SPEAKER 2: ### ( ) Ah, eu quero a ver> SPEAKER 1: ( ) Como o senhor quiser. ( ) A gente... Você quer ver só a parte da língua, então a gen> ### Sem se preocupar. Então bora, né? Bom, então eu o tema aí que eu escolhi, não é, eh que eu vou propor para vocês, é diversões, vida soci> Correndo, brincando. Tive uma infância que poucos acho que tem hoje em dia, né? Eu me distraía, desabafava. Você falou contra a parte de infância, né? Uhum. SPEAKER 2: ### ### SPEAKER 1: E você? Bom, ah a minha infância também f> Era praticamente mato, uns vinte anos atrá> ( ) Não era assim, bem abandonado, mas era bem afastado do c> ( ) Ali perto do Mandaqui j> ### o hábito de caçar passarinho. ( ) Nós íamos caçar passarinho, nadávamos, tinha muito riacho também, eh natural. ### ### ( ) Mas eu também tive uma... a a aquela época, a infância era b> ### ### Então era mais ou menos uma uma liberdade bem ampla. A gente sabia aproveitar, né? ### dizer, não tinha aquela preocupação de condição de hoje em dia, né, que era ficar preso num apartamento, numa ( ) preso dentro de uma lata. ( ) ( ) rua, solto, mas sabia se controlar, né? Hoje em dia parece que a criançada solta demais ela não se controla, né? ( ) ### Parece que também era a forma, né, a forma que eles se criavam. Eh ( ) Não enxergava a ### no cinema uma vez por semana, ou... Nem isso, às vezes, né? Então tenho pouco contato com o fil> ( ) nós éramos mais natural. Hoje, é uma influência mais eh levada através de televisão, através de de propagandas tem que já... eh dirigida, né? Uma coisa dirigida. É mais ou menos dirigida. Mas ela foi uma infância muito b> ### ### ### Era o ramal do Guaru> ### ### É a lembrança do ### ### ### ( ) Eu me lembro que a rapaziada que, para pegar o balão, pulava aquelas casas de muro alto, né? Depois, entrava lá, tinha o cachorro. saía tudo correndo e tinha o cachorro atrás. ( ) nem pensava na hora de pegar o balão. Depois que via o o cachorro, saía tudo correndo, era roupa rasgada. Bom, até que começamos a ter tanto estudo, ( ) comecei a estudar tanto que fui me desligando assim da da brincadeira. Minha mocidade mesmo foi bem cheia de estudos, eu me desliguei assim praticamente de diversões, não tive uma diversão em moço. Olha. Eu fui tipo um moço ( ), só preso para estudar, né? E me desliguei da... eu não sei não ### Já trabalhava ### ### ( ) Depois eu parei de estudar. ( ) ### ### Ia trabalhar. Comecei a trabalhar em São Paulo, eu acho que no centro da cidade. ( ) Para todos eles. Trabalhei em várias firmas, né, como carregador de pacotes, entregador de pastéis, entregava pastéis Depois passei a entregar livros. Passei nessa mesma firma de livros a ser compra> aí eu comecei a a derivar mais para o futebol. Quer dizer ( ) ### ### ### ### ### Na Portuguesa Esporte ( ) comecei a jogar ### ### ### Eu só fui trabalhar quando me formei engenheiro, né? Então, até aquela época, eu eu só ( ) estudar, então só estudava. Eu me desliguei até da mocidade, assim, só ficava estudando. Acho que foi um mal também, para mim foi um mal. Então eu fiquei muito tenso, assim, né? Eu acho que estudar piorou tudo o que eu tinha. Sofri, rapaz, até entender o negócio. Sofri muita ( ) porque a pessoa tinha que ser elástica. Eu não era elás> SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: Ah, justamente por... uh por exemplo, é, o engenheiro, ah não era engenheiro, era um americano que estava no lugar de engenheiro, lá na ( ) Santa Maria, né? E ele veio do Estados Unidos, e ele dirigia o setor, mas eu tinha promessa depois, em pouco tempo, eu ficaria no lugar dele, né? Mas ele veio com toda aquela malícia de um homem traquejado na vida, de fazer fofoca, que ele sabia que se eu ficasse, acabaria ficando no lugar dele, né? Então ele veio com aquele jogo tremendo para cima de mim. Eu não entendia, entende? Eu era... Se eu era muito cego, assim, no tocante à vida, eu era ingênuo no tocante aos fatos Nunca pensei que alguém que alguém pudesse fazer fofoca para derrubar outro. Então, ele aproveitava qualquer coisa errada lá e jogava para cima de mim. Eu, na hora, nem entendia o negócio e sofria, porque eu não sabia me libertar daquilo não. ( ) No fim, eu pensei até... Já que isso aqui é para contar fato assim, né? Pensei até em matá-lo, viu? Cheguei num ponto que eu... Eu não entendia que um homem pudesse fazer isso para um outro, né, uma uma perseguição ass> . Eu fui uma pessoa só voltada para o estudo. E em casa ninguém percebeu isso, talvez, porque... O meu pai trabalhava muito, né? Minha mãe também não entendia essas coisa. E eu ficava só assim, estudando. e foi... não recomendo isso para ninguém, porque deixa a pessoa muito virada para um setor, assim, de precisão e E se for jogada na vida cotidiana, é estranho, porque, né? É que é uma precisão que não existe. Cada um vai se virando como pode, cada um tem seus problemas. Não, eu não teria problema nenhum. só queria que fizesse aquilo que eu mandava fazer ### de choque diferente do que a gente sente o choque real da vida. Eh eh Choque de mentalidade. ### ( ) Foi que eu já estava aproximadamente com uns três anos de casado e eu comecei perceber que isso tudo fazia falta. Aí, mas foi um choque tre> ### Depois de casado. Depois de casado. Aí, é como diz aquele velho ditado, torci a orelha ### Eu vivi dessa dessa ideia, que nunca era tarde e que nós tínhamos que ir ir para frente. Então, resolvi fazer o colegi> Se não tivesse norma, eu não gostava, eu queria seguir nor> ### Meu filho mais velho, por exemplo, ele também é um tipo que nem eu. Eu fui, né? E ele se diverte pouco. Está na fase do vestibular agora, eu falo para ele, ah, sai, vai no cinema. Ele só quer ficar em casa. Agora, o outro, ele saiu da escola militar. Ele foi até a academia, mas tinha se machucado e e saiu da academi> Então está na vida civil Vai fazer medicina agora, vestibular, este ano. O outro está na escola militar. Então, esse também não tem muito tempo de se divertir, agora a pessoa vem para a casa no na sexta-feira à noite e volta no domingo. Quer dizer que a vida dele é muito... Mas normalmente eles se divertem no clube. Tem o Tietê ah que nós somos sócio, né? Vão no clube, praticam natação. Mas agora a vida deles é... Um estudando, outro... Eles vão na escola militar também com estudos tudo Não se divertem muito, não. Se divertem, assim eh... No ambiente mesmo lá da escola militar lá, então eles se divertem, né? É as brincadeira entre eles. Mas não é, assim, uma distração, assim, de fora. ### nas féria eles vão ao clube, vão ao cine> Não sou muito de, não sou assim, peralta. ( ) Alguns, a gente conhece moços por aqui peralta, né, assim, de vida socialmente intensa, dão muito trabalho para os outros, mas os meus são muito calmos. Parece que seguem, assim, o meu temperamento, não sei ### não há muito divertimento ainda, a não ser a mais velha, que já está, vamos dizer, para dezesseis anos ( ) ### ### ### ### ### ### ### ### ### ( ) do do Clube lá que você é candidato. ### candidato, obrigado. mas eh também são muito... eles são mais ligados ao livro, porque de vez em quando eu eu começo a contar porque isso passou comigo ### ### de comentar da minha filha também. Minha filha está ( ) ela é mais social que os meninos. Então, todo sábado tem um bailinho para ir, às vezes eu preciso buscar, às vezes tenho... Pai da coleguinha dela que vai buscar, mas tem sempre assim um bailinho, tem sempre que arrumar um vestidinho. Então eu vejo na mãe dela, ah corre para cá, corre para lá, quer dizer mais movimentada que os rapazes. A gente tem a impressão que filho homem dá mais trabalho, mas não, né? Mais trabalho no sentido social, assim ah ( ) Nunca pensei que moça fosse tão social. ### ### ### Tem o... Como é que é? Tem outra palavra aí para... Quando é quinze anos, como é que é? Uh eh palavra mais... Ah, eh... Usada aí, faz quinze anos. ### debutante eh Então, ela é debutante e sempre tem umas festinha lá. Então, para cá e para lá, né? Ela me fez a festinha nos quinze ano Nunca pensei que fosse tão social. SPEAKER 0: ### SPEAKER 1: Como é que é? Bom, mas o carrinho de rolimã não é novo. Não é me> ### é da nossa época, viu? Mas está na moda agora, né? É. agora está na moda. Já esteve na moda, nossa, eh na época de infância também. ( ) ### ### surgiu a a agora que ah o carrinho de rolimã está Esse avanço todo foi porque ( ) do skate, né? Mas são carrinhos de vários tipos e lá o local é muito acidentado. ### por pequenos lugares, mas mas a maioria é tudo acidentado. Tem uma ### ( ) Não tem breque, justamente por isso. Porque e e ela faz várias curvas, e e a rua não termina normalmente uma baixada, ela tem uma subida. Então a subida é o breque natural. Não, eu já li alguns tipos que tem breque, né, para colocar. Um brequinho. ### ### ### ### Tem o capace> ### ### SPEAKER 2: Hã? O senhor que orienta? Ah, eu ajudo pa> SPEAKER 1: ( ) O que meus filhos nunca fizeram, que eu fiz, foi empinar papagaio. Hoje em dia não se usa, empina papagaio. chamam de papagaio, outros chamam de... tem outros nomes por aí, né? ### Maranhão. Maranhão. É. e vários nomes, né? Mas eu me diverti quando eu era pequeno, aquilo é um esporte gostoso, né? Bom, na na também na nossa época ha ha havia bastante, empinar Quadrado, Papagaio Pipas, não é? ### ( ) Nós ficávamos, às vezes, duas, três horas empinando papagaio. Hoje em dia não se consegue fazer isso porque inventaram. ### vidro, e colam, passam na linha e cortam a linha do outro papagaio ( ) ### ### É uma evolução, né? Mas ah... Me lembro até hoje, eu era ( ) era garoto, acho que devia ter uns doze ano, né? Eu sei que eu estava empinando e consegui mandar o papagaio bem longe, então estava todo contente, porque quanto mais longe fosse, mais bonito, né? Bem longe, de repente começou a a ventar, né, começou a criar uma tempestade. E eu demorei para refletir sobre o negócio, né? Quando eu vi que já estava fechando o tempo, eu então comecei a puxar a linha. Mas não deu, viu? ( ) arrebentou a chuva, (tosse) tive o desprazer de ver arrebentar a linha e su> ### Existiam Maranhão, que já é mais comprido, e tem um outro eh que ( ) ### ### cruza, vai cruzando ah as taquaras, força bem, depois no contorno da da coloca a linha. Papel de seda, corta no formato, cola, faz o estirante, que é o que faz o movimento do papagaio, coloca uma rabiola, como é que se ( ) Na minha época era rabiola, agora não sei como é que é o nome. ( ) do papagaio, que é para dar o equilíbrio, linha e soltar o ar, não é? ### ### ### ### Outra brincadeira també> ### ### ### ### ### ### SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: ### ### ### ### ### ### ( ) A bolinha de gude tem eh eh assim, dois jogos e essenciais, que era o o jogo do triângulo e o jogo ### ### ### E ( ) jogava-se a bolinha e ia colocando até perto do box. ( ) ### adversário é não deixar colocar a bolinha no box. Então, à medida que você vai avançando de box, você vai caminhando para ga> ### duas voltas em forma de ele. Na última volta a pessoa então já com a praticamente com o jogo livre, vai para matança. ( ) ### Então aí ele volta novamente, volta então do do do quarto, do terceiro, do segundo para o primeiro, depois torna a voltar. Quando chegar em quarto bo> ### Aí, onde ele encosta com a bolinha ( ) ( ) que chocava a bolinha com a bolinha do adversário, e ganha a partida. ( ) ### do do outro estava longe, ele conseguiu acertar de longe, assim, com aquela perícia tremenda, né? Como se fosse um tiro ao alvo, né? ### ### ### ### ### ( ) para ele. Ele continuava dando pistecada, a hora que ele não conseguia tirar mais bolinha era o adversário que jogav> ### ### meu pai trazia lá como presente, ah todas coloridas, né, ( ) mas o normal era bolinha, às vezes tinha bolinha até quebrada, porque a turma não tinha como comprar, então jogava com as quebrada mesmo. Então tinha uma uma que era três quarto, (risos) mas dava para se virar, né? Eu lascava, né, porque a bolinha lascava, então ficava com um pedacinho a menos, uma calota a menos, mas dava para para jogar. (risos) ( ) Graças a Deus os meus ainda tem. ( ) Tucuruvi. ### com todos os melhoramentos, com ah asfaltadas, iluminadas, vários colégios, eh uma região que eu, não é porque eu moro lá há muito tempo, mas considero uma das melhores em em clima dentro dentro da cidade de São Paulo, nós estamos próximo da Serra da Cantaria, graças a Deus não tem fábricas, não é, a produção ainda não atingiu. Existe uma fábrica ou outra pequena, ma> mas essas essas esses tipos de brincadeiras ainda ainda persistem. Já há um pouco de... bem, alguma coisa é modificada, bem modificada, mas ainda existem. Como existia na nossa época a perna de pau. ### ### né? Nunca cheguei a praticar, mas via gente prati> E naquela nossa época, que as chácaras eram todas abertas, hoje não existe mais chácara. ( ) Os pequenos pomares que existe por lá são fechados e já complica a situação.Se uma garotada quiser comer, uma mexe. ### A prefeitura pôs guardas para não deixar pisar lá na no jardim. Esse ano o jardim ### ### ### ### ### ### O que eu achei mais característico assim no fato de eu andar por São Paulo assim. Foi aquele bonde aberto, né? O perigo que a gente corria, pendurado ali no no estribo Quantas vezes eu andei pendurado. ( ) Então, mas você vê, mas o perigo nós corremos, porque, se pensar bem, que perigo. Né, um bonde aberto ali, você pendurado aqui ou ali, sem proteção nenhuma. uma hora que tivesse uma tontura qualquer, largasse a mão, aquilo estava perdido, né? no pi eh pingente de bonde, às vezes tinha, no mesmo balaústre, tinha umas cinco pessoas, né? Então você ficava com uma perna aqui, uma perna lá, se se passasse um carro, levava você, né? ### É de ser antes do... do homem cobrar, né? Eh ### Trenzinho da Cantareira, mas o o bonde não chegou até lá. Eu não espero que um dia o me> ### Chegou e parou em Santana, onde o bonde também ia até Santana. ( ) ### ### Mas quando eu era garoto e tra trabalhava na cidade, eu gostava de jogar ( ) Então, quando eu precisava trabalhar, evitar de pagar a passagem. Então, o bonde aberto, ele tinha assim uma espécie de ( ) ### ### Como é que é o nome? ### Estribo. ### ### Lateral que controlava o bon> ### ( ) então a gente ficava de olho no cobrador. ### É. Ele vinha desse lado, a gente passava pelo outro. assim ele fazia a viagem toda para guardar ### ### ### ### eu comprava, ah eu gostava mais de de de de comprar coisas para comer. Naquela época, estava surgindo em São Paulo as esfihas, os quibes, tinha a ladeira Porto Geral aqueles doces sírios, o pão ( ) SPEAKER 0: ### SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: Eu trabalhava na rua direi> ### ### ### ### ### ### ( ) Eu imaginava que o homem me pegaria, já sofreria um vexame ### ( ) recebia o pagamento, então eu ia de ( ) de camarão. Camarão, ( ) de camarão era fechado. Vermelho, né? Tinha até vários modelos de de de bonde. <ão eu ia de camarão, porque aí eu pagava, né? E eu precisava ### Eh fazia lixinha, né? ### Bom, era uma forma de ( ) da época, né? E, às vezes, ah ah as linhas se fechavam. Porque ( ) ( ) era fechado. Não havia, por exemplo, e era raras as linhas de bonde que terminal parava no ( ) e voltava. ### você passeava pela cidade toda, não é, uma passagem só, você passava pela cidade toda e não não havia condições do cobrador te cobrar uma passagem. Você fazia uma viagem de turismo dentro da cidade mesmo com uma passagem só. Saía pela São João, subia a Angélica, virava a Paulista, descia a Consolação. ( ) A a às vezes o o bonde descia pela... ### ### ### Eu acho que o Camarão me deu ( ) bem gozado. Pensei até triste se tivessem percebido o que aconteceu, né? Eu saí da faculdade ali na... Liberdade, né? ### Com material de desenho, né? Embarquei no camarão, mas o camarão estava tão cheio que para entrar a gente tinha que tinha que empurrar. Então eu fui empurrando. Aí eu percebi que eu empurrando, a turma ai ai gritava, né? e na hora, eu estava interessado em chegar logo no fundo lá para poder respirar, né? Fui empurrando, ficou todo mundo, ai, ai, que isso? O que que está acontecendo? De repente eu olho assim na pasta o... O compasso estava para fora, com toda aquela ponta para fora. ### ( ) fecho que estava bem com aquela ponta para fora, assim. Pus para dentro, assim, ah me empurrando ali para poder chegar. E fui para o fundo e todo mundo reclamando. O que foi que houve? Alguém... Quem que é esse maldoso aí? Porque deve ter, né, espetado muita gente lá. ( ) Olhava assim, o que que foi? ### eu ali empurrando, né? Eu tenho feito até tipo injeção ali, né? ### que eu passei por toda ah a ex> ### todo mundo reclamando. Aí eu pensei, olhei assim ( ) SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: ### ### De um algum tipo, aqui em São Paulo, assim, né, mudança devido... Bom, nós t> ( ) Nós tivemos muita influência, realmente, do do do do pessoal do Nordeste. nos últimos anos, uma uma acentuada mudança foi com os asiáticos, japoneses, chineses, aquele pessoal. Você vai na Liberdade entender como é que está aqui. Então, houve, ah aí... porque já antigamente os portugueses, os italianos famosos, os italianos do Brás e do Bom Retiro, já tinham uma influência muito grande sobre a a fórmula. Aliás, tiveram uma influência muito grande nessas duas... ### Agora, com essa acentuada vinda de de de de japoneses, chineses, e o pessoal do Nordeste, na época do famoso Pau de Arara, que agora não se viaja mais assim, mas era a época do famoso Pau de Arara, por volta de mil novecentos e cinquenta, que foi um apelo muito Houve uma transformação muito grande nessa cidade, em parte social. Agora ### desses dois grupos de terem ido para lá. Não houve influência na na nessa parte, porque o pessoal do Nordeste se situou na zona Leste de São Paulo, Penha, ah Itaquera, eh Guaianases, aquela região. E o pessoal chinês e japonês ficaram aqui, ali no bairro da Liberdade. Então não há uma uma oportunidade de se analisar esses tipos de influência. ### virar os ( ) uma análise mais profunda, então talvez a gente consiga encontrar alguma coisa. ### O que eu noto, por exemplo, é a minha rua. ( ) Eu moro na na mesma rua que morei quando tinha lá, deixa eu ver, trinta e dois, tinha lá uns cinco anos de idade, né? Então, eu noto, assim, que primeiro tinha poucas casas, a gente conhecia os vizinhos, conhecia até intimidade dos vizinhos, né, conhecia, assim, detalhes. Agora não, agora a gente tem toda aquelas prédio de apartamentos ali por perto, então entra, sai, cabra que estaciona ali, a gente nem sabe quem é, quem não é, quer dizer que praticamente ali já mora mo mostra o lado cosmopolita da cidade. Deixou de ser vizinhança e a gente nem sabe mais quem é quem não é. É novidade saber o nome do vizinho, a gente não sabe nem quem é. São Paulo está no tipo da cidade assim, que você vive num... não tem assim praticamente, não não não se mete com a vida dos outros, e os outros praticamente se mete com sua vida. Quer dizer ### Foi lá em Tucuruvi Mas agora São Paulo é assim. Quer dizer ( ) ### Você faz o que você quer. Ninguém eh está se preocupando. Quer dizer. ### Comentando, né? É isso. SPEAKER 2: ### ### ### E em relação aos pais aos avós a uma vizinha? SPEAKER 1: Por exemplo, meu pai, para você como é dife> ### meu pai me impedia de, durante a permanência de visita, né, que eu conversasse com as visitas. Era obrigado só a ficar quietinho e ah e ver, e ouvir, né, olhar para as visitas, mas sem interferência na conversa. Se eu, por acaso, me lembro assim uh., perguntava qualquer coisa na hora, esquecendo a proibição, né, havia uma repreensão na hora, então, com o tempo, eu fiquei condicionado a não perguntar nada, só ficava ouvindo, né? Você vê que é bem diferente hoje, né, pela madrugada. ( ) Hoje eles falam o que querem, a gente deixa, porque justamente é para desinibir, né? ### Tem sempre aquele elemento inibido, né? Mas a maioria é bem desinibido, quer dizer, não é esse o problema de não estudar, porque não querem estudar mesmo, porque a desinibição ih a desinibição existe, né? Eles não são nada inibidos, né? Você tem aluno inibi> ### ### inibido por estudo tem uma tem tem tem vários, mas inibido dentro da sala de aula eu acho que não existe mais. Aliás, até, pelo contrário, mudou. ### Inclusive do não sei qual é a fórmula, aonde, ou se é a forma de de serem criados dentro de casa que às vezes chegam até a falta de respeito. ### Não, mas enfrentam o o professor na sala de aula como se fosse eh de de forma de agressão, inclusive, às vezes, sabe? Não, porque meu pai é isso, meu pai é aquilo. Bom o que eu tenho que ver o pai dele? Dentro da sala de aula... ### Agora, eu não sei. ### Eh, é, eu não fui muito, muito fechado. Meus pais, graças a Deus, me deram muita liberdade também. Eh Muita compreensão. ### ### De garotinhas. ### Perguntar? ### ### ### E se eu me ver numa numa roda de pessoas mesmo, ( ) de dez pessoas, mesmo eu conhecendo seis, eu já me f fecho mais. Eu já não sou mais aquela mesma pessoa. Já basta ter uma ou duas pessoas que que eu não tenha amizade, ah liberdade, eu já deixo aquela... Eu já não sou muito social, eu já fico mais quieto, já eh me retiro mais. ### É, e e eu preciso disso. Agora, com relação aos meus filhos, eh a uh a única diferença é que eu não eu não faço questão que eles eh me peçam a bênção natu> ( ) ### ### ### ### Eu acho que que isso eh eh vem da das de parte religião, da parte católica. Mas uh os meus filhos eu não obrigo a fazer isso. E e e nós nos cumprimentamos carinhosamente com um beijo na face todo dia faz se é pai para filho, de filho para pai. SPEAKER 0: ### SPEAKER 1: Em casa todos eh se respeitam com um beijo na face, um uma coisa natural, sem obrigação. Uma coisa natural ### E tem mais, né? Eh eh se se por acaso eu chego em casa à noite que às vezes eu en> ### Eu eu  lhe cumprimento, ele vem me dar um beijo na f> Bato uma bolinha lá, com os colega lá. Mas E visita. Não sobra tempo. Depois eu venho em casa, fazer coisa de escola. ### É, mas uh tenho que preparar as roupas do meu do filho aí, porque ele vai para escola militar. Tem que arrumar roupa toda semana. Um tal de trazer a roupa suja. ### nunca mais ficam com sábado e domingo. ### Então, estamos habituados a isso. ### ### ### a forma com que eu casei, muito moço, lutando pela vida sem nada. E então eu só trabalho trabalho trabalho ### ### Não. SPEAKER 0: ### SPEAKER 1: e eu até gosto, eu eu eu não sou revoltado, eu acho que eu aprendi muito com a vida. eh de fato, a vida é a melhor escola que nós temos, né? Agora, eh... Então, tem que se guardar dinheiro para para para se comprar uma casa, para para para ir eh vestuário, enfim, né, aquela... A vida normal sempre tem. Agora, minhas vi minhas visitas realmente se resumem em aniversários de familiares. ### ### A gasolina também não dá para que a gente saia tanto, não é verdade? ### ### ### Mas essa essa visita eh, às vezes, é é muito difícil. ### Mas isso não eh já não são eh não são visitas obrigatórias. Naturalmente, alguém está doente ou falecendo alguém, essas visitas normais, vai para o cemitério no no dia d> ### ### ### Não, eu eu, minha religião, eu deixei de ser católico há muito tempo, não é? ( ) ### ### ### ### ### ### ### Eu acho que é. A religião? Seja qual for a religião, já tem um vínculo. ( ) ### ### Senão é um perigo. ### né, para mim mesmo. Por exemplo, eh depois que eu eu de uma semana de picareta, eu coloquei na cabeça que um dia eu tinha que ser engenheiro. E fui, não é? Mas eu teria que alcançar um um nível de vida melhor. Tanto é que eu recordo, em mil novecentos e e sessenta e seis, eu prestei exame na Antiga Politécnica, quando eu estava na na na Tiradentes ### ### vestibular, né? É. Como eu não tinha condições financeiras, eu tinha eh eu eu dependia da Politécnica. Você fez cursinho? Fiz Fiz um monte de cursinho ( ) ### Não, não dava. E eu prestei duas vezes seguidas na Politécnica e não consegui, eu ia desistir, então eu lembrei que eu tinha que ter alguma coisa para minha existência, fé em alguma coisa, tinha que ser alguma coisa No ano seguinte, foi em mil novecentos e sessenta e oito, eu eu resolvi eh prestar exame para Física. Posteriormente, talvez, eu ingressando na Física, eu poderia eh me tornar engenheiro, porque na Sorocabana o nível maior era engenheiro. O meu maior incentivo lá era o doutor Wagner Werneck Martins, ele era professor da usp também, e era engenheiro muito famoso na Sorocabana. eu trabalhava com ele. e ele sempre foi o meu maior incentivo. E ### ### ### Consegui, com com as freiras que ah que ah que dirigiam a faculdade, uma bolsa de estudo. ### O que eu ganhava não dava para pagar a mensalidade da fa> ### ### Então eu resolvi... Bom, eu não consegui entrar na Física, falei, bom uh... Ficou Física, depois eu t> ### ### ### ### ### ### Mas eh tem que ter fé em alguma coisa. É. Se tratando de religião, eu acho que deve existir um um ser superior a gente, que nada que está aí nasceu à toa. ### ### Agora, a minha religião, ela se limita à Bíblia. leio muito a Bíblia, gosto dela. E ### ### ### ### Eu acho que tem que ter a a a crença em alguma coisa, senão a vida não tem sentido. ### mas aí depende já. ### ### ### Não vão, eh eles não vão ir ( ) Os meus pequenos? Mas, eles, cada um tem lá ah ah o seu, sua bibliazinha, do lado da cabeceira e já falei como é que tem que agir, numa aflição, não é só aflição, como também nos bom nos bons momentos, porque a gente tem que agradecer aquilo que a gente tem, não é verdade? ### É como eu falo, eu digo assim, olha ( ), não adianta às vezes uma pessoa ir para a igreja, como eu conheço uma vizinha, que ela é é, por sinal, é portuguesa, mas deixou de ser católica, ela é é protest> ### ( ) Quer dizer, eh Deus nos ajuda a ajudá-lo. ### Nós numa sala de aula, nós não vamos dar nota a um aluno que não faz nada. Quer dizer É preciso que o aluno faça alguma coisa para que a gente possa, eh que ele estude um pouco, para que a gente possa transmitir e ajudá-lo a ter um conhecimento maior, não é? Eh eh eh eh É evidente que n nós apenas transmitimos alguma coisa e não temos a obrigação de abrir a cabeça de um aluno e enfiar a matemática lá dentro. É preciso que o aluno colabore conosco, colaborar com ele. ### Eu suponho que e exista realmente um ser superior que que nos ajude, mas é preciso que a gente se ajude, também para que ele possa fazer alguma coisa pela g> ### ### Só a moça que não gosta. ### ### ### quando eu jogo, eu tenho um mal, né? Eu quero ganhar. ### um espírito de competição assim, tremendo. No tênis também é assim. Eu, às vezes, prefiro fazer uma jogadinha mais maliciosa, mais ganhar, aquele lance, porque fazer uma jogada que a turma gosta de bater, assim, com mais força, para desabafar, assim, a força, né? Eu gosto de ganhar. ### ### Bom, difícil até resumir assim, né? resumir assim. ( ) Eh a gente joga na base de fazer quinze, trinta, quarenta e cinco. É, quarenta, aliás. Se, depois, se o outro perder novamente, é jogo, hum? ### Se o outro conseguir chegar até aí também, aí depois começa igual, aí tem a vantagem. Olha só, quinze, trinta e qua SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: Não, é. Começa com quinze, depois vai para trinta, depois quarenta. Mas Se ganhar novamente, acabou o jogo. E a contagem vai até seis, né? Então aí tem um jogo. Depois faz tenta fazer até seis. Se outro me fizer, então fica aí um a um, dois a dois, até seis. Então quando faz seis, ganha de seis a cinco, seis a quatro. Mas se vai seis a seis, depois tem um jogo decisivo, né? SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: ### ### É pior, viu, porque gostoso mesmo é jogo de simples, que você se entrega mais, você se gasta mais, né? ### Se ele for muito bom, você não faz nada. (risos) Se ele for ruim, você tem que fazer tu> SPEAKER 2: Então, sobrecarrega mais ainda. ( ) ### SPEAKER 1: Só que eu não jogo muito, porque eu tenho medo de assim de quebrar a perna, porque a turma é muito bru> ### ### ### ### ( ) Nem em praia ### ### ### ### Fazia umas pirueta com a bola. ### ### Eh de entrar no campo de futebol para jogar, realmente não ( ) Correr num campo... Mas futebol é muito bom. ### ### ### Mas é é é um é um jogo de muita emoção, eu acho que principalmente quando eh você que está dentro do campo, está jogando futebol, eh ainda mais se se a sua posição for de avante, aquela tensão toda e você faz o gol, eh faz que até cai o mundo, né? ( ) É, ( ) até É um esporte emotivo, ele é ah a a além de de dessa parte, de de de emoção que dá para você praticar o esporte, também é um esporte que você tem que usar a cabeça, tem que saber jogar, não é só chutar uma bola. Sou torcedor do Corinthians. Sou um dos poucos paulistanos, ou talvez brasileiros, ( ) que tenham tido a oportunidade de ver o Corinthians ser campeão em mil novecentos e cinquenta e quatro, que eu fui ao jogo, não é verda> ### ### E e e também tive a satisfação de de quando eu eh eh comecei a trabalhar, o primeiro pagamento que eu recebi, eu fiz duas coisas com o meu pagamento. ### E fui assistir o jogo do Corinthians, um sábado à tarde, que o Corinthians ganhou do Ipiranga, do Clube Atlético Ipiranga, de sete a seis. ( ) ### ### Mas eh o meu time é esse é o Corinthians. E ### ### ### Eu acho que já... ah também não sou tão fanático assim. ### A oportunidade que a gente tem, de vez em quando, é uma das das minhas saídas de casa, é para assistir realmente o jo> ### ### ### ### ### ( ) os corintianos, em maioria. ### ### Eu torcia para o esse pê erre, mas ficava assim amolado, porque quase sempre ele perdia. Jogava com o Palmeiras, perdia, né? De vez em quando, assim, uma vitória, assim, mas geralmente perdi> Então eu fui ficando sem querer com raiva dos times grandes, né? Fui crescendo assim, ficando com raiva de só de Corinthians ganhar, Palmeiras ganhar. Aí apareceu o Pelé. Quando eu vi que o Santos começou a ganhar do Palmeiras, do Corinthians, do São Paulo, eu tenho a impressão que foi uma uma influência. Eu passei a ser santista, né? E meus filhos, naquela época, começa ( ) começaram também a sentir influência disso. ### Então, chegou ao ponto de eu rolar pelo chão com os filhos, né, e eu até inventei uma musiquinha assim, eh Gol do Pelé, Vitória do José, que um era o Zé Roberto e o ou eh Zé Olimpo. Eu sei que ele ficou uma farra, sabe? ### Pegou a moda, né? Ah para mim não teve problema, porque a hora que eu percebi que o Pelé já era ruim, o Santos era ruim, desliguei, né? Não sofri com isso. Mas meus filhos sofrem até hoje, o chato é esse. (risos) Torcem pelo Santos. Então, toda hora do Santos perder, eu olho para eles lá. ( ) que que vocês torcem para essa porcaria? ### ### ### Torcer para um quadro que agora não vale mais nada. Mas na hora eu me divertia. Quantas vezes, mas eu rolava pelo chão na ### ### Eu rolava e gritava, e os filhos gritavam. Então foi um prazer tremendo, até que o Pelé ficou fora de forma. (fala enquanto ri) ### Sérgio falou que não ia falar, quer dizer que tinha dificuldade em falar, mas falou aí que não...