar Marcelo muito cedo, mas antes de começar a namorar, e eu estava namorando um outro rapaz muito firme, tinha paixão pelo outro, note esse detalhe. (riso) Eu tinha  quinze anos. E eu fui numa festa com esse outro rapaz, e meu namorado não foi. E estava Marcelo, que eu não conhecia ainda, que eu conheci naquele dia, sabe? E nós passamos essa festa inteira juntos, era um jantar, aliás, era um casamento. Nós sentamos na mesma mesa, conversamos muito, Marcelo é muito alegre... e falante também, aliás, não é muito falante, mas combinávamos muito bem. Quando chegou em casa, eu disse para mamãe, mamãe hoje eu conheci o o homem com quem vou me casar. (riso) Mamãe disse, ué mas o fulano foi na festa, dizia o meu namorado. Eu disse, não, mamãe não é aquele, é outro. (riso) Quase caiu da cabeça, mas como? Eu disse, exatamente. Eu vou casar e não é com esse, é com o outro. (Riso) Minha filha... bom... para te encurtar a história... eu ainda namorei esse outro rapaz mais seis meses.

SPEAKER 0: : Mas um ano e meio depois eu estava casada com o Marcelo. (riso)

SPEAKER 1: : Então, você sabe que o pessoal... diz mas você você foi sorte foi sorte mesmo, mas eu acho que no namoro isso era uma coisa que também... Na época, quando eu falava, todo mundo dizia é mas você pensa muito. () Acho que, no namoro, parte de cabeça é muito importante viu. É Só a atração. Não dá a parte de cabeça se você pensar ali. (riso) Conversar, né? Não, e E você pensar, eu escuta, eu vou viver a vida inteira com fulano. É uma decisão, né? Precisa ver se é o que combina com você. Não basta só aquela atração, aquela história toda. Precisa, evidente que s em aquilo não é possível. que precisa de usar a cabeça um pouco, também precisa. (riso)

SPEAKER 0: : (riso) Mas depois da fase, quando passa do namoro para o noivado, como é toda a parte formal da de do noivado assim?

SPEAKER 1: : Parte formal, eu você sabe que tudo que é muito formal não não combino muito, viu? Não a cho que eu também não presto muita atenção em nada que é muito formal, não gosto nada que é seja muito formal. Ãh... O nosso noivado... Ah, minha filha! Meu Deus do céu, falar em namoro e noivado começa a me lembrar do meu tempo. (riso) Coisa horrível. Meu ma meu marido, coitadinho, ele só entrou na minha casa o dia que foi para ficar noivo. (riso) Não se entrava em casa, nós namorávamos na rua, pensa se pode. Ele eh ele era... enfim, trabalhava e ele passava na hora do almoço, nós dávamos uma volta no quarteirão e esse era o nosso nam Depois, para entrar em casa, só no dia que ficamos noivos. Só então. Em compensação agora as minhas filhas e meus filhos. Meu Deus do céu! Eh... É como dizem, eles gostam de vir bater ponto aqui. (riso) Mas, essa parte formal, eu não gosto de jeito nenhum mesmo. Quando foi no noivado da minha filha, foi até engraçado. Então, estávamos todos aqui, primeira, né? A gente estava aqui preparando, as crianças todas bem assim, ensinadas, que não interrompessem a conversa, porque tudo que eu quero fazer, muito formal, aqui em casa, é um drama. Porque, claro que nunca dá nada muito formal. Você já imaginou? Quarenta crianças correndo pela casa e falando... Como vai?Qual é o seu time de futebol? Qual é que não é? () Não dá para ser assim. Aquela finura não dá, né? Também. Chegou o Virgílio aí, que é o pai da () Chegou o Virgílio... também nervoso... abotoava paletó... desabotoava paletó... abotoava paletó... desabotoava paletó... para essa altura, claro que eu não estava pronta... porque eu estou sempre meio atrasada... eu não estava pronta... mas eu desci lá... quando eu cheguei aqui embaixo... acabou a luz da casa. Bom, aí não se achava a vela. (riso) Então, toca procurar a vela, as crianças a procurar... Ah, meu Deus do céu! As crianças a procurar, a conversar com ele, saber eh ãh história que dê a outra irmã do Luiz. (riso) Bom, aí você veja que essa formalidade não teve nenhum... Agora, quanto à parte do pai do noivo pedir ãh à à moça, eu acho que ainda é válido, porque isso dá uma certa dá uma certa seriedade, uma certa um certo peso para o noivado. Eu ainda sou antiga nesse ponto. Eu acho que faz com Parece que uh a família inteira está reconhecendo que o filho está comprome estará comprometido com aquela moça. Talvez isso seja assim um costume, talvez que vá ser uma coisa ultrapassada.

SPEAKER 0: : Mas, aqui com os meus filhos, eu pretendo que (riso) que meu marido vá, está pensando em ir e pedir. Tudo que a gente nunca sabe, né? (riso) ()

SPEAKER 1: : Tudo pode mudar tanto e a gente não sabe. (riso) ()

SPEAKER 0: : E a parte do casamento?

SPEAKER 1: : Depois do noivado vem... A parte do noivado... Durante o noivado, tem aquela história, aquelas correrias né. Eu vou dizer bem para vocês, eu acho o noivado meio chato, cá entre nós. Eu achei o meu noivado e eu tenho a impressão que a Lúcia Maria também achou. Porque noivado, claro que os namoros de hoje, em sendo, em geral, mais mais longos, já dá para as para os dois se conhecerem bastante e falar de todas as coisas sérias que eles têm que falar. Porque namoro para i para isso que existe, para um conhecer o outro em tu Pode de jeito nenhum. E hoje em dia é uma das coisas que eu não posso ente nder. Como é que o casamento pode dar errado hoje em dia? (riso) Não posso entender. Se tiveram todo o tempo e todas as facilidades que se tem hoje para namoro, como é que pode depois não dar certo? Não pode! Porque o que você pode estar junto com a pessoa, porque você realmente só pode conhecer a pessoa, você tendo um convívio com ela, Você, tendo um convívio com ela, você tem que ter diálogo. É lógico, evidente. E, para você ter o diálogo, você não é só falar do tempo, do filme que foi assistir, nem nada. É diálogo de tudo, da toda a vida, de como você é. Você nesse diálogo, você se mostra como é que você é e você fica conhecendo o o utro. Então, eu tenho a impressão que no namoro, já é namoro principalmente namoro filho, já é quase que um noivado. Noivado, claro, que é aquela parte em que você está mais comprometida, já tem certeza que vai casar e tudo isso. Mas, é que o noivado eh eh começa também aquelas outras começam também aquelas outras preocupações. Preocupações assim mais ãh terra-a-terra. Se você tem casa, se não tem casa, ãh roupa, enxoval. São as preocupações assim que, às vezes, podem tomar mais tempo do que deveriam. Lúcia Maria, como estava estudando, Não tinha muito tempo para isso, para para enxoval essas coisas. E eu, por minha vez, em vez de ser assim uma mãe dedicadíssima, também não tinha tempo por causa do meu trabalho. De modo que nós simplificamos tudo muito. Foi tudo assim muito muito simples. Não tivemos essa história de bater pernas, essas coisas nada disso, de () procurar coisas. A gente já perguntava onde tem mais barato, onde tem mais em conta, onde tem bonitinho. E lá íamos nós, não ficávamos procurando, não. Não achávamos muito difícil, mas é um pouco cansativo. Essa essa Ãh achei um pouquinho,  ãh não sei, talvez atribulado, não sei bem. Agora, o que é cacete? Deus meu do céu! Distribuição de convite casamento. Deus meu do céu! Isso aí é um drama. Isso é o drama total. Isso, minha filha, acho que das coisas desagradáveis que a gente faz na vida é isso. (riso) Não é? Agora, quanto à cerimônia do casamento, eu se for dizer para você que eu me diverti loucamente. Em vez To todo mundo diz que mãe fica triste, ah eu só faltava () soltar foguetes e rojões. (riso) Feliz da vida, porque a menina casou com quem quis. O rapaz ótimo. Ãh A menina toda a vida tem paixão por ele. E eu não sei... esse dia eu acho que... sei lá... eu estava assim numa disposição... talvez melhor... eu não es eu não estava eu não fiquei emocionada nem um pouco, nem uma hora. E eu normalmente sou daquelas que chora por qualquer coisa. Mas eu esse dia não. Eu estava feliz. Eu Aproveitei o casamento. (riso) A proveitei mesmo viu. Achei linda quando ela chegou na igreja. Achei linda a cerimônia. Porque... não sei... eu acho que quando eh eu acho o casamento é dessas coisas mais das mais bonitas que existem. Quando duas pessoas se gostam muito e são assim vão se completar de tal maneira como você estava vendo que os dois iam, eu acho que a gente só tem motivos de alegria. Depois aqui, eh realmente não fiquei emocionada nem um minuto. Entretanto, quando ela foi embora, meu marido ficou muitíssimo emocionado. Marcelo chorava feito criança. (riso) Engraçado, né? Que ninguém viu naturalmente.

SPEAKER 0: : () também ()

SPEAKER 1: : É () para que isso né?  É engraçado para os homens, eu tenho a impressão, que nessa altura eles se emocionaram, não entendi bem o porquê, em todo caso. Agora, como cerimônia é tudo que é assim muito formal demais, ah como já disse para você, aqui não dá muito jeito. (riso)

SPEAKER 0: : Depois tem aquela parte. Depois que eles casam, da virem os convidados. Ãh...

SPEAKER 1: : Ah, os cumprimentos. Ah, eu gosto! Gostei muito, só que foi um calor horrível. Mas é () é. Mas eu gosto muito. Depois eu vi assim muita gente que que eu go ãh que eu gosto muito estavam lá e. Muitas pessoas estavam lá e. Sabe a gente tem muita satisfação de ver que estão ah compartilhando com a gente essa alegria. Né esse momento em que, afinal de contas, você está completando uma fase. da da da vida do filho. Não é, você essa altura, você diz, bom, até aqui, eu fui totalmente responsável, daqui para diante, a vida é deles né, a vida é deles. Agora, eh essa parte já foi. Mas diz que é um Momento, eu, para mim, foi um momento de muita satisfação. (riso). E qua

SPEAKER 0: : ndo? E do que consta o casamento? Quais são as cerimônias obrigatórias de um casamento?

SPEAKER 1: : As cerimônias obrigatórias não têm cerimônias obrigatórias. Tem uma cerimônia obrigatória, que é o próprio casamento né. Agora, hoje em dia, eles exigem, que eh se é isso que você queria saber, exige-se que faça um curso de de preparação para o casamento em todas as paróquias, aliás, eles fazem hoje e. São... Essa cerimô é obrigação é obrigatório pela pe pelos novos estatutos daqui. Quer dizer, não é uma coisa obrigatória que de vali de validade ou não validade do casamento, não. Mas, quando você vai pôr lá na quando você vai na igreja dar o nome, que você vai reservar a igreja, ver a história de ornamentação de igreja, essas coisas todas, eles ãh só fazem a inscrição se você levar o atestado que fez esse curso de preparação de noivos. senão eles estão não estão querendo fazer os casamentos. Alias... Mas esse é o casamento religioso? Religioso, ah, quanto ao casamento civil, minha filha, eu não tenho a menor ideia viu. Eu sei que eles foram lá, chamaram o juiz, contrataram o juiz, porque o Luiz Eduardo, esse meu genro, ele é é advogado não e o pai dele também é () Ele é () delegado né, que que ele é? () procurador. Bom, mas em resumo, ele conhece toda essa gente e eles vieram aqui. Eu não sei eu não sei bem o que que tem que fazer não. Tem que ah Ah, tem que levar aqueles papéis todos de atestado de nascimento. Se é eleitor ou não é eleitor, ah não sei. Os papéis que tem que levar, não sei por que ãh. Eu acho que, depois de uma certa idade viu, cada um tem que ser responsável pelas coisas que está fazendo. A Lúcia já tinha mais de dezoito não, então estava na hora de se mexer. (riso) Mas e na igreja ãh? Agora Na igreja, você tem que levar ãh ãh atestado de batismo, atestado de nascimento, atestado de batismo, E esse do cursinho. E esse papel do cursinho. E há

SPEAKER 0: :  alguma coisa assim na igreja antes do casamento?

SPEAKER 1: : Parece o nome dos noivos. Ah Ah, sim, claro! Tem os proclamas, né? Isso tem os proclamas que são durante três semanas ãh que antecedem o casamento. To eh Porque esses a razão de ser desses proclamas, que a gente até às vezes acha graça quando fala fulano de tal, filho de fulano de tal, quer casar com fulano de tal, não sei o que, não sei o que, aquela chateação, Hoje em dia, aliás, eles não fazem mais, eles põem na na nas portas das igrejas. É porque, caso haja algum impedimento, ah, porque, às vezes, pode acontecer do rapaz ou da moça terem casado em outro lugar (riso) e estarem ocultando isso né. Então, existe esse pro esses proclamas obrigatórios e, por isso, que tem que ser uma coisa assim com antecedência, que tem que ser três semanas, pelo menos, antes do casamento.

SPEAKER 0: : Qual são os elementos que participam da cerimônia do casamen

SPEAKER 1: : casamento religioso? É. Bom, Lógico que uh, além dos noivos, o padre e padrinhos podem ser dois ãh, quer dizer, um casal do noivo e um casal da noiva. Eu tenho a impressão que é o su mais do que o suficiente. Mas, ãh realmente, quem administra o sacramento do casamento são os dois. É o marido, e quer dizer, é o noivo e a noiva. O padre está ali para abençoar. mas os ministros mesmo do do sacramento são os dois. Você sabia disso? Não (riso) (). A presença do padre é indispensável mas os ministros são os dois. () É. Tanto assim é, isso até Uma coisa interessante que eu também aprendi outro dia tanto assim é que você, quando por exemplo quiser saber rezar alguma coisa, pedir alguma graça para o seu marido ou para a mulher, Em vez de você pedir ao padre, que vamos quer dizer muitas vezes a gente pede, senhor () padre senhor ()  que a gente conhece algumas, ah o senhor não podia rezar para o fulano, para o meu marido (). É muito mais eficiente a sua reza para o seu marido do que a do padre, porque é você que é você que é o canal de graças para ele, que você é que é a ministra dele. (riso) Interessante isso, né? Chega mai Eu aprendi isso outro dia, bem que eu tenho usado. (riso)

SPEAKER 0: : Depois que o casal ãh né participou da da cerimônia do casamento tal, há alguma coisa, além da dos cumprimentos, alguma coisa que ele vai realizar ainda, esse casal? Vai participar ainda de alguma coisa?

SPEAKER 1: : Não. Tem que assinar os livros lá da igre Agora costuma-se fazer muitas vezes fazer o casamento civil, depois do casamento de igreja, para não ter que fazer duas festas.

SPEAKER 0: : Né? E a família ãh e os dois participam assim de alguma... Não, não tem. Reunião, alguma coisa? Bom, 

SPEAKER 1: : Claro, sempre tem algum. Quer dizer, sempre tem Muitas vezes tem uma festa uma festa para comemorar ali. Isso que é o início de uma nova vida em conjunto. Nada disso é obrigatório. A única coisa que que é obrigatória para validade é exatamente que esse esse esse compromisso dos dois de viverem juntos e de formarem uma família juntos para sempre. () ###

SPEAKER 0: : Pela tra tradição, pelo costume, os noivos ãh costumam fazer alguma coisa, assim, sair da cidade?

SPEAKER 1: : Eles costumam. Você sabe que eu acho Essa claro que eu acho que costumam e devem sair um pouquinho, pelo menos para se acostumarem para se ãh porque. Mesmo noivado, apesar de ser assim agora um noivado que a gente esteja assim muito mais em contato que antigamente, esses primeiros tempos de você acostumar a estar o dia inteiro, eu acho assim indispensável. E viagem, eh se é uh claro que seria de uma classe assim mais abastada, mas uma viagem assim muito grande, com muito lugar que chega e lugar que sai, lugar que chega e lugar que sai, eu acho assim completamente contraproducente, porque não dá para os dois terem aquele contato íntimo, aquele contato calmo, porque evidentemente nos últimos dias de noivado são de correria, são de canseira, são de preocupação, e é claro que o rapaz deve estar preocupado com o novo com a novo com a nova vida, com as novas responsabilidades. Ele não sabe bem se o trabalho dele vai dar para sustentar como ele queria, porque eles os rapazes sempre têm isso. Querem dar à minha mulher o mesmo o mesmo nível de vida que ela tinha em casa (). Tudo é besteira, porque é claro que não vai poder dar né. (riso) () Lógico que no começo da vida é lógico que não vai poder, né? É lógico. Como é que chama essa essa ### Agora, esses primeiros tempos, calmos, sossegados, é o ideal, porque descansam e tomam foro para depois caírem na realidade. (riso) Porque não é porque cair na realidade não é sempre aquele oh Aqueles óculos cor-de-rosas da da lua de mel, evidentemente, quando chegam, são um pouco diferentes na vida. Não é sempre aquilo que você imaginava que fosse. Entretanto, um amor que existe entre os dois, tudo isso é completamente superável.