Inquérito SP_D2_336

SPEAKER 0: : Bom, gostaríamos que Sônia e Rosa falassem a respeito de vida social e diversão. ### ###

SPEAKER 2: : Quando vocês reúnem, de que forma são suas reuniões sociais?

SPEAKER 0: : Quando a gente reúne, geralmente é com amigos, né? ### Eh... não sei, eu tenho a impressão que aqui a gente tem muito pouca possibilidade de sair, se encontrar em algum lugar que seja agradável. Então geralmente é em casa de amigos mesmo. Pelo menos no meu grupo, né? Agora a Dei... É, também, é em casa de amigos, porque além de não ter lugar, não é que não tem lugar, é que é tudo muito caro. Qualquer lugar que você vai, você vai gastar dinheiro. Então é mais fácil ir em casa de amigos.

SPEAKER 1: : Em geral a gente não tem dinheiro, está duro. E vai para casa de um, para de outro.

SPEAKER 0: : E é mais agradável também. Agora eu acho que a vida social é muito difícil. Não sei como eu estou conseguindo manter uma vida social atualmente. Por causa do tempo e cansaço e. Quantas vezes eu fui na casa da Ana e comecei a dormir. É É de sono. Dez e meia da noite eu estou dormindo na casa dos outros. É É incrível. Meu grupo também. Sempre tem uns três que dormem. No fim acaba todo mundo indo embora porque ninguém aguenta É horrível, né? Eu estou sentindo que está muito ruim essa vida social em geral aqui. Estou achando que está péssima, um porque todo mundo trabalha demais. Mais do que deveria, né? Mais do que oito horas. Geralmente a pessoa tem mais de um emprego, porque um emprego só não dá para... Para se manter ou para sustentar a família que seja. E também não é só isso. Um começa a trabalhar demais, outro quer também, quer fazer mais coisa. Eu sinto que, atualmente, no Brasil, em São Paulo, está uma corrida a emprego, a formação, a ter currículo, a ter não sei o quê, que senão você fica para trás. Então, todo mundo quer fazer mais cursos, quer estudar mais quer, tem medo de parar porque senão não consegue um emprego melhor. Então, se você tem um curso a menos, você não vai conseguir um emprego e tal. Então, fica todo mundo fazendo mil cursos.

SPEAKER 1: : Eu sinto um pouco isso.

SPEAKER 0: : É. E um pouco a necessidade de melhorar também a formação, que na universidade é muito pobre né? É paupérrimo em termos de formação prática mesmo. A gente tem muita teoria e quando você entra no emprego, você não conhece nada. As coisas mais práticas que a gente tem assim em termos de psicologia, aplicação de testes, a gente não aprende em faculdade. A gente aprende quando começa a trabalhar. Então, na psicologia, a gente discute mil pesquisas, mil coisas, e quando você vai trabalhar, você não tem essa prática. Então você tem que fazer curso fora, depois que se forma ou durante o curso. Então é aquela correria mesmo. Mas você acha que os cursos que tem ajudam ou são... Cursos... Paralelos? ### ### Porque eu não sei a respeito do nível desses outros cursos. Sei que o nível no curso superior está muito ruim também, né? Tanto no superior como no que vem antes. Agora esses outros cursos paralelos, não sei como que está. Porque o que eu sinto é que tudo isso é mais em função de conseguir um emprego melhor e ganhar melhor. Do que se sentir mais a vontade na profissão ou coisas desse tipo. Acho que as duas coisas estão sendo levadas em conta. Tem cursos muito ruins também, cursos paralelos, mas tem cursos básicos necessários, assim, por exemplo, específico do teste de Rocha, que era o que eu estou estava fazendo ano passado.

SPEAKER 1: : Esse ano eu parei, né? Porque cansei (risos)

SPEAKER 2: : ### ###

SPEAKER 0: : É. Ai, eu cansei. Não, eu cansei. É segunda noite minha aula hoje, né? Eu ia até né, mas aí eu pensei, ah, ir até lá, me deu preguiça. ### Deveria estar, né? Mas esse ano eu não fui até hoje, porque acumulei mil coisas e não deu simplesmente, sabe? Comecei a dar aula em outro lugar, trabalhava nove horas por dia, fazia pós-graduação nos horários vagos, uma loucura ( ). Cansei e parei, né? Agora eu preciso ir lá, porque eu já fiz o primeiro ano e não vou parar. Eu acho um curso importante. São quantos anos? Três.

SPEAKER 1: : Que ano você está? ###

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Você também começou, parou? E é pago esse curso? e bem pago. ### Não é? É meio chato. Nossa senhora. É. Eu aprendi muito de testes no trabalho, né? Mas é porque eu estava também fazendo a sociedade. ### ### ### Mas... Tem que falar de lazer? Como como que é lazer, né? (risos) ### Lazer não tem.

SPEAKER 2: : ### ###  por semana.

SPEAKER 0: : ### Quer dizer, vocês tem um tempinho vago, o que que vocês fariam normalmente? Quando eu tenho tempo vago, eu estudo. O que não deu para estudar (risos). Como eu tenho feito, né? Agora... Vou na casa de amigos. ### Vou no cinema. Eu tenho ido pouquíssimo no cinema, se bem que gostaria de ir mais. Eee... Isso porque à noite eu estou cansada, só por isso. E porque aqui em casa tem muita gente. E você fica aqui, acaba falando, conversando com todo mundo eee... Quando vai ver já são dez horas, não dá mais para sair ( ).

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : É. Nós duas, depois vem mais uma que foi no cinema hoje (risos) eee. E mais um que está no cursinho, mais novo e. Então, tem sempre nós quatro. Porque eu cheguei agora há pouco tempo, e estou morando aqui também, né? Com meu marido. Então, já são cinco (risos). E mais os dois namorados que estão sempre aí também. Então... E fora amigos e parentes que vêm visitar frequentemente. Agora o meu pai está com hepatite. Esse fim de semana quantas pessoas vieram aí? Nossa! ### Ele contou no quarto no sábado tinha vinte e duas pessoas. No quarto? Só no quarto dele. Fora no resto (risos). Família de italianos, né? ### Porque junta a família inteira, são nove irmãos da minha mãe, né? Com filhos, netos, bisnetos e tudo. Bisneto ainda não tem, mas... Então, quando junta todo mundo, é um um caos total. Mas de lazer, é só cinema mesmo (risos). Não, no verão a gente ia no Palmeiras de vez em Ah não, eu tenho um lazer muito importan Quase todo domingo eu vou eu vou no Parque Morumbi ver aqueles concertos que tem lá. Conhece? Conheço. Então... Agora, quando chove não dá, né? Quando é feriado a gente tem viajado. O que mais ( ) ###

SPEAKER 1: :  bastante coisa, né?

SPEAKER 0: : Eu não viajei um feriado Não, eu faço questão de não deixar de viajar em nenhum feriado. Ah, mas você faz isso por obrigação? ( ) Por obrigação, porque senão, senhora, é obrigação antes de sair, porque depois é bom. Acontece que você se deixa ficar e não levar, né, que seria o termo. Você vai ficando, no fim, fica o ano inteirinho em São Paulo, fechado dentro de casa, que nem... Como eu, assim ( ).  mas eu realmente não tenho ânimo. ### ### ### Pegar aquele movimento e ficar preocupada que não vai chegar na hora no trabalho. A última vez, eu jurei que não saio mais de carro, viu? Eu eu não viajo mais de carro em fim de semana, assim, feriado. Vou ver se tem trem, qualquer coisa, porque... A tensão que você fica na estrada, nossa, que lá Cansa tudo o que tinha descansado. ### Essa é a principal razão que eu não viajo. Fim de semana correndo, porque eu tinha que bater ponto até semana passada, né? Pedi demissão do emprego, porque eu fiquei cheia de bater ponto e tudo mais. Mas, em todo caso, se chegasse atrasada...  Então agora eu parei ### Não, eu fico preocupada com o trabalho, sabe? Porque eu tenho que ficar lá nove horas por dia. Se eu chego tarde no dia anterior, Eu atraso, eu não trabalho bem, não produzo o que devia produzir, entendeu?

SPEAKER 1: : Eu fico muito preocupada.  sabe como eu sou. Então, não dá (risos).

SPEAKER 0: : Mas eu eu só vou ao cinema. No verão, algumas vezes, a gente ia nadar. E... O que mais?

SPEAKER 2: : Engraçado, a gente vai lá nadar. ###

SPEAKER 0: : ### É, no clube aqui perto, do Palmeiras. Mas Nossa, é, eu sentei bastante, mas é que aqui em São Paulo um fim de semana chove, o outro está frio. Mesmo no verão ### Não teve um fim de semana decente para a gente nadar. Assim, eu morro de frio, né? Então, eu não aguento muito. Se não tiver um bom sol, eu não aguento nadar. Nem entro na água, porque senão eu espirro feito doida, que eu tenho alergia.

SPEAKER 1: : Então, é difícil também fazer um tempo bom.

SPEAKER 0: : Outra coisa que eu tenho feito é ir em show. Esses shows musicais que tem por aí. Noite, quando aparece. Aquele dia que nós fomos...Onde que nós fomos naquele dia? teatro na cidade universitária. Ah, é, mas não conseguimos assistir. Chegamos lá, e já tinha começado fazia uma hora e estava cheio, não deu para entrar. ### Mas eu fui ver o João Bosco, né, que chama? Fui ver João Bosco, fui ver capoeira um dia. ### Eu ainda estou lembrando das coisas que eu tenha ### Feito. Né ### ###

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : ### Olha a vida vida social e cultural lá?  morava em Paris, né? Era muito mais intensa. Lá eu nunca estava cansada à noite, se bem que eu trabalhava mais que aqui (risos). ### Mas é que lá tem muito filme para assistir, espetáculos mais diversos e festas assim nas redondezas de Paris. Umas festas públicas, né? ### Umas festas que tem... Aniversário de tal coisa, então... Aniversário de da cidade, por exemplo? ### Não, a comemoração de alguma data, por exemplo. né? ### ### ### Vai. Ah Por exemplo, no dia... Ai, quantos de julho mesmo? ### ###  de julho tem festa na França inteirinha, né? É Então, em qualquer lugar que você vai, tem baile. No interior, principalmente, é baile, sabe? Eles montam uns palanque lá e dançam, todo mundo vai na festa, tem fogos de artifício (   ). Mas é para falar naturalmente. ### E... o que mais? Tem muita exposição, muita feira, de tudo quanto é coisa de livro, de antiguidades. Todas essas coisas, né? Bom, nos Estados Unidos eu não me lembro de nada em termos de vida social. Eu fui eu estive lá há muito tempo, faz... foi em sessenta e oito, né? É em sessenta e oito, quer dizer, eu estava no colegial ainda e. o que tinha de vida social era tudo em tudo em torno da escola mesmo. A escola tinha clubes, vários clubes, assim, Um para ajudar as senhoras, outro para ajudar os pobres não sei da onde, outro para ajudar... Outro que era o clube dos espanhóis. Vários clubes dentro da escola e os clubes promoviam festas na escola. Era tudo em torno da escola. Ou então chás beneficientes, coisas bem assim. Era chá beneficiente, festa na escola. Ou então jogos, jogos de futebol né, futebol americano, que era na própria escola. Era a única coisa que tinha de vida social, era onde o pessoal se encontrava, sempre na escola. E tinha, é, se encontrava também em algumas festas. típicas de lá, que eu não me lembro as datas, mas se não me engano tinha Halloween, tinha... Nem lembro o que que era também. Tinha tinha uma festa anual que toda a escola fazia (  ), como que chama? Eram carros assim de (tosse)... Carro alegórico? Carro alegórico, é. E e nessas fes a preparação dessa festa durou quase um mês, dois meses, né? (risos) Então, o melhor era a preparação. É porque daí todo mundo se encontrava. Foi a única vez que eu me lembro que os alunos né da escola, porque a gente se via mais em função da escola, se encontravam na casa de um ou de outro para montar os carros, né? Para sair no dia da festa lá, determinada. Então eu me lembro disso em termos de vida social, não lembro de outras coisas. É, só isso, só as festas mesmo programadas pela escola. Cinema era raro, bem raro. Eu fiz eu fiz um pedido lá e a minha família me levou para ver museus uma vez, mas assim, eu lembro que foi assim bem especial. Foi um dia assim, nossa, vamos levar a Rosa para ver ###

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : ### (risos) Sessenta e oito, sessenta e nove Ah, na mesma época. É, eu fiquei na Pensilvânia. Ah, eu fiquei no Texas. Mas você era daqui de São Paulo? Você era daqui de São Paulo? É. Ah, nós devemos ter ido junto. Acho que sim ### Foram poucas pessoas de São Paulo que eu me lembro. Pouquíssimas. Foram umas oito

SPEAKER 1: : nove e

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : ### Será será que você não foi  ### ### ### Bom, é isso aí

SPEAKER 1: : Foi ### ### É isso que tinha eu não me lembro de outras coisas não. Não? (risos)

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Acho que não, porque eles são mais for ### ### ### Mas, por outro lado, eles têm muito hábito de convidar os amigos né, um casal de cada vez, não mais que dois no março, para jantar na casa. Cada um convida, sabe?  uma troca de convite. Uma vez eu convido os amigos, outra vez eles me convidam. Sempre num círculo, né? E vocês ficam convidam e ficam em casa? É.  convida para ir jantar na casa. Eles con se convidam entre si para jantar em casa, né? Então, a pessoa mesmo faz o jantar porque não tem empregada, né? Normalmente. Pelo menos no meio que eu estava, que é assim, classe média. Era sempre a pessoa mesmo que fazia comida e. Boa noite. Servia... Boa noite.

SPEAKER 2: : ### ###

SPEAKER 0: : ### Não, ela vai levar lá para o papai ver. Então então, eles tinham muito esse hábito, sabe? Então porque, normalmente, eles ah eles comem muito pouco e fazem bastante economia também, né? Então, o dia que eles convidam alguém, eles capricham um pouco mais, tudo isso. Então, para a para a pessoa que está convidando, também é uma festa, sabe? Também é um prazer. Também acho que eles pensam, e como eles moram  famílias menores que aqui, né? Nunca tem uma casa com tanta gente que tem aqui em casa, por exemplo. Então, eles não têm paciência de ficar fazendo grandes coisas. Então, convida os amigos, é uma maneira de não perder o contato com as pessoas, né? Que eles se preocupam muito com i

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Olha, depende muito da pessoa, sabe? Porque aí depende da pessoa mesmo. Se a pessoa se esforça em convidar sempre e a pessoa gosta de ser convidada, sempre em contato com pessoas, é bastante frequente. Eu, por exemplo, toda semana quase, né? Mais no fim, que eu já conheci mais gente. Eu tinha a casa de alguém para ir. Uma das noites, entende? Pelo menos. Agora, tem gente que é uma vez Cada seis meses, mas a gente estava conversando isso lá com os meus colegas lá de trabalho, tinha gente falando que não convidava quase nunca, porque dava trabalho, isso e aquilo, né? Enquanto que, nas casas das pessoas que eu ia, eu sei que eles tinham convidados pelo menos uma vez por mês sempre. O normal, uma vez por semana. Mas é bom porque eles se esforçam, sabe? Eles têm consciência do do problema deles, de isolamento.

SPEAKER 1: : Então eles... Isso é bom.

SPEAKER 0: : Agora...É, entre estrangeiros também, tem muito grupo, né? Pessoal... se reúne para fazer uma comida típica, essas coisas. Então, com toda essa variedade aí, inclusive de grupos de amigos variados, né? A atividade social

SPEAKER 2: : Fica intensa. E sábado e domingo, o que um casal típico francês faria?

SPEAKER 0: : Olha, no verão, ele sai. vão para... geralmente para algum lugar perto de Paris, né? Eee ... agora no inverno eles saem muito pouco. Ficam em casa, arrumando a casa, pinta e... prega papel na parede, essas coisas. O casal francês, né? É isso. ### Lá tem muito feriado, né? Então, quando tem um feriado, um dia, sábado e domingo, eles juntam tudo também, e vão para para algum lugar mais longe. ###  eu acho que tem mais feriado que aqui.

SPEAKER 2: : Mas essa semana que a gente tem, Eu acho que só aqui tem uma semana de folga, né?

SPEAKER 0: : Não. Lá tem Páscoa, tem feriados uma semana Carnaval nosso, né lá Como chama, Semana Santa, né? Lá eles falam Mardi Gras, que é a terça-feira de cinzas, né? ### Tem Natal, porque tudo essas festas, para nós é já está nas férias grandes, agora para eles não. Então, tudo isso é feriado, Natal. Que a época que tem menos feriado, acho que é em julho, né? Junho, julho, agosto, para eles é férias. Uhum ### Na universidade, são. No nível colegial são dois meses e meio. Uhum ### ### Então, o pessoal sai... sai uma vez no inverno, eles pegam uma semana, assim, Qualquer semana, né? Para ir esquiar. Fora no verão, em agosto que eles saem. fora os feriados, né? Geralmente junta. Em novembro também tem feriado, que nem 

SPEAKER 2: : ### ###

SPEAKER 0: :  É, no inverno é é triste, viu? Aí quando chega o verão, você quer sair de todo jeito, aproveitar (risos). Não dá para ficar em casa no verão. E todo mundo sai mesmo. Primeiro fim de semana aqui. Dá uma esquentada. ### ### ### E eles falavam, ai que horror. Aqui eu falava, ih, que vocês não viram em São Paulo ainda. ### ### ### O Profeta. Não... Era um filme... Em fran era francês aquele filme? Que aquele francês falava... Estava toda a estrada congestionada e ele falava assim... Também só tem imigrante aqui nessa terra? Ah, deve ser. (risos) E ficava olhando para os lados. É.  Olha lá, aquele lá é de não sei aonde (risos) Daí ele virou e falou assim... ele vira do lado, né? Não, ele vira na vê na frente e ele vai tentando cortar, né? De repente ele vê uma placa que é de Paris, né? Então ele fala, ah até que enfim, chegou alguém de Paris, né? Então ele resolve passar na frente e cumprimentar, né? Porque ele gostava de gente de Paris (risos). Então ele vai passar, E na hora que ele vai do lado e vai sorrindo para o para o cara francês, né? O o cara solta uma baforada assim de charuto na cara dele e manda ele sei lá para onde, né? (risos)

SPEAKER 1: : Aí ele fica doido da vida, sabe? ### Você não assistiu esse filme?

SPEAKER 0: : Eu não. ### Deve ser francês mesmo né. Eu não estou lembrada. ### É, então pode ser para caracterizar assim tão bem.

SPEAKER 1: : Foi muito bom o filme.

SPEAKER 0: : ### ### Eu assisti um italiano que que é assim. Você assistiu, né? O Profeta. Não Está aquele trânsito imenso. O cara se enche e fala e está com a mulher. Já assistiu? Ele está com a mulher né no carro e e não anda. Deve ser em Roma, Milão, sei lá onde. Daí ele fala para a mulher que vai comprar cigarro enquanto está parado o trânsito. ### ( ) Ai meu Deus, esse filme é bem engraçado também. Tem até o livro. Mas mas acho que aqui é pior, viu? Porque me deu tanto medo na estrada. ### ### Estava congestionado? Estava congestionado. Quer dizer, a estrada está cheia, mas eles andam em alta velocidade. Aquela fila. Se acontece um negócio ali, nossa, um carro grudado no outro e é isso que é ruim. Mas lá, o o que a gente tem possibilidade de fazer também, que eu, por exemplo, procurava fazer sempre, porque como não tinha carro, é ir para um lugar assim, mais ou menos perto de Paris, onde tenha condução né trem ou metrô. Vai num lugar que tem parque assim, para você tomar sol, castelo, coisa bonita para ver. ### ### Tem. ### É bonito, você vai. Principalmente para a gente que não conhece as coisas. Então, qualquer passeio é bom, né? ### ### Não, mas mesmo os franceses eles gostam, eles vão para o bosque, sabe? Umas florestas assim, ao redor de Paris. Então eles vão, fazem piquenique. Aí uma vez ( ) É... Passa o dia lá em volta. Uma vez teve uma festa, né, na casa (tosse) do do meu chefe lá. Na casa de campo dele, né? Então, é tudo feito direitinho. Você chega lá, dá um aperitivo, depois almoça, um prato bem típico francês Né eles sempre fazem questão de fazer assim. Daí, depois vai todo mundo passear. E é perto de uma floresta lá. Então, nós fomos passear na floresta (risos). Chegou lá... Ai, meu Deus! Às vezes você... Eu não estava com a mínima vontade de passear em floresta. Depois do almoço né ( ) mas eles tem uma disposição que eu nunca vi. Então, vai. Chega lá, tinha umas plaquinhas na floresta. Por aqui, passei de quinze minutos. Ah Foi por lá, vinte minutos, quarenta minutos, assim. Falei, ai, meu Deus, isso não dá nem graça, né? Passear na floresta, tão florada já, calculada.

SPEAKER 2: : (risos) Eles gostam muito de andar a pé, né? É

SPEAKER 0: : Gostam demais E eu, não sei, eu tenho uma preguiça de andar a pé.

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : ### Tinha um pessoal lá que fazia caminhadas de quilômetros, sabe? Assim, sei lá, quarenta quilômetros ia de um lugar para o outro longe  Então saía ali um bando e ia fazer expedições. ### Nós fizemos aqui uma vez. Lembra a Ilhabela? (tosse) ### Não, eu fiz. Não te contei? Eu te contei e você deve ter esquecido. Era atravessar Ilhabela. Ai, meu Deus, é longe, né? Você você conhece? Sei lá. Bom, então fomos, saímos um grupo devia ter umas vinte pessoa. E fomos indo. ### No fim, eu tive que voltar, porque eu ia ficar sozinha. Você era a que estava mais para  Não (risos). Não, eu, eu... Toda mulher já tinham ficado para trás. Ah Daí vieram me avisar, ó, você vai continuar me Aí eu desencorajei Eu falei, não, vai que eu canso, aí ninguém me espera, eu fico sozinha aí nesse mar. Daí acabei voltando, mas tinha andado bastante.

SPEAKER 2: : Eu acho que eu estou precisando fazer ginástica ( ). ###

SPEAKER 0: : Falei que ia fazer. ### Mas está geral isso

SPEAKER 2: : Né todo mundo está se queixando dessa moleza. Quanto menos exer

SPEAKER 0: : cício você faz, pior é, né? Será que é por falta de exer

SPEAKER 1: : cício. Não sei ( ) ###

SPEAKER 0: : Um pouco. Eu lembro que eu tinha muita disposição, lembra? Quando eu fui bandeirante, eu adorava andar, né? Eu fazia questão de ir a pé daqui até o fim da Paulista, tinha umas manias assim gostava mesmo de andar. ### ### Por isso que eu não quero acostumar com o carro, viu? A única hora que eu ando é para ir para o trabalho

SPEAKER 2: : para voltar. Você trabalha aonde?

SPEAKER 0: : ### É ali em Pinheiros. Sabe onde é? Então... Você vai de ônibus? Olha, eu ia de ônibus no ### ### ### Para ir arrumei uma carona, mas para voltar eu volto de ônibus (tosse), quer dizer, às vezes volto com meia carona e meio ônibus, né?

SPEAKER 2: : Mas... É a Europa que te ensinou, né? É (risos)

SPEAKER 0: : É mesmo, viu? Aí eu era tão preguiçosa no começo, que eu para ir daqui a lá eu falava, alguém vai para lá? ### ### Lá em Paris, né? Às vezes eu estava lá trabalhando e tinha que fazer alguma coisa em algum lugar, alguém também ia sair na hora do almoço, então falava, você vai para lá? ### Ah, então acho que eu vou com você. Você está de carro, não. Imagina se vou de carro (risos) ai. No fim eu aprendi eu Não abria mais a bo Primeiro eu perguntava. Vai como? Ah, vai de metrô, falei ah, tá.

SPEAKER 2: : Sem perguntar mais nada. E a Rosa trabalha aonde?

SPEAKER 0: : ### ### ### ### De ônibus eu demoraria quase duas horas, né? Então, eu comprei um carro justamente para ir trabalhar. De carro vai rápido. Pega Marginal, demora cerca de quinze minutos daqui lá.

SPEAKER 2: : Porque Marginal é aqui ###

SPEAKER 0: : Então, eu entrava às sete e meia também, tinha que roubar um carro, porque eu não ia de ônibus acordar às cinco da manhã para chegar lá. E agora eu pedi demissão. Estou trabalhando aqui perto. Agora eu poderia ir de ônibus

SPEAKER 1: : ### Ah, no Centro de Recursos Já começou? Mais ou menos já.

SPEAKER 0: : Você já foi lá?

SPEAKER 1: : É. Apesar de não ter saído do contrato ainda. E nem vai sair tão já. É isso que é. Eu estou com medo.

SPEAKER 0: : Mas, de qualquer forma, eu estou indo, né? Nesse outro emprego que está para sair. No hospital? Qual emprego? No da coordenadoria. Ah, esse daí já já saiu e eu já desisti ( ). ### Só está com Recursos Humanos? É. E com o hospital, né? Que hospital? Um hospital psiquiátrico. Ah a que está para sair. Está ### Os que saíram eu já desisti. Então agora eu estou numa situação meio instável, né, porque... Vai que não sai o centro.  o hospital. E o centro, se sair, sai daqui quanto tempo? Não tem prazo, pode sair dentro de um mês, dentro de um ano. Acho que no máximo um ano.

SPEAKER 3: : ###

SPEAKER 0: : O quê?

SPEAKER 2: : Pode sair mais? Não sei ( )

SPEAKER 0: : Não, sai depois das eleições. O problema é que três meses antes, três meses depois das eleições, eles não fazem contrato nenhum, né? Então, em três meses antes é o quê é mais de agosto. Não, quinze de agosto. Ah ### em novembro, quinze de novembro.

SPEAKER 1: : Então, se não sair até quinze de agosto, só novembro, dezembro, janeiro, acho que só em fevereiro, né?  fevereiro que eu consigo não sei.

SPEAKER 0: : ### Talvez agora eu possa ter um pouco mais de tempo de la zer. E aí o que você faria? (risos) ### É, qual seria os seus sonhos para o lazer? Não, sabe que eu eu larguei a ProMenor porque eu entrei na pós-graduação esse ano, né? É, e não estava dando para... porque eles não deram permissão para... quer dizer, deram permissão para frequentar, contanto que eu compensasse nos fins de semana. Eu já trabalhava nove horas lá e teria que trabalhar nos fins de semana. Daí eu fiquei cheia e. E saí, surgiu... não surgiu nada certo, mas surgiu a possibilidade de trabalhar aqui perto, né, meio período, ganhando quase a mesma coisa que eu ganhava

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Aqui seria a parte de avaliação de desempenho. Seleção e avaliação de desempenho né. ###

SPEAKER 1: : E no hospital psiquiátrico seria a parte de diagnóstico.

SPEAKER 0: : Que também está uma coisa assim meio incerta, mas com grande probabili

SPEAKER 2: : dade. Você preferiria esse, né?

SPEAKER 0: : Do hospital? Sim. Na primeira vista, sim. Só que o salário é bem menor e é muito mais longe, né? ###

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : ### Lá, acontece que lá, eles contratam um psicólogo no hospital para... parece-me que é isso. Porque para fazer convênio com o i ene pê esse, eles conseguem pontos a mais, ou conseguem o convênio com maior facilidade, se tiver psicólogo trabalhando no hospital. Então, os psicólogos têm uma função mais decorativa. Quer dizer...( ) É, seria parte de diagnóstico mesmo, o psiquiatra dá a palavra final. O psicólogo faria parte de ah um diagnóstico auxiliar, participaria das discussões de grupo não é Não tem uma função tão ah importante, quer dizer, fundamental para eles quanto seria aqui no centro né. Eles querem instituir um sistema de avaliação de desempenho, elaborar projetos, um monte de coisa que eles estão dando muita importância, muito valor aqui. Tem vários aspectos positivos e negativos nos dois, porque eu me interesso mais pela área de clínica, né? Tudo o que eu fiz até agora foi na área de clínica. E aqui seria mais na área de trabalho, psicologia do trabalho. Então, é mais uma dúvida. Estou esperando o que sair (risos). E se sair os dois? Ah Se sair os dois, eu não sei o que eu faço. Quando sair, eu decido.

SPEAKER 2: :  de pós, você pegou o que?

SPEAKER 0: : Eu estou fazendo clínica, é, na área de clínica. Mas se eu trabalhasse aqui, eu provavelmente procuraria trabalhar em consultório, qualquer coisa assim né. Para manter uma atividade clínica e e continuar. Mas com a confusão esse ano, esse problema de ter entrado na pós e estar trabalhando, tudo isso prejudicou um monte de atividades minhas, né? Tive que parar. Tive não, né? Parei as coisas assim. Fui largando as coisas, porque eu não tinha ânimo de ir até a Sociedade Rorschach na segunda noite. Além do que, também realmente não motiva muito, mas era cansaço. Eu não tinha ânimo de sair. E comecei a dar aula à noite, então... Daí que não dava mais. Parei tudo.

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Mas estou mudando de vida. ### Vamos ver o que que vai acontecer. ###

SPEAKER 3: : ### ###

SPEAKER 0: : ### Pouco mais.

SPEAKER 2: : ### ### ###

SPEAKER 0: : ### Mas eu estudei três anos piano, né? ### ###  também estudei três anos e não toco nada. Eu acho que a gente não tem muita habilidade, assim. Você e a Sônia tinha. ### ### ### ( ) Eu eu lembro que eu rasguei o método uma vez de raiva porque não conseguia sair a música (risos). Chegava sempre no mesmo lugar Aí eu amassei o método e continuei mais um tempo, porque o papai deu uma... Lembra a força que o papai dá? Minha filha, errando, se apren ### ### Não, meu pai e minha mãe não tocam instrumento algum, mas. Gostariam. É, eles gostariam demais, né? E  o (tosse) Peri toca, né, violão? Ah  agora tem o Peri que toca, meu marido. ### ### ### O violão era meu também, porque (risos) eu estudei três anos piano e um dia decidi aprender violão. ### ### Você e a Cláudia, até eu que chegava em casa, pegava o caderno para copiar as músicas. ### Aprendi uma uma ou duas músicas também. É Eu... Ah, algumas coisas a gente toca, né? ### Mas a minha professora de violão era engraçadíssima. ### ### Essa era de piano a ( ). Ah, era de pia ### de violão, eu não lembro o nome dela, mas ela cantava as músicas assim com uma melodia na voz, sabe dessas que canta assim? (risos) Sei.  Eu sei, eu já imaginei. E ### ### ### ### ### Mas com aquela melodia, entendeu? E eu não aguentava. Daí um dia eu chamei a Cecília, uma amiga para assistir a aula, porque eu achava engraçadíssimo, nossa essa menina era muito amiga minha. E ela foi lá, e ela teve um acesso de riso no meio da aula (risos). E eu daí comecei a rir também. E nós rimos tanto, que nunca mais eu voltei lá de ver ###

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : ### ### Ele aprendeu flauta e de vez em quando ele toca. Agora que ele está fazendo cursinho de exército, coitado, não não tem tocado ( ) dotada acho que é a Cláudia, porque de tudo ela aprendeu um pouco. É a A Cláudia acho que nunca estudou nada, mas ela toca piano até hoje, toca flauta e toca violão. É. É. ### Aliás, ela disse que ainda vai aprender a tocar pia ah reaprender né, continuar. Não deixa a mãe vender o piano. já não aguenta mais (risos).

SPEAKER 2: : Ela chegou a ter aula de piano?

SPEAKER 0: : Acho que chegou ### ### ### Ela tocava as músicas que eu tocava e ela tirava de ouvido. Justamente aquela que tinha capacidade. Mas também ela não tinha muita paciência de ir na aula nem tem né faz anos que ela fala que vai pegar um professor e aprender nunca. É, mas ela tem paciência de ficar tirando né flauta ela tira sozinha é engraçado né ela que ensinou algumas músicas para a gente também sendo que nunca aprendeu né E ritmos de dança? O que todo mundo toca aqui é vitrola, né? (risos) Não, vitrola a gente gosta bastante de músicas. Só que o meu pai que não gosta muito

SPEAKER 1: :  é um problema.

SPEAKER 0: :  Barulho, ele não gosta de barulho, sabe? ### Então, se põe disco na vitrola, tem que ser bem baixinho. ###

SPEAKER 1: : ### ###

SPEAKER 0: : A maior parte dos nossos discos são de música popular brasileira. É. É? Grande parte eh.  Chico Buarque, Maria Bethânia ãh

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 1: : Tem Gal Costa, tem... Paulinho da Viola. ###

SPEAKER 0: : Sempre tem alguém que já fez, né? Eu já fiz um curso de desenho na cidade, lembra? ### ### Lá na Sete de Abril. Eu ia à noite, eu ia, está bom? ### Eu lembro que você fez você fez um curso aqui com um pintor que mora aí na esquina, lembra? ### Que ele desenhou no teu rosto? ### Você pensa que era aqui na esquina? ### ### Uma coisa assim porque Quando eu estava fazendo fazendo cursinho, fiz cursinho no Anglo né. Seria para engenharia, mas era para fazer química. Aí me deu vontade de fazer arquitetura. Me deu vontade de pintar, peguei umas tela aí e copiei umas gravura. Comecei a fazer o cursinho para arquitetura e tinha umas aulas de desenho. Depois, bom, não passei no exame. Ainda bem, porque (risos) não ia dar nada como arquiteta. ### Eu acho. Cheguei. e fiz vestibular para Arquitetura, Engenharia, Matemática e Química. Você fez para essas quatro coisas? É É medo de não passar. Está brincando. ### ### Aonde você fez para tanta coisa? ### ### Química na USP, arquitetura no Mackenzie. Nossa Entrei em Química, Matemática e Engenharia e. Eee daí dos três... Bom, era a Química mesmo que eu preferi, depois que os outros eram na... na A gente teve que escolher um curso na universidade também né? É ### Por exclusão. ### Não tem. Não tem base, nem informação suficiente para ter uma escolha...Nem sabe  ### Imagina que seja aquilo. As escolas não fornecem as mínimas condições para  ### ###

SPEAKER 2: : Por isso que eu gosto de orientação profissional.

SPEAKER 0: : Eu eu fiz alguns estágios em orientação profissional ( ) A Jenia, sabe? Ela fez a...uma prima nossa. Fez orientação profissional lá na USP, sabe? E ela estava fazendo serviço social. Largou o serviço social e estava odiando, né? Parou no meio e começou a fazer administração. E está gostando bastante. Porque eh não é orientação profissional baseada em teste, mas é toda uma... visão mesmo das coisas ãh, mostrar, propiciar condições para que o próprio aluno procure pesquisar as diferentes funções, ocupações, trabalhos e seus objetivos frente às profissões, sabe? Então é muito interessante, e eu acho que isso precisava ter em toda escola, só que as escolas não não existe psicólogo, não existe professor, não não tem essa, deveria ter uma matéria própria, né?

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : ### Porque quando eu terminei o curso de química, eu não tinha vontade de trabalhar naquelas coisas que se apresentavam. Não que eu não tinha vontade de trabalhar em indústria, né? Porque... Pelo fim que você trabalha... Ãh depois... Na universidade, todos aqueles professores com quem eu tinha feito curso não tinha vontade de trabalhar com eles também, porque... Uns velhos muito quadrados e fazendo uma química da do tempo da ( ) É bom que eles ouçam mesmo e. Você está lá agora, né? ###  Agora eu estou lá, mas não estou com velho, né, Dey? Estou em bioquímica. Então, e sobrava o quê? Dar aula, que eu dei aula enquanto eu era aluna durante três anos e me cansei, né? Foi suficiente. Não dá para se realizar como professora. Então, eu procurei um campo de trabalho onde eu sentisse, pelo menos, um pouco mais útil do que... Então bioquímica eu achei que seria mais voltado para isso e um Agora, eu estava assim decidindo, né, achando que seria bom, vendo onde poderia ser, até que eu pedi a bolsa né. Eu estava me formando ainda, quando eu pedi a bolsa no consulado. Aí eu tinha que escolher de pressa um professor. Lá na França, eu pedi para ele me orientar. E eu fui falar com uma pessoa que tinha trabalhado lá, um bioquímico. E ele me aconselhou umas pessoas. No fim foi, eu fui indo, fui fui me envolvendo com as pessoas e já estava... Nem tive a oportunidade de pensar é isso mesmo que eu vou fazer. Quando eu vi, eu já estava... Por um lado, é o que eu gostaria de fazer, mas, por outro lado, é ruim. Já a formação que a gente tem no curso que faz não é boa. Ainda mudar. É. É bem mais difícil, né? Ainda mais para mim, que fui fazer o curso lá na França, a formação da gente aqui é mais fraca mesmo, né? Então, mais dificuldade aí. Mas, pelo menos, eu tinha uma desculpa, né? Que eu não estava na minha área. ### ### Outra vez se apresentou o mesmo problema que se apresentava quando eu me formei. Não tinha vontade de fazer nenhuma das coisas que tinha para fazer. Então, eu fui na faculdade, conversei com os professores lá. Aí fui nesses institutos que tem, Instituto Butantã Biológico e fui na CETESB. Aí na CETESB eles acharam que eu que seria bom eu ficar lá para fazer um trabalho, que eu estou lá como química, mas seria para fazer um trabalho um pouco relacionado com o que eu fiz lá na França. no início. Então, eu falei, ah, está bom, né, porque pelo menos vou usar um pouco daquilo e está no campo que eu quero. E, além disso, era em pesquisa, que era uma coisa que eu queria, mas que na universidade é muito difícil ser contratado e. Pagam Mal. Pagam mal eee... Depois, como é um ambiente que eu já conheço muito, eu não tinha vontade de ficar lá, sabe? Tem muita gente desanimada lá, ### Aí apareceu a oportunidade de eu fazer pesquisa e ir numa companhia, né? Contratada, tá? Então, eu achei bom e fiquei. Agora, lá eu estou como química, né? E eu voltei, então, para química e não é bem o que eu queria. Ah, quer dizer que você não foi contratada para fazer serviço na área de bioquímica? Fui. ### No início era para fazer um trabalho de bioquímica, mas esse que me falaram é um trabalhinho Entende? No meio de uma porção de outros que são muito mais de... é uma análise de ácido ribonucleico. E eu trabalhei com ácido ribonucleico lá. Agora, além da análise de ácido ribonucleico, tem análise de uma porção de outras coisas que é para fazer que é... de química mesmo. E eu estou... numa enroscada, não sei como é que... Porque você não gosta de química É. Você queria fazer em bioquímica. ### ### Não é, eu acho que na verdade eu não eu não sinto prazer em fazer nenhum dos dois, mas pelo menos na parte de bioquímica. Acontece que se eu ficasse na parte de bioquímica lá, eu ia trabalhar mais com a parte de pesquisa mesmo, de o que que está acontecendo com isso, com aquilo, entende? ### É. A gente trabalha com fermentação de lodo de esgoto. Coisa horrível, mas enfim. Eh e eu, na parte de química, fico um pouco isolada da da das coisas novas que vão aparecendo, entende? Problemas novos. Fico lá só resolvendo. Como que faz essa análise? ### ### ###

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 1: : Não...não tem, não.

SPEAKER 0: : É. Depois é tão diversificado, tem tanta coisa que você só encontra alguns aqui, né? Alguns campos. E no que eu trabalhei lá, aqui não tem de jeito nenhum É isso também, eu tenho que fazer. De qualquer jeito, eu vou fazer uma coisa diferente do que eu fiz esses anos depois de formada. Mas eu poderia aproveitar mais vou aproveitar menos, né? Eu queria aproveitar mais, o máximo possível. Depois, outro problema de eu ficar com química lá, é que eu vou fazer doutoramento lá com... Eles vão me mandar fazer doutoramento, né? Aí eu vou fazer o doutoramento em bioquímica, lá na E ao mesmo tempo trabalhar em química. Já é muito fazer duas coisas ao mesmo tempo. E não é duas coisas assim tão diferentes. Então por que você não pede na CETESB para ser transferida ou sei lá? É. não é bem ser transferida. É ficar encarregada de outra parte do trabalho. Acontece que eu sou a única química e que não preciso de ninguém para fazer a outra parte. Porque, por enquanto, não tem o que fazer em bioquímica. depois eles são... tudo é tão complicado lá. Devagar que (risos)... Até hoje não conheço o chefão lá.

SPEAKER 2: : Essa é uma característica geral daqui, né? É É. E as teses que você apresentou lá na França em que setor que foi? Foi em...

SPEAKER 0: :  Biologia Molecular. Maravilhosa Olha  mas era tão maravilhoso que você nem sabe para que que serve, viu? É, muito ( ) demais. Por isso que eu acho bom na CETESB, o que eles pensam fazer, teorizam fazer, é uma pesquisa mais aplicada, sabe? E eu me interesso por isso. Me sinto melhor fazendo uma coisa que eu sei para que que vai servir, do que fazer uma coisa que tanto pode como não pode ser útil, como pode ser até prejudicial às vezes, né? Então, é uma das coisas boas dessa pesquisa prática aplicada, mas é muito devagar, viu? Ai... E depois é tanta burocracia que você tem que se encarregar e...  Eu não vejo outra solução ou outra coisa melhor eu vou ficando lá. Se você quisesse se formar em bioquímica agora você teria que entrar, prestar vestibular Não, acho que prestar vestibular não. Aquela coisa que é só ter vaga não é? Não é né? Não tem vaga né? ### ###

SPEAKER 2: : ### ###

SPEAKER 0: : Bioquímica é farmácia. Farmácia e bioquímica. Eu sei. Tem Lógico que tem Tem. ### A faculdade é até no mesmo prédio. Não, o curso tem muitas matérias que são as mesmas, entende? Quer dizer ( ) que agora há há uns quatro anos, acho, eles fizeram uma reforma lá, então... O curso básico tem muitos materiais que são É junto para química para bioquímica

SPEAKER 2: : ### ###

SPEAKER 0: : ### ###

SPEAKER 2: : ### ###

SPEAKER 0: : ### Porque ela sente, você não sente dificuldade ### ### ### ### ### (risos) Ai ( ) ai não, esse negócio de assistir aula, para... Mas o seu de bioquímica, o que você fez lá é mais biologia e química, né? É, de química tem pouquí ###  bioquímica mesmo. ### ### A química que eu estudei? Olha, eu quase que não apliquei a química. Bom, é mais na formação a gente não sente que está aplicando, mas a parte que eu vi lá era uma coisa completamente nova para mim, sabe? Era mais biologia, né? É ### ### ### Não era, no meu caso num...Não? É podia ser um pouco, mas os conhecimentos que eu tinha que ter para aplicar a química, entende? Que eu também conhecia, eu não tinha, porque os conhecimentos básicos que eu tinha que ter era de bioquímica

SPEAKER 2: : ou de biologia, é. Que pelo jeitão das

SPEAKER 0: : sua tese né é mais biologia. É ( )... (tosse), por isso também que eu fico na dúvida se eu quero ou não bioquímica já é tanto trabalho para mim. Tenho que estudar tanto, cada vez que eu pego uma coisa, tenho que voltar tudo.

SPEAKER 1: :  Mas as escolhas sempre são difíceis, né? Difíceis, né? ( )

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Rosa, como é que escolheu clínica? Psicologia clínica eu acho que é é o básico ### ###  conhecimentos em psicologia que são básicos para atuar (tosse) em qualquer área. Foi mais ou menos dessa forma que eu escolhi. Mesmo que eu vá atuar em seleção, eu preciso de alguns conhecimentos básicos de de comportamento humano e de técnicas, coisas assim que são básicas para atuar em seleção, em indústria, em clínica particular, em escola. Então, foi a partir disso que eu escolhi a a Psicologia Clínica como curso de pós-graduação.

SPEAKER 2: : É, lógico. ###

SPEAKER 0: : Para obter um conhecimento básico para poder atuar, né? (tosse) E eu acho mais rico também, né? Quando eu escolhi, agora vem quando eu escolhi depois. Quando eu escolhi, eu tinha intenção de trabalhar em clínica também, mas (tosse) eh sei lá, em instituição ou particular, mas atuar numa área de clínica enquanto atuando com um indivíduo, né? Eee... Depois, quando eu comecei a trabalhar, eu comecei, trabalhei um ano, na ProMenor, com adolescente infrator. Meninos de quatorze a dezoito anos eh, com conduta antissocial. Os famosos trombadinhas e congêneres, né? Então, esse ano, Foi uma experiência em clínica, em instituição, gostei da experiência, mas eu comecei a ver uma série de problemas em termos de trabalho mesmo, sabe? Não em termos das técnicas utilizadas ou coisas assim, mas em termos do local onde você está trabalhando, da estrutura onde você está. E daí comecei a pensar bem se eu gostaria de trabalhar numa instituição estatal ou numa indústria particular ou num consultório meu. Comecei a checar isso daí, né? Não o trabalho em si eee E daí estar reformulando, pensando talvez trabalhar em na área de avaliação de desempenho, coisa assim, num local onde os objetivos estão mais próximos aos meus objetivos de trabalho. Ao invés de me manter numa área clínica, só porque é clínica, independente dos objetivos do local onde eu estou trabalhando. Então, foi em função disso que eu comecei a pensar em mudar de área, porque os princípios básicos da psicologia eu acho que eu utilizo em qualquer área.

SPEAKER 1: : Então, foi mais ou menos em função disso.

SPEAKER 0: : Acho que eu escolhi, a assim, em termos de pós-graduação, não me arrependo de ter escolhido clínica. Acho que psicologia social, por exemplo, É muito teórico, eu acho que a aplicação prática atualmente não existe. E na USP também, a Psicologia Social, peca por isso né, por ser extremamente teórica e por desprezar ao máximo qualquer espécie de prática. E eu acho que acho terrível, eu simplesmente eu sou uma pessoa essencialmente prática. Apesar de achar necessário também a teoria, eu acho terrível quando as pessoas se fecham assim num, sei lá, numa torre e falam, não, prática, que absurdo né. E eu acho que na USP, em diferentes departamentos, cada um tem seu defeito né. Eu acho que psicologia social tem coisas interessantes e tudo, Além de do pessoal de lá desprezar a prática, não existe aplicação que se estuda. Então, é um problema. É interessante e tudo, mas não existe aplicação. A única coisa que existe em psicologia social é propaganda. Eu estou na área de propaganda. E tchau... Educacional... Sei lá, você precisa de alguns conhecimentos básicos de psicologia clínica para atuar numa escola também, ou para atuar numa instituição.

SPEAKER 2: : Psicologia genética como pós-graduação? Não

SPEAKER 0: : Não Como pós-graduação

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Tem a Psicologia Genética, mas a Psicologia de Piaget, né? A gente tem uma matéria no curso de Graduação que é sobre o Piaget. Quem dá é a Zelia Ramozzi Chiarottino ( ), a famosíssima que estudou na França com o Piaget e tal. Eee... é um curso muito interessante.

SPEAKER 2: : E tem... Também é básico, né? É

SPEAKER 0: :  é uma matéria básica Eu acho uma das matérias importantes no curso é conhecer o desenvolvimento né, em termos de desenvolvimento intelectual, pensando em Piaget né, que ele estudou parte do desenvolvimento da inteligência né e não do desenvolvimento cognitivo. ### Agora, essa Zelia, ela é doutora e ela ### Né quer dizer, você poderia fazer uma pós-graduação. ### ### É que os departamentos são meio misturados, apesar das pessoas. Então você poderia fazer a matéria dela e. não sei como ela é como orientadora, né? Mas provavelmente é a a tese dela é sobre Ela tentou relacionar a lógica matemática com a teoria a o desenvolvimento da inteligência né. Então, é é muito interessante, mas também é extrema mente teórico né é pesquisa mesmo, é muito bom. ### Uma coisa que eu já pensei em estudar vinte mil vezes e até agora não 

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Não, no curso não. A única pessoa que dava alguma coisa nessa área era o Dante. Dante Moreira Leite, não sei se você conheceu.  ele morreu agora, né? Então, atualmente não tem nada. Ele dava Psicologia Diferencial. É. Então, era a minha matéria. ### ### Nunca foi dado como uma ma, se eu não me engano, era até matéria optativa, não era uma matéria assim fundamental ( ) Sei lá, por que você fez alguma coisa nessa

SPEAKER 1: : área. Eu fiz ciências sociais com bastante psicologia, com optativa nos quatro anos

SPEAKER 2: : Na tese de graduação e eu tentei juntar psicologia, antropologia e sociologia ( ). ### ### ### ### ###

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 2: : É, acho que é sempre, né? É difi

SPEAKER 0: : ### ### É incrível. Acho que todo mundo, porque inclusive lá onde eu trabalho. ###

SPEAKER 2: : Que já estão formadas

SPEAKER 0: : ( ) É. Tem inclusive uma uma pessoa lá que ela já fez doutoramento. E bom... Devido a escolha dela, ela fez Biologia, depois o doutoramento ela fez em Engenharia Bioquímica. E agora, na hora de trabalhar, é aquela confusão, né? Porque então, ela está em Microbiologia e não é o que ela queria, não é o sobre o que ela fez o doutoramento, entende? É, uma bagunça mesmo ### Todo mundo, ah, mas eu não queria estar aqui. É, o trabalho nunca corresponde exatamente ao que a gente imagina, né?

SPEAKER 2: : Então tem que fazer umas adaptações. Ou a área de estudo né? É

SPEAKER 0: : É, tem um problema que eu Tinha uma divisão de planejamento e tinha divisão de triagem. Então, o planejamento fazia toda a parte do plano do nosso trabalho lá na ProMenor. E a gente lá na casa tinha uma prática diferente e nunca a gente conseguiria adaptar aquele plano estabelecido na na na nossa prática né, que é bem diversa. Então é, eu acho que um pouco as escolas têm isso né. Quando você vai atuar assim, praticamente, as necessidades não são exatamente aquelas necessidades imediatas. Por exemplo, eu estava em uma casa de triagem e tinha que triar o maior número de meninos possível né. Então, a a parte administrativa queria que triassem oitenta menores deixa eu falar, trinta menores por mês. E a parte de planejamento falava, não, vocês vão fazer um serviço bem feito, de ótima qualidade, não tem importância se vocês triarem cinco por mês. Era uma contradição dentro do próprio serviço, a gente ficava ali na corda bamba. pressão do lado administrativo, pressão do lado técnico e sabendo que, de fato, do lado administrativo, se a gente não triasse um número grande, a casa lotaria ãh, não teria lugar mais para menores, não sei o que aconteceria, sabe? Não tem jeito. Teria que criar outra casa, construir outra casa, em um mês não dá para construir outra casa, quer dizer, existe existe realidade mesmo, né? Não sei, eu acho que é um problema semelhante, sabe? Estou tentando fazer um paralelo com o que a gente aprende e a necessidade de uma sociedade industrial tecnocrata atual, que precisa disso e não precisa daquilo.

SPEAKER 2: : ### ### ###

SPEAKER 0: : ### Acho que não tem, viu? Planta. Planta? O papai tem uma barreira aí atrás de vinte anos (risos). O hobby principal é do papai de plantas, mas todo mundo entra um pouco. tem sempre seus hobbies, mas nós... É. O papai tem mil hobbies, né? A gente só vai atrás. consertar tudo quanto é coisa, ele conserta. Qualquer coisa que quebrar, que você não souber mexer, ele mexe.

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Não, ele conserta desde a televisão até uma caneta.

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : É, ele não consegue e fala que ele não conserta. Aliás, esse transformador aí, como que é o caso desse transformador?

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Trouxe de casa? ### ### ###

SPEAKER 2: : ### ###

SPEAKER 0: : Soldar um...Ah, soldar? É, então Neto, se você conseguir consertar a tomada do meu quarto, meu pai agora está com hepatite. Então, não tem jeito. Tem umas coisas que estão assim. Por que você não conserta? Eu já tentei, não sei. Eu consertei já a tomada do do abajur, mas lá na na parede, o o fio desligou. Eu tenho medo de mexer. Agora da família? Hobby? É do papai mesmo. O sítio, o sítio. Ah

SPEAKER 2: : papai tem um sítio. Ah, que gostoso. É

SPEAKER 0: : O Ernesto?

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : o Ernesto, não sei se o Ernesto tem hobby não. Ah, a gente já teve. ### ### ### ### Eu acho que ficou tudo para o Ernesto. Eu tinha uma de moedas também, deve estar com o Ernesto. Eu tinha uma de moeda, uma de chaveiro, uma de fotografia. Ah, fotografia. Ah, é, você. ### Eu aprendi a fazer é... comprei ampliador ### É, revelava. ### Revelava. Agora faz tempo que eu não revelo. A gente emprestou ampliador e até agora não voltou. Mas eu tinha lá no quarto, no fundo, um quarto horroroso, úmido e tudo mais. Eu ficava revelando, assim, o dia inteiro, fotografia. Tirava, saía para tirar foto e revelava. É, e vocês tiravam de pessoas ou mais paisa Olha, eu comecei tirando de paisagens, depois eu passei a tirar de pessoas Duas fases. Mais difícil, né? (risos) ### Olha, dá até para dizer que eu tive fases. E foi aí que eu parei. Eu comecei ti eu comecei tirando de paisagens, depois pessoas de longe. Agora, pessoa de perto, eu tive muita dificuldade e foi aí nessa fase aí que eu parei. É? Por que? Ah Ah, eu não sei para tirar expressão, para tirar, sabe? Foto bem feita. Eu ainda revelava muito mal. Primeiro problema, né? Revelar... Precisa ter uma prática para revelar bem. Revelar bem mesmo, né? Eee E... Então, quando você começa a fazer uma foto mais detalhada, com mais detalhes, já... Peca muito. Então, parei por aí. Mas não foi por isso. Parei, nem sei por quê. ### ### ### Agora, de vez em quando, eu desenho também. Olha, esse ano no meu trabalho eu não te mostrei meus desenhos ### ### ### ( ) De vez em quando eu desenho, não sei desenhar nada. Mas eu gosto de rabiscar papel de vez em quando. E aquela época que você começou a desenhar, que você entrou no curso, lembra? fez uma uma pintura lá, cópia do Van Gogh. Ãh. Ficou muito bonita. Que eu fiz também. Então, é o meu orgulho. ### ###  Só que eu não encontro. Eu queria tanto enquadrar  Tudo, colocar na parede ### ### ### ### ###

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : Eu, meus hobbies ficam só no pensamento, viu. Ai, tanta coisa que eu falo, não, agora eu vou fazer isso (risos). Ganhei a máquina fotográfica Esqueço de levar nos lugares, quando levo não sai. Mas eu ainda tenho alguma coisa, de vez em quando eu estou andando, me dá uma vontade de tirar fotos de umas coisas que eu vejo e eu estou sem a máquina também, né? Você precisa estar o tempo inteiro ligada no negócio, com a máquina  e aí é difícil. Acampamento. Acampamento. É um hobby, né? (risos) É o hobby de todo mundo aqui da casa. ### É, onde vocês acampam? Olha, eu acampava muito ali naquelas praias, em Ubatuba, São Sebastião, por ali. Eee agora faz tempo que não acampo, né? ### É, dizem que não dá mais para acampar, não sei... Eles estão fechando as praias, né? E agora acampamento só em... como chama? ### Né que tem que pagar dez cruzeiros por dia e daí fica uma barraca em cima da outra. Ai (risos) É um horror. ### Foi ano passado? ### No ano novo. Quando que foi que a gente foi acampar? É, mas fomos num camping a gente costumava acampar em praia, assim, né? E a gente acampa há muito tempo, em épocas que as praias ainda eram ( ), né?

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : ### quase dez, quinze anos. E atualmente está terrível. A gente foi num camping que tinha assim, uma barraca em cima da outra, Tinha lata de lixo, tinha banheiro, tinha chuveiro ### E a área pequena? Um barulho. Tínhamos uns vizinhos que berravam e a mulher brigava com o marido. Mas, olha, uma catástrofe ### ###

SPEAKER 2: : ### ### ### ###

SPEAKER 0: : Não tinha nem vontade de comer. (risos) É, não dava vontade. ### Mas daí, por exemplo, quando vocês foram para... para Ubatuba que vocês foram ver aquele terreno? Como chamava aquela praia, Neto? Boiçucanga, não era? É, Boiçucanga. Lá, por exemplo, não dá para acampar? Boiçucanga já é uma vila, né? Não, a praia de Boiçucanga, ela tem algumas casas Sabe dessas praias que tem casas na própria praia? E não tem água, não tem árvore, não tem condições para acampar. Tem pouco espaço, né? Logo já tem as casas. E depois para cá tem vila. Então não é um lugar assim, próprio para acampamento Lugares bons são os lugares que tem árvore, tem cachoeira. É. Não tem mais, né? Essas já estão todas fechadas. Uma que nós precisamos redescobrir é aquela praia brava que a gente foi acampar. Você estava aí quando a gente foi na praia brava?

SPEAKER 3: : Não.

SPEAKER 0: : Uma praia maravilhosa, não tinha ninguém. Só que é difícil de achar, nem sei se a gente acha de novo. E depois a gente estava na praia e o mar invadiu a barraca, tudo, tivemos que sair correndo e abrimos a clareira no meio do mato, porque na praia não dava. Chama brava por causa disso, sabe? Ah (tosse) Por isso que não tem ninguém também ### ###

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Aí no dia seguinte tem mil barracas em volta.

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 1: : Está legal, já deu tempo. Já deu. ###