SPEAKER 1: Qual o tipo de funcionários que seriam necessários para a construção dessa casa? Ãh Como vocês construiriam, desde a escolha do terreno até a casa já prontinha? SPEAKER 3: Bom, quanto à escolha do do pessoal, seria gostaríamos que fosse um pessoa pessoal capacitado para capacitado para isso, um engenheiro para o projeto e para a construção né. E quanto a Aos funcionários, Quanto ao terreno, de preferência plano, eh o ideal da gente é uma  casa térrea. Um sobrado é cansativo, né? A gente vê por essa  aqui, três andares. Tipo de casa, você disse também? Isso. Uh eh casa  térrea, funcional, e que acomode bem a família. SPEAKER 1: E o senhor doutor Raul? Desculpe. (riso) Cismei com Doutor Raul. (riso) Doutor Valdemar, o que é que o senhor faria uh ãh? Que tipo de terreno o senhor escolheria? Tipo de ferramentas que o senhor conhece que são necessárias para a construção dessa casa? Então gostaria que o senhor dissesse Tudo a respeito para da construção, por favor. SPEAKER 0: Bom, antes de mais nada, o terreno, eu estou perfeitamente de acordo com a Ruth, deveria ser um terreno plano, porque realmente o nosso ideal, pelo menos para uh o resto das nossas da da nossa vida, será vivermos numa casa térrea. A experiência também já me indicou que não se deve, em hipótese alguma, confiar, principalmente em se tratando de construção, não se deve confiar ãh o trabalho à pessoa que não seja realmente capacitada, ou seja, o engenheiro. Isso eu falo com apoio em algumas pequenas reformas que eu fiz aqui nesta casa e. Reformas de pequeno de mas que exigiram a minha presença quase que constante, dado que há uma dificuldade muito grande de se encontrar pessoas habilitadas para esse tipo de reforma. Eu costumo dizer muito, propriamente, que no Brasil existem dois tipos de indivíduos. Um, o técnico. O técnico é o indivíduo que chega na sua casa, Ele entende de eletricidade, ele entende de pedreiro, ele entende de hidráulica, ele entende de cozinha, ele entende de tudo. No final ele não entende é nada. E Existem os técnicos, realmente o técnico. Não, mas (). Realmente o técnico, esse homem é o capacitado. E o exemplo vivo disso nós tivemos recentemente, queimou num sábado à tarde, a nossa geladeira e a minha mulher ficou meio preocupada, porque a geladeira, no sábado, geralmente está mais cheia. SPEAKER 3: E. Sábado a gente faz as compras de de verduras e frutas, então, lota a geladeira, né? E, carne inclusive, já imaginou isso chegar () de de sexta-feira até Até a semana seguinte ãh e em ordem, né? Ah, foi uma desgraça (riso) (riso) Não ter consegui... Então SPEAKER 0: Logo, colocou o problema do meu lado. Né? Precisamos solucionar isso imediatamente, não há senão vai estragar, depois está fazendo calor, precisamos de uma água gelada, et cetera. Bom, então, a nossa empregada que é também uma profunda conhecedora da vizinhança, (riso) como só ia acontecer com toda empregada. Ela disse, não, eu conheço... Gosta de de quebrar os galhos (). É, eu... Qualquer coisinha, gosta de () Então, eu ela disse, não, eu conheço ali, ali mais para cima, um homem que conserta geladeira. Bom, a Ruth, mandou eu chamar o cidadão, ele veio, olhou né, não é esta peça que se precisa ser trocada. E trocou a peça, cobrou duzentos E eu não estava nesse instante, eu retornei logo depois, uh cerca de quinze minutos né, mas tive oportunidade de ver o cidadão. Eu conheço de longo tempo, daqui do bairro, de passagem, como frequentador habitual dos botequins situados na vizinhança. (riso) Então, eu já fiquei preocupado realmente pelo trabalho dele e. E o resultado não se fez esperar, Uma vez que uh o tal a tal peça que ele trocou, ãh fez queimar o motor logo em seguida. SPEAKER 3: Então, nós ficamos sem... () É uma maravilha ()? Quando a geladeira estava funcionando, ai que ótimo, né? Pelo menos a conservação está salva, né? Não demorou muito, nós estávamos na sala, conversando, jogando ba um baralho, né? E sentimos cheiro de queimado, de borracha queimada. Ih, acho que é a geladeira. Dito e feito. Foi é Só tempo de chegar na cozinha e desligar, saiu até faísca. SPEAKER 0: Bom, então, a Ruth complementou, a geladeira queimou. Queimou, e antes com uma pequena explosão. Né? Aí eu falei para ela, o negócio é desligar realmente a geladeira, e segunda-feira nós telefonamos para a Philips né, e eles vão mandar um um técnico. Para... () É.  Não o (), o técnico para consertar, e realmente veio o cidadão, olhou a geladeira e disse, não nós precisamos retirá-la, para ser consertada lá na nossa indústria e, possivelmente, amanhã ou depois, os senhores já terão de volta a geladeira, porque ela está com o motor queimado, além desta peça que foi colocada indevidamente na na geladeira. E nos custou, mais ou menos, seiscentos e oitenta cruzeiros. Mais duzentos e cinquenta. Mais duzentos e cinquenta, setecentos e trinta cru> E realmente é o que ocorre no em construção, eh principalmente em construção. Além da própria carência de material, de de pessoal especializado, ãh não existe. Um cidadão, geralmente, nor nordestino, não há prevenção contra norde nordestino, claro, mas, geralmente, ele, quando vem à cidade grande, a primeira coisa que ele O primeiro trabalho que ele vai fazer é ligado, de certa maneira, à construção. Então ele aprende a mexer um pouquinho o reboco e dali ele já se julga pedreiro. E já, num plano mais acelerado, ele já parte para as pequenas reformas e que, no fim das contas, se nós ãh computarmos todos os gastos, inclusive o da assistência pessoal, da gente, eh nós vamos verificar que gastamos muito mais do que se tivéssemos confiado a esse trabalho a um engenheiro. E isso Uh essa experiência eu tive por várias vezes, várias oportunidades. Então, hoje eu posso afirmar com absoluta segurança que se tivesse de construir uma uma casa, eu não queria ter a menor preocupação na construção. Eu queria confiar esse trabalho exclusivamente a um engenheiro, e inclusive porque o engenheiro também, e aí vai um pouquinho do meu campo, o engenheiro tem a responsabilidade profissional, coisas circunstâncias que a gente não encontra no técnico, não é (riso) o técnico não tem, ele no geralmente mora numa uma favela, coitado, é um desprotegido da sorte, e ele não tem a responsabilidade, ao passo que o engenheiro tem, inclusive, um órgão de classe, um órgão que fiscaliza a atividade do engenheiro. Então, eu confiaria, claro, a um engenheiro para a construção de uma casa que eu pretendesse edificar. Eu conheço, ãh embora advo advogado, conheço, ãh de certa forma, porque gosto também dessa atividade manual ãh. Conheço a pá, a picareta, conheço a a i a enxada, conheço o prumo, conheço o metro, ãh sei assentar um tijolo, ãh sei assentar caquinhos da de de de de de cerâmica, aliás, parte desse trabalho, vocês poderão ver aí ao lado, foi feito ãh também com a minha colaboração. Inclusive, um desenho na entrada foi ãh bolada por mim na ocasião. E essa escada que está aqui ao lado também, é uma escada de acesso externa, ela é tipo espinha de peixe, ela também foi feita por mim, quer dizer, foi toda ãh esquematizada por mim, junto com um técnico. (riso) Mas, como eu não conheço, não conheço realmente o, não conhecia realmente o problema, eu então, a minha grande preocupação ãh foi, na ocasião, fazer sempre um suporte muito maior do que realmente necessitava a construção ãh. Não não não diria bem uma construção, mas é parte da construção. Então, isso também, é claro, que eh eleva o custo da da da da desse serviço. De maneira que todas essas circunstâncias, então ãh com o com o correr dos anos, vão ensinando, é claro, que a gente não deve, de forma alguma, ãh sair muito da da daquilo que a gente faz e confiar determinadas tarefas às pessoas que realmente entendem do assunto e que são os técnicos, no caso o engenheiro. Agora, com respeito à construção, ãh se eu tivesse que fazer hoje, eu, como a Ruth bem disse, faria uma construção absolutamente funcional eh. Simples, modesta, com um banheiro para cada dormitório, porque é um inferno casa sem banheiros, (riso) principalmente ãh em se tratando de família numerosa como a nossa. Tanto isto é verdade que nós já fizemos, ãh acrescentamos mais um banheiro à casa, possui um, dois, três, quatro, atualmente quatro banheiros. mas, às vezes, não não não não não suficientes para atender a demanda. Porque porque há o aspecto aspecto muito interessante eh. Todas as crianças eh estudam, passam o dia fora, e coincide com o nosso horário de retorno. E eles têm uma predileção toda especial de tomar banho no nosso banheiro, no meu e da Ruth que é colocado ao lado do nosso quarto. Então, é uma fila. É uma fila, é batida na porta, sai logo, rápido tal. Mesmo porque o sistema da de de de luz da nossa casa, o sistema elétrico, ele é um pouco antigo, ele não comporta que se liguem os dois ãh chuveiros elétricos ao mesmo tempo. Então, às vezes, eh hum mesmo que os ou as crianças estejam ocupando o outro banheiro para tomar banho, eles têm que aguardar que desligue uh uh uh o de cá. Quer dizer Este drama. Então, se eu tivesse que realmente construir, faria uma casa bem funcional, com uma sala de visitas razoável, uma sala de jantar também razoável, ãh no mínimo três dormitórios, mas cada dormitório com seu banheiro e uma copa e cozinha só. Agora quanto vamos dizer assim a ornamentação mobiliária também deveria acompanhar essa mesma linha de simplicidade. Outra coisa que eu gostaria de ter, como eu tenho agora nesta casa, é um quintal relativamente amplo para que a gente pudesse ter o nosso jardim como nós temos, ãh pudesse acomodar Hoje também é um problema muito sério, problema de au ãh acomodação de automóvel. Eu e a Ruth ãh temos o nosso carro próprio. Os meninos também têm. De maneira que precisaria que acomodasse, no mínimo, cinco automóveis né eh. Essa seria uma preocupação também que nós teríamos na na casa. Não sei se me alonguei um pouco assim a respeito do problema, mas... Em síntese, era isso que eu poderia dizer aqui em torno da pergunta. SPEAKER 1: Eu fiquei curiosa com uma coisa, a geladeira depois ficou boa de vez ou não? (riso) Ah SPEAKER 0: Sim, a geladeira ficou ótima, muito boa. A ãh eu Nó nós citamos a Philips, porque nós somos mui muito ligados à Philips do Bras> SPEAKER 3: SPEAKER 0: É, mas nós não Olha, sabe que aco o que acontece? Nós nunca tivemos realmente preocupação com a com a o aspecto assim interno da nossa casa, porque os nossos filhos ãh são muito chegados à nossa casa, e nós sempre tivemos essa preocupação de tê-los sempre dentro de casa. E eles realmente eh gostam por demais. SPEAKER 3: Dentro de casa né? Acho que é importante eles se sentem bem dentro de casa. Então SPEAKER 0: Se nós come começ> <ássemos com aque com aquela história, não pode mexer nisso porque é criança, não pode porque está encerada a casa, não pode mexer naquilo porque pode quebrar. Quer dizer Nós iríamos com isso afastá-los da nossa casa. Eles não se sentiriam de forma alguma à vontade. E sempre, ainda dentro dessa mesma ideia que nós tivemos, nós procuramos, ãh durante desde os da infância das crianças, ãh dar a eles eh condições de eles ficarem dentro da casa com tudo aquilo que eles gostariam de brincar. Certo. Tiveram todos os brinquedos que eh as crianças têm, naturalmente, principalmente jogos infantis, na primeira idade, nas primeiras idades, na primeira fase assim, as meninas também sempre tiveram. E eles brincavam realmente, sempre brincaram com todos os brinquedos, tinham muito cuidado com os brinquedos, tanto é verdade que ãh o Antoninho tem até hoje, por exemplo, aquele aquele Poliopticon né, que está em perfeitas condições de de uso. E recentemente, quando nós fizemos aí uma limpeza de certas coisas, nós tiramos aí cerca de uns vinte ou trinta jogos né de caixa de jogos e demos até para os sobrinhos. SPEAKER 3: Eles eh usam, mas conservam. É SPEAKER 0: Eles gostam de brincar, realmente. Já quando começaram naquela fase da jovem guarda, então começaram a surgir ah os instrumentos, então nós compramos guitarra elétrica para o Antoninho, ãh para o Mário compramos a bateria hum. E eles, então, é pena que ou ontem até, eles transferiram aqui o estúdio deles, que era nesta sala, eles transferiram para a casa de um outro colega, que por sinal é engenheiro, inclusive da formado pela pela Politécnica e hoje trabalha no Instituto de Energia Atômica, é é a para onde eles transferiram eh o estúdio dele deles. Eles Ãh aqui nesta sala, se ru reúnem vinte, trinta rapazes e ficam sábado e domingo duas horas da tarde às vezes até sete, oito horas da noite, ainda agora. Apesar de todos já terem completado os seus cursos universitários, alguns vários deles já casados, inclusive, mas continuam como se fossem ainda jovens daqueles tempos da da.. Não, jovens daquele tempo da jovem guarda né. Mas é que eles se Nós sempre tivemos assim essa esse cuidado de de dar a eles ãh condições de eles permanecerem dentro de casa e à vontade à vontade, sem sem aquela preocupação de nós estarmos ãh observando se eles es eh poderiam ou não quebrar determinada coisa. Se quebrassem paciência, se tivessem condições de, ãh se estivesse a nossa altura a mandar consertar, consertávamos. E se eu não estivesse, eles aguardavam um bocadinho mais até que nós tinham tivéssemos condição eh mandar reparar o o eventual a eventual quebra dessa a do do aparelhamento. Mas nós nunca tivemos problema, não. Sempre eles ãh aprenderam bem, aprenderam certo, mexiam na televisão, mexiam na rádio vitrola, aliás, a rádio vitrola, aliás, tocador de disco, mais muito mais do que nós, eles é que entendem, eles é que escolhem. piano também, desde pequeno, sempre mexeram no piano, nunca tivemos qualquer preocupação nesse sentido, de restringir a liberdade deles dentro dessa casa. Por isso que eu acredito que eles ãh constituem para nós motivo de muito orgulho, de muito júbilo, e nós ãh nos sentimos bastante realizados no nosso na nossa tarefa. SPEAKER 1: A senhora que tem alguma coisa para completar? SPEAKER 3: Acho que ele já disse mais do que o suficiente né. Falando muito sobre os filhos, a casa. Ãh SPEAKER 1: Eu gostaria agora que vocês descrevessem a casa de vocês. Não sei se vocês disseram que acho que a casa uhum é funcional ou não. E caso vocês fossem construir outra casa, Qual seria o tipo de construção? Como seria a distribuição dessa casa? Gostaria que os dois dessem a sua opinião. Bom, SPEAKER 0: A nossa casa, vista de fora, dá a impressão de ser ãh um sobradinho. Mas, na verdade, ela é um é um pequeno castelinho ãh. () Se voc vocês entraram, é claro, por um portão largo, ãh ao lado de um muro um pouco alto, muro esse que nós construí construímos, porque aquele espaço que vai da entrada até a sala de visita, também aos domingos serve para nós ãh ficarmos um pouco ali, conversarmos, sem aquela preocupação de ãh que de que os os vizinhos ou as pessoas que passem pela rua ãh possam estar olhando, ou mesmo por causa de animais, às vezes cachorro, É uma proteção também contra a poeira, porque essa rua é muito poluída. Depois vocês encontram, ãh do lado esquerdo, um corredor que abriga dois automóveis, e às vezes três, quando o meu filho chega à noite, ele então deixa o portão aberto, mas o carro fica dentro. () Do lado direito é a sala de visitas. Em seguida, vocês têm um hall, hall de que serve de acesso a parte superior da casa e a parte inferior da casa. Depois ãh uma co uma sala de jantar ãh bem ampla, um banheiro social, uma cozinha relativamente ampla e ao lado da cozinha um pequeno  tanque para uso assim um tanque de terraço de serviço para uso mais rápido. Então nós temos que dividir agora duas fases da casa, a parte superior e a parte inferior. A casa, à primeira vista, parece eh que não é funcional, mas ela realmente é muito funcional, embora muito an bem antiga. Porque a parte de uso propriamente, de utilitária da casa, ela está no plano de igualdade com a rua. Sala de visita, sala de jantar, cozinha. Então, à noite, nós subimos, vamos para os nossos dormitórios. Três estão localizados na parte superior, com dois banheiros. Um dormitório eh é ocupado pelos pelos moços, e o outro pelas moças, pelas duas meninas. E o outro dormitório é o nosso. A>
    SPEAKER 0: () logo, ficou muito bonita. Ãh a grama na parte na  parte de cima. E no na parte ãh Do barranco, propriamente dita hum, ele plantou aquela grama chamada grama preta, aquela que dá em tufos. Mas ãh uma muda muito longe da outra, então aquilo custou aumentar e desenvolvia-se muito fracamente. Agora tivemos sorte de, há uns tempos atrás, conseguirmos um bom jardineiro. Então, esse veio, completou o jardim, replantou mais gramas. É. Você seguiu. E Trouxemos ãh trouxe mais muda (tosse) mudas de plantas. Nós também estivemos lá na Roselândia, compramos umas mudas de rosa, voltamos novamente lá, compramos outras mudas. E agora, então, está já com aspecto melhor de jardim mesmo né. Está mais bonitinho, já se vê área verde no quintal. Plantamos aquele hibiscus em volta do muro e. São plantas que crescem mais rapidamente e logo aparecem o verde né. As roseirinhas já estão dando rosas também. Então, agora já está com um aspecto mais bonitinho, mas bem longe ainda de chegar naquele antigo nosso quintal da outra casa, que era lindo o o jardim né. O nosso jardim () Agora, o Valdemar eh de São Vicente veio para São Paulo e sempre morou aqui em cidade grande. Pouco já pouco quintal via assim plantado Mas e eu, embora morando há muito tempo em São Paulo, a gente está mais ligada às coisas do interior, morei em fazenda, e por questão de costumes também. Meu pai gosta mais de de plantação, de jardinagem, e eu também sempre gostei de lidar com jardim, de cuidar de minhas plantinhas, dos meus vasos. Então, eu e apesar de não entender muito de jardinagem, eu entendo um pouquinho mais que ele. Por isso que ele diz que eu, que que deveria falar sobre jardim, porque eu entendo melhor. Mas, na realidade, não entendo muito, mas gosto demais de plantas, gosto de folhagens, de plantas viçosas, de trepadeiras, ãh e que dê flo flores coloridas também né, como a roseira, a petúnia, enfim, que a gente possa ver o verde entremeado de colorido. É bem agradável aos olhos né. Gosto bem do nosso jardinzinho aí. Está ficando bonitinho. Com o tempo, ele vai ficar. Bom, () SPEAKER 0: A afinidade também da Ruth com a terra é é uma questão até remonta às origens uh. Não só ela explicou que nasceu na fazenda e sempre ligada ao problema da terra, mas ela tem um irmão que é engenheiro agrônomo também, eh tem uma fazenda também, e gosta muito desse problema ãh. Tem um sobrinho que também está estudando agronomia. A a cunhada que é também engenheira agrônoma, também conhece muito bem o o problema, e ela é sobrinha. do ex-diretor da Escola Agrícola de Piracicaba, que foi, inclusive, ministro da Agricultura do Brasil no governo Castelo Branco, doutor Hugo de Almeida Leme, não sei se vocês já ouviram falar. Então, há uma questão, realmente, assim de de de tradição. Eu acredito que, na verdade, a Ruth, não sei se tivesse tido oportunidade naquela naquela fase de estudos, talvez fosse engenheira agrônoma, Ela ela entende realmente de plantas, ela conhece o nome de todas as plantas, sabe como ãh tirar a muda e tem mão para isso, porque a planta é a planta planta pega realmente quando ela ela ela semeia. Mas eu dizia ãh da do do jardineiro, porque conseguimos um bom jardineiro. Eu tenho um amigo de infância, que foi meu colega no no ginásio, que é engenheiro agrônomo também, é diretor no Horto Florestal, e ocupou durante um certo tempo, aliás, ele que cuida do do jardim do Palácio Bandeirantes. E vocês já viram que beleza que é aquele gramado, não é? Mas esse moço, ele... Ele foi o ãh diretor de partes e jardins da prefeitura e durante um período relativamente pequeno, porque ele não quis ficar lá. E ele cuida também do nosso jardim no Tribunal de Contas. Nós temos um jardim muito bonito lá também e. E encontrei-me um dia com o Moisés e disse a ele que gostaria muito de ter ãh árvores na minha rua. E qual não foi a minha surpresa, dois dias após, e foi até objeto de comentário pela vizinhança de que nós éramos ãh privilegiados, quando chegou um caminhão da prefeitura com duas árvores já formadas e plantou na no na frente da nossa casa, as duas árvores. Então ficou a nossa rua ãh só com as duas árvores, de do lado do lado de cá, porque do lado de lá ainda tem algumas árvores, mas do lado de cá só as duas árvores de fronte à nossa casa. E conversando com o encarregado do do ser do servido do serviço, ele disse que também fazia serviços ãh externos nas horas vagas, nos sábados e domingos. E eu notei que realmente ele, ãh conversando com ele, notei que ele ãh tinha assim uma preocupação de plantar bem, porque ele orientava muito bem o pessoal que estava fazendo o serviço. Eu disse a ele que estava com um pequeno jardinzinho, a informação, e se ele quisesse vir ãh concluir o trabalho, eu nós gostaríamos bastante. E realmente ele veio, e e vem agora periodicamente, né? Ãh Vem, cuida direitinho dessa parte de de tirar matos, et cetera, embora, embora, de vez em quando, quando ele se demora um pouco para vir, a gente Vai ficar com a espinha doendo lá embaixo, arrancar mato (riso () Após uh uma ãh uma chuva né. É, que molha né. E... Mas, em síntese, eu acho que sobre o assunto jardim, nós falamos bastante né. Vocês vão notar que há uma preocupação realmente assim quase que Eu já não diria hobby, que eu disse de inicialmente quando você perguntou se eu tinha algum hobby. Não, eu realmente não tenho. Hobby é um negócio que a gente precisa ter tempo para o hobby. Nós não temos tempo para o hobby ãh. As nossas preocupações são muito grandes em relação ao problema de filhos e manter em em nível assim elevado uh o estudo deles, quer dizer, dando-lhes dando-lhes toda a assistência que que eles necessi> não só na parte, ãh principalmente na parte material, quer dizer, todo todos os livros escolares que eles precisam e livros técnicos de universidades que você sabe que são caríssimos. Mas, felizmente, eles sempre te puderam comprar os livros que eles necessitam para ãh os cursos que estão frequentando. Você pode ver aí do lado, na entrada você tem uma prancheta. Essa prancheta é de uso da minha filha. Ela faz os trabalhos de decoração, todos na prancheta. Nós compramos a prancheta para ela, ela tem nece tinha necessidade, a prancheta está aí para ela usar. Mas nós sempre, voltando ainda o problema do jardim, nós sempre moramos ãh assim em casa ãh com relativo conforto, felizmente. Tanto eu como a Ruth, antes de nos casarmos, Embora as nossas casas não fossem, enfim, suntuosas, mas tinham o conforto necessário ãh que. Vamos dizer assim, quase que o nece o abso o absolutamente necessário. Quando nos casamos também, nós continuamos nesse mesmo padrão. E isto, inclusive, se acresceu quando nós fomos morar na penitenciária. Eu  vou explicar. Nós ãh (riso) nós fomos morar na penitenciária, porque eu fui diretor da penitenciária. (riso) Ah bom (riso) Então, por força de uma imposição legal, ãh o diretor do presídio é obrigado a morar dentro da área do presídio. Área do presídio. SPEAKER 3: Sabe que às vezes às às vezes, a gente diz... Onde morou? Quando alguém pergunta né então. Quando a gente diz, não porque eu estive uns tempos morando na penitenciária, a pessoa sempre se assusta. Morou no ()? Não, moramos fora da do da do presídio em si, no parque da penitenciária né. Era obrigado morar ali, o diretor. Mas é in interessante a gente ver a reação das pessoas quando a gente dizia né, não, eu moro na penitenciária, ou eu morei na penitenciá> SPEAKER 1: SPEAKER 3: Ah se assusta um pouco, então é bom que se explique né. Moramos no parque da penitenciária, não é na... Engra> SPEAKER 0: <çado que, inclusive, às vezes, em compras que nós íamos fazer, pedisse que entregassem, nós dávamos o número né a Avenida General Ataliba Leonel meia cinco meia. Então o cidadão chegava, encontrava Penitenciária do Estado meia cinco meia. Será que será que ele deu ele deu o endereço certo? Mas aí... A empresa não sabe fazer compra? É. Não, mas aí era fácil porque ele chegava na portaria e já dava o nome né. Então já indicava onde era a minha casa. Mas a penitenciária está situada aqui na Zona Norte. Ela foi construída em mil novecentos e vinte e quatro, mais ou menos, pelo menos o término da construção, em mil novecentos e vinte e quatro, e ela foi construída numa área de treze alqueires, mais ou menos. Hoje está reduzida talvez a uns nove alqueires, uma vez que parte foi ocupada pela prefeitura por necessidade de alargamento de vias, de acesso, então a penitenciária ãh tem nove alqueires. Mas ah a constru a construção propriamente dita, a câmera relaxa o músculo e mexe um pouco assim, (riso) mas a construção propriamente dita, ela ocupa uma área de pouco mais de um alqueire e meio. Então sobra aí uns sete alqueires de de trabalho agrícola, de área essa destinado ao trabalho agrícola do sentenciado. Então ele planta ãh verduras, couve, alface, pimenta, pimenta em profusão, milho. É, no momento estão ah ah ah abandonaram um pouco esse trabalho. Mas a nossa casa, estando situada dentro desta área agrícola, é claro que nós tínhamos assim à nossa disposição um parque invejável né. E, como diz um amigo nosso, Puxa saco, e formiga dá em toda parte. (riso) Lá na penitenciária também havia os dois, principa principalmente formiga. Mas tinham, então, presos que queriam ser mais agradáveis, sabendo que a Ruth () de plantas. Né? Eles cuidavam, assim, com mais capricho, com mais carinho do do nosso jardim. SPEAKER 3: Aliás, diga-se de passagem, cuidavam muito mal, porque eu tinha levado para lá, quando nós mudamos, umas mudas muito boni bonitas de estrelizia, não sei se você aquela flor que se assemelha a um passarinho, hum sabe? E dá em () bem grande, né? E, numa das vezes que eles foram fazer limpeza no quintal, tirar os matos, fazer poda, ah a minha estrelizia foi junto, porque eles, quer dizer que não distinguiam propriamente o capim da (riso) folhagem, SPEAKER 0:  né? Mas isso se deve ãh ao fato de que pequena margem de sentenciados que estão na penitenciária, são oriundos do interior do estado. A maioria, a sua grande maioria, são das dos grandes centros. E aqueles poucos que vêm do interior do estado, quando eu falo interior, eu falo interior do estado e e Brasil. Aqueles poucos que vêm de outras cidades, ela eles não são também oriundos, vamos dizer assim, do campo quer dizer. Desconhecem e vivendo sempre na na vida assim de marginalidade. Então, eles não têm realmente conhecimento algum. Por outro lado, os técnicos encarregados de dar a eles aquela assistência necessária também não têm condições. Aliás, um um parêntese aqui, um dos grandes problemas penitenciários é a falta de pessoal técnico especializado na recuperação do delinquente. SPEAKER 1: Nós vamos passar para outra área, vida social, diversões. Então, eu gostaria que vocês falassem o que vocês gostam mais de fazer, onde é que vocês costumam se divertir, ou mesmo da vida social dos seus filhos. Eu gostaria que vocês conversassem nessa área. Bom, ah SPEAKER 3: A vida social, acho que de maior desenvoltura aqui é dos meninos né,  das dos filhos. Eles que são mais vamos dizer, que mais assistem programas de de teatro, estão bem atualizados com com os programas de cinema. Isso eles ãh Nós ãh pouco vamos ao cinema e a teatro, a não ser quando eles eh insistem, olha, tem um filme ótimo que está passando, vale a pena, é do tipo que... E geralmente não é do nosso gênero. Mas é daqueles filmes que vocês vão gostar. Então, aí às vezes, nos arriscamos a ir ao cinema. Teatro, mais dificilmente. SPEAKER 0: A nossa vida... Nós fomos assistir esse essa essa peça uh que está na lá no Teatro Augusta, como é o nome? Eh... Não me recordo o nome. No Augusta? É, no Augusta né. É, no Teatro Augusta. (). Não. Não, depois () anatomia. É.  SPEAKER 3: () Aliás, foi ótima a peça, muito bonita. Mas ãh a no a nossa parte social se restringe mais a Lion, Nós ãh somos ãh aliás o leão é ele. (riso) Eu sou domadora né ele. Nós pertencemos ao Lions aqui no Tucuruvi, e e a nossa parte social é mais com re com relação a reuniões com os companheiros de Lions, não só jantares, mas também promoções de Lions né eh. Nós construímos aqui... Ah no aliás, a pro a principal promoção nossa é em função de uma creche que construímos aqui em Tucuruvi, Então, é estamos terminando a construção né. A nossa função social é mais com relação então a Lions, eh na na na no interesse de se fazer uma promoção ou através de um bazar, de shows, e essas reuniões de amigos com relação ainda a Lions. Quer dizer que a nossa parte fu ãh funcional em soci em se tratando de social É mais ãh entre amigos. Visitas, encontros, jantares, passeios. Nós vamos às às vezes ao interior. () né?  É. Baile, mas assim também com relação ainda a pessoas amigas com quem a gente vai jantar junto né. E mais assim família também, reuniões de família quer dizer. Não é uma uma vida social assim muito ampla. viagens que nós gostamos de fazer, fins de semana, quando pu assim que que a gente possa sair em final em fins de semana, finalzinho de semana, podendo, a gente sai. Mas não temos uma vida social intensa, assim, nossa. Vidinha é essa de cinema, não muito, teatro também não, uma vez ou outra, e é mais reuniões de de amigos. Bom, a SPEAKER 0: A Ruth já falou bem. A parte de atualização de teatro, cinema e música ãh está diretamente ligada, talvez, à à própria existência dos nossos filhos. Todos eles são ardorosos fãs estudiosos da música. Meu filho médico, por exemplo, vou iniciar por ele, por ser o mais velho. Ele toca vários instrumentos, piano, guitarra, violão, canta. e recentemente gravou um long play junto com o Tom Zé. E Eu chamo o long play, vou fazer uma pequena propaganda, chama-se Ensinando Samba. É Foi fez um fez uma gravação também recentemente na na na Rádio Tupi, aliás no na no canal quatro, no programa da Eliseth Cardoso, se apresentou com o grupo dele, fez também uma entrevista na Rádio América, Sempre na faculdade, os shows da da faculdade. SPEAKER 3: Tem um conjunto regional lá na faculdade de Sorocaba. Eles Quando estudava lá, e mesmo agora terminado o curso, ele continua fazendo a participar desse conjunto regional regional deles lá, sabe? E... Bom, agora vai ter o hum a festa dos cinquentenários da faculdade. Então, na semana passada, ele já... Cinquentenário? Da cidade, né? SPEAKER 0: () vinte e cinco a> SPEAKER 3: Entendi que era cinquentenário. Então, é um engano meu. Mas eh eles estão preparando, então, festejos lá em Sorocaba para essa finalidade e. E ah tanto que, semana passada, ainda um colega dele telefonou convocando para uma reunião lá de de ensaio lá do conjunto regional deles lá. Tocam muito bem, sabe gostoso de ouvi-los. É. SPEAKER 0: É uma mãe coruja, claro. Não, é gostoso mesmo Não, mas, realmente, ele tem muita sensibilidade artística. Ele é mágico também. Sempre no dia da criança, quando estudante, ele levava a minha beca e usa usava a minha beca para apresentação dos seus números de magia. Era () Ele fazia um turbante. SPEAKER 3: Né? Ele vestia a beca preta do Valdemar hum. Arrumava um turbante branco meu lá da gaveta, que() achava nos guardados, e isso já imaginou a figura né, aquela beca preta, longa, comprida, é de cavanha> e de turbante branco hum. Mas, com isso, ele fazia os shows de magia lá para a criançada. Eles fazem todos os anos lá em Sorocaba, no Hospital, no dia por ocasião da Semana da Criança. Eles fazem um promovem um showzinho para agradar para para agradar a criançada, divertir. Né? E então, ele faz os números de mágica. Ah ele Diverte a criançada, eu adoro. Mas a figura dele ficar fica gozadíssima. SPEAKER 0: Há há algum tempo atrás eh ele Costumava nós ãh nossa família é muito grande, a família da Ruth principalmente, eh são sete irmãos, sendo que o mais velho tem onze filhos. Então, são atualmente trinta e dois primos, né? Olha! Não, meu pai tem, é são trin> SPEAKER 3: Meu pai tem trinta e dois netos. SPEAKER 0: Porque o seguinte, o meu meu filho tem trinta e um primos né, porque ele se inclui trinta e dois. Então, ele reu reunia ah os primos todos, criançadinha aí, e fazia os números de magia para a criançada sabe e. Inclusive, ainda voltando àquela primeira exposição, que nós dissemos que nós dávamos todas as condições para as nossas crianças, para eles, dentro das possibilidades, é claro. Nós compramos durante muitos anos que ele esteve ligado à à magia. Ao clube de. É. () Ao clube, é, ele é sócio, é, e tem o nome profissional, inclusive, é Kamasaki. (riso) E o Clube dos Mágicos é um negócio muito sério, sabe, tem um sigilo profissional, uma coisa extraordinária sabe. Eles respeitam muito o código de ética dos mágicos, tanto que ele consegue até hoje, guardado todos o todo o aparelhamento de magia, as sete chaves né, não permite o acesso a ninguém. Ninguém mexe na nas  coisas de magia dele. SPEAKER 3: Quem assiste a mágica é (). É, a primeira coisa a querer descobrir, como é que é feita? Ah, eu essa mágica assim eu já conheço, aí faz-se assim, assim, não é? Entã> de tratamento que existe entre pais e filhos e entre os filho, os próprios filhos. Mas eu gostaria que vocês fossem um pouco mais explícitos, contando para a gente qual é o tipo de tratamento entre vocês, ãh tipo de diálogo com os filhos, entre a senhora e o doutor ra Valdemar, ãh entre os dois, entre os filhos e entre os filhos em si mesmo? Bom, SPEAKER 0:  com relação aos filhos, nós temos um relacionamento muito bom. Aliás, os meus filhos são, com relação a mim, inclusive, até um pouco respeitoso demais. Não sei se em razão do tempo que eu permaneci na penitenciária, cerca de doze anos como diretor né. () (riso) Eu Não ãh não não foi bem um medo. Foi que eu tive um relaciomen relacionamento humano que exigia, va vamos dizer assim, uma severidade muito grande. Uma severidade dentro dos do dos limites normais, é claro. Mas o o sentenciado é uma figura muito peculiar. Ele realmente necessita ainda de uma de um conhecimento mais profundo. O sentenciado até agora vem sendo estudado e decantado na na sua pessoa através de estudiosos do problema, mas estudiosos que geralmente vêm conhecer o presídio assim nas suas horas vagas. Então, anuncia a sua visita, E nesse dia, então, o presídio todo se movimenta para manter tudo limpo, tudo em ordem e dar um aspecto ãh falso da realidade do sistema penal. E... E com base nesse nesses nesse conhecimento assim muito superficial, ele então escreve tratados gigantescos, volumosos, mas na verdade não representam não espelham, da realidade dos fatos. A vida dentro do presídio é uma coisa super interessante, emocionante uh. Eu vibrei muito com o com o problema penitenciário, eu vibro até hoje, embora afastado, numa outra atividade quase que completamente estranha, mas... Mas não completamente desligado, né? É, não Totalmente desligado, quer dizer. Acompanho de perto... É, acompanho de perto toda a evolução do do dos estudos que se traçam em torno desse problema, Mas eu dizia que o pe uh uh uh o homem que delinquiu, que habita um cárcere, ele tem uma personalidade muito introvertida, uma personalidade muito difícil de a gente conseguir chegar a conhecer de com tu em todo uh o se a sua ampli em toda a sua amplitude. Ele guarda essa interioridade por várias razões. principalmente quando ele delinquiu por razões de ordem social. Desde pequeno, nasce na favela, nem sempre conhece, conheceu o pai, a mãe conhece até um certo ponto. Então, ele sofre, assim, um processo de de modificação na sua na sua personalidade desde a primeiro dos primeiros tempos. E ele se liga Via de regra o o mesmo tipo, o semelhante dele é o mesmo tipo. Então eles formam assim uma verdadeira, eu não vou usar a expressão quadrilha porque até então não se pode falar em quadrilha, mas formam um grupo social próprio. E esse grupo social se volta sempre contra a sociedade. E ao longo do tempo, até ele chegar à idade adulta, ele se mantém sempre nesta oposição à sociedade e principalmente contra a so a repressão da sociedade que representada pela polícia, que por sua vez também ãh exerce uma pressão ãh além, às vezes, do do do do limite, ãh com ações assim de violência. Então, esse homem, ele quando vai para o presídio, ele encara o dirigente penitenciário, o guarda de presídio, o mestre, Enfim, todos os funcionários como a oposição dele. Então é muito difícil a gente conseguir chegar realmente ao ao à sua à sua verdadeira personalidade. Por mais que se pesquise, se procure através de contatos psicológicos e psiquiátricos e, enfim, toda aquela gama de estudos que se faz da pessoa é difícil. Mas uma coisa eh eh é muito importante dentro do presídio, é que ele realmente tenha demonstrações evidentes ãh de firmeza. Então, aí se abre ãh para ele uma pequena dose de confiança. Por exemplo, um preso se dizer a ele, eu vou trazer () uma barra de chocolate, é a mesma coisa que se prometer a uma criança uma barra de chocolate e não trazer. Ele tem aquela mesma decepção. Então, se ele necessita de um determinado recurso processual e o dirigente diz, não, eu vou providenciar, ele tem que providenciar realmente, porque se ele não providenciar, não tomar aquela ah ou o sentenciado não confia, que já não confiava, então ele já não, ele fecha esta única porta de saída assim para uma eventual abertura. E isso, eu quando eu falei em em firmeza, quer dizer, eu me referi exatamente a isso, então a gente tem que não pode ter atitudes dúbias dentro de um de um presídio, tem que ah serem ah serem atitudes, ainda que erradas, mas sempre coerentes, sempre, por exemplo, aplicando-se uma pena para um sentenciado, uma existe um regulamento interno, poder pode-se a o diretor do presídio pode aplicar uma pena interna, uma segregação de trinta dias, quarenta dias, sem poder sair da cela quer dizer. Ele cumpre, tem que cumprir rigorosamente os quarenta dias. Ainda que o governador venha e diga, não, tire da cela, não, não pode sair. O próprio juiz corregedor às vezes poderia vir pedir, não, não adianta, ele vai cumprir os quar> Essa firmeza, ãh vamos dizer assim, de de castigo também deve ter a igualdade também nas concessões, quer dizer, nas concessões legais. E tratando, como eu tratei durante muitos anos com esse tipo de de de de pessoa, é claro que ah havia reflexo na minha própria pessoa em relação ao tratamento familiar. E talvez daí ãh uma, inclusive por falta de tempo realmente, porque o trabalho no presídio era assim, começava às sete horas da manhã e ia às vezes ia até dez, onze horas da noite, meia-noite, e às vezes ah passava a madrugada toda. Então havia um afastamento, assim, da naquela fase que eles estavam, ãh assim, num crescimento mais acelerado, os meus filhos. E por sua por por por, em virtude desse reflexo, é claro, ãh talvez eu não tivesse tido oportunidade de ter algum contato maior com as crianças, assim, para saber mais, pormenorizadamente, dos seus problemas. Daí, porque eles ãh eram, assim, mais ligados à à Ruth e e tinham oportunidade de conversar mais com a Ruth sobre todos os problemas ãh que eles que que surgiam à frente deles. E e também, ainda em reflexo deste desta atividade, ãh talvez eu não tivesse muito o que conversar com a Ruth naquela época, porque ela também não havia ainda concluído o seu curso de Direito e talvez nem estivesse ainda dentro das cogitações dela estudar. E mesmo porque imaginava que às vezes poderia ser, vamos dizer assim, é cansativa, cansativo um diálogo a respeito do que se passava dentro do presídio eh. É um assunto que, para quem não está afeito a ele, ele se torna, ãh vamos dizer, entedioso, ele não não não apresenta assim as aspectos interessantes. Salvo, claro, aquelas perguntas ãh famigeradas de estudantes de direito que chegavam dentro do presídio né, que aquelas perguntas clássicas que a gente ficava aguardando a hora exata de se serem feitas. Ah, mas o problema sexual, ãh essa é inevitável. Estudante de direito, chegou, na a gente faz aquela exposição para eles, ah funciona assim e tal, a pena é é () eh eh é cumprir desta forma e tal, aí levanta-se e diz assim. Mas o problema sexual, quer dizer, isso é inevitável, né vem a pergunta. Desse tipo, outras também, ne nessa mesma espécie. Mas, então, não havia realmente, entre nós, assim, muito muito tempo para dialogar, quer dizer, eu chegava cansado, jantava, tomava meu banho, ia dormir, e às vezes eu tinha que levantar de madrugada e ir para o presídio, uma ocorrência qualquer, um preso tentou suicídio, teve um um problema, um surto psicótico qualquer, Eu tinha que correr lá, porque o diretor do presídio é que tem que estar à frente de tudo. Embora, às vezes, sejam problemas até de ordem médica, mas ele tem que estar presente, é o responsável. Maneira que Grande parte assim da nossa da nossa vida ãh foi sem muito muito diálogo, assim, por falta de assunto. Porque o meu assunto era presídio, né? Presídio, presídio, presídio. Mas depois que nós conseguimos deixar a direção do presídio, e, graças a Deus, conseguimos a nosso alvará de soltura, e nos foi concedida a liberdade condicional, nós saímos de lá, viemos morar fora, aqui no bairro, e aí nós ãh resetamos novamente aquela fase do diálogo. E parece que ela vai muito bem, graças a Deus né. E conversamos sobre os problemas gerais, ainda recentemente nós estávamos assim, ah uh um no nosso jantar, nós estávamos ãh com um problema meio sério relacionado ainda com a nossa empregada, que é, coitada, uma in uma senhora muito infeliz, problemas de de família também muito sérios, mas que estava assim, na avançando além dos limites permitidos, quer dizer, fazendo compras não não não para casa, mas para casa dela, e é é o chamado furto É o chamado até furto famélico né, não punível pela lei penal, mas ela estava indo além dos limites. Então, os filhos tiveram oportunidade de falar longamente a esse respeito das observações que eles faziam e que nem sempre eles abordavam, porque a Ruth eh é mais sensível assim a ao problema da empregada e ela muito penalizada. Então, talvez ela tivesse visto realmente o problema, mas não queria, assim, tomar providência nenhuma. Mas como houve um certo exagero, então, eles não não se contiveram e abordaram o problema e foi um diálogo que foi até até tarde e. Inclusive,