SPEAKER 2: Gravação do dia três de maio de mil novec> <]ao. Aí no caso, se o senhor pudesse nos falar alguma coisa, por exemplo, sobre o comércio exterior, como é que se... ãh não sei se eu entro aí no no seu terreno profissional, se uh se entrar, ãh nós po nós podemos sair logo. Por exemplo, como é que se processa, e o que interessa para a gente são as operações, que se fazem para que se efetuem essa essas transações com o exterior? SPEAKER 1: Bom, as operações de de comércio exterior são, acima de tudo, um fator de troca, de escambo. Quer dizer, as pessoas só entram nesse campo quando elas têm possibilidade de promoverem trocas recíprocas. Quer dizer, se não houver essa possibilidade, que nós costumamos dizer em comércio que os bo os negócios são bons quando são bons para ambos os lados. Quando é só de um lado, então não interessa. Então, o que se verifica atualmente é o seguinte. O Brasil sempre foi um produtor e exportador de produtos primários. Quer dizer, produtos in natura. Então, nós tivemos uma guerra. Nesta guerra, o Brasil, como só produtor de bens, de produtos primários, ele tinha que importar tudo ou quase tudo. Eu  sou do tempo em que, eu me lembro, era menino. e este pai deste meu primo, do Henrique Vailate, ele era administrador de uma grande empresa. E lá eles importavam tudo, quer dizer, que se importava, eram eram importados talheres, louças, vasos sanitários, pastilhas para uh para estruturas, cimento, Todos os grandes edifícios de São Paulo eram feitos com ferro importado da Alemanha, quer dizer, a estrutura concreto, por exemplo, não se conhecia ainda, quer dizer, então não havia aqui uma escola politécnica, não havia nada, quer dizer, se havia era incipiente. Então todos os métodos construtivos, no sentido de edificações, eram feitos dessa maneira. Então tudo se importava. E o Brasil exportava o quê? Exportava café, que era naquele tempo contribuía com oitenta por cento das nossas divisas, e além do mais madeira, e cacau, e frutas, e isto e aquilo que nós fa ti tínhamos aqui. Quando apareceu a guerra, quando a guerra ocorreu, esta última, nós tivemos que partir para o campo chamado campo substitutivo das importações. Então as empresas, que eram umas em empresas domésticas, pequenas, incipientes, elas passaram a se aparelhar para produzir tudo quanto se importava até então, dentro daquelas possibilidades. Parece até uma indústria pobre, porque é uma indústria substitutiva, conforme o tempo o termo está dizendo, e é uma indústria que se substitui no tempo rapidamente. Ela se desloca com facilidade. Porque é uma empresa que absorve muita mão de obra e de baixo rendimento. Então o Brasil partiu para esse plano substitu substitutivo das importações. Eu não gosto de falar em política. Mas pode falar. Mas Mas se há um homem que passará a história do Brasil como um louco eh oportuno, ou alguém que no momento, the right man in the right moment, eu dizia, diria melhor, quer dizer, apareceu no momento, esse chamou-se Juscelino Kubitschek. Este homem conseguiu dar uma guinada de noventa graus aqui e partir pa para planos ãh assim, mirabolantes, et cetera, verdadeiras quimeras, mas as realizou. SPEAKER 2: A minha mineirice agrade> SPEAKER 1: Quer dizer, (riso) de sorte que eu acho que só não não vai gostar de Juscelino, quem nunca fez uma viagem a Brasília e depois não se estendeu para Goiás. Quer dizer, nós vamos ver que nós vamos passando por Três Marias, obra que ele também iniciou, e vamos para Brasília, obra que ele pôs lá naquele fim de mundo, depois vai para Nápoles, Goiânia, chega lá em Goiás, naquela avenida em dos Bandeirantes, Quer dizer, aquilo é um troço impressionante, a gente vê automóveis dos dois lados, lá está a indústria automobilística, quer dizer, então vê-se tudo isso. Bom, o Juscelino montou as chamadas, os chamados grupos de planejamento da grande indústria, que viria então se sobrepor à indústria substitutiva das importações. Nós partiríamos então para a chamada grande indústria, a indústria pesada. Antes dele, um já havia feito muito, que foi o Getúlio. Ele tinha feito a Siderúrgica Nacional, a Companhia do Vale do Rio Doce, havia começado. Mas o Juscelino foi o verdadeiro catalisador do negócio. E como todo agente catalisador, ele entra numa reação, mas não aparece no resultado e ele acabou desaparecendo mesmo. Quer dizer, então o camarada sumiu. Mas a obra dele ficou aí. E... E o Brasil, então, aspirou coisas maiores. A indústria automobilística, inicialmente, totalmente desacreditada. Eu conheço alguns homens que ocupavam postos de destaque na Ford, aqui em São Paulo. O Monteiro, por exemplo, foi diretor da Ford. Uhum. Foi posto fora daqui pelos americanos, porque intimado pelos americanos a fazer um trabalho sobre a a viabilidade da institucionalização aqui de uma indústria automobilística, ele havia opinado em contrário, disse que aqui nunca teria lugar, possibilidade de uma indústria automobilística. Então, na frente, os e os europeus que já eram... que não pareciam, mas eram mais vivos, apareceram, vi vieram uh os alemães com a Volkswagen, vieram os franceses com a Cinca, e assim por diante. E eles começaram a demonstrar que era o contrário. Nós temos aí noventa milhões de habitantes, temos aí um continente, isto aqui não é um país, uno indivisível, mesma língua, mesma religião, et cetera, et cetera, quer dizer, então o mercado consumidor que se forma aqui é uma coisa impressionante. Então o Brasil, precisou lançar mão de um aguerrimento nas exportações para que houvesse aqui dentro um acúmulo de divisas. Aí é que muitas vezes quando se fala, a turma pensa que a gente está querendo fugir da da da coisa. Mas não é como diz mesmo o nosso ministro da Fazenda agora. O Brasil não visa empobrecer o seu povo tirando daqui o que nós temos para exportar. Ele visa o enriquecimento desse povo através da do acúmulo de divisa que nos permitem a impi a importação de equipamentos para a formação da nossa própria indústria, sem o que não é possível. Senão nós partimos para o endividamento in ih in indefinido indefinido e isto vai nunca mais acaba. Então nós temos que formar divisas para adquirir esses equipamentos todos. Esses equipamentos são transformados em indústrias aqui dentro, produtoras de bens cada vez melhores, E nós estamos, então, evoluindo através de vários está estágios sucessivos, mas muito bem postos, quer dizer, todos obedecendo a uma breve planificação. Então, nós partimos das indústrias substitutivas das importações, fomos para a indústria automobilística, que é aquela que dá logo um certo status à população, quer dizer, já dá uma aferição de riqueza, de bem-estar, quer dizer, depois partimos para a indústria do aço, que agora temos me metas também vamos para os vinte milhões de toneladas, quer dizer, seremos aí o sexto, sétimo país produtor de aço, iremos ser quinto, quarto, dentro de alguns anos. Do aço, nós partimos para para a indústria petroquímica, e assim o Brasil vai em escalas sucessivas atingindo aquele aquele degrau que lhe compete no conceito geral das nações. Quer dizer Então, quando se fala em comércio exterior, a gente tem que fazer uma análise prévia disso tudo, para que se situar exatamente desde logo neste ponto. Precisamos acumular divisas. Através dessas divisas nós vamos importar equipamentos. Então nós iniciamos um um princípio de trocas. Porque quando eu estudei economia, dizia-se que tudo aquilo que fosse improdutivo, fosse anti-econômico, o país não deveria produzir. Para que que o Brasil vai se meter a produzir automóveis se pode comprá-los bem mais barato no Estados Unidos? Para que que vai comprar, por exemplo, isto aqui, televisores a cores e outras coisas mais, se o Japão coloca aqui dentro pela metade do preço. Mas não é esse o o fato. É que existe sempre uma uma obtenção de metas prioritárias. () O país O Brasil tem cinquenta por cento da sua população com menos de vinte e um anos de idade. Necessita de um milhão de empregos por ano por ano para atender essa mocidade que vem aí, estuante de entusiasmo e sabe como é que é essa en essa mocidade de hoje? Super bem alimentada nos seus nos seus primórdios, né? Depois ela não sabe por onde arrebentar aquele negócio, né? Ela Tem que tem que atirar para algum lado, né? Então se puder pôr dentro do trabalho desde logo é muito é muito bom, né? Então, o que o o que ocorre é isso. Então o Brasil vai se encaminhando para um processo de troca sucessiva sem mais aquele aspecto subserviente que nós tínhamos antigamente. Hoje vem aí o ministro dos transportes e luta por uma distribuição equitativa dos fretes, que já deu seiscentos e cinquenta milhões de dólares. No ano passado nós pretendemos ir até um bilhão de dólares. Já é muito na nossa receita. Nós exportamos dois bilhões e e trezentos... dois bilhões e setecentos milhões de dólares. A meta este ano são três bilhões de dólares. Quer dizer, nós estamos caminhando em torno disso, quer dizer, e o nosso país assumiu compromissos no exterior, através de empréstimos para construção de estradas, et cetera, et cetera, que para serem amortizados é preciso que eles tenham uma compensação através das exportações que nós fazemos. Então nós entramos de rijo, como até agora não havia honestidade, quer dizer, pelo menos, ficou bem demonstrado aí a saciedade, quer dizer, Ninguém nos dava dinheiro. Quando o senhor João Goulart andou mendigando por aí, até na China ele foi, não conseguiu nada. Hoje o senhor Delfim, o pessoal acena ele e convida para que ele compareça nesses países todos lá fora e quando ch chega já tem todas as portas abertas. O Banco do Brasil já se instala hum num colosso de países. SPEAKER 2: E ah o senhor falou aí numa instituição, o Banco do Brasil, existem instituições, vamos dizer assim, destinadas justamente a esse controle do comércio exterior? Bom, SPEAKER 1: Eu sou um camarada um tanto radical, eu não sei se eu... Se eu fosse... If I were king, é aquela história do do François Avion lá. Eu Eu digo, se eu se eu for algum dia governante, eu mudaria todas as institu Eu li um negócio agora formidável. A Suécia, por exemplo, aboliu o corpo diplomático. A Suécia achou o seguinte, que corpo diplomático é uma utopia agora. Cara, desnecessária, quer dizer, é um negócio que não funciona mais. Os corpos diplomáticos, antigamente, funcionavam para que houvesse, hum hum vamos dizer, uma sala de visitas do país de origem em um país estrangeiro. Então, quando um cidadão, depois de uma viagem árdua, de navio, de muitos dias, et cetera, se aventurava por esses mares né e chegava num lugar, ele tinha que ter uma casa hospitaleira, alguém que cuidasse dos seus interesses, que o encaminhasse, E esses camaradas eram todos uns bons () que não que não tinha jeito. Haja vista aí o nosso Itamaraty. Os melhores poetas e literatos saem lá de dentro. Quer dizer, então nós temos lá no Itamaraty quem? ### Tínhamos aí uh uh hum... este que morreu há pouco tempo atrás, cujos livros... está muito em moda é mas para ler o negócio dele. Escreveu Sagarana, o... o Guimarães Rosa, e e e Zé Lins do Rego, e isto e aquilo. Quer dizer, esses homens faziam tudo. Menos diplomacia. Eles ficavam ali ganhando o seu soldo, sossegado, à vontade. () Então, os suecos disseram, não, chega com esse negócio. Quando a ge eu fui em Asunción, no Paraguai, minha senhora, nesse tempo, não era minha senhora, evidentemente, mas fazia parte da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. E estava lá, no Paraguai, a Dona Noemi Silveira Rodolfo, estava lá o senhor Walter Bey, estava lá toda essa tropa, a Dona Yolanda, não sei o que lá, e assim um monte de gente. Quer dizer, e... e esse pessoal todo, quando eu cheguei no Paraguai, eu fui através de Mato Grosso. Chegando em Mato Grosso, tinham bom tinha bons amigos, família Serra, Um deles, o Iturbides, foi deputado, caçado, porque foi chamado de comunista. Mas os irmãos todos deles eh dele eram bem postos lá em Campo Grande. O Eliofar hoje é promotor, aposentado em Aquidauana, Miranda. Então nós fomos para o Paraguai através deles. Mas eu fiquei conhecendo um bando de salafrários, assaltantes, assassinos, et cetera, em Aquidauana. E deram-me, naquele tempo, um saldo-conduto para que eu atravessasse e fosse para lá. Indicaram-me dois nomes para procurar no Paraguai. E quando eu cheguei, eram verdadeiros mafiosos lá do Paraguai. E eu fui parar, então, à casa do Walter Wey. Que Porque foram estes camaradas, que apesar de serem proscritos, indivíduos ãh à margem da lei, et cetera., em todos os lugares há gente boa. foram esses homens que se se ligaram por laços afetivos a mim e ao meu companheiro que andávamos por aquelas bandas de tal forma que nos pro nos protegeram, nos indicaram, nos deram apresentações e quando nós chegamos no Paraguai os os afins deles lá no Paraguai nos disseram não, olha nós não somos companhia para vocês andarem conosco então nós vamos levá-los com quem vocês devem andar e nos levaram lá Então, o senhor Negrão de Lima, que naquele tempo era o embaixador brasileiro lá em Asunción, ele promoveu um uma recepção na Embaixada. E estavam todas as alunas da Faculdade de de de Filosofia, Ciências e Letras daqui de São Paulo, estavam lá. Elza Corsi e todo mundo. Hein? Ãh? Ela tinha acabado de sair de lá do Paraguai. Elza tinha não tinha? Ela () Não, () () () que era uma vida faustosa, sossegadão, ele não fazia outra coisa senão receber gente e tal, e ganhar gastar dinheiro à larga, aquilo era uma farra. Ser embaixador era um negócião, quer dizer... Qual era a finalidade? Quando se falava em estatística, quando se perguntava algo do Brasil, do Paraguai, eu perguntei ao cidadão lá,  uh uh o Ne a=o embaixador Negrão de Lima, se ele conhecia de alguma indústria no no Paraguai. SPEAKER 0: Disse, olha, menino, isso nunca me ocorreu perguntar aqui. SPEAKER 1: Quer dizer, isso foi a resposta dele. Ele não sabia nada. Mesmo porque eles eram de vida de de erradicação efêmera no lugar. Quer dizer, que ficavam um pouquinho de tempo, depois saíam e tal. Então, estes escritórios comerciais brasileiros, era isto aqui era uma verdadeira aberração. Os camaradas que estavam lá dentro eles só entendiam de mulheres, whisky, dança, passeio, farra, quer dizer, de comércio, de de estatística, de intercâmbio, isso eles não conheciam nada. Então, o nosso ministro da Fazenda aqui, que não é nada... que está impondo uma nova filosofia também de de governo fazendário, Agora mandou buscá-los todos lá fora, esses camaradas represe, esses adidos comerciais brasileiros, e os está submetendo aí a verdadeiras sabatinas intensas, para que eles voltem agora aos seus pagos, munidos daqueles conhecimentos necessários, para executarem essa tarefa de pontos, do chaves do Brasil naqueles locais. Quer dizer, eles terão que agora responder por isso tudo. Então, quando agora a gente quiser falar com alguém, sobre comércio exterior, o que que tem lá que a gente possa comprar ou vender, dirigindo-se a um desses homens, a gente será recebido dentro das necessidades. Não terá lá apenas um cicerone de vida mundana, não. De vida mundana. Será um homem que saberá encaminhar negócios e outras coisas mais. Então, a tendência agora é exatamente transformar o Itamaraty num órgão atuante desta maneira. Quer dizer, num numa num num ponto de acesso fácil à conquista dos mercados exteriores. SPEAKER 0: Então, o Brasil está programando tudo isto. SPEAKER 1: Agora, aventurar-se, por exemplo, agora nós lemos ontem uh este a ignorância mais bem paga do Brasil, () que estava dizendo aí que o Brasil corre sério perigo agora porque o mercado comum europeu ele tende a estabelecer tarifas que obrigarão um desvio das exportações brasileiras, quer dizer, haverá um corte drástico na coisa. Mas o Brasil tem tantos lugares para onde se voltar. O continente africano, por exemplo, está lá todo ele totalmente inexplorado. () Nós não podemos competir com o estrangeiro, agora competir com o italiano, competir com o francês. O que o que é que nós vamos levar? Geladeiras nossas, lá que eles são os maiores produtores de geladeiras, eh fios, têxteis, et cetera, nada. Mas lá no na África tem, falta tudo. Nós aí na na empresa onde eu milito, estamos partindo agora dentro dessa política para um avanço. SPEAKER 2: E se a empresa quiser, por exemplo, exportar, ela tem que se dirigir primeiro ao governo brasileiro ou ela pode fazer essa transação? SPEAKER 1: Bom, a coisa é concomitante. Como o governo é o filtro disto tudo, porque é é lógico, o governo estabeleceu uma tal soma de favores, e de incentivos, que só através desses favores e de e desses incentivos é é possível a gente entrar no mercado internacional. Sem o que não se conseguiria. Hoje, em certas linhas de produção, é muito mais fácil vender no exterior do que vender aqui. Isso atinge vários objetivos ao mesmo tempo. Há uma descompressão de mercado, então permitem que várias firmas ou várias empresas coexistam. Porque todas elas disputando o mesmo palmo de terra, havia uma luta acirrada entre elas e não não resultava em nada. Algumas era era a lei do mais forte. Então algumas pereciam numa luta inglória. O governo, ao mesmo tempo em que dá os incentivos, ele exige uma modernização de equipamentos. Hoje em dia, o governo atual, o governo da revolução, criou uma série de institutos inéditos. A cartilha brasileira já está sendo adotada aí fora por uma porção de gente. E muita gente não quer se penitenciar, não quer dar braço a torcer, mas acaba entrando na cartilha. Vai Vai apreender economia política pela cartilha brasileira. O Instituto da Correção Monetária, por exemplo, é uma destas coisas, é uma solução genuinamente brasileira e fruto deste desta perspicácia, desta desta facilidade que o, dessa versatilidade que o brasileiro tem para inventar coisa. Porque o brasileiro tem esta qualidade. Ele não apela para soluções drásticas e extremas. Ele embola o negócio. Genial, quer dizer, ele sai por um lado que ninguém esperava que ele saísse. Ele inventou a correção monetária. Corrigiu uma série de males aqui dentro. Limitou a inflação. Limitou tudo e atualiza os valores. Ora, nós entramos no campo das exportações com uma série de incentivos. Se exportarmos, nós somos beneficiados de inúmeras maneiras as empresas. Desde as isenções tarifárias, a falta de exação fiscal, por exemplo, como a reposição de equipamento comprado também com total isenção de barreiras alfandegárias. Quer dizer, o pessoal não paga direitos de de importação, não paga... tem fretes reduzidos, tem tudo. Quer dizer, há remissão de impostos, há tudo. Então, a pessoa tem que se aparelhar. Mas, em contrapartida, o governo exige o seguinte, a todo equipamento novo que chega, O cidadão que o recebe tem que assumir o compromisso que destruirá a martelo, a marreta, equipamento relativo em produtividade àquele importado. Então, se eu importo uma máquina que vai produzir, por exemplo, mil quilos de fio por dia, eu terei que destruir uma ou tantas máquinas que até então faziam mil quilos por dia. Por quê? Porque o que que acontecia aqui era assim. São Paulo importava equipamento novo, E vendia para os mineiros, vendia... Não é que não era vender bonde para mineiro, não. SPEAKER 0: Eh eh a gente vendia... Era bonde mesmo. (riso) Todo Tudo que não prestava aqui para nós, tudo que não prestava aqui, nós vendíamos para os mi> ### SPEAKER 1: Então era Juiz de Fora. Era eram estas cidades todas São João del Rei. SPEAKER 0: E tudo isto e e tudo isto aqui ficávamos ali não servia para nós () SPEAKER 1: Daí a pouco, eles começavam a fazer concorrência conosco. O salário mínimo era mais barato lá, então havia uma uma dualidade de tratamento e o negócio então criava vícios profundos. SPEAKER 2: Agora... Os bancos mineiros cada vez mais prósperos. É SPEAKER 1: Os bancos mineiros cada vez mais prósperos, prósperos e coitados agora se transformando em bancos paulistas e cariocas porque não conseguem mais ser mineiros. O o senhor Magalhães Pinto agora vai ser carioca porque não quis descer a ser paulista, mas o Banco Real, et cetera esse o Banco Bandeirantes, os irmãos todos lá, () vi vie vie vieram todos para São Paulo. Porque senão os paulistas também já estavam cansados de de de serem espoliados. () É que tomam o nosso dinheiro e vão emprestar lá fora, não não tem mais cabimento esse negócio, né? Tem que pôr aqui mesmo. Quer dizer, isto aqui é mesmo a locomotiva que carrega os vagões todos aí. SPEAKER 2: Ainda? SPEAKER 1: Ainda. Dizer, hum é só ver, é é é é só é só nós analisarmos, porque a principal coisa que ainda se constitui um tremendo obstáculo a um avanço maior do Brasil é a falta total de estatísticas. É totalmente impossível no mercado internacional se trabalhar a falta de estatísticas. Agora mesmo nós estamos em contato com os japoneses que são os mais atrevidos, são os mais aguerridos em marketing. Eles já estão tremendos. Como eles foram agora banidos do mundo inteiro, mercê da rápida subida do valor de sua moeda, então o que que eles fazem? Eles estão se sobrepondo às suas próprias deficiências através da aquisição de novas funções no mundo todo. SPEAKER 0: Então eles vêm aqui e oferecem a sua experiência. Eles vêm ganhar comissão agora. SPEAKER 1: Não podem mais vender o produto, mas eles vêm. Então, a minha empresa, por exemplo, exporta para Bolívia, para El Salvador, Honduras, Colômbia, Venezuela, que são as esferas na que são as ãh as esferas de influência do Brasil naturais, são os nossos vizinhos. E à medida que nós vamos agora expandindo os nossos meios de comunicação terrestres, flu fluviais, et cetera, evidentemente nós iremos nos sobrepor àquela gente toda. Mas dia menos dia aquilo vira colônia do Brasil mesmo. não no sentido imperialista, no sentido do termo, quer dizer, nós não vamos mandar exército para lá, mas as dependências econômicas e culturais deles serão de tal ordem em relação ao Brasil que haverá uma sobreposição tácita, quer dizer, aquilo será aceito por eles, e quer que quer que eles queiram, quer não, quer dizer, é a submissão natural. Como até agora há pouco, nós éramos vassalos, fomos vassalos da Inglaterra, do Estados Unidos, economicamente falando. Quando nós deixarmos de pagar a meia dúzia, a Argentina uma vez deixou de pagar os débitos que tinha com a Inglaterra, a Inglaterra mandou armada, mandou () deles lá e ocupou o porto de Buenos Aires até ser ressarcido de tudo aquilo que tinha. E aqui foi a mesma história, quer dizer, quando nós a deixarmos de pagar uns empréstimos aí contraídos, Os Estados Unidos disseram que mais dia menos dia mandavam uns uns uns couraçados aí e tomavam conta do Rio de Janeiro. Quer dizer Só que essas coisas todas terão que ser feitas desta maneira. Mas o Brasil, graças a Deus, tenha hoje uma imagem, uma receptividade que nós nunca supusemos que teríamos um dia. SPEAKER 2: Há facilidade, assim, realmente para? SPEAKER 1: Não é que há facilidade. Há... o convite espontâneo para que o Brasil apareça. Hoje em dia nós recebemos carta do mundo inteiro eh pedindo que cheguemos até lá com os nossos produtos, porque que nós não nomeamos lá nossos representantes, porque isto, porque aquilo. E quando falam, não falam nessas repu republiquetas aqui não, é Canadá. Uhum. Nós estamos, um uma uma das empresas do nosso grupo, por exemplo, exporta cem mil, cem mil quilos de fios de lã para a Rússia, através da Bélgica. Nós estamos exportando, fechamos o primeiro contrato, agora estamos com mais seiscentas toneladas para exportar. Para o Canadá, nós estamos exportando. A própria Itália quer comprar quer comprar produtos nossos, quer dizer, e são produtos manufaturados de fácil confecção, que até então vinham todos de lá. Quer dizer, e e a nossa mão de obra não é tão barata assim, porque quando se fala em São Paulo, não se fala em Brasil inteiro. Quer dizer, em São Paulo, hoje em dia, a renda per capita é uma renda já da ordem de setecentos ou oitocentos dólares anuais, equivalente, portanto, à renda da Itália, do povo italiano. O Produto Bruto Nacional Brasileiro divido dividido pelo número de habitantes está dando aí trezentos e vinte dólares, mas se nós considerarmos que quarenta por cento,  habita da região centro-sul para cima e são totalmente desprovidos de qualquer poder aquisitivo, então já veja como essa média é bastante alta dentro de São Paulo quer dizer. Então o Brasil partiu para esse aguerrimento através dos incentivos de uma série de limitações e há uma espécie de... e o governo a atual soubre soube se impor Não por aquele controle acintoso, quer dizer, degradante, aquele controle que é de imediato, quer dizer, que fica ali olhando. () Ele age por controle remoto. Assim como os pais dentro dos lares hoje com relação aos filhos. Quer dizer, ele tem que ficar meio ali, deixá-los ali e tal, porque se a intromissão for direta é fogo, né? Não sai Não sai nada, né? Quer dizer, então somos chamados de quadrados, de redondos e daí para daí para cima, né? Quer dizer... SPEAKER 2: Mas aí tem que alinhar a papelada, eu estou assim ãh preocupada assim... Toda a parte burocrática foi tremendamente facilitada hoje em dia. SPEAKER 1: O Banco do Brasil criou um órgão, que já tinha, mas aquilo é era um órgão que antigamente entravava tudo. Hoje não, hoje a gente tem tremenda (). E esse órgão é em SPEAKER 2: () qual é? Qual qual SPEAKER 1: Carteira de Comércio Exterior. Tem um. Ch ch Chama-se... é Cacex? Ainda existe? Exi Existe. Chamou-se anteriormente (), teve uma série de do denominações. E o que não se concebia no Brasil, por exemplo, brasileirão. Quando eu estive no Paraguai, em mil novecentos e quarenta e seis, o banco o Paraguai já tinha um Banco Central da República. E o Brasil não. O Brasil tinha uma SUMOC, uma Superintendência da Moeda, ligada ao Banco do Brasil. Finalmente tivemos o Banco o Banco Central, que controla toda todas as emissões, controla a distribuição do papel, moeda, e que junto com o Ministério da Fazenda conseguiu fazer com que a política de contenção de inflação se faça através de dois instrumentos, do meio de circulação, que é a distribuição do papel moeda e do do regime fiscal. Então o governo o que é que faz? Através do Banco Central, quando os meios de de de comércio se expandem, então a inflação começa a galopar, como agora nos três primeiros meses do ano, obriga o aumento do depósito compulsório dos bancos no no Banco Central, os bancos ficam desprovidos de fundos, não podem mais atender regiamente como eles vinham fazendo as classes produtoras, cada um começa a limitar as suas compras, os negócios cedem um pouco, parecem que parecem que vão estagnar, mas não vão, e porque nós estamos dentro de um processo de inflação com desenvolvimento, quer dizer, é uma inflação controlada. Uhum. () os... os... os... os... os os catedráticos no assunto diferenciam entre os dois termos deflação e desinflação. Nós estamos dentro da deflação. Uhum. E outros dizem que desinflação é aquele... é um negócio pegar e estancar de repente. A deflação é ir lentamente dentro de um de uma escala progressiva atenuando os efeitos. E o Brasil E o Banco do Brasil limitou antigamente para se hoje para para se exportar, depende principalmente de uma política de exportação quer dizer. Então é marketing, é conhecimento em cau de causa. É preciso pegar gente que saiba o que quer, o que quer, como quer, o que vai vender e co colocar em contato com esse centro. Depois que a coisa se formaliza, Então, quando os pedidos são mandados, o nosso produto é bom, é aceito, as condições de prazo, preço, condições, et cetera, são todas aceitas, tudo que é praxe está estebele pré-estabelecido. Então, como última instância, vai-se ao Banco do Brasil para obter-se uma chamada guia de exportação. Ah sim. O Banco do Brasil só interfere agora nesse ponto porque ele precisa tomar conhecimento das possibilidades e das realidades brasileiras em moeda estrangeira. Porque senão eu exportaria, livremente e subfaturaria ou sobrefaturaria e criaria o meu dinheirinho lá em bancos no exterior, et cetera. Então, o Banco do Brasil age neste sentido. Quando se requer uma licença de exportação, uma guia de exportação, ele tem a chamada Nomenclatura Brasileira de Normas e de Mercadorias, quer dizer, todas as mercadorias estão ali pré-selecionadas e eles têm dentro as cotações de preços. Então, nós não podemos exportar por preços superiores ou inferiores aqui. Quer dizer, temos que nos manter dentro daquela faixa aceita pelo Banco do Brasil. Porque então ele sabe que não haverá nenhum sobre e nenhum subfaturamento. SPEAKER 2: E a () ainda que con> SPEAKER 1: Porque eles seguram, eles estão carentes desse negócio. Quer dizer No Banco do Brasil é uma beleza. Pagar as comissões no exterior para os agentes de vendedores também é facílimo hoje através do Banco do Brasil. Praticamente nem mais há imposto de renda nesta história para motivar estes agentes no exterior a venderem os ar os artigos brasileiros. Quer dizer, então nós caminhamos céleres e a passos largos para este desenvolvimento que até pouco tempo atrás eh era totalmente considerado impossível. E criou-se acima de tudo um sentimento de orgulho nacional. Hoje as pessoas se envaidecem de ser brasileiras. Eu acho que ser brasileiro hoje eh eh é ter um aviamento, aviamento em contabilidade, nós chamamos aqueles valores extrínsecos da empresa, que não são computáveis em valor, mas dizem muito da própria personalidade da empresa. Então, temos aí... (), por exemplo. É um aviamento. Vale muito dinheiro, mas não consta do patrimônio fixo dessa empresa. Então, hoje em dia nós temos esse aviamento. Hoje ser brasileiro representa alguma coisa. Minhas filhas estiveram recentemente na Euro> E, por incrível que pareça, preferiam, em em vários lugares, o cruzeiro ao dólar. Quer dizer, então, nós já estamos... Que era impossível... Coisa  que e> SPEAKER 2: SPEAKER 1: Eu acho que é muito cedo. Eu acho que seria começar a casa pelo telhado. O senhor acha que sim? Eu acho. ### Só se poderia criar um Ministério de Tecnologia quando nós tivéssemos faculdades tecnológicas que já formassem indivíduos à altura da. Nós não temos estatística. Eu estava ali dizendo exatamente isso. Agora, por exemplo, chegaram os japoneses. Então, os japoneses chegaram para nós e disseram, olha, vocês estão perdendo muito tempo lá fora, tem que nomear representantes, tá. Nós temos hum casas comerciais no mundo inteiro. Vocês entregam o seu produto a nós, nós o colocamos no mundo to todo através da nossa eficiência de marketing hum. Mas o que ocorre é o seguinte, o dia que a paridade do iene voltar a se estabilizar, eles tomam conta do mercado de novo. Então nós não temos interesse nisso. Nós pref preferimos comer o pão que o diabo amassou aí, mas vamos indo devagarinho, mas formamos a nossa própria tecnologia. Uhum. Para criar um mercado de tecnologia, um um ministério, Semana passada, no no no Círculo Militar, um companheiro de lá, () do meu clube, proferiu uma palestra sobre o metrô de São Paulo. É outra coisa. É um simples buraco aí, aparentemente. Mas para que se pudesse chegar até ele foram necessários anos e anos e anos e anos de estudo dos nossos próprios homens. Duas empresas uma alemã e outra canadense fizeram os estudos preliminares. Postaram fábulas para o Brasil. E propuseram uma série de medidas. Os () os nossos engenheiros aprenderem logo como se fazia aqui. E nós estamos construindo a a coisa tão bem, que daqui a pouco nós vamos exportar essa tecnologia aprendida aqui às custas SPEAKER 2:   próprias. O senhor não acha que assim, o senhor, por exemplo, poderia () um um ativamento nessa nesse avanço? Eu acho que não, eu acho que eu acho que este es> SPEAKER 1: Então nós vamos daqui a pouco os novos homens vão se espalhar pelo Brasil inteiro construindo metrôs aí quer dizer. Poucos são os países no mundo que conseguem ter cidades com população superior a um milhão de habitantes. Então o limite, o limiar para que se construa um metrô é a população estar atingindo um milhão de () Esta este é o ponto crítico, ponto básico. Quando a cidade já tinha uns seiscentos, quinhentos, seiscentas mil pessoas, já devem começar a pensar no metrô. Quando atingir um milhão é necessário, porque depois os problemas que ali virão na construção posterior, será isso que está acontecendo em São Paulo aqui. Uhum. Então (), os nossos engenheiros, da Camargo Correia, da Rossi, de todas essas empresas, preferiram criar a sua própria tecnologia que não dependa mais de de consulta ao exterior, para que logo mais, quando Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, estiverem precisando de metrô, eles chegam lá, abrem os buracos, põem as máquinas e começa e vai embora. Sem precisar de coisa mais nenhuma. E e> E quando eu estive em contato com estes japoneses, que nós começamos a dialogar sobre as possibilidades que teríamos de êxito nessas exportações, eles me disseram, bom, forneçam-nos as principais estatísticas de que você dis vocês dispõem, de produção, de tipos, et cetera, para que a gente possa começar a dar os primeiros passos. Não existia nada. Então, o que nós precisamos antes deste ministério de tecnologia, é a formação dos nossos técni> A hora que os nossos técnicos estiverem bem formados tecnologicamente, que técnicos nós temos muito, mas formados bem poucos, aí nós podemos partir para... porque eu sempre acho que ministério, ou faculdade, ou qualquer coisa assim, é uma cúpula. Onde se concentram, onde se armazenam, armazenam cérebros que irradiam dali os seus conhecimentos, as suas normas et cetera. Eles precisam ser coerentes Precisam estar à altura daquilo tudo porque o que nós temos visto até agora nas nossas escolas la> mas dão muita coisa em contraposição, dão financiamento, dão dão facilidades, dão prerrogativas de toda ordem. Quer dizer, só não invade, só não se atira de fora quem não quer. Quer dizer, eu acho que isso é importantíssimo. Sorte que caminhamos a passos largos Nosso ministro disse que nós passaríamos a meta dos três bilhões de dólares este ano de exportação, que é muito para o Brasil. ### E se nós conseguirmos isso, teremos aí um um saldo de divisas que este ano que passou () de um bilhão e quatrocentos, um bilhão e quatrocentos milhões de dólares, iremos a um e seiscentos, porém embora nós estejamos com uma balança deficitária no cômputo de importação e exportação. Porque o Brasil estava carente de equipamentos e o Bra e uh e os ministros nossos do () de comércio e de e da Fazenda abriram um pouco as portas este ano e o ano passado já, para que as indústrias se reaparelhassem. e até nesse campo, eles estão dando facilidades enormes. Hoje os técnicos economistas, planejadores, preparam, por exemplo, um projeto que vai à Comissão de Desenvolvimento Industrial, no Ministério de Indústria e Comércio, concomitantemente com o CONSEX, de que é dentro da CASEX, que é o Conselho de Desenvolvimento Exterior, correm juntos esses dois processos e a pessoa Desde que consiga estruturar bem aquilo e demonstrar que aquele é um empreendimento natural, necessário, importante, imprescindível para o Brasil, obtém uma série enorme de facilidades de crédito em moeda estrangeira.  Normalmente se consegue financiamento no Exim Bank através do á i dê com oito anos de prazo, sendo geralmente um a dois anos de carência. No mínimo se consegue seis anos com um de carência, com juros de oito por Quer dizer, é um um financiamento baratíssimo, o camarada monta a sua indústria e vai pagar com os próprios rendimentos da sua indústria. Quer dizer, tudo isso foi feito neste governo de se>