SPEAKER 0: gravação do dia quinze de abril de mil novecentos e se> >tenta e dois. Bom. Então, nós queríamos que você falasse, desculpe você, mas eu acho que fica, não é natural. Se você quiser, no caso, sobre o futebol, nós sabemos que você é um ardoroso torcedor, já nos informaram de um determinado clube. Se quiser começar a fazer, tecer elogios a respeito, pode, que a gente aguenta tudo (risos) Não é? (risadas) Nós talvez não sejamos do mesmo, mas discutimos isso (risos) depois da gravação. SPEAKER 1: Bom, eu sou corintiano (risos) SPEAKER 0: Ah, melhorou (risos) (risos) SPEAKER 1: Não tão fanático como dizem, mas bastante entusiasta. Uh > SPEAKER 0: Olha, eu acho que, eu acho que talvez assim num... Não, mas eu queria que você falasse, por exemplo, no, no caso do Corinthians, você acha importante, por exemplo, no caso de um clube esportivo, ter na sua sede assim as condições para um grande jogo, por exemplo Porque isso é muito discutido em relação ao Corinthians, né? Quando o Pacaembu esteve aí interditado durante um certo tempo e tal. Você acha que isso é fundamental para um grande... Não. SPEAKER 1: Eu acho que o time que é bom mesmo tem que jogar bem em qualquer campo () SPEAKER 0: Mas você não acha que isso favoreceria psicologicamente, assim? SPEAKER 1: Eu acho que o problema fundamental do Corinthians é diretoria. Eu acho que tem o melhor Sem qualquer fanatismo, acho que tem um elenco formidável, ótimo, melhor banco do... Acho que tem um elenco sensacional. Agora, o que falta no time é um pouco de diretoria mais calma, mais tranquila, que dê mais tranquilidade para o time. Aquele negócio de... Bom, eu fiz muito esporte, né? Então, uh, eu me baseio um pouco na, em experiência pessoal. Eu me lembro, por exemplo, uma vez que nós fomos jogar fora do Brasil, e que a delegação foi composta de dezesseis pessoas. Essas > > dezesseis pessoas, na época da eliminatória, eles escolheram catorze jogadores. E tinha a décima quinta passagem, aquele negócio de passagem aérea, a décima quinta era de graça. Então, em vez de eles botarem mais um jogador, eles botaram mais um cartola. Em vez de eles levarem um médico para delegação, eles botaram mais um cartola. o que a gente chama de cartola, é aquele cara que vai lá para... para passear em boate, ver o jogo, conversar com o pessoal, ir nas festas e tudo mais. E ele aparece na hora do jogo para fazer o discurso, vocês estão representando o Brasil, então vocês precisam tomar muito cuidado, é uma grande honra e tal, na hora que ganhou o jogo, na hora que perdeu o jogo ele desaparece. Então eu acho que o problema fundamental do Corinthians é esse. Eu acho que a diretoria dele é que estraga o time, não dá tranquilidade para o pessoal, Quando o time perde, vai lá dizer que vocês não têm culpa, não sei o que, a hora que ganha porque ele foi muito bom, deu todo aquele esforço e tal. Então eu acho que o problema do Corinthians é a diretoria, pura e simplesmente, não o jogador. O jogador tem até demais. SPEAKER 0: E essa história de contratar um psicólogo aí, o Valdez, você acha que isso... Se fosse para a diretoria seria muito bom. Você acha que isso não ajudaria os jogadores? SPEAKER 1: Não, ajuda. Mas eu acho que... Eu não sei. O problema para, na minha opinião, o problema fundamental do Corinthians é a diretoria. Você vê, ele tem... É um negócio gozado que, no fim, o corinthiano acaba sendo... Vira piada, né? O corinthiano, de modo geral, é piada. Mas ele é piada, você veja o seguinte. Contrata jogadores caros, bons, que jogam em outros times maravilhosamente bem, Vem da seleção, joga um para burro, chega no Corinthians acabou Acaba. Faz duas partidas e termina Uns dizem que é a torci> Eu acho isso uma idiotice total. Eu acho que a torcida sempre ajuda o jogador. É como eu disse, eu sempre me lembro da minha época de fazer esporte. Eu sempre preferi jogar com torcida contrária até. Preferi até jogar contra, com, em campo adversário do que jogar no pró. porque no próprio é muito mais responsabilidade, está todo mundo, todo o pessoal, os cartolas estão inteirinho ali esperando para terminar a partida com vitória, então ele subir no pedestal. E na hora que perde, ele sai fora (tosse) SPEAKER 0: agora () mas em questão de, de preparo físico você acha que o Corinthians bom acho muito bom SPEAKER 1: Você acha que está em condições? () noventa minutos é preparador lá o () ou é outro sargento do exército, não sei, que foi da Seleção Brasileira, eles são bons. É, eu acho que é problema de... Eu não sei, eu acho que a diretoria de um clube, assim como a diretoria de qualquer coisa, ela tem que transmitir para o camarada tranquilidade, não intranquilidade. A diretoria do Corinthians só transmite intranquilidade. Uhum. Uh. Durante dez  anos, aí foi o () presidente, e ele usava o time como plataforma eleitoral, né? Então, ele vendia o clube em função dele. Então, acho que o jogador não pode se sentir bem em um ambiente assim, né Eu trabalhei durante uns tempos também, antes de, de trabalhar na General Motors, eu trabalhei na Gazeta Esportiva, e > E, como torcedor do Corinthians, eu preferia mais ir lá, uhum, assistir os treinos. E, honestamente, não existe ambiente para treinar lá SPEAKER 0: Ah, não? SPEAKER 1: De jeito nenhum. É curioso, a gente vê, o time vem de uma vitória, então no dia seguinte no treino estão todos os diretores de futebol, diretor de voleibol, diretor de natação ali dizendo, porque se não fosse por minha causa o time não teria ganho, né Então todo mundo quer tirar aquela, a vitória, ele acha que a vitória foi por causa dele, não por causa dos jogadores. Quando perde é porque os jogadores é que não foram bem, não foram bem orientados, o Martinez não presta, o outro não presta, aquele lá não sei o que e tal E com isso, um negócio que eu não sei se vocês sabem, isso é, isso é fato estatisticamente comprovado, inclusive lá na fábrica, uh, no domingo quando o Corinthians perde o jogo, ele, a produção da fábrica cai, o índice de acidentes na fábrica é muito maior, o índice de qualidade dos produtos decresce, negócio impressionante, o E quando, ao contrário, ele ganha o jogo e tudo mais, no dia seguinte não há problema nenhum, o pessoal é aquela alegria, passa por lá todo mundo conversando, feliz, o almoço, a comida aumenta, rende muito mais, o pessoal come mais e tal. Que engraçado O produto sai melhor acabado, é gozadíssimo, o negócio funciona SPEAKER 0: () então aí () empresarial () (risadas) Mas você praticava que tipo de esporte? SPEAKER 1: Bom, eu, olha, dos oito anos até dezesseis anos eu nadei. Depois dos dezesseis até vinte e sete eu joguei polo aquático. SPEAKER 0: Ah, você não podia falar para gente... eu gostaria de falar mais sobre futebol também, mas... em matéria de natação, o tipo, assim, que tipo de ()... você nadava... que tipo? SPEAKER 1: Eu nadava livre, crawl. Sempre nadei crawl. Nadava cem metros. Depois passei a nadar os mil quinhentos, daí eu parei com natação, não estava dando mais. Também fui um pouco de falta de treino, daí vim para o Polo Aquático. Polo Aquático. Eu fiquei de mil novecentos e sessenta e qualquer coisa até o ano passado, dois anos atrás. SPEAKER 0: Há alguma semelhança entre polo aquático e o futebol, por exemplo? () SPEAKER 1: () jogo de equipe, jogo de equipe onde existe o goleiro, onde existe a defesa, onde existe o ataque, existe o meio de campo O objetivo é marcar gols () Joga-se O sistema é diferente porque é em função de como é praticado. Porque no, no futebol, o camarada tem que ter um preparo físico, eu acho que bastante inferior ao preparo físico para um jogo de polo aquático. Porque o polo aquático... Primeiro, a gente não está no ambiente natural, né Então, correr ou andar é o que normalmente nós fazemos todos os dias, né Já nadar, não. Então tem que ter aquela preparação física para a natação. Além da natação, tem que ter o controle de bola. Os movimentos dentro da água se tornam muito mais lentos. Então, a reação tem que ser muito maior. Então, o reflexo tem que ser muito maior, porque é difícil movimentar-se dentro da água, né? Agora, o outro ponto de contato entre futebol, bom, é partindo do óbvio, também é jogado com bola. Então, a finalidade também é marcar gols. A contagem de gols é a mesma, a contagem de pontos é a mesma que o futebol. SPEAKER 0: E quanto à falta, por exemplo, no polo aquático? Como é que se marca? SPEAKER 1: O polo aquático, segundo classificação da, da onu, da onu não, da fia, fifa, ele foi considerado o terceiro esporte mais violento. () O primeiro é o hockey sobre patins, o segundo a luta livre olímpica e o terceiro polo aquático. É mais violento do que o boxe. Não di> SPEAKER 0: >ga Numa classificação. () E por que, no caso? SPEAKER 1: Então, o momento que você vai fazer a posição para ir buscar a bola lá embaixo, O camarada, ele está segurando aqui embaixo, no maiô Bom, o juiz não está vendo, porque o juiz, ele fica fora da piscina. Então, a água chacoalhando, mexendo, ele não vê o que está acontecendo lá embaixo. Ele tá com a visão presa na bola e na jogada. Então, vamos supor, essa jogada, na hora que o cara, você vira pra apanhar a bola aqui, o cara grudou, né? Na hora que ele grudou, você dá, dá o que a gente chama de prancha, apoia o pé no corpo dele e empurra, né? E daí para, daí para mais, né? Golpe baixo, uma série de coisas. SPEAKER 0: Mas quando o juiz percebe... A falta é simples. SPEAKER 1: Agora mudou muito, porque o () polo aquático passou por um período que ele estava prestes a ser extinto, porque dificilmente uma partida terminava. Aqui em São Paulo, por exemplo, na época que eu jogava, nós ficamos durante três anos sem conseguir terminar um campeonato, porque terminava em briga todos os jogos. (risos) O jogo não chegava ao fim. dois campeonatos brasileiros foram também a mesma coisa. SPEAKER 0: Mas briga dentro do () briga SPEAKER 1: dentro da água e fora né depois generalizava né Então era muito difícil terminar uma partida, a menos que a diferença entre as equipes fosse muito grande, então uma muito boa e a outra muito ruim, então daí não dava briga, né, mas quando o jogo era difícil, Por exemplo, Pinheiros e Paulistano, né () Os quebra-paus lá eram homéricos, né? Todas as partidas (risos) dificilmente () praticamente três anos () e o Rio São Paulo em que ano que foi aquele Rio São Paulo hein Pode falar (risos) O Rio-São Paulo de mil novecentos e sessenta e sete, deve ter sido sessenta e seis, disputaram Pinheiros, Paulistano e Palmeiras. Botafogo, Fluminense, Botafogo, Fluminense. Qual era o outro? Botafogo, Fluminense, Guanabara. É, Botafogo, Fluminense e Guanabara. Tinha mais um. Tijuca, que era o mais fraco. Nós fomos para o Rio jogar. No primeiro jogo, Pinheiros e Botafogo quebrou o pau. Segundo jogo, Paulistano e Fluminense quebrou o pau. Não terminou nenhum dos dois. No dia seguinte, inverteu. Foi Pinheiros e Tijuca, não deu nada porque o Tijuca era muito fraco. No jogo de fundo, foi Paulistano e Botafogo, não terminou. No domingo, a mesma coisa. Os dois jogos deram briga. Daí, então, encerraram. Segundo turno foi aqui em São Paulo. Não terminou também. Não houve condições. O torneio... O torneio de, o torneio de comemoração do quarto centenário do Rio, em mil novecentos e sessenta e cinco, jogou Brasil, Uruguai, Argentina e Chile. Nenhum jogo terminou. SPEAKER 0: diga nunca nunca soube disso é SPEAKER 1: Então, mas isso era por causa das regras, das regras que tinham naquela época, que permitia muito mais liberdade, assim, de pancadaria, né? Então era muito mais fácil. aliás não é que () não dava liberdade de pancadaria () A falta, vamos dizer, a punição pela falta era muito pequena, então compensava fazer a falta. Então era preferível agredir o camarada, porque a falta era boba. SPEAKER 0: Não tinha () A punição era pequena. Não era tipo (), por exemplo, futebol? SPEAKER 1: Não, não existe no polo aquático o chute livre ao gol, né? SPEAKER 0: Ah, não é? SPEAKER 1: Sempre tem que passar pela... a menos que seja a pênalti. Existe () Existe o pênalti. O pênalti é quando o camarada entra nos três metros da, da... tem o gol, né? Quando ele vem nadando nos três metros e ele vai arremessar, então ele sobe falta. Ou... a turma chama de patolada, né? O que é patolada? Quando você está nadando, o fulano vem atrás e dá aquela pancada aqui na nuca, né? Apóia, alguma coisa assim. SPEAKER 0: horror (risos) E é afundar a cabeça do... Não, não pode, é falta. SPEAKER 1: Mas agora, agora mudou, porque antes... Aí é que está o curioso da história, an> Antes, toda falta tinha a mesma punição. Então, era sempre aquele tiro, tiro indireto. Então, isso não resultava em nada. Agora, eles modificaram. Uh Existe a falta grave e a falta comum. A falta comum seria... Não, já segurar pelo maiô já é falta grave. A falta comum seria numa disputa de bola, os dois subirem para apanhar a bola, um segura o braço do outro. Então, uma falta comum. Agora, a falta, por exemplo, (tosse) do camarada estar nadando e ser puxado pelo calção. Então, aí já é falta grave. Então, cada três faltas graves é um pênalti. Então, isso () dá prejuízo para o, para o time. E, além disso, quando a falta grave dentro da área, o camarada era expulso. Então, começaram a apertar, ter uma punição. Com isso, mudou, porque antes, o Polo Aquático mudou muito de uns anos para cá. Antes, o Polo Aquático, o jogador de Polo Aquático, de modo geral, era um camarada grande, forte e que... bom de briga, né? Boa resistência. Hoje já não. Hoje, devido à tanta punição, então mudou. Hoje é mais o pessoal que nada mais. Quer dizer, hoje o polo aquático é mais nadado. Então a parte do polo aquático é desenvolvida, assim, numa velocidade incrível, né? O pessoal nadando vai e volta, vai e volta, vai e volta, vai e volta o tempo todo. Antes era mais parado, então motivava mais, por exemplo, o meu caso, inclusive o meu caso. Eu parei de jogar em função disso, porque primeiro já não tinha mais idade para acompanhar a garotada, que nadavam muito, O meu jogo, eu jogava na defesa, o meu jogo era mais, mais (risos) na pancada, né? Então, eu segurava mais na base do... O jogo era mais, mais parado e com menos natação. Então, era mais no agarra, né? E depois, quando mudou com esse negócio de muita falta e tudo mais, o pessoal passou mais para natação. Então, daí começou a subir aquele, aquela meninada nova, né? que nadam muito e tal, e não dava mais para gente acompanhar. SPEAKER 0: Mas e para ser nadador, o que é que precisa fazer? SPEAKER 1: Olha, primeiro lugar, precisa ser rico. (risos) Precisa ter boa vontade, mas fundamental, como todo esporte amador no Brasil, é ser rico. Eu não era, não era e não sou rico, mas eu tinha muita vontade, então compensava, né? () SPEAKER 0: Então, quais são os caminhos para ser nadador? SPEAKER 1: Eu acho que a primeira coisa que o camarada precisa fazer, ele precisaria ser sócio de um clube, entrar como militante e ter tempo. Agora, eu acho que o principal é a faixa de idade. Eu acredito, eu comecei a nadar com dois anos. E... E... O primeiro passo é esse. Eu acho que quanto mais cedo botar a criança na água... Eu, por exemplo, se eu tiver um filho, eu pretendo que com três meses o garotinho já está na> >dando SPEAKER 0: (risos) sim claro (tosse) masi fácil para aprender SPEAKER 1: Muito mais fácil, porque ele não tem medo. É O problema de natação é que chega numa determinada época, a criança tem medo da água. Tem medo de se afogar. Já começa a ter o medo que a gente tem. E antes disso, não. Se você estiver atento junto com ele, ele aprende a nadar com muito mais facilidade do que a andar. SPEAKER 0: Mas e para ser nadador, o que que precisa? Bom precisa SPEAKER 1: Olha, fundamentalmente boa vontade e condições econômicas, não é? Porque natação, principalmente hoje em dia, no meu tempo nem tanto, mas hoje em dia, o, as técnicas modernas, principalmente as técnicas americanas, exigem do nadador um treinamento assim de oito horas por dia, pelo menos. Não diga Então, é um treinamento constante. Agora, oito horas por dia, o brasileiro médio, não tem condições de dispor para esporte. Então, eu acho que começaria por aí. Para ele ser um bom... Aí depende de que tipo de nadador, né? Se for um nadador para (tosse) para brincar na piscina, não precisa nada. Para ser um bom nadador, (tosse) para um dia vir integrar aí uma equipe olímpica ou disputar uma Olimpíada, um Panamericano, com probabilidade de ganhar, ele precisa treinar pelo menos oito horas por dia. Ter uma, uma alimentação controlada, bem dosada, porque nós já saímos daquela fase da, das tentativas, né Hoje a coisa já é muito mais séria. Então, para fazer amadoristicamente não funciona. Então é preferível dar condições, ou então ter condições. E olha, você, a gente pode citar milhares de exemplos, um Vocês devem lembrar ou conhecer o Maneco Manuel dos Santos. O Maneco () O Maneco ele foi assim uma das raras exceções, não por falta de material humano, porque existe material humano no Brasil para esporte. O que existe () o que não existe é condições econômicas. Uh Existe um tabu, que eu acho um verdadeiro absurdo, contra o profissionalismo no esporte amador. Eu acho que tinha que ser profissional. Não profissional nesse sentido. Você veja o seguinte, nos Estados Unidos... Primeiro, os últimos grandes cra, os grandes craques de natação, () o Silvio Fiolo, o César Filardi, o Alfredo Ramos, Como é que ele () Alfredo Ramos. Não o técnico de São Paulo, é um outro. O O Musa, o Julião. Bom, uma, uma turma muito grande. Eles estão hoje nos Estados Unidos () O, o Zé do Pinheiros, o... Como é que ele chama? () Zé Roberto de Nizaranha. Todos eles estão nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, o camarada... Outra coisa que falta no Brasil. Universidade com, com piscina. isso no campo específico de natação, evidente. Mas mesmo em qualquer outra coisa, em universidade eu passei cinco anos no Mackenzie e eu nunca fiz nada lá dentro. Muito pelo contrário, inclusive eu ganhei o Campeonato Brasileiro enquanto estava na faculdade nadando pelo Mackenzie, Campeonato Brasileiro Universitário, até hoje ninguém me falou nada. Eles nem ficaram sabendo que eu tinha ido nadar defendendo o Mackenzie (tosse) E uma série de coisas assim. Então, () na universidade brasileira não tem estrutura de esporte. Ninguém se preocupa com isso. Eu talvez seja um pouco fanático por esporte, então a coisa seja... não, não é o que deveria ser. Eu talvez esteja exagerando. Mas o que eu vejo no Mackenzie, principalmente, na faculdade de Direito, que foi onde eu vivi durante cinco anos, eu vi a sociedade. Então eu vi o pessoal preocupado em pentear o cabelo, em roupa, e uma série de coisas. Quando a gente falava assim, não, () o nosso time, nós tínhamos uma equipe no Mackenzie sensacional (tosse) O time de Polo Aquático do Direito Mackenzie, ele tinha pelo menos sete, o time de Polo Aquático são sete. Nós tínhamos sete jogadores de seleção paulista. E no entanto, nós não conseguimos levantar um campeonato universitário. Porque quando chegava no dia do jogo, ele tinha um baile, o outro tinha a namorada que não deixava e uma série de coisas assim. ### Futebol era na base do racha. Eu gosto muito de futebol, gosto de jogar e tal, inclusive () jogar, vou jogar e tal. Mas era sempre, eh a coisa é sempre amadorística, enten> Então não tinha condições. () Agora não tem condições por quê? Porque não tem estrutura. Porque se o camarada dentro do Mackenzie era uma dificuldade, nós queríamos montar um time de polo aquático. Existia o time de polo aquático porque os próprios componentes dos times jogavam nos clubes, mas não porque foram criados dentro da faculdade. Os jogadores de vôlei do Mackenzie, sempre teve () o Mackenzie, não sei agora, mas na na época até que eu estava lá, eu fui inclusive, numa época eu fui diretor de esportes do diretório central dos estudantes, era um negócio que a gente sempre falava, é é o maior material humano porque você pega numa idade que o camarada é completamente descompromissado, está em pleno vigor físico, fase de desenvolvimento físico, o pessoal que vem vindo lá atrás, então seria o ideal para ter equipe. Você pega uma equipe de de qualquer equipe americana, qualquer equipe americana de universidade ganha de profissionais. ### Porque é a época. Hoje você vê nos Estados Unidos garoto com dezesseis anos batendo recorde mundial de natação. Aqui no Brasil você pega cara como eu, nadando com vinte e nove, trinta anos, quer dizer, não tem condições físicas mais. Não que não tenha condições físicas mais, é é uma questão de reflexo, de falta de tempo de treinamento, porque (tosse) biologicamente é provado que a pessoa até os quarenta anos pode se transformar num bom atleta. Não um atleta excepcional, mas um bom atleta. Mas o que acontece é que o tem que trabalhar, tem que estudar, tem que manter família, tem a namorada, tem uma série de coisas. Nos Estados Unidos ele faz tudo isso dentro da universidade. O sistema de estudo lá é diferente. Nos países comunistas, que são os melhores em polo aquático, União Soviética, Hungria e Yugoslávia são os três melhores. O único país ocidental que rompe esse () bloqueio de vez em quando é a Itália. Mas os quatro melhores no mundo é a Yugoslávia, Rússia, União Soviética e Hungria. Eles são, dentro do regime deles, eles são considerados profissionais, (tosse) porque eles são pagos ou então sustentados pelo governo para praticar esporte. Então o time húngaro de polo aquático, que é indiscutivelmente o melhor do mundo, a média de idade deles é de trinta e dois anos. Por quê? Porque eles foram criados, eles foram profissão, a carteira profissional () profissão, esporte, esportista. A mesma coisa que o nosso jogador de futebol, só que aqui também já é mais ou menos deturpado, né, porque no regime... Eu conversei com o pessoal da da da Iugoslávia, quando eles estiveram aqui, e eles estiveram me explicando mais ou menos como é que é a coisa. O o esportista na na na Iugoslávia, ele é um profissional como outro qualquer, como um jornalista, como um advogado, como um médico. Ele recebe um salário para se dedicar àquele tipo de coisa, àquele tipo de atividade. Então ele é jogador de polo aquático. () recebe um salário. E todos os que jogam polo aquático recebem aquele mesmo salário. Não existe esse sistema de bicho e renovação de contrato, e comprar o passe, porque aí já virou comércio. Eu não considero jogador de futebol profissional como um esportista. Ele é um comerciante. Ele tá vendendo aquela mercadoria que ele tem. A mercadoria dele é jogar bem futebol. Ou enganar bem a torcida, né? (riso) Então... Eu posso pegar um cigarro? ### SPEAKER 0: Mas aí há uma diferença entre a amador e profissional. () Eles são considerados amadores, apesar disso () SPEAKER 1: ### () Porque existe aí... Eh, não são determinadas besteiras que ainda existem. A O a  Olimpíada, por exemplo, só podem participar atletas amadores. Não podem participar profissionais. (tosse) Então, a forma de profissionalismo que eles encaram é o contrato. O vínculo contratual do clube com o jogador, com o atleta, e ele receber um salário, receber de alguma forma um bicho para poder fazer, inclusive teve um amigo meu, o eu não me lembro mais o nome dele, você vocês lembram daquele anúncio da Citrovit? (tosse) Um camarada que aparecia na beira da piscina mergulhando? () Citrovit é saúde, um negócio assim e tal. Faz mais de um ano, faz uns dois ano. Isso, faz uns dois anos. O apelido dele era Patolino, ele fazia engenharia lá no Mackenzie. (tosse) O Patolino, ele recebeu pela aquela propaganda que ele fez, ele recebeu, se eu não me engano, duzentos cruzeiros naquela época. Ele nunca mais pôde praticar esporte porque ele foi considerado profissional. SPEAKER 0: E agora aconteceu um causo semelhante () Não sei se com o rapaz da Suíça, alguma coisa na Olimpíada. Foi, () exato. SPEAKER 1: () Então, ele não pode ser considerado como atleta amador. Agora, os países socialistas encaram isso como profissão. Então, está dentro de um padrão de vida. Eles não () recebem salário por efeito de participação na Olimpíada. Não recebem oficialmente, mas extraoficialmente eles recebem, é a profissão deles. SPEAKER 0: Mas () a organização, assim, vamos dizer, () ãh mundial aceita isso como amadorismo? SPEAKER 1: Aceita porque lá não existe profissionalismo, todos são amadores, né? Hum. SPEAKER 0: Não há distinção das () SPEAKER 1: Tanto é que a () o negócio curioso, fute voltando ao futebol, Geralmente, (tosse) pode reparar que as equipes que levantam o as Olimpíadas em futebol, geralmente são socialistas. Porque são os mesmos times que disputam o Campeonato Mundial. Os jogadores são os mesmos, porque todos são amadores. Então, aquele timaço da Rússia que disputou com o Brasil no México, está disputando com as Olimpíadas. O time da Hungria, com todos aqueles cobras, disputa o campeonato, o... Então, seria a mesma coisa que botar a Pelé () essa turma toda, como amador, então eles disputariam Olimpíada e Campeonato Mundial. Então, o time seria imbatível, né? Levando em consideração que o amador no futebol, especificamente, que ganha-se muito dinheiro, pelo menos tem-se a ilusão de ganhar muito dinheiro, o o jogador que, ele logo quer sair daquela fase de amador, ele quer conseguir um contrato. Então o garoto com dezesseis, no caso do Adãozinho do Corinthians com dezesseis, dezessete anos é amador, mas ele não quer participar de jogos olímpicos porque não é negócio para ele jogar olimpíada, porque ele não vai ganhar nada, ele quer um contrato. Então os times amadores dos países onde existe o futebol profissional reconhecidamente como profissional, Então ele não tem condições de disputar a Olimpíada. Tanto é que a participação do Brasil na Olimpíada sempre é fraca e ninguém entende porque o Brasil, o país do futebol, e nunca levantou uma () Olimpíada em futebol. É por causa disso, né? O problema de profissionalismo, que lá só aceitam amadores. Nos países socialistas todos são amadores, então é o mesmo time que disputa o Campeonato Mundial é aquele que disputa a Olimpíada. SPEAKER 0: Mas você não acha que esse essa formação não sei como é que é o nome que se dá, de de menino que joga, ãh dessas equipes de meninos mesmo, não sei como é que chama isso, campeonato, eles dão até ### É. Você não acha que isso poderia incentivar o amadorismo, assim, não? Eh. SPEAKER 1: Eu acho que sim. Eu.... Bom, eu num () eu num acompanho muito esse torneio aí, mas eu acho que sim, sempre é uma maneira de... Eu acho que o Brasil é muito futebol, sabe? Eu acho que deveria ter. (tosse) Olha, tem casos raros, eu conheço eu conheço um monte de gente desses torneios que a gente foi disputando e tal. Pessoas que são atletas natos. O caso do do saltador do, hoje eu estou fraco de memória, não lembro do nome de ninguém, mas aquele () Nelson Prudêncio. SPEAKER 0: É saltador de quê? SPEAKER 1: Salto triplo, atletismo. ### O Nelson Prudêncio, ele levantou medalha de prata nas Olimpíadas do México. O Nelson, ele... Depois arranjaram para ele estudar na Faculdade de Educação Física de São Carlos, para poder disputar campeonatos universitários. Então, o Nelson, ele trabalha... Ele era açougueiro, se eu não me engano. Então ele trabalhava lá no açougue, quer dizer, açougueiro subentende-se que ele deveria tirar a carne do carro e levar para o açougue, não o cortador de carne, o butcher, né, o retalhador. O Nelson fazia isso. No entanto, ele foi praticamente sem preparo nenhum e levantou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos do México, uma marca que nunca tinha sido alcançada aqui no Brasil. foi evidente como foi o recorde mundial, não tinha sido alcançado até aquela época, ele dilatou, a abriu aquela marca numa considerada assim, um negócio assim, bastante fora do comum, tudo isso na base do empirismo, quer dizer, um negócio assim, completamente a olho, né, ele se preparou três Agora, imagina esse camarada tendo um treino que um atleta tem nos Estados Unidos, o que que ele faria? O caso da SPEAKER 0: E o que que deu nele? ### ### SPEAKER 1: Mas ele tá aí trabalhando, né? Arranja um emprego como funcionário público. Provavelmente vai ficar por isso mesmo, né? E O () arremessa, arremessa martelo. O () foi campeão pan-americano. Jogos pan-americanos. ### Também a mesma coisa. Também fazia assim, porque... É o problema de... () O caso da San Silvestre, que muita gente fala, porque que que nunca o brasileiro nunca ganha um... uma São Silvestre. É o mesmo problema. Trabalha até as oito horas da noite e () às dez horas ele vai fazer a São Silvestre. Não tem condições, né? Eu acho que deveria haver aí, não é a a história da gravação, né? Ir para a política. Porque eu acho que a solução estaria nisso. Hoje existe a loteria esportiva que, legal ou ilegal, ela está arrecadando uma uma verdadeira fortuna toda semana. Eu acho que deveria ser criado um um erro também que eu acho de estrutura. O esporte amador não deveria ser filiado à cê bê dê. A cê bê dê, ela se preocupa com o futebol profissional exclusivamente. É o caso do Cartola, o João Avelange vai no dia de fazer discurso receber a medalha, né? SPEAKER 0: Ah, mas o amador também é filiado... também é filiado à cê bê dê SPEAKER 1: É. Quer ver? () Ah, não pode interromper. Então, o esporte amador é filiado à cê bê dê. Então, a cê bê dê o interesse dela é promover o Torneio da Independência e tal. Não que esteja errado. Num num estou dizendo que está errada Eu acho que está certo, mas o amador o amadorismo deveria ser se separado, deveria existir, sei lá, uma Confe Confederação Brasileira de Esportes Amadores, separada do futebol profissional. Então, fundar uma, sei lá, Federação Brasileira de Futebol, que congregasse futebol profissional. Mas o o que tem não é isso, é tudo subordinado ao mesmo órgão. Então ninguém tem interesse em promover polo aquático, natação, porque isso não dá não dá cartaz e não elege ninguém. Então não há interesse nenhum do pessoal promover esporte amador. Apenas dar algumas viagens, mas na hora da viagem, então eles dividem. Nas passagens, tal, levam dois atletas. A Silvina, a Silvina foi um absurdo. ### A Silvina, ela foi para os Jogos Olímpicos sem preparação nenhuma, uma menina humilde, de de, sei lá, de baixa formação ãh cultural, praticamente tinha um grupo escolar, mas corria que era um negócio impressionante, eh a formação física dela. Começou a correr pelo Botafogo, arranjou um técnico mais ou menos, que deu lá umas instruções boas, a Silvina foi para os Jogos Olímpicos. Chegou nos Jogos Olímpicos, disputou Se eu não me engano, uma prova de salto em altura. Agora, tem que imaginar todo todo o background desse negócio, né? Então, criada numa favela, sem poder aquisitivo, sem ter nunca conhecido nada, nunca saiu da terra dela, só conhecia Mangueira, Salgueiro, Estação Primeira, não sei o quê. de uma hora para a outra ela se projetou mundialmente. Bom, mas de qualquer maneira ela estava num país estranho e tal e coisa, competindo pela primeira vez, conseguindo sucessão nas eliminatórias. Então foi aquela alegria. O que aconteceu no dia seguinte? Os cartolas, que provavelmente deviam estar em alguma boate lá no México, passeando, fazendo turismo, tirando fotografia, ouviram dizer que tinha uma brasileira nas finais. Ouviram dizer. Falou, bom, então vamos lá. Então foram lá. Astearam a bandeira nacional. () Silvina, você é a honra do Brasil. (riso) () Todo o povo, oitenta milhões es estão com você. Estão procurando, te incentivando. É uma responsabilidade enorme. O que aconteceu?  A menina botou numa tremedeira que ela não conseguiu fazer nada. Ela entrou na pista arrasada moralmente. Não fez nada. Voltou, foi acusada de um diabo. ### Não foi nada disso. Não foi nada disso. exatamente ao contrário. Então é isso. Eu acho que o dia que eles resolverem encarar esporte amador como eles encaram esporte profissional e agora a gente vai entrar de novo naquela história de que mais uma vez o mundo se curva ante o Brasil, né? Antes que o brasileiro... Não é nada disso. Mas eu acho que nós temos um potencial humano enorme. Apenas não é aproveita> Tem um monte, a gente pode citar aí milhares de exemplos, a Silvina, o Ademar Ferreira da Silva, alguns anos atrás. () Ele, se eu não me engano, ele é adido adido cultural da Embaixada Brasileira em em algum país da África, não sei qual. Então, aqui eh existe campo. Ago> SPEAKER 0: ### ### ### SPEAKER 1: É. Ele ia mostrar, ele fazia uma e morria. ### Então, eh Era piada. () (riso) Era piada.Mas aí, no caso você achando que SPEAKER 0: antes da universidade, não seria melhor ainda que () Lógico, tem que começar desde garoto. SPEAKER 1: Porque o esporte... o esporte, a gente tem uma fase, dependendo do esporte, natação, por exemplo, a época ideal é dezesseis anos. Com de> dezesseis anos é que o... o nadador, ele tá, vamos dizer, na ponta dos clássicos. hora que ele vai bater recorde, vai ganhar competição e tudo mais. Natação é muito sacrificada, exige demais do atleta. SPEAKER 0: Que tipo de de de () de nado que exige mais dele? Acho que todos. SPEAKER 1: Agora, o mais o mais cansativo é o butterfly, né? Borboleta. Borboleta é o golfinho, agora outro. Golfinho. SPEAKER 0: É o mesmo tipo? que Não. () não. Mas é o mesmo  SPEAKER 1: É o mesmo. Não, mudou a batida de perna. SPEAKER 0: Ah, é? SPEAKER 1: A batida do butterfly era tesourada como no clássico, né? SPEAKER 0: Sim. SPEAKER 1: O golfinho é aquela batida ritmada, né? Chicotada. SPEAKER 0: Exige mais () exige mais SPEAKER 1: Exige mais. Mas a natação, de um modo geral, o treino dela, não tem um treino assim... bom, tem um treino específico para... porque precisa diferenciar o nadador ou o velocista do nadador que vai fazer a competição de resistência então o velocista ele tem um treino de resistência e tem um outro mas de um modo geral a preparação física dele é a mesma para qualquer nadador vai diferir na hora do treinamento específico né? na hora que ele entrar na água então o nadador de borboleta ele vai nadar borboleta o nadador de crau vai nadar crau agora A natação está evoluindo muito rápido, porque teve... foram três as escolas que predominaram. Primeiro foi a escola australiana, depois veio a japonesa e agora é americana. E deve ficar assim por mais uma década, pelo menos. SPEAKER 0: Mas aí há tipos diferentes, assim, de de de... na () na na na na própria natação, por exemplo, o tipo de... Estilo? ### É? Ah, lógico. De uma para outra. Você podia falar para a gente, assim, qual a diferença? SPEAKER 1: Bom, a japonesa... () é é meio difícil a gente explicar falando. Por exemplo, o nado clássico do australiano. O australiano, ele dava aquela abraçada puxada no nado clássico. Ele da> () trazia aqui. O japonês é assim. Mas, sabe? Ele dá () a braçada mais curta e ele vai mais de pulinho, sabe? O () nada nessa base. O () ele vai no pulinho. Aliás, é o americano que aperfeiçoou. Mas eles aprenderam com os japoneses. Foi com japoneses. Tiraram aqueles fios. () exatamente, exatamente, né? O japonês, ele trouxe essa técnica. Depois, o australiano dominou a natação durante um determinado período. Daí, então, entrou os Estados Unidos, assim, com oitocentos milhões de dólares para acabar com essa história tal. E botaram lá duzentos nadadores e todos eles batendo o record, né? Então, acontece acontecem casos gozadíssimos, por exemplo, na nos Jogos Olímpicos de, não me lembro qual foi, no México aconteceu isso, mas o mais gozado foi de sessenta e acho que foi sessenta e oito, esse ano tem, sessenta e oito sessenta e quatro em Tóquio, Jogos Olímpicos de Tóquio. O... No Brasil, só () vocês só para uma ideia assim de comparação, no Brasil hoje nós temos, vamos dizer, dois nadadores com condições de ir para uma final em cem metros nado livre. Isso hoje, há oito anos atrás, ou doze sessenta e quatro, oito anos atrás, nós teríamos talvez um ou dois também. Os Estados Unidos mandaram uma equipe, em cada prova podem nadar dois nadadores. Então o nadador que nada cem metros, geralmente ele nada duze> () e depois tem o revezamento quatro por Então, vamos dizer, o revezamento seriam quatro nadadores, precisaria um mínimo de quatro nadadores para poder fazer o revezamento e as duas provas de cem e duzentos. Os Estados Unidos mandaram oito nadadores, todos eles fazendo abaixo de Cinquenta e e três  SPEAKER 0: Cinquenta e três () SPEAKER 1: Cinquenta e três no Brasil ninguém faz abaixo. Agora, não, ainda não faz. O melhor tempo foi outro dia do Alfredo lá em... nos Jogos Olím, nos Jogos Sul-Americanos. () É, nos Sul-Americanos que ele fez cinquenta e três e quatro, bateu o record do Maneco. Mas o... então mandaram oito. Esses oito entraram e como todos eles eram o mesmo nível, O técnico escolheu, na base do sorteio, dois para nadar os cem metros. Os dois nadaram e bateram o record mundial. Os dois. Na prova de duzentos metros, trocaram. Tiraram aqueles dois, pegaram os outros () na base do sorteio, mais dois. Nadaram primeiro, segundo, o record mundial, os dois. Sobraram quatro. Aqueles quatro que nadaram cem e duzentos, que já haviam batido o recorde mundial, foram deixados de fora. Pegaram os quatro reservas, nadaram quatro por cem, bateram o () mundial. Quer dizer, é um negócio assim que que não há condições de competir, né? Não tem condições de competir. Mas () E depois, vê um camarada daqueles, um um garotão daqueles, você olha assim para a cara dele e fala, bom, bateu o () mundial deve ter o quê? Sei lá, vinte e cinco, vinte e seis ou não. ### SPEAKER 0: Mas tem toda uma técnica de parar os tempos, não () A natação, agora, atualmente? SPEAKER 1: Eu não sei como é que está agora, eu... Faz dois anos que eu estou afastado, mas... () outro esporte, depois... Ah, sim, não, é o aí é o problema de não perder condição física, não sei se é isso () ia perguntar, como é que a preparação física do do nadador, é só dentro d'água? Não, ele começa, () ele faz até halteres. SPEAKER 0: Ah, não () SPEAKER 1: Faz halteres, halteres, atletismo, corre em pista, salta... Na na minha época de garoto, de nadador, era considerado um crime o nadador, por exemplo, jogar basquete. Não podia de jeito nenhum, porque eles diziam que endurecia os músculos e tal, mas não é besteira. Hoje está provado que o que importa é ele continuar a fazer esporte. Ele adquire condições. Se você bota um camarada em em plenas condições de competição, com seis meses de treinamen> Por exemplo, se hoje eu começar a treinar firme em seis meses, eu posso competir. Não ganhar a competição, mas tenho condições de competir. Uhum. Agora, se durante esses seis meses eu fico, no final dos seis meses eu fico dez dias parado, eu perco cinquenta porcento Então, a queda é muito violenta. E também tem a fase de estafa, né? O camarada vai, vai, vai, vai até um determinado () Chega naquele ponto, ele começa a manter sempre aquele mesmo tempo, piorar, tal, tal, tal. Então, é a época que ele deve parar um pouco, fazer uma de desintoxicação muscular. Então, ele vai jogar basquete, jogar voleibol. Agora, ele não deve parar de praticar () esporte, né? Porque para... Não é necessário que ele continue nadando sempre. Desde que ele se mantém em atividade física durante um determinado período, ele não perde a condição. O problema é ele parar totalmente. SPEAKER 0: Quem é que ajuda o nadador a se tornar um bom nadador? SPEAKER 1: Precisa ter um bom preparador físico, que não existe. Precisa ter um bom técnico, que isso já existe em alguns. O que tem Porque na verdade a preparação física, se bem que ela é específica para determinados esportes, de um modo geral, Por exemplo, halteres. Era um um negócio considerado um absurdo o nadador praticar halteres, porque ele ia ficar completamente duro, rijo, não sei o quê. E a natação precisa de de de flexibilidade, principalmente. Mas hoje não. Hoje o camarada, ele ele nada. Ele faz halteres, nada. Então, () vamos dizer, a compensação. Vai para o ginásio, faz meia hora de halteres. Quer dizer, não todos os exercícios, né? Faz mais tensão, de flexão, aquele de puxar o peso. Não pode fazer, por exemplo, o abdominal, aquele supino que eles chamam de você botar um peso aqui e trazer aqui. Mas aqueles de de flexão, () parece uma (), uma um negócio de elástico. Puxa, faz isso e tal. E depois vai para a água. Então, ao mesmo tempo que ele enrijeceu, ele já está ele já está se desintoxicando. Ele já está nadando, já está relaxando a musculatu> Mas a técnica hoje está muito avançada e já deve ter mudado muito, porque em seis meses mudava bastante. Hoje eu estou há dois anos parado e já deve estar completamente diferente. SPEAKER 0: Você não sente falta disso, não? SPEAKER 1: Total.  SPEAKER 0: É? SPEAKER 1: Sinto uma falta total. SPEAKER 0: Assim, mas do ponto de vista físico () () mesmo social, assim? SPEAKER 1: Muito, muita diferença. Eu acho que influi, inclusive, na no próprio temperamento. SPEAKER 0: Não diga. SPEAKER 1: Eu, segundo a expressão dela, quando eu parei de fazer esporte, eu me tornei muito mais neurastênico. Aham (risos) () SPEAKER 0: Deve () ter razão.