Inquérito SP_D2_342

SPEAKER 0: : começou a estudar, o senhor ainda era era criança, o senhor tinha, assim, alguma ideia do que o senhor iria fazer? Tinha, assim, vontade de fazer alguma coisa que alguém que o senhor tivesse simpatia, se o senhor gostaria de seguir a mesma carreira que ele ou surgiu tudo, assim, de uma maneira bem natural?

SPEAKER 1: : Não, eu nunca tive, assim, uma uma tendência. O que eu gostava muito quando era criança e meu grande sonho, talvez o sonho de todas as crianças, era de seguir a carreira artística. Eu gostava muito de programas de rádio. Naquela época, o rádio predominava, não havia televisão. Então, eu gostava muito de imitar os locutores, principalmente os locutores esportivos. E eu sentia que eu tinha uma vocação para isso, mas nunca consegui seguir essa carreira. Na verdade, o que eu sou hoje foi em decorrência de uma série de acontecimentos que me trouxeram a esta posição. Mas não houve planejamento algum. E você, ()

SPEAKER 2: : Eu realmente seguia a carreira de contador por falta de condição de seguir outras. Ãh... Desde pequeno () dificuldade de meu pai manter a nossa casa, eu não tinha condição de prosseguir o estudo sem trabalhar. E o única única profissão que poderia, o único curso que poderia fazer sem () continuando a trabalhar () trabalhando era o curso contador, que era feito durante a noite. Foi o único motivo de () sair fora, () talvez da minha aptidão, que seria outro campo, talvez engenharia, porque eu tinha () muita facilidade de cálculos e da parte matemática. Mas essa matemática você deve usar, aplicada a essa... Não () contabilidade é um campo assim () Não seria aquilo que eu que eu queria ser, né? Não é aquilo que eu desejava ser. Era o único curso que () podia poderia fazer à noite, assim numas horas durante a noite, que não () permitisse o trabalho né?

SPEAKER 1: : Agora, você acha que no campo da contabilidade você se realizou?

SPEAKER 2: : Ah, sim, () Com muito esforço, quer dizer com muita esforço pessoal, consegui () talvez, um um grau bastante elevado.

SPEAKER 1: : Aliás, comigo aconteceu um fenômeno interessante. Eu Eu inverti as posições. O normal é é é o cidadão atingir uma certa escolaridade e depois se encaminhar na vida profissional. Eu fiz o contrário. Eu primeiro me encaminhei na vida profissional e depois é que eu fui fazer a complementação escolar. E, de um certo modo, eu não estou arrependido. Porque quando eu fui para os bancos da da faculdade, eu já levei uma experiência muito válida. E isto fez com que eu fosse um estudante um pouco diferente dos demais. Porque eu via no no professor, não alguém que me transmitisse novidades, mas alguém que me oferecia melhores condições, ou reafirmamento daquilo que eu já sabia. Quer dizer, para mim a faculdade não foi uma... um um lugar onde eu fui descobrir novidades, foi um lugar onde eu fui aperfeiçoar aquilo que eu já sabia. Principalmente porque eu fui fazer a faculdade de Direito, depois de já militar muito tempo no funcionalismo, eh desenvolvendo atividades ligadas ao direito administrativo. Foi uma experiência bem diferente dos demais.

SPEAKER 0: : Tenho a impressão que quando o senhor fez o curso assim, já trabalhava com a coisa o senhor, inclusive, poderia até sugerir coisas durante a aula? É, aliás

SPEAKER 1: : A a matéria que eu tive maior dificuldade para aprovação foi exatamente Direito Administrativo, porque eu eu me colocava numa posição assim de querer contradizer o professor em vários aspectos. O aluno, geralmente, deve seguir a opinião do professor. E eu, em Direito Administrativo, eu eu queria ter a minha própria personalidade. porque eu já conhecia o assunto. Então, eu fui um mau aluno.

SPEAKER 2: : Olha, esse fato aí, () outro dia com o meu filho, ele mostrou um livro, e viu lá um a um assunto que ele disse que o professor tinha dito uma coisa exatamente o contrário. ### Falei, bom, a única coisa que você tem que fazer na escola é seguir o que o professor diz. ### procurando () contradizer o professor. Quem () manda na aula é o professor. () Fora da aula, você pode discutir com ele, quer dizer como um amigo, mas dentro da aula, quem manda é ele. Dentro da classe, ele é a autoridade maior.

SPEAKER 1: : É, exatamente. () Mas, então, foi essa foi essa uma experiência eh que que eu tive. Eu acho que, é claro que eu não vou aconselhar que todos façam a mesma coisa. Seria uma inversã mas eu não não reprovo aqueles que assim procedem, quer dizer, aqueles que resolvam estudar posteriormente, porque é é muito válido. A faculdade aí vai ter uma outra finalidade, talvez com um aproveitamento até muito maior para o estudante, porque naquela faixa etária () vinte anos, o estudante talvez não assimile tudo aquilo que realmente deveria assimilar numa faculdade, porque ele não tem ainda a maturidade necessária. Agora, um um aluno que já leva para a faculdade uma bagagem muito grande de conhecimento, ele vai aproveitar o curso muito mais, ele vai ele vai descobrir no curso coisas muito mais importantes que um aluno na idade normal, às vezes, não consegue descobrir.

SPEAKER 0: : Já viu. Ele pode pesquisar adiante, não só aprender. Eles

SPEAKER 1: : Já traz dentro de si uma série de exemplo que às vezes o profe () no momento, num num num num num encontra condições de apresentar, de propor, não é? Um exemplo prático e que o aluno já traz dentro de si, né? Realmente, Foi uma experiência muito boa e e eu não não me arrependo não de ter feito esse curso já com uma certa idade.

SPEAKER 0: : O seu filho () já está passando por fases de escolher, ter noção do que ele quer? Ah ele já é

SPEAKER 2: : Ele está empolgado agora com astronomia. Ele () () várias vezes lá no no Parque Ibirapuera, no Planetário. Então, ele diz agora () vai ser astrólogo. () Astronomia... () entusiasmado () () Inclusive na escola, quando ele foi fazer uma redação do que ele pretendia ser, ele só escreveu sobre () ### Menos um campo novo, né? () eu tenho a impressão que ele está com a idade ainda muito... Ainda ele não está em condições () () primeiro () não lembro, seria a quinta série, né? Seria o antigo () primeiro () Na quinta série eu acho que ainda não tem condição de escolher aquilo que ele pretende realmente ser. Apesar que ele tem () mais ou menos a mesma tipo que eu, ele gosta muito da matemática, ele vai muito bem a parte da matemática.()

SPEAKER 0: : () vai ajudar muito ele a usar a matemática, não? Não, assim () seria...

SPEAKER 2: : () parte de engenharia, que se dedica mais à astronomia, né? ###

SPEAKER 1: : É uma especialização

SPEAKER 2: : ### () engenharia nuclear... Ele vai esquivar bem, porque a parte de matemática ele () muito bem.

SPEAKER 0: : Ele já passou por outras fases, assim, de querer ser alguma coisa?

SPEAKER 2: : ### Não, nunca teve. Nunca teve.

SPEAKER 1: : Agora ### As minhas filhas, bom, uma delas é jornalista, já. formada, está vivendo a as primeiras experiências da profissão, assinando artigos. Então, cada vez que que sai o nome dela no jornal, a família se encarrega de de esgotar todas as edições, né? Do Diário Popular. E a mais nova ingressou este ano, através de vestibular, na Faculdade de Direito Mackenzie. Está fazen () cursando o primeiro ano. Mas, voltando a ao início da nossa conversa, Eu tenho a impressão que, se eu tivesse sido conduzido àquilo que realmente eu gostava, eu tenho a impressão que eu teria vencido com maior facilidade na vida artística. Eu não sei por quê, eu tenho dentro de mim algo que me diz que, se eu tivesse me encaminhado para a vida artística, eu poderia fazer sucesso. () Talvez uma coisa... Talvez não desse cer () né? Porque nem sempre... ### Quando eu era garoto, no meu tempo de ginásio, de colégio, eu eu gostava de representações. Eu estudava na Caetano de Campos. Estudei na Caetano de Campos o curso primário, o curso ginasial e o curso colegial. E e lá nós fazíamos festas, representações () Eu estava em todas. Era o locutor, o apresentador. () Fazíamos peças de teatro. Eu era um dos dos atores. E e, levado por alguns amigos também, eu eu cheguei a fazer testes em estações de rádio () Fui aprovado até. () Em casa não tinha ambiente. Né? Os meus pais não... não concordavam com isso, e eu acabei desistindo. Mas eu acho que se eu tivesse prosseguido, como alguns companheiros daquela época, que hoje tem nome no no rádio e na televisão, eu tenho a impressão que eu teria vencido. Quer dizer, seria um sucesso naquilo que eu gostava. Porque hoje eu me sinto realizado na minha profissão, mas... não foi de acordo com o meu eu. Eu fui levado por circunstâncias, não é? () aquela tendência natural, né? Mas a tendência natural seria mesmo a vida artística. Mas não deu certo.

SPEAKER 2: : Mas eu tenho a impressão que, atualmente, pouca gente consegue seguir aquilo que deseja, né? Ou aquilo que tem tendência. Que você veja () hoje () exame de faculdade. Aluno () exame em várias faculdades. Faculdade de Direito, Faculdade de Engenharia, () Odontologia, Medicina. Aquela que ele () ele segue. Quer dizer, () depois ninguém para na metade para voltar.

SPEAKER 1: : Por exemplo, a locução. Uma das coisas mais difícil é o locutor esportivo. Você sabe que eu era garoto? Eu eu eu eu me trancava no quarto com os amigos, nós ficávamos irradiando o futebol, simulando, né, inventando, a gente ficava o tempo todo na duração de um jogo, nós ficávamos irradiando e comentando, a gente fazia reportagens como se fossem au eh como se fossem autênticas, não é? Com microfone, ou aquele repórter de campo dando informações, et cetera. E esses programa, essas apresentações, assim, tipo de Silvio Santos, de auditório () nós fazemos aquilo, eu achava uma coisa formidável. E até hoje, até hoje quando eu vejo () um programa de televisão, um um locutor esportivo, irradiando futebol, ou comentando, eu acho que faria aquilo com tanta facili Talvez, talvez, se se fosse fazer, não teria não obteria sucesso, né? Porque eu nunca tentei, nunca cheguei a fazer. Mas é, o que eu sinto dentro de mim é que eu faria aquilo brincando. Eu seria um Fiore Gigliotti, um Geraldo José de Almeida, () com a maior facilidade. Eu sinto que aquilo para mim seria uma brincadeira, um Silvio Santos. Agora, isso é pretensão, né? Pretensão, porque eu nunca cheguei a fazer. Talvez, se fosse fazer, viesse a se a me constituir num num fracasso total.

SPEAKER 0: : () Porque toda profissão, ao ao lado () dentro dela, existe uma série de entraves para ela, né? Estando funcionando () () ou não. É.

SPEAKER 1: : a assim a distância a gente acha tudo muito bonito, né? Agora, no momento em que você vai enfrentar a a profissão, então começam os seus espinhos e aí talvez a desilusão, né? Então talvez eu eu ficasse pelo meio do caminho

SPEAKER 0: : () que envolvem a produção, né? É, a gente ()

SPEAKER 1: :  É é como você vai passear, assim, no campo () Você vê aquela... aquele verde, aquela sombra, né? Você fala () que gostoso! Tirar uma soneca ali, deitar quinze minutos meia hora Vai... você vai tentar fazer isso, você vai ver quantos aborrecimentos, né? É mosquito, é é bicho, é não sei mais o quê. Né? À distância a coisa parece muito bonita.

SPEAKER 0: : Fora essa brincadeira de ser locutor assim, vocês dois nunca tiveram assim brincadeira simulando profissões? Fora essa sua de ser locutor Simular outro tipo de profissão aí? Brincar de faz de conta?

SPEAKER 2: : Eu gostava de automóvel. ### Todo garoto gosta de automóvel. ()

SPEAKER 1: : lembro de um humorista um humorista da minha época, o Zé Fidelis, que hoje nem hoje nem sei se se ainda trabalha, mas ele dizia que o grande sonho dele quando criança era ser () E quase deu certo, porque ele acabou sendo () Mas eu gostava também muito de de automóvel, né? Porque o automóvel naquela época era uma era objeto de rico. Você veja, meu pai, por exemplo, era um homem que tinha uma profissão liberal, era advogado, professor () () Ele não tinha automóvel, ele não havia condição. Automóvel Na Caetano de Campos, naquela época, eu tinha um colega só, isso na década de quarenta, eu tinha um colega só que tinha automóvel. Era dessa família Lara Campos, era era () de elite, né, em camada social elevada, era o único colega nosso que tinha automóvel. Nós não tínhamos automóvel. ()

SPEAKER 2: : já vinte e cinco anos atrás, o Citroën, que era um carrinho pequeno, um Prefect, quem possuía desses carros era () Não eram aqueles tremendos automóveis que hoje nós temos, né? Eram uns carrinhos pequenos, o () né? Aqueles carrinhos. ### () um carro desse, eu me lembro que () lá no Brás, uma vez, o sujeito tinha um Packard quarenta e seis. () Uma vez ele foi, ele ia para Poços de Caldas, ele ia fazer uma viagem () para  Poços de Caldas, ele estava preparando a bagagem, pôs dois galões de gasolina, porque não tinha nem () Foi uma festa na rua, () a rua inteira estava na estava fora, lá vendo o sujeito que ia partir para fazer uma viagem para Poços de Caldas Hoje por a gente faz, vai de manhã e volta ()

SPEAKER 1: : Mas era uma... O Gasogênios, lembram da época do Gasogênios?

SPEAKER 2: : Isso é (), não faz muito tempo, vinte e cinco anos atrás eu lembro que era garoto, deve ter uns nove, dez anos. Eu gostava de

SPEAKER 1: : Eu pegava o (), eu virava o () em uma determinada posição e pegava a roda e ficava, usava a roda como guidão, né? Ali eu ficava horas e tal. E naquela época tinha o bonde também, eu morava nas Perdizes. Então, havia o bonde de Perdizes que subia a Rua Cardoso de Almeida. Então, eu gostava de imitar também o português. () É. Então pegava essa máquina de moer carne prendia na guarda da cadeira aqui e aquilo funcionava como se fosse o a manivela do do bonde, né? Mas eu nunca tive o sonho de ser motorneiro, não. (risos) O meu sonho mesmo era era era

SPEAKER 0: : o rádio. Eh... Vocês falaram que em quarenta, por exemplo, era difícil alguém () Quem tinha era de elite, a classe social muito alta. Você saberia indicar, assim, eh o porquê dessa situação? ()

SPEAKER 1: : foi a época da guerra, não é? () Só havia os carros, os carros não vinham mais, não eram mais importados, porque nós estávamos no no período da guerra. E os os poucos carros que chegavam ao Brasil, chegavam por preços elevadíssimos, né? Só mesmo pessoas de muitas posses é que poderiam poderiam adquiri-los. depois da guerra, tanto que, se não me engano, os últimos automóveis que vieram foram de mil novecentos e quarenta e um, chegaram a vir alguns quarenta e dois, mas quarenta e três não veio automóvel, não houve importação, quarenta e três, quarenta e quatro e quarenta e cinco, depois vieram () quarenta e seis, mil novecentos e quarenta e seis começaram a a ser importados novamente... É... Mas a importação era muito pequena, quer dizer, os preços eram proibitivos, ### () Não é só na na questão do automóvel, né? Naquela época, a vida era bem mais difícil, né? () Hoje hojr, o cidadão tem melhores condições, né? Embora todo esse regime inflacionário que vivemos e todas essas queixas e tal, a verdade é que a a condição de vida hoje do cidadão médio é bem superior, né?

SPEAKER 0: : adquire um automóvel, se não se tem o dinheiro na hora, existem várias outras maneiras... É, o sistema de crediário, de de de financiamento e coisa, isso facilitou muito, né?

SPEAKER 1: : () contribuiu para a in para inflação, mas, ao mesmo tempo, permitiu uma ()

SPEAKER 2: : indústria automobilística, () que eu acho principal é a forma de crediário. ### A implantação do crediário que facilitou.

SPEAKER 0: : () toda questão de bens. É só se fazer um um crediário, ãh o que o se indivíduo precisa para pedir para ter () um crediário numa determinada firma

SPEAKER 1: : em uma determinada empresa.  Ai, hoje em dia eu tenho a impressão que não precisa mais nada, viu? Basta estar vivo. Porque nós nós temos visto aí a facilidade com que se consegue hoje financiamentos, créditos, et cetera. Mesmo aqui no no serviço, nós chefiamos uma equipe de pessoal, volta e meia aí nós recebemos reclamações de lojas e tal, que o cidadão deixou de pagar, não sei o quê. Mas, ele então a gente chega à conclusão que eles dão, eles concedem o crédito sem maiores averiguações, hoje a facilidade é muito grande, né? Mas hoje tem o seguro que cobre, () o caixa de seguro, tem um.. Antigamente era dificílimo, você para conseguir e num num precisa ir longe, dez anos atrás. Você você para conseguir um dinheiro () banco, precisava ter muito dinheiro. Você precisava ter muito dinheiro porque você precisava provar ao banco que você não precisava daquele dinheiro. Daí o banco não emprestava. Hoje não. Hoje hoje os gerentes ofe Na televisão, você assiste à televisão, você vê o banco fazendo propaganda, oferecendo financiamento para carros, geladeira, et cetera. As condições hoje são bem melhores. E com isso, o automóvel, né? Hoje todo mundo tem automóvel. Hoje você pega qualquer funcionário aqui, subalterno, e tem automóvel. Você pode contar nos nos dedos aqueles que não têm automóvel. Inverteu-se a posição, né?  Embora, talvez, tudo isso seja uma minoria em relação à população toda, seja uma minoria, né? Mas, no meio em que eu vivo, quer dizer considerando em relação a a a ao meio em que eu fui criado, eu acho, daquela época para cá, uma minoria muito grande no poder aquisitivo. Isso não quer dizer que aqueles que já () já estavam piores do que eu, na década de quarenta, que tenham melhorado. Talvez não tenham, né? Mas, () no nosso nível, houve uma... Não, houve uma evolução muito () Uma relativa minoria, né? ()

SPEAKER 2: : própria evolução de... normal, as coisas a gente já passa de um de um estágio para outro, né? ###

SPEAKER 1: : Hoje () as facilidades de de estudo são muito grandes. Na minha época, quando eu terminei o colégio, Eu terminei o ginásio em quarenta e seis, o colégio em quarenta e nove, cinquenta, por aí, quarenta e () Era uma verdadeira guerra para para vestibular. Hoje, com com essas faculdades particulares, () facilitou muito, né?

SPEAKER 2: : Você veja como eu estava dizendo para ela. Quando Quando eu nasci, eu nasci () Naquela época que eu nasci, aquilo lá era um fim de mundo. Aquilo lá, o terreno era de graça. ### Meu pai, naquela altura, comprou, praticamente, oitocentos metros quadrados. () Hoje, aquilo lá vale () vale um preço enorme, quer dizer. É quase o peso do ouro que que eles estão pagando por terreno naquela região. Devido ao crescimento da cidade, hoje é uma área classificada como Zona Três, que permite a construção de edifícios. () é procurado eh enormemente pelas pelas companhias. ### Hoje, o que ele tem lá de propriedade equivale mais ou menos a quatro ou cinco milhões de cruzeiro. Não foi dinheiro ganho, quer dizer, foi dentro de um investimento, assim, de uma região que valorizou pelo crescimento da cidade.

SPEAKER 1: : Aliás, nós temos um quadro ali, muito significativo, Um quadro tirado em mil novecentos... uma fotografia tirada em mil novecentos e trinta e seis e a outra em mil nove () quarenta e seis. É () aeroporto () Veja, veja, é. Está ali, né? Não existia, não existia nada.

SPEAKER 2: : Hoje aquilo lá é uma zona procuradíssima. () Deve ser uma das zonas () capitais mais procuradas pelo pelas empreiteiras, () () passo, vai mudando assim de nível, de acordo com o... É, vai () ###

SPEAKER 0: : Para se comprar um terreno hoje, por exemplo, do que que vocês lançariam mão se não tivesse o dinheiro na hora e estivesse vocês estivessem realmente interessados em adquirir aquele terreno? Eh... Vocês teriam que achar uma fórmula para... Não, hoje é muito fá

SPEAKER 2: : Pagar () () você tem uma () de habilitação praticamente só não consegue quem não quer.

SPEAKER 1: : É, o bê ene aga facilita muito, embora () apesar que eu também não concordo com isso Sistema. A verdade é que o bê ene aga oferece condições. () Eu acho que o bê ene aga ainda não está plenamente adequado às necessidades. de trabalhador, et cetera, mas Mas, de qualquer maneira, já facilita bastante, né? () bê ene aga ele compra casa própria ()

SPEAKER 0: : E o que é que conta como, vamos dizer, fundo para que o o o operário, qualquer outro, faça um investimento na casa? O o bê ene aga deve exigir alguma

SPEAKER 1: : ### Renda familiar, né?

SPEAKER 2: : A maior garantia que eles podem ter é a renda do () ou do operário, ou funcionário, () agora É, ele toma por base ()

SPEAKER 1: : Exatamente, que não é a verdadeira renda renda dele, não é? E acaba arrumando outras declarações. É renda familiar, né? Que chama E acaba, no fim, () Por quê? Porque ele junta declarações de rendimento de várias pessoas da família. que hoje podem estar vivendo e convivendo com ele. Amanhã essas pessoas se afastam e ele fica sozinho com o encargo, né?

SPEAKER 2: : E fora, isso tem um problema. () ele ganha dez mil cruzeiros por mês. Ele então () oferece essa renda como garantia de de empréstimo. Amanhã ele sai desse emprego ou perde o emprego por qualquer motivo... O problema do () ele volta a ganhar oito sete mil. É uma defasagem que () entre esses valores.

SPEAKER 1: : É uma () deficiência do fundo de garantia. O Fundo de Garantia, se por um lado, veio atender realmente às exigências do do trabalhador, por outro lado, criou problemas desse tipo. O cidadão hoje, () é, ele assume um compromisso aí grande, né, porque hoje a sua renda familiar é é boa e amanhã ele ele ele perde esse emprego, sai desse emprego e vai arrumar um outro em situação em situação inferior e realmente surge esse problema que você  ###

SPEAKER 2: : () O Fundo de Garantia pode ser liberado, pelo que eu li há pouco tempo, pode ser liberado para atendimento de prestações atrasadas do do sistema

SPEAKER 1: : Mas quantas que você vai conseguir?

SPEAKER 2: : Não, dependendo do Fundo de Garantia você consegue por um tempo, né, dependendo do valor () Pelo menos o chefe pode, durante algum tempo, manter um ()

SPEAKER 0: : Fora o ordenado, ele teria outro meio de de adquirir dinheiro? Em banco ou em carteira de crédito? Não, ()

SPEAKER 1: : Para efeito de renda familiar?

SPEAKER 0: : Não Não. Para pagar prestação. Ou para fazer, por exemplo, uma reforma na casa. Ah ()

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 2: : ### () Tem empréstimo pessoal no banco, mas é empréstimos normais, né? () com aquela finalidade  investir em imóveis. Porque aí já entra o sistema financeiro, né?

SPEAKER 0: : Porque o banco também dá um um um, além do do empréstimo pessoal, por exemplo, ele ele pode cobrir esse empréstimo. Não existe um meio de cobrir esse empréstimo. O banco garantia o empréstimo que o indivíduo faz. ()

SPEAKER 1: : () se o cidadão já estiver endividado, ele não vai conseguir empréstimo do banco? Quer dizer, () o banco emprestar para ele pagar o () ### Depois é pagar, porque se ele se ele não tem condições de pagar o o o bê ene agá, muito dificilmente ele vai conseguir demonstrar ao banco que ele terá condições de pagar o banco.

SPEAKER 2: : Mas deve ter uma prestação. Ele não ()

SPEAKER 1: : Porque o bê ene agá dá uma série de concessões, de facilidades, e e vai protelando, e faz acordo, não é? E o banco eh... não quer saber disso, não. O banco, () se o cidadão não pagar, ele logo vai se entender com a justiça, né?

SPEAKER 2: : Mas sabe que o fundo, esse sistema do do do bê ene agá, ele não é totalmente errado. Eu acho que ele está ()  É... Porque o bê ene agá utiliza dinheiro do fundo de garantia. Certo? () utiliza do PIS. Agora, para os depositantes do Fundo de Garantia, para os depositantes do PIS, ele paga. Ele paga () correção monetária e juros. Evidentemente  ele paga o fundo de garan ãh ele paga juros e correção monetária, para quem ele empresta, ele tem que cobrar juros e correção monetária com valor superior a esse, () que ele paga. e ter mais as despesas administrativas. () ### Ele ele faz uma dívida para pagar em quinze anos, então ele fica quinze anos ãh praticamente com a corda no pescoço, como () costuma dizer, né? Uhum... Mas () é uma consequência do próprio, da própria situação, quer dizer, Se () se eles pagam juros e correção monetária, tem que cobrar juros e correção monetária numa taxa maior. ### Eu acho uma situação bastante delicada para quem faz o o empréstimo. É. Eu não eu não me arriscaria

SPEAKER 1: : É o meu caso. Eu consegui () se não me falha a memória, quarenta e dois mil cruzeiros para a reforma da minha casa. Era o valor maior daquela época. Então, a minha prestação mensal era de quinhentos e trinta cruzeiros. Hoje, hoje eu estou pagando mil e trezentos Por aí. Bom, e se e e e segundo o levantamento do () que é em convênio com () O meu débito está por volta de cento e vinte mil cruzeiros. Quero dizer, eu pedi emprestado quarenta e dois, já estou pagando há vários anos e ainda devo Cento e vinte mil. Quer dizer, eu não estou dizendo que () isto esteja errado. Porque é é uma questão de de de de valorização ou desvalorização da moeda. É um problema que que tem que ser considerado () Não está errado. Agora, o o a única coisa é que é que chega, esse empréstimo vai chegar a números ()

SPEAKER 2: : Ele não tem, você não consegue liquidar esse empréstimo. É, eu não consigo. () () existe cláusula no contrato, que ele se extingue pelo tempo.  terminou aquele negócio por quinze anos, se o senhor pagou () cento e oitenta prestações, ele está ele está... É, no meu caso são duzentos e quarenta prestações () vinte anos () na última prestação ele já ()

SPEAKER 1: : em função do salário mínimo. Aliás, agora nem mais em função do salário mínimo, porque os reajustamentos não podem mais seguir o salário mínimo. Mas, na na verdade, no fim do de vinte anos eu paguei uma () É claro que tudo isso também tem a as compensações, né? Até () o imóvel passou a valer muito mais. () Elas por elas, né? Agora, o di o difícil, o que eu acho aí, que talvez esteja um pouco errado, precisaria ser bem examinado, é o seguinte, eu melhorei nesses anos as minhas condições, quer dizer, eu evoluí na minha vida, eh na na minha atividade profissional. Agora, o cidadão que não evoluiu, que ele anualmente só obteve reajustamentos salariais, quer dizer, () eh aquele que não foi guindado de uma posição inferior para uma posição superior, mas aquele que só recebeu aumentos salariais, esse está numa situação difícil.

SPEAKER 2: : Porque pelo menos não acompanhou o mesmo aumento daqui, né, a mesma pro progressão.

SPEAKER 1: : Porque, é, porque, veja bem, quarenta e dois mil cruzeiros na época era uma era uma importância grande. Mas mesmo assim, na época, quem quem com quem comprou casa com quarenta e dois cruzeiros, não foi o meu caso que eu reformei, mas quem comprou casa com quarenta e dois mil cruzeiros, comprou um () Já naquela época. Porque eu tentei comprar. Eu, quando recebi o empréstimo, eu tentei comprar. E eu vi que não comprava nada com quarenta e dois mil cruzeiros. Então eu resolvi eh reformar a casa. Mas quem comprou, comprou uma coisinha muito humilde. E se ele ainda estiver morando nessa casa que ele comprou, é porque ele realmente tem um padrão de vida muito simples, muito humilde. Porque já naquela época, com quarenta e dois mil cruzeiros, você comprava um apartamento muito pequeno, não é? E e assim mesmo num bairro afastado, num prédio de de de pouco luxo. Então, veja bem, uma prestação, para quem vive numa situação dessa, uma prestação hoje de mil e trezentos cruzeiros é muito elevada. No meu caso, felizmente, eh, felizmente com a minha melhoria funcional, isto aqui nã não não representa grande coisa. Mas, para quem manteve aquele padrão, esta prestação está muito pesada.

SPEAKER 0: : Realmente, ()

SPEAKER 1: : () cruzeiros para um cidadão, vamos dizer para um bancário, cuja faixa salarial deve ser por volta de dois mil e pouco, dois mil e quinhentos, ()

SPEAKER 2: : () cinquenta porcento, acho que, da população, é uma prestação bastante al

SPEAKER 0: : Quer dizer, não tem quase nem condições de pagar essa

SPEAKER 1: : É, você veja, é uma prestação que diz respeito à importância ()

SPEAKER 2: : Se fosse uma prestação aí... () setenta porcento da população brasileira não atinge a mil e quinhentos cruzeiros o salário.

SPEAKER 1: : Eu achei até um absurdo, setenta porcento... Agora, também, é preciso a gente considerar o seguinte, da maneira da maneira como os empréstimos eram feitos antigamente, não havia condição de prosseguir, né? Porque não havia atualização. Então, o cidadão ficava pagando, durante quinze, vinte anos, aquelas mesmas eh prestações. Eu tinha o caso do Valdemar, por exemplo, ele pagava prestação, () de dois cruzeiros () três cruzeiros  Até () resolveu lá no () E você sabe que o () não havia condição. ###

SPEAKER 2: : Ele pagava três cruzeiros de prestação e o () dava até problema para o () manter. O número de preço a vista que tem lá é muito grande. Então, precisava botar vários caixas lá para receber papelada. () uma ocasião, me lembro muito bem. Ele dava desconto de vinte, trinta porcento para quem saudava tudo de uma vez só. É ()  já tinha liberado a cem cruzeiros já tinha trinta porcento, vinte porcento de desconto.

SPEAKER 1: : ### () Agora, de qualquer maneira, com tudo isto, a verdade é que o bê ene agá está prestando grandes serviços, né? A gente sempre olha o lado mau () olhar o lado bom também, né? Você veja que quantos conjuntos eles têm feito aí, têm atendido aí um uma quantidade enorme de trabalhadores. () Essas incorreções, com o tempo, vão desaparecendo, né? Evidentemente, eles vão agora. () estão fazendo uma devolução, né? Eu mesmo já sou beneficiado por uma devolução. () eu eu pago uma parte e recebo uma parcela de volta. () e com o tempo eles vão eles vão aumentar essa devolução e no fim vai ficar uma coisa razoável, né?

SPEAKER 0: : devolução é dentro de de correções que existem?

SPEAKER 1: : Esta devolução é é é em função do que você paga. Quer dizer, é um porcentual calculado sobre o seu saldo devedor. Eu não sei bem qual é. Existe uma fórmula aí, mas eu não conheço.  É proporcional. É proporcional ao seu débi

SPEAKER 2: : Então, você veja que, para quem paga aluguel, é uma grande coisa. Mesmo que () fique quinze ou vinte anos pagando, pelo menos ele está pagando uma coisa que, um dia, vai ser dele () () Porque a maioria das pessoas não tem condição de acumular a poupança, de fazer a poupança. () () a poupança exigida pelo bê ene agá, que é mínima, já é difícil. Hoje tem várias ãh, quer dizer, várias formas () que eles superam a... Ãh, a maioria não tem, a maioria das pessoas não tem condição.

SPEAKER 1: : No meu caso particular, por exemplo, resolveu o problema. Eu coloquei com esses quarenta e dois mil cruzeiros e com mais um pouco que eu tinha de economias particulares, eu consegui colocar minha casa em condições de atender à família. Quer dizer, então eu eu não tenho uma casa luxuosa, mas eu tenho uma casa, () pelo menos a minha família vive tranquilamente. Quer dizer... É claro que que também o bê ene agá não foi feito para dar luxo a ninguém, né? O bê ene agá, a finalidade, é é o atendimento mínimo, né? E e, nesse ponto, quer dizer, eu fui bem atendido. Porque eu eu eu eu eu hoje tenho uma casa onde a minha família vive tranquilamente e eu não tenho a preocupação de pensar em mudar. Eu tenho tudo ali que eu preciso.  Então, de certo modo, atende.

SPEAKER 0: : Você já teve que trabalhar com com com empréstimos para casa ()

SPEAKER 2: : () eu nunca fui partidário desse tipo de financiamento. ### Eu sempre () Eu consegui comprar a minha casa. Aliás, comprei em várias etapa () Comprei uma, que atendia razoavelmente bem, assim, as minhas necessidades, né? Quando terminei de pagar, parti para uma outra, que eu achei que era bem melhor. Mas foi na base do sacrifício. () Geralmente faz um sacrifício durante três anos, ou trinta meses, como foi o caso da última. Quando passou aqueles trinta meses, já estava () sem sem aquela peso mensal, né? () acho que valeu a pena, porque () eu realmente () cinco ou seis anos aí, que foi ()foi o prazo que comprei as duas casas. () situação bastante difícil. Trabalhava dezoito horas por di

SPEAKER 1: : Mas compensa, né? Principalmente pela valorização do do dos imóveis. Hoje em dia os imóveis valorizaram novamente, né? ### Então há essa compensação, né? Paga-se prestações () compensação o imóvel também valoriza.

SPEAKER 2: : Ainda pegamos uma fase que é aquela fase da da da inflação galopante, aquela inflação enorme, quer dizer, então se comprava hoje, no ano seguinte já tinha oi setenta porcento de aumento, oitenta porcento então as prestações ficavam bem mais incómodas. Quer dizer, eu quando eu comprei a primeira casa eu pagava uma... Quando eu assumi o compromisso, eu estava assumindo o compromisso para o ano seguinte, que era praticamente o dobro daquilo que eu ganhava naquela data () que eu assinei o contrato Mas, no ano seguinte, () o salário aumentou () que oitenta porcento, () tinha outros outras outros empregos também que () Então, () assumia o compromisso, praticamente, hoje é um absurdo, hoje () a gente não faria isso de jeito nenhum, () está controlado, os () estão controlados. Naquele tempo, não. Naquela fase era muito mais, talvez, fácil para adquirir, né?

SPEAKER 0: : E como é que você vendeu a a casa antiga para comprar a nova? () você usou?

SPEAKER 2: : Eu vendi para um funcionário da Caixa Econômica, que comprou pelo sistema financeiro de habitação. Eu vendi à vista, comprei a segunda a prazo, ainda sobrou dinheiro () troquei carro, comprei uma série de coisas. ### ### Aquela que eu morava em Campo Velho. ### Era uma casa bonitinha. () construção comercial. Construção bastante () Ele tinha afundado... Tinha dado um estouro no encanamento e afundado () na da cozinha, estava assim. ### Falei, bom, para reformar, vai ser vou ter que gastar um dinheirão Falei, vou vender e vou comprar outra. Eu vendi Um por cento e quarenta mil cruzeiros à vista. E comprei uma outra por duzentos, que é aquela onde eu moro, que é bem maior a casa, o terreno bem maior, a construção. A construção nem tem comparação entre uma e outra. Por duzen () a prazo () cento e quarenta à vista, comprando por duzentos a prazo. Ainda sobrou dinheiro de entrada, sobrou dinheiro... troquei carro, () mobiliar a casa. Mas são coisas que... É, mas é () o que a gente perde se trabalhando para o estado. (riso) ### Deus só reconhece e ajuda assim de outra ()

SPEAKER 0: : Dá empurrãozinho um para lá, dá outro para frente e cai, né?

SPEAKER 1: : Deus se compadece daqueles que são.

SPEAKER 2: : () Que se dedicam assim () (riso) com amor (riso) às causas públicas.

SPEAKER 0: : Mas eh você, quando vendeu a casa, você vendeu diretamente ou você colocou a casa à venda através de do do ()

SPEAKER 2: : Isso. Eu tinha () eu tinha colocado a casa eu mesmo lá dentro, tinha botado uma placa lá, economizar comissão de corretor. () Mas, no fim, no fim () que não vendia. Fiquei um ano lá com a casa anunciada e não vendia. Dei para todos os corretores, () as agências de corretagem que tinham lá perto de casa () umas dez. E, no fim, vem um sujeito, lá da... onde mora o Pedrinho, como é que chama ali, eh aqui dentro da penha, () Onde vai a estação de metrô agora?

SPEAKER 1: : Jáçanã, não sei o quê. É para lá do lado de Jáçanã.

SPEAKER 2: : Não, a Pinha, () São Miguel, depois de São Miguel ainda tem mais. Itaim Paulista. ###

SPEAKER 1: : Pertinho, cinco minutos de avião a ja

SPEAKER 2: : Você sabe que veio um corretor de Itaim Paulista, não sei como ele passou lá perto de casa, ele viu a placa bateu na janela falou assim, o senhor realmente quer vender? Falei, quero. Posso trazer um comprador? Falei, traz. Se você conseguir vender, a comissão é sua. ### A noite ele trouxe () esse senhor que comprou, () Quando era meia-noite e meia, esse corretor voltou em casa com a proposta do do fulano. Aí eu assinei que ele estava () Mas foi esse negócio rápido. Sem tudo na conversa. () recebeu comissão, paguei direitinho, mas assim tudo no

SPEAKER 1: : Você veja em São Paulo como os negócios são feitos assim? Rapidamente, né?

SPEAKER 2: : () Itaim Paulista, era um sujeito que merecia todos os louvores, era um sujeito trabalhador, um sujeito que vira São Paulo de ponta cabeça, em busca de negócios, né? Eu dei para mais ou menos dez co agências de corretagem lá perto. jeito ia, olhava, trazia () Sujeito vinha () Itaim Paulista. E ele no dia, () ele ficou acho que no pé do fulano lá que () (riso) do pretenso comprador. Ficou até meia-noite e meia, quando ele conseguiu arrancar a proposta do fulano. ###

SPEAKER 1: : Eu, quando tiver que vender minha casa, vou pedir ao Henrique, para que ele seja o o corretor.

SPEAKER 2: : Sabe que ficou um ano () Não sei não, botei uma placa lá. Ficou um ano lá a venda. Porque a comissão é alta, a comissão de () porcento. A gente que é humilde assim, cinco porcento significa ### O primeiro ele vendeu, ele recebeu lá () cruzeiros de comissão.

SPEAKER 0: : Como é que você pagou essa () Você deu entrada de quanto?

SPEAKER 2: : Eu dei entrada, acho que foi de cento e... Eu recebi o cento e quarenta, () a comissão, acho que dei cento e de () sobrou dinheiro para comprar um um opala zero, foi vinte e poucos mil, setenta e três, vinte e seis () Ainda sobrou dinheiro para mobiliar a casa.

SPEAKER 0: : E você não teve que () a mão de nada, pagou tudo à vista? Como à vista? ### É, a outra casa, o carro... ()

SPEAKER 2: : Financiada. É, dei entrada e foi financiada em trinta meses ()

SPEAKER 0: : Trinta meses? Trinta meses. Quer dizer, você tem que pagar crediários, tem tem carnê para... É () trinta meses ()

SPEAKER 2: : Não, eu já terminei de pagar, ano passado.

SPEAKER 0: : Ele não gosta de ficar amarrado ()

SPEAKER 2: : ### Foi trinta meses de sacrifício. () eu quando assumo um compromisso, até () eu me dedico àquilo até... Por isso que () eu gosto de fazer as coisas com tempo curto. para viver tranquilo, porque enquanto eu tenho compromisso, eu me desdobro para conseguir saldar ()

SPEAKER 1: : Aliás, falando em... você me fez uma pergunta anteriormente, o que o que seria necessário para se comprar a crédito, não é isso? E eu disse que hoje, para se comprar crédito não se precisa de nada. Então, eu lembro do caso da minha filha, quando apareceram as primeiras televisões à cores, ela, menor de idade, saiu de casa e falou, eu vou ao () porque estão anunciando televisão a cores eh duzentos cruzeiros por mês, duzentos e quarenta por mês, não sei o quê, a quarenta pagamentos, sei lá. E eu naturalmente jamais poderia supor que ela fosse conseguir comprar. Menor, sem rendimento, sem nada, né? E ela foi com uma amiga. Você sabe que ela voltou para casa com a televisão, Ela voltou para casa com a televisão debaixo do braço, eh comprou em quarenta pagamentos, até hoje estamos pagando aí duzentos e tantos cruzeiros por mês aí. (riso) Né? Ela levou a televisão para () no dia, quer dizer, não houve nem, sei lá, não houve exigência nenhuma, né? Ela arrumou um táxi, colocou a televisão dentro e trouxe a televisão embaixo do braço. Agora está vai pagar, nós estamos pagando aí, não sei há quanto tempo aí.

SPEAKER 0: : Mas ela só usou o nome dela.

SPEAKER 1: : () Eu acho que ela comprou em nome da mãe. Se não me engano, eu não sei porque eu não fui envolvido no negócio. () A minha participação é apenas na... no pagamento da despesa, mas o eu não participei do negócio. Eu () Como a mãe já era crediarista, eu tinha a impres eu tenho a impressão que ela usou o nome da mãe e a mãe ficou depois de passar por lá para assinar lá o contrato, sei lá. Mas Mas eles não tiveram dúvida em entregar a televisão e ()

SPEAKER 2: : Outro dia a Helena foi () Casas Pernambucanas comprar roupa, roupa de cama, banho. cinco mil e poucos cruzeiros Mas foi sem documento, foi só com a carteira de identidade dela, () Ela botou tudo no meu nome () não levou meu documento, não levou o holerite não levou nada. Na hora que iam tirar a nota, aliás foram () a nota, depois foi fazer o carnê, () cadê os documentos do marido? Falei, ah não trouxe. () ah, mas () Tá bom, se precisa até logo, eu não quero mais () ### Então, só leva, depois a senhora me me dá por telefone () () o gerente da loja me telefonou lá em casa para saber o número do () o número da carteira de identi

SPEAKER 1: : Isto prova que não precisa muita coisa.

SPEAKER 2: : Acho que basta estar vivo. É (riso) Ah () o senhor quer me dar o número do ()

SPEAKER 1: : Basta estar vivo ou basta ser vivo?

SPEAKER 0: : ### (riso ) () É engraçado, a gente quando quer fazer um geralmente eles perguntam se a gente tem crédito em outro lugar.

SPEAKER 1: : É, agora nós vamos ter que dizer aonde que nós temos crédito. (risos)

SPEAKER 0: : É, porque é um sistema de crediário realmente, porque você vai a uma loja e você tem crédito em outra loja, se você não tem crédito em lugar nenhum, eu tenho a impressão que fica mais difícil comprar. é um é um sistema assim de... Ah, eu acho que hoje em dia nem isso. ()

SPEAKER 1: : A não ser que seja uma compra, assim, muito grande. () Que fuja, assim, um pouco a rotina. Mas nessas compras habituais, essas casas de comércio, elas vendem, não perguntam nada. Eu tenho visto, eu tenho visto casos aqui de de elementos conhecidos nossos aqui, que inclusive já tinham crédito fechado e continuam comprando aí à prestação. Inclusive, esse sistema de proteção ao crédito aí, eu tenho a impressão que o cidadão consegue limpar a barra, né? Como se diz na gíria, mesmo que ele tenha deixado de pagar, tenha dado algum golpinho aí, mas, no fim, ele consegue se reabilitar, né? E volta novamente a comprar. Hoje, eu não sei se o lucro da da das empresas aí é tão grande que eles nem se preocupam com eventuais prejuízos, eles vendem, eles querem vender em grande quantidade, né? E que mesmo que ocorra uma margem de prejuízo aí, isso en entra em lucros e perdas.

SPEAKER 2: : Mas o que ela falou, () uma piada que eu vi numa revista () que todo sujeito que tem muito dinheiro, não tem crédito. A gente compra só a vista. e dificulta, realmente, quando vai... () Apesar que hoje, () não tem muito esse problema. () Você vai comprar um carro, a própria agência () já preenche a ficha, não tem o seguro que cobre o o saldo, quer dizer, não não querem nem o fiador não é necessário. () certo que () até um tempo atrás não era assim. pagava tudo a vista. Quando ele ia comprar alguma coisa () dificuldade. ###

SPEAKER 1: : contrário, hoje hoje eles eles preferem vender a crédito. () Se você for numa agência de automóveis e for comprar um carro a vista, você vai encontrar muita dificuldade. Agora, se você comprar pelo crediário, você vai encontrar mais facilidade. Para eles interessa muito mais vender a crédito do que Porque é uma boa aplicação de capital, né? Dá para ir com o capital deles aí num juro compensador, né? ### Interessa muito mais do que o da ()

SPEAKER 0: : É, porque eles também, eu tenho a impressão que eles também têm crediário

SPEAKER 1: : ### Bom, eles têm as financiadoras, né, que trabalham... Uma cadeiazinha, né? Assim todo mundo ganha, né?

SPEAKER 0: : Ganha ou perde

SPEAKER 1: : Não ganha, porque mesmo na hoje em dia, nesse regime inflacionário que vivemos, mesmo perdendo, a gente está ganhando, né? () Mesmo você pagando juros alto, você, no fim, tem a compensação, né? A moeda desvaloriza, no fim, eh compensa, né? Quer dizer, aquilo que você pagou em excesso, a inflação devolve, né? A mercadoria acaba valendo mais, o dinheiro acaba desvalorizando, então, compensa, né? Fica elas por elas.

SPEAKER 0: : Fora eh o cheque simples, o cheque de você ter o dinheiro lá e usar simplesmente o cheque, que é um meio, acho que já antigo de... E o meio mais desacreditado. E o meio mais desacreditado. O que é que eles botaram por cima disso aí para se garantir um cheque, por exemplo?

SPEAKER 1: : Bom, () nós temos duas... várias modalidades, né? Os mais conhecidos é o cheque especial () e o cheque ouro do Banco do Brasil, não é isso? ### disponibilidades que o banco oferece aos seus clientes, né? Clientes de certa de certo poder econômico, né? E, através dessa disponibilidade, o cidadão pode avançar um pouco eh a descoberto, né? Quer dizer, dinheiro que ele não tem, mas que o banco cobre, né? Oferece.

SPEAKER 0: : e consegue esse avançamento aí na? ()

SPEAKER 1: : O o cidadão ordinário, no bom sentido, ele consegue através do saldo médio com muito esforço. Porque fazer um bom saldo médio é muito difícil. Mas, normalmente, ele consegue através de uma boa amizade com o gerente do banco. É a maneira mais fácil de se conseguir o o cheque especial. Até determinados clientes, até o o gerente pergunta, mesmo ### Trinta mil () Se não, eu dou um pouco mais. Né? Mas  Agora, se ele não tiver amizade, o coitado tem que fazer o saldo médio, que não é fácil.

SPEAKER 0: : E depois como é que eles calculam o que eles vão mite que eles vão dar ()

SPEAKER 1: : É o maior saldo do mês, né? () Dentro de um de um período de seis meses, eles calculam a base, é se não me engano, é três vezes o saldo médio. Vamos supor que você teve uma média de depósito de mil e quinhentos cruzeiros. Então eles dão uma disponibilidade de quatro mil e quinhentos É três vezes o o maior saldo médio do período. Mas se o cidadão não atingir isso, se ele for um bom cliente, o banco acaba concedendo a si mesmo, né? Depende muito do gerente, né? Porque esse sistema também é uma promoção do banco, né? Banco O banco tem interesse em bem servir o o cliente, né? Tanto que a gente vê a propaganda que o banco faz hoje para atrair o cliente. a maneira do do banco também se pro

SPEAKER 0: : O Henrique eh mexe muito com finanças, não é?

SPEAKER 1: : Por exemplo, eu sempre tive o cheque especial () nunca me preocupei em saber o meu saldo médio. Nunca me preocupei com o meu saldo médio. E funcionário público, é muito difícil fazer saldo médio, né? Então, de toda vez que eu vou que eu vou renovar, o gerente não tem dúvida Funcionário público faz muita (riso) média só no (riso) saldo mesmo. E toma muita média também na hora do almoço, viu? invés de almoçar, toma média. Essa palavra é muito usada no ()

SPEAKER 0: : Mas o o Henrique, ele ele mexe muito com finanças, então ele deve saber quais são outras vias de se pagar, por exemplo, a não ser dinheiro vivo ou cheque. Na hora de você pagar uma compra numa loja, você pode lançar mão de qualquer outra () Cartões de crédito cartões de crédito 

SPEAKER 1: : Cartão Nacional, cartão Elo, cartão Bradesco.

SPEAKER 0: : E como é que funcionam esses cartõe

SPEAKER 2: : Bom, o cartão de crédito é mais ou menos, talvez, o sistema aqui do do cheque especial. Aham. () eles que () um valor, mediante uma ficha de () que eles () um valor limite. Só que é pago de () ###

SPEAKER 1: : () vários () né? Eu, por exemplo, conheço o cartão nacional. sou cliente do cartão nacional. Quer dizer, trinta dias após a compra, eles mandam o seu débito. Se você liquidar de imediato, não acresce juros. Agora, se você... não quiser liquidar, você é obrigado a pagar dez porcento do débito. E sobre o saldo devedor, acresce juros. Então, todo mês você é obrigado a a a pagar pelo menos dez porcento do seu débito. E o saldo deve e sobre o saldo devedor, são acrescidos os juros.

SPEAKER 0: : E isso pode ser espichado? ()

SPEAKER 1: : () o cartão tem validade por um ano, mas ele pode ser renovado, né? Pode ser renovado, você paga o valor do cartão, que deve ser por volta de cem ou cento e cinquenta cruzeiros, e o cartão continua.

SPEAKER 2: : Esse sistema está sendo empregado inclusive por por algumas loja, né? () adota o sistema de de cartão () né?

SPEAKER 1: : Cartão () Mas é só válido dentro da loja. A () também tem, não é? O da () eu usava muito na manutenção do automóvel. Eu mandava fazer serviço lá na () Então eu usava o cartão, porque geralmente despesa de automóvel é muito grande, né? São despesas vultosas. E a gente nem sempre tem condições de pagar de momento, né? despesa dois mil cruzeiros, três mil cruzeiros Então, a gente pagava com com com cartão. Agora, o problema é que, sobre sobre o saldo devedor, vai acrescendo os juros aí, né? E, no fim, você vai verificar você está pagando juros aí de todo lado, né? Porque o cartão é o seguinte, cada cada negócio que você fizer, cada compra que você adquirir, o banco está ganhando porque ele está cobrando ali a administração, ele está juro, ele está cobrando tudo. Então, você coloca a gasolina num posto, paga com cartão, e o banco vai ganhando. Quer dizer, no fim, você está pagando não só o preço da mercadoria, como também a o lucro do do banco. É um bom negócio, às vezes, quando você está numa situação mais apertada, num determinado mês. Não? Quer dizer, para quem sabe usar, para quem sabe usar, o cartão é é de muito valor. Mas, para quem não souber usar, o cartão se torna se torna um um um () porque acaba endividando o cidadão, que ele chega num ponto que ele não () sabe mais onde se encontra... Nunca trabalhei com () O cartão é muito bom para quem tem equilíbrio, () para quem souber dosar as suas despesas e tal, então o cartão é válido. Agora, para essas pessoas que gostam de comprar sem sem controle, então o cartão é () Quando você vê, o negócio sobe, porque aquilo vai subindo.

SPEAKER 0: : E dentro, vocês já viajaram para o exterior? () já devem ter tido a experiência de utilizar, além do dinheiro, cartão de crédito, qualquer () um outro tipo de pagamento. ()

SPEAKER 1: : () de curiosidade porque não é, evidentemente, uma operação normal, né? Certo. () Eu viajei com o nosso superintendente e nós entramos numa loja lá em em () E ele quis comprar, () ele quis comprar casimiras. Aliás, ele não tinha intenção de comprar, mas como ele achou, ele gostou lá de um () de uns determinados padrões de casimira e tal, ele resolveu fazer uma compra, mas não estava prevenido, ele estava sem dinheiro. Então, o dono da casa perguntou qual o cheque que ele tinha. Ele perguntou se poderia pagar, ele perguntou a título de brincadeira, se ele poderia pagar com cheque. O cidadão falou ah sim, qual é o cheque que o senhor tem? () eu tenho o cheque do Banco do Estado de São Paulo. Ele falou () pode Então, () doutor pagou com o cheque do do do () É claro que isso aí não é não é uma operação normal, né, rotineira, mas aconteceu. em Assunção, eu fiz compras com o Cartão Nacional. Eu paguei despesas com o Cartão Nacional. Dois meses depois, eles eles debitaram aquilo

SPEAKER 2: : O Cartão Nacional de () Do Banco Nacional.

SPEAKER 0: : E como é que eles co cobrariam esse cheque do do () que ele deu lá em () Qual seria? Não sei. Bom, o Banco do Estado deve ter ()

SPEAKER 1: : ### o Banco do Estado deve ter agência em Londres. Acho que tem, sim. () Parece que () tem, sim. Ou então, eu não sei qual é o tipo de opera

SPEAKER 2: : Mas eles têm bancos deles lá que eles fazem () compensação, né? E coloca o cheque no... E tem agência do do Banco... Qual é o Banco de Londres? () ### ### Através () Banco de Londres põe em cobrança, né?

SPEAKER 0: : É, deve haver o pagamento de uma taxa qualquer lá e coisa... E ele precisou apresentar algum documento, não? Quando ele estava com o cheque.

SPEAKER 1: : ### Naturalmente, ele de deve ter apresentado o passaporte, uma coisa assim, não me lem Talvez o passaporte, né? É...

SPEAKER 0: : Fora eh o cheque, como eu disse, quando você vai fazer uma () viagem exterior, você não quer levar nem o cheque nacional. ###

SPEAKER 1: : () cheque é uma garantia, né, porque você o travel cheque, na verdade, ele só tem validade quando assinado na presença do de quem vai receber, né? Então, se ele for previamente assinado, ele não deveria ter validade, embora eles aceitem. Eh, aceitem Eu achei até muito estranho, quando eu cheguei de viagem, eu eu trouxe uma sobra de travel cheque e muita gente se interessou na compra desse travel cheque. Eu achei muito estranho, porque eu teria que eu teria que que liberar o cheque, não é? E eu julgava que essa pessoa teria dificuldade. e passaram o cheque no exterior, eles disseram que não, que eles ()

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 1: : Pois é, mas acontece que a que uma das das garantias é justamente do do do cheque ser assinado na presença de quem vai receber. Então, você você comprova a assinatura. Né? Mas eu tenho a impressão que () não sei, isso () nunca vi mas () tenho a impressão que no giro a coisa é feita a olho, assim.

SPEAKER 2: : ### A pessoa assina, mesmo () com a apresentação do documento, você abre o documento e ninguém vai saber de quem é o () do cheque. ()

SPEAKER 1: : O o travel cheque é excelente, né?

SPEAKER 2: : Porque o... A garantia de você ter () cheque é essa. Você assina e ninguém utiliza. Você assina o () ninguém pode utilizar. Você pode ir () () perder, você pode estar tranquilo que ninguém utili Porque ele já está assina Está com o nome da pessoa e a assinatura. Se perder, ele é o portador. Sem a assinatura, qualquer pessoa assina e ele é o portador.

SPEAKER 0: : () se eu perder um um travel cheque assinado... hum... Não, mas eu tenho a impressão que se perder assinado é perigoso.

SPEAKER 1: : Não, porque ele () Você já liberou, porque acontece o seguinte, você quando compra um travel cheque, você assina, você faz a primeira assinatura, não é isso? Você faz a primeira assinatura na presença da da da de quem está emitindo.

SPEAKER 2: : () que coloca o nome em cima, né? () vai o nome da assinatura. () se eu coloco o nome em cima,

SPEAKER 1: : () Vai uma assinatura e e você coloca a segunda assinatura. Quer dizer, essa segunda assinatura () na presença de quem vai receber o che

SPEAKER 2: : Nome em cima que deve ser colocado com antecedência. E colocando o nome em cima, quer dizer, já fica já fica nominal.

SPEAKER 1: : ### Para comprovar a firma, né? Comprovar a firma. Eu assino aqui, tem que () Agora, se você já liberou, se você perder...

SPEAKER 0: : Não, a cobrar não. ()

SPEAKER 2: : () Ele tem que ser nominado, a pessoa colocando o nome em cima, ele já fica nominal. Sem assinatura, ele não não é o portador, está certo? Por isso que () a pessoa tem que assinar na hora que vai passar o ()

SPEAKER 1: : Porque se você assinou, você () liberou

SPEAKER 0: : Mas esse nominal também é para quem você emite o che

SPEAKER 2: : Então, você coloca o seu nome em cima, está certo? É assim que ()

SPEAKER 1: : () eu não me lembro se () ### Deve ter um nome. () a pessoa assina. Eu já operei tanto () não me lembro, mas o o o que eu sei é o seguinte, que você recebe da casa do câmbio, o cheque pronto. Apenas dependendo () de uma outra assinatura. Essa essa essa segunda assinatura, você deve coloca-la na hora que vai passar, no momento em que vai passar o cheque. Agora, o pelo que eu aprendi, você nunca deve assinar () Porque senão você libera. Agora, me parece também, isso eu não tenho certeza, mas me parece que o... Quem receber, não deve receber um um um travel cheque já liberado. Ele só deve rece e ele para ter garantia do negócio, ele só deve receber se for assinado na hora.

SPEAKER 2: : Eu me lembro agora, no ano passado, quando... Quando ele era () para os Estados Unidos, que eu fui comprar os dólares () estado ### Eu estou falando, você já coloca o nome dela em cima.

SPEAKER 1: : Que é uma das garantias é essa, é o cidadão comprovar a comprovar a sua assinatura na presença do de quem vai receber.

SPEAKER 2: : ### () coloca já o nome dela em cima e deixa () Faltava embaixo, () na assinatura que é colocada depois. Mas colocando o nome em cima, não tem () Se perder, já pelo menos () o nome da pessoa. Seria () uma pessoa que teria direito ao travel che ### A assinatura é colocada depois ()

SPEAKER 0: : E o... Você escreve a quantia do travel che ### Não, não, não está escrita, não.

SPEAKER 1: : ### ### ### Já é. São valores. Já é... Por exemplo, eh hoje hoje eles estão dando mil dólares, não é isso? Cem em dinheiro e novecentos em travel cheque. () E esses novecentos vem já dividido em em notas de cem, cinquenta, et cetera. () O valor já está fixado, né?

SPEAKER 0: : Vocês já operaram () travel cheque ()

SPEAKER 1: : Eu já operei.

SPEAKER 2: : Mas, ano passado, o Banco do Estado não deu. Deu tudo. Mil dólares em travel cheque. Esses cem dólares também já... Parece que eles já não estão dando mais.

SPEAKER 0: : Dinheiro?

SPEAKER 1: : Quer dizer, eu eu nunca paguei com travel cheque, embora algumas casas comerciais aceitem. Eu nunca fiz operações pagando () Eu sempre fiz operações com o banco. () eu descontava. Trocava. trocava pela moeda do país, né? Uhum. Isso nós fizemos em em Portugal, isso nós fizemos na França, na Inglaterra, a gente a gente ()

SPEAKER 2: : Quando você voltou, você trouxe os () de volta? Por que que você não trocou e trouxe o dólar? () ### () você trouxe o travel cheque e não trouxe o dólar.

SPEAKER 1: : () uma coisa, porque na hora de descontar, () eu devia eu devia ter troca

SPEAKER 0: : O excesso... excesso você já trocasse, trouxesse Na moeda, () você. Não, o certo seria trocar, seria trocar

SPEAKER 1: : ### trazendo o travel check a casa de câmbio ### No Brasil troca () Ela acei

SPEAKER 0: : Mas ãh existem pessoas que usam. Ãh, não Eles não voltam com o dinheiro por vias oficiais, certo? Eles podem vender esse dinheiro num outro mercado que não é o mercado oficial. Ah, isso eu não... Não conhece nem o nome desse tipo de mercado. Porque existe uma via oficial.

SPEAKER 1: : Eu só faço coisas oficiais.

SPEAKER 0: : ### Mas nem tem notícia de que existe outro mercado que pode... Um mercado paralelo. Um mercado paralelo aí que você tem um lucro maior se você vender ()

SPEAKER 1: : Não isso aqui não fazemos (riso) negócio.

SPEAKER 0: : Mas existe () ###

SPEAKER 1: : Deve existir, mas eu não conheço. Nós aqui só fazemos () negócios oficiais.

SPEAKER 2: : Não é a sobra que tem () (riso) () três ou quatro dólares. Nossa fortuna () está na base dele.

SPEAKER 1: : O preço que está o dólar. Primeiro que não dá nem para viajar, né? Hoje hoje em dia, já para viajar para o exterior é muito difícil. Embora ainda seja mais barato do que viajar para a Bahia. Você sabe, você sabe, a história tória é a seguinte, diz que o brasileiro eh médio, ele vai para a Europa. O médio, quer dizer, é o nosso caso aqui. O brasileiro pobre, vai para a Argentina. E o brasileiro rico, vai para Salvador. Eu não conhecia (riso). Porque o turismo em Salvador é o turismo mais caro do mundo, segundo dizem. Eu eu eu Não vou a... Eu fui a Salvador quando me casei, em mil novecentos e cinquenta e três, depois nunca mais voltei. Mas dizem que é o que é o turismo mais caro. Você esteve lá no norte há pouco tempo? Não, eu não passei na Bahia não. Dizem que o turismo mais caro é o de Salvador.

SPEAKER 2: : Salvador diz que é uma coisa... Não, o meu saiu barato porque fui na casa de amigos.

SPEAKER 1: : ### Já esteve em Manaus? ### O turismo em Manaus também é muito caro. Eu paguei em Manaus, num hotel inferior, eu paguei diárias mais elevadas do que aqui em Copacabana. Eu estive em Manaus na semana na semana santa do ano passado. Quando eu voltei de Manaus, eu fui ao Rio, esperar um parente que chegava de viagem, e eu hospedei num hotel lá em Copacabana, um hotel muito mais luxuoso, e e paguei diária muito mais barata do que um um hotelzinho lá em Manaus.

SPEAKER 0: : Eu acho que entra o fator mão de obra, que lá deve ser escassa, eles têm acho que praticamente importar a mão de obra, né?

SPEAKER 1: : Eu não sei. impressão que essa zona franca aí, viu? Essa zona franca aí, ela não () não atinge os obje ### de compreensão muito difícil, só mesmo quem vive esse problema é que conhece. Mas eu tenho a impressão, () a Zona Franca não não traz para a região aquele progresso que se poderia esperar, não é mesmo? Eu achei Manaus uma cidade () Oh, atrasada assim, não tem, é uma cidade pobre, triste, não tem, por exemplo, restaurantes de luxo, casas comerciais de luxo, não tem nada disso. Tem () aquele comércio, eh tipo aí, () aqueles gananciosos, cercando você na porta, oferecendo mercadoria, né? Os preços os mais desajustados.

SPEAKER 2: : Quer dizer, não é comércio de movimento ()

SPEAKER 1: : Eu queria comprar um um um projetor de slide, que a minha intenção, a única coisa que que eu pretendia comprar era um projetor de slide. () Eu, sondando a praça aqui, a aquele tipo que eu queria era por volta de dois mil cruzeiros. Vamos ver se eu compro em Manaus. () Primeiro dia que eu cheguei em Manaus, eu vi por mil e mil e duzentos, parece. Bom, já achei um ótimo negócio, mas primeiro dia não vou comprar. () seguinte, eu vi por oitocentos cruzeiros. Vi por quatrocentos cruzeiros. Acabei comprando por trezentos e cinquenta cruzeiros. O mesmo aparelho que aqui custa dois mil. Trouxe.

SPEAKER 0: : Não paga nenhuma taxa? ()

SPEAKER 1: : () você você tem uma liberalidade, né? Até um determinado nível de importância. () me engano, era dois mil cruzeiros por casal. Uma média de mil cruzeiros por pessoa. Até mil cruzeiros você você podia. ### () cem dólar é mais ou menos isso. Naquela época o dólar, agora o dólar está () está dez para onze, né? Naquela época é () mais ou menos cem dólares, sabe? Naquela época, quando eu fui, o dólar devia estar nove, oito para nove. É, uma média de mil cruzeiros por pessoa. Pode ter um problema de de excesso de peso também no avião. E a alfândega, lá é rigorosa, viu, lá não passa  () direitinho. E o peso

SPEAKER 0: : Que jeito é é taxado o peso da bagagem?

SPEAKER 1: : Mais do que no avião? () avião há um limite de vinte quilos para quem estiver pagando turismo. Sim ### ta quilos para quem pagar luxo, não é isso? ### Então, você até, esse limite está incluído no preço da passa Agora fora, esse limite eu não me lembro. Então, nos voos internacionais, Mas mas era caríssimo o excesso. Se não me engano, era por volta de de quatro dólares por quilo. ### () Quando nós viemos de Nessa viagem () de Paris, nós trouxemos muito muitos trabalhos () de chaves () Então, tinha () peso. Mas a companhia liberou. Mas era pouca coisa. Passavam uns dois ou três qui ### Às vezes jogam o excesso para um outro passageiro. O que não pode é ultrapassar aquele limite de capacidade do avião, né? Agora, quando é pouca coisa, eles fazem um () lá. ### muita exigê ###

SPEAKER 0: : Vocês já estiveram  () Paraguai Uruguai ### ### ### ### Só por curiosi ### a moeda de cada um desses países  Vocês lembram o nome? ### Paraguai, por exemplo, Argentina. No Paraguai e no Guarani, né?

SPEAKER 1: : No Guarani e no no no no Uruguai é o peso. Tem o peso uruguaio e na Argentina é o peso também, né?

SPEAKER 2: : Apesar que na Argentina, no Paraguai, o cruzeiro tem aceitação livre, né?

SPEAKER 1: : Então, eu estive na Argentina o ano passado. Encontrei seríssimas dificuldades para colocar o cruzeiro. Ninguém aceitava o cruzeiro. Embora o cruzeiro tivesse valorizado, na época valia dez () você comprava dez pesos e meio com um cruzeiro, ninguém aceitava o cruzeiro. Todas as lojas, bares, et cetera, ninguém queria, não sei se é se é orgulho do povo argentino, e eles eles não queriam aceitar () turista, porque achavam que o turista ia lá para para se se aproveitar de uma situação anormal deles e tal. Então, eu senti que o turista não era bem aceito, tanto que o próprio governo fechou as casas de câmbio. Não havia casas de câmbio aberta. em Buenos Aires. Agora não sei, agora me parece que já veio a abrir.

SPEAKER 2: : Então, você tinha muita dificuldade para conseguir... () de dificuldade no câmbio, o dólar eu tenho a impressão que o dólar seria colocado facilmente.

SPEAKER 1: : Mas nem o dólar eles aceitavam. Havia uma proibição do governo argentino, tanto que eles fecharam as casas de câmbio, estavam fechadas. Nós conseguimos câmbio ali no próprio hotel, havia ali um cidadão que fazia câmbio () e todo mundo conseguia dessa maneira. Mas as casas de câmbio não () estavam fechadas. E as casas de comércio estavam proibidas de aceitar moedas estrangeiras. E eles não  () eles tinham medo de penalidade. ()

SPEAKER 0: : Voltando novamente a uma pergunta que você não me respondeu. Eu sei que você () eh, esse indivíduo que () vendia tro fazia troca no hotel, esse tipo de câmbio, não tem um nome, Não é câmbio oficial. () Câmbio negro? ()

SPEAKER 2: : ### ###

SPEAKER 1: : () Ele não fazia câmbio negro. Porque ele trocava pelo preço que estava () Isso aí é comum.

SPEAKER 2: : ### O valor do cruzeiro em dólar, mas é é pelo câmbio oficial.

SPEAKER 1: : Bom, () a única irregularidade deles é que, por exemplo, pela nossa legislação... É, deveria ser através do Banco do Brasil. Só o banco é que pode operar no... com esse tipo de mercadoria, né? () O dinheiro é uma mercadoria. Agora, esse tipo de mercadoria, quer dizer, nós, () o cidadão comum, não pode não pode fazer essa compra e venda de () Simplesmente troca () o lucro deles é indireto

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 1: : Eles apenas estão estão fazendo uma atividade, exercendo uma atividade que é proibida, que é a compra e venda de moedas. Agora, eles vendem, eles não fazem o câmbio negro, porque eles vendem no preço do () ### É o câmbio oficial, eles vendem no câmbio oficial. Agora, é claro que eles ganham, () há o preço de compra e o preço de venda. Então, eles ganham nessa transação. Mas eles não fazem () pelo menos, não comprei no câmbio negro. Eu comprei no preço do dia. Agora, a única irregularidade aí é que que não era uma casa de câmbio. Aliás, era uma casa de moedas, dessas moedas antigas. () () Essa casa de de moedas era dentro do saguão do hotel. E essa casa de moedas antigas, que não é que não é casa de câmbio, ela () ela então é que estava fazendo essa operação. Mas, irregularmente, penso eu, porque o câmbio estava proibido. Mas eles cobravam o preço do dia. Isso a gente consultava antes, para não entrar em fria, a gente consultava. Antes era o preço do dia.

SPEAKER 0: : Só para terminar agora a entrevista com vocês, vocês estão () o que é câmbio negro. Porque vocês deram, mais ou menos, o a linha, né, da coisa.

SPEAKER 2: : Ah, o caminhoneiro, você pode partir saindo fora do dólar. () Que a gente lê em jornal. É o caso de tabela dos preços fixados pela pela (), né? ### Preço de alimentação.

SPEAKER 1: : ### ###

SPEAKER 2: : ### Pelo menos os armazéns ou () supermercados, tem muitos produtos que podem vender, mais caro, que eu não sei os preços. Eu imagino que isso seria () está certo? Até o preço fora da tabela fixada, oficialmente, né, por um órgão oficial. ###