SPEAKER 1: Maria Parecida e Maria Luísa, gostaríamos que comentassem a respeito de sua vida social e diversões ( ). SPEAKER 0: A vida social da gente é bastante simples. Nós não somos de muitos passeios nem muitas saídas. Damos preferência a viagens. Especialmente no momento em que meus filhos já cresceram, eu posso gozar de alguns fins de semana, alguns feriados, já com mais liberdade. Isso me tem dado uma sensação, assim, de muito mais realização, porque quando as crianças eram pequenas, eu era bastante presa. E, aliás, me prendi com boa vontade, não me senti prejudicada. Mas agora estou assim como o passarinho que fugiu da gaiola, que a qualquer momento pode aproveitar um pouquinho. Então, as viagens predominam nos meus divertimentos. Agora, em seguida, aprecio como saída ãh muito pouco cinema. Porque o meu problema é que eu acho que cinema é diversão, eu não sou do tipo cinema de arte. Então, o cinema diversão realmente não pode ser triste, não pode ser muito sério, eu gosto de coisa leve, é muito difícil. O cinema já está partindo para um outro jeito, que não é o meu. Quanto a teatro, eu vou de vez em quando, especialmente porque meu marido gosta muito, mas também acho complicadíssimo descobrir uma peça de que eu goste. Porque pela minha formação humanística, eu sou mais clássica. E gosto bastante mesmo quando encontro autores clássicos. Mas as coisas modernas, não...no sentido de teatro, não me atraem muito. Agora, às vezes, vamos. Pegamos uma comédia outro dia, o Doutor Knock. Apreciei. Dei boas gargalhadas. Acho que eles perdem uma boa oportunidade de ficar numa altura maior. Eles descem. E o público racha de dar risada, mas eu acho que é um público que merecia coisa melhor. Eu vi no teatro pelo menos quinze conhecidos que são de nível de educação muito bom e que certamente apreciariam que a peça fosse num nível mais alto. No entanto, eles conseguem enxertar muita bobagem que faz a peça perder a categoria né. Em todo caso, dá para para a gente se divertir assim no teatro de vez em quando Agora, quanto à leitura, também gosto bastante, mas eu sou um bocado saudosista em leitura. Eu gosto muito de ler coisa que eu já tinha lido. E as novidades também não me atraem tanto. Pelo jeito, parece que eu sou estou ficando meio velha de espírito, mas não é não. Eu acho que é só da na parte cultural, porque no resto, eu consigo ser bastante jovem. Mas vamos deixar a Maria Luísa dar os palpites dela. ### A gente, casada de novo, não tem tempo de passear. A gente passeia muito pouco eh. ### Ou se fica, sempre tem alguém doente ou que está acordando de noite. Elas são muito pequenininhas. Eu gosto de ir ao teatro, mas meu marido não gosta. Então, a gente vai de vez em quando. Mas também, Teatro é o tipo da diversão, hoje em dia, que é muito cara. Então, gente moça, não está podendo ir ao teatro, teatro bom, de bastante nível. Outro dia, há pouco tempo, passou um... não era bem uma peça, um show do Paulo Gracindo e da Clara Nunes. Nós ficamos com muita vontade de ir, mas sessenta cruzeiros cada um. Então, você pensa, pensa, pensa, acabou a temporada e nós não fomos. Agora, eu gosto de teatro. Agora, a gente vai mais a cinema eee. Mas, mesmo assim, mais difícil. Meu marido gosta de ficar em casa, que vêm os amigos, que vêm vêm bastante gente, que conversa, que escuta música. Eu não sou muito de sair. Éramos muito de festa, mas agora não dá. Acho que depende né do do momento. Agora, eu tenho muita vontade de que todo mundo cresça logo para eu poder voltar a ir passear, a a ir à festa outra vez, a viajar. Nós gostamos muito de viajar. A gente sempre tinha jeito de ir para a fazenda, de ir para a praia, de fazer alguma coisa. Hoje em dia é difícil. A mudança para sair de casa é uma coisa. É mala, é balde, é brinquedo, é quadrado. É é tanta coisa que só compensa uma saída que você vai ficar assim uma semana, não é mais sair para sábado e domingo. Então, a gente fica muito aqui em São Paulo, vamos passear, vamos ãh vamos visitar, vamos almoçar fora, ou a gente vai assim até lugar perto, ãh vamos à Embu, à Itapecerica, vamos a uma praça, um parque. virando burguesa, assim, de parque de Ibirapuera, cidade universitária, porque daí você pode levar as crianças, eles ficam brincando. Carolina corre, anda de bicicleta, entende? Então, é outra vida. ( ) é, sobre isso, a a minha vida também foi assim ãh. Não houve recanto de São Paulo que nós não visitássemos. Os nossos piqueniques no Jaraguá, com vocês pequenininhos, e fazíamos aqueles sanduíches, arrumávamos cesta com coisa Porque, realmente, quem tem muita criança e não quer ficar limitado, precisa inventar. Então, nós usávamos esta esse recurso para não ficarmos trancados todos os domingos em casa. Embora a gente sempre tenha tido casa com jardim, com quintal, mas muita criança junta. Então, era muito frequente nós termos os programinhas feitos assim para para passear. E nós temos slides ótimos né de passeios. Sempre a gente descobria uma canoa, uma montanha para subir, uma planta diferente, orquidário, eh como é que chama aquilo? Jardim zoológico, botânico. Tudo isso nós fizemos com vocês porque nós, naquele tempo, não tínhamos outro jeito de passear. E para passear com criança era nós nós gostávamos de passear com eles. Eles apreciavam. Fase, de época, agora não dá né mas já deu antes aí vai dar, por isso que eu acho que não vou mais ter filho para dar tempo de passear. A gente fica com saudade, tanto que você viu o que eu falei da liberdade que eu sinto agora para viajar. Mas meus filhos crescidos, então os mais velhos cuidam dos menores e eu já posso sair com outra tranquilidade e.  a gente especialmente conseguiu transmitir muito de responsabilidade para eles. Então quando eu estou fora, embora uns aí fiquem levadinhos e mais mal criados e tal, mas os mais velhos aguentam firme e quando eu volto ainda tem eles têm coragem de me dizer que estava tudo ótimo, que foi muito bem. Depois, aos pouquinhos, vão pingando notícias, assim, ah, porque tal dia aconteceu não sei o quê, e a gente vai percebendo que há problemas, não é? Lógico que há, como quando eu estou aqui, mas é a válvula que eu tenho de escape no momento. Alguém da família tem um hobby diferente? ( ) SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: Atualmente a gente faz muito pouco, né? Como eu já falei, mas Laércio adora caçar e é sempre que a gente pode, mesmo que a gente vá para a fazenda passar três dias, ele sai, de espingarda e vai embora. E agora então que a Carolina, ele acha que é gente grande, ele leva junto já, né? Ele acha que ela tem que aprender a caçar, que ele com cinco anos ia caçar com o pai dele, então ele acha que a Carolina tem que caçar com ele. Agora, que... mas não dá, ele também está trabalhando demais a gente, ele não tem tempo. A gente gosta de ler, lê um pouco, mas também com criança pequena você não tem muito tempo de ler. A gente lê mais revista, jornal, mas livro é muito pouco. Os últimos assim saem mais, best-seller, essas coisas, no fim a gente acaba dando uma lida. Tem tem gente que senta e lê e aventura. Já foi o tempo que eu gostava de ler Agatha Christie. Eu gosto de ler, não é que eu deixei de gostar, eu gosto, mas é que é o tipo do do romance que você tem que pegar e levar né até o fim. Então, eu leio três páginas, paro, leio dez, paro. Chega de noite, eu quero é dormir, porque eu sei que eu vou ter que acordar de madrugada. No dia seguinte, você tem que reler para lembrar onde é que é que parou a história. Então, acho que não compensa mais ficar lendo livro policial. Mas você ### Bom, agora nós estamos morando em casa. Nós sempre moramos em apartamento. Então, o trabalho que dá, você tem que cuidar de jardim, porque você também não vai ter uma casa feia. Então, você sempre tem que arrumar, você arruma jardim, Arruma um... Faz bainha em cortina, sabe? Você vai arrumando, porque põe uma uma peça nova em cima do... Hoje eu estava... Nós ganhamos uma louça de herança aí né então Hoje eu resolvi fazer uma mudança na minha sala e pôr algumas peças da louça, porque a louça é muito bonita, muito antiga, pôr algumas peças enfeitando uma estante que eu tenho. Bom, você vai pôr. Três peças, já muda tudo, né? Porque ali eu já tinha uma série de porta-retratos, que eu já tenho que arrumar outro lugar para pôr os retratos. Os retratos eu pus num lugar que estava um ( ), então o ( ) você já tem. Então, tudo, você vai arrumar, fala assim, cinco minutos, você põe a louça. Você já fica uma hora arrumando a sala, né? Porque daí eu também já acho que essa cadeira não está boa, que a almofada tinha que ir para outro lugar. Mas é esse é o hobby de dona de casa, quase que é arrumar a casa. E a minha mãe, quando não tem o que fazer, muda os móveis todos. O dia que você você vier daqui um mês está tudo diferente, viu? ### Eu acho que um dos meus hobbies sempre foi arrumar minha casa, mas sabe por quê? Porque como vocês iam crescendo, as necessidades iam se mudando. E sem querer eu ia vendo que tal coisa não podia ser mais ali porque eu precisava dela lá. Então eu mudava. E é como você disse, para você mudar uma peça, no fim você muda tudo. Há pouco tempo, quando eu mandei colocar esse lustre em cima da mesa da sala de jantar, eu tive que reformular a sala inteira, porque há muito tempo nós...eu tinha uma liberdade imensa. Essa mesa grande ia para aquele canto, vinha para cá, ficava aí no meio. Então, a minha sala de jantar mudava, porque um dia eu achava que lá estava ótimo, mas eu tinha levado um vento nas costas com a correnteza ali. Então, eu ficava com uma raiva danada, tirava a mesa da sala de jantar da correnteza. punha ela no meio da sala. Quando aí chegava uma hora, a gente ia fazer uma festa, um aniversário, uma coisa, mas essa mesa no meio da sala está empatando, punha outra vez a mesa naquele canto. E assim a minha sala de jantar não tinha um lugar fixo. Até aqui eu trouxe esse lustre que foi da casa da minha mãe. Chegou aqui, onde que eu vou colocar o lustre? Então estudamos, estudamos, estudamos e colocamos o lustre aí. Agora eu estou amarrada com a minha sala de jantar embaixo do lustre (risos). Então nós não vamos mais poder mudar. E outro dia nós comentávamos como é que vamos fazer uma lareira aqui para o inverno, né? Então, todo mundo, mamãe, a senhora já não pode mais tirar a sua sala de jantar do lugar, nem pense nisso. E você sabe que sem querer, no fim, tudo gira em torno realmente da do arranjo da casa, para a casa ser mais gostosa, para todo mundo poder usar sem a gente estar tirando as coisas do lugar na hora em que precisa. Quer dizer, muda, porque naquela época da vida a casa é mais gostosa assim. Então, o que acontece é que, se é que eu tive algum hobby na vida, os meus hobbies todos ficaram de lado. Não houve nenhum que conseguisse sobreviver à à minha gerência nesta casa, porque é uma casa muito movimentada. Então, numa hora você tem um moço, daqui a pouco tem dois moços, daqui a pouco tem cinco moços, daqui a pouco dois adolescentes, daqui a pouco mais dois adolescentes, entende? Então, a gente tem, eu sei lá, tanta movimentação, que os hobbies, coitados, perderam a vez. Então, eu considero o meu hobby arrumar a minha casa e trazê-la assim para ser usada né. Como uma pessoa que toma conta de um clube, que o clube tem que servir para as necessidades da Agora, se fosse falar nos nos hobbies passados, ah quando eu era criança, adorava pintar aquarela e desenhar. Qualquer vez que eu saísse, eu levava meu lápis, Eu levava aquarela, eu pintava, eu fiz mil coisas. Todo mundo pensava que eu ia ser pintora. Eu acho que desde os quinze anos eu nunca mais fiz um desenho e nunca mais fiz uma pintura. Daí eu passei para a parte mais de, vamos dizer, intelectual. Os pintores que me ouvem vão dar um ( ) porque eles acham que eles são intelectuais, mas é é que eu fiquei na parte das das letras. Então eu passei completamente para a parte de letras. E daí é que eu comecei a adorar escrever e ler. Então, o meu hobby durante muitos anos foi também circunstancial, porque quan eu comecei dizendo que eu fui professora, mas professora dois anos. Depois eu me casei pensando, eu me caso, vou ter aí uns dois, três filhos, depois eu volto para lecionar, né? Porque eu adorava lecionar, português que eu lecionei eee.  depois eu não tive dois filhos, mas eu tive nove, e assim muito em seguida. Bom, quando eu comecei a minha vida de família, dois filhos, quatro filhos, cinco filhos, eu já não não tinha tempo para sair, para fazer coisas fora de casa, tirei da minha do meu horizonte lecionar, e então comecei a voltar aos colégios, mas na já no papel de conferencista, porque daí era muito mais fácil, porque eu assumia meus compromissos assim, uma vez por semana, ou cada quinze dias eu ia, fazia cursos, ou ou fazia palestras avulsas, mas me realizava, tinha ãh aqueles dez ou quinze dias de preparação para leitura, para aquelas coisas de que eu gostava, tudo isso era possível com as crianças. E depois eu ia ao colégio, levava, vamos dizer, meia hora de transporte, uma hora de palestra, meia hora de transporte para voltar, Então era um trabalho que era possível de ser realizado, mesmo com filharada. E assim eu fui a minha vida inteira, faço conferência até hoje. Então hoje eu diria que o meu hobby é estudar para transmitir. Então é uma coisa que me encanta. E eu sou incapaz de ler uma coisa sem ter vontade de contar aquilo para alguém. E é o tipo da pessoa destinada a ser conferencista. Porque aquilo que eu leio, eu nunca acho que eu devo guardar. Eu sempre acho que ah mas como seria interessante transmitir isso para uma turma...oi. Transmitir isso para uma turma de de senhoras, ou para uma turma de jovens, ou para uma turma de crianças. Então é, aquilo para mim fica sendo um jogo. É uma coisa muito interessante. E eu acho que nessa minha missão de mãe assim de família numerosa, isso foi um alimento espiritual fabuloso. Que talvez eu não tivesse tido o espírito assim suficiente, coragem, bem armado, para esta tarefa se eu não tivesse esse hobby, que eu chamo agora de hobby, mas que realmente, você pensando, é uma uma coisa que me distrai, que me enche o tempo, que me dá motivação ### SPEAKER 1: Então eu considero um hobby. Como é que você conseguiu dividir o tempo na fase mais difícil, que eles eram menores? Bom eh SPEAKER 0:  nós morávamos numa casa que tinha um segundo andar que foi reformado por nós e que ficou muito propício. Porque nós tínhamos uma sala central, dois quartos na frente e dois quartos atrás. E nesta sala central, girava toda a vida da família, durante o dia todo. Nas horas em que os que vinham da escola tinham que estudar, era ali que eles estudavam. Quando eu tinha que costurar, era ali que costurava. Quando as crianças estavam brincando, ali que brincavam. Então, era muito bom, que era uma sala bem grande, E nessa sala tinha todo o material de trabalho da família. Então, ali, enquanto eles brincavam e faziam suas lições, eu escrevia à máquina. Costurar já é parte da casa, mas escrever a máquina eu me lembro perfeitamente. Tanto que quase todos eles escreviam a máquina pequenininhos. Porque quando começam a querer escrever, a gente sente que que eles têm capacidade para não arrebentar a máquina, a gente deixa brincar. E daqui a pouco está todo mundo escrevendo a máquina, com seis anos, com sete anos, com dez anos. Então, foi assim a maneira que eu encontrei. Mas foi muito prático, muito bom até. Eu acho que mesmo para eles. O que que você acha? Você lembra de alguma coisa aqui? De quase nada ( ). Não, eu acho uma delícia ter um monte de irmão, entende? Eu acho que a casa da mamãe, assim, está sempre alegre, sempre tem gente brincando, mesmo que esteja estejam, assim, dois bravos, de mau humor, é, entende? Sempre tem, depois tem muitos amigos, tem gente que vem, ãh os pequenininhos, né? Sempre trouxeram mais amigos e sempre na hora de almoço tem assim, quando tem menos, tem quinze, né? Dez.  então sempre é muito animado, tem vitrola, tem gravador, tem violão, tem campainha, tem telefone, é uma casa muito cheia de vida. Eu acho que é gostoso ter bastante irmão, que é bom ter muito filho, mas acho que hoje em dia não dá mais para ter muito filho né. Eu fui pôr a minha pequena no colégio maternal, vai ficar em cinco mil cruzeiros o ano Não pode né quando ( ) e quem estuda em faculdade particular? Então, não dá. Eu acho que a vida não dá mais para você ter. Depois também acho que já passou essa época de mulher dedicada demais, igual a minha mãe, que ficou cinquenta anos dentro de casa. Que isso, Nina, mas nem cinquenta eu não fiz ainda. Não é verdade, ela dedicou a maior parte da vida dela para cuidar de casa, de criança, de filho, de de marido dentro de casa também, né? Porque hoje em dia, eu acho que, eu vejo que o meu marido, ele é caseiro. Porque realmente, eu tenho amigas que os maridos não são tão caseiros como o meu. Quando ele está em casa, ele me ajuda, ele ajuda a cuidar das crianças, Ele sabe também ir na cozinha fazer o café dele, fazer o ovo frito dele, se virar, né? E acontece que, na casa da minha mãe, os os meninos são tratados a pão-de-ló. Ninguém faz o seu pão com manteiga se a mamãe está junto para fazer. Então, qual é a briga quando a mamãe viaja que eles querem? Que minhas irmãs também esquentem leite, né? Então, sendo muito mal criados, para serem maridos, porque eu tenho dó das mulheres deles. Não mas na hora que eles casarem, eles vão saber fazer, Maria Luísa Não sei, viu? Olha que os maridos criados lá, que eu vejo as minhas amigas que foram criados errados, continuam errados, viu? ### Que há homens que não sabem pegar no martelo e há mulheres que lidam com o martelo muito  Há homens que fritam dez ovos maravilhosos e há uns que não sabem fritar um ovo. Eu acho que não é nada assim geral. Mas na necessidade, tem que saber fazer, né? É. Agora, o caso é que dizem que defunto quando acha quem carrega e faz o corpo pesar. Então, é evidente que enquanto tem quem carrega aqui o corpo, eles reclamam, querem tudo na boca, mas também porque eles sabem que eu  dou né, agora, se no dia que eu digo que não dou, eu não dou. ### Agora, eu acho até estranho o meu marido ser tão assim, ele é independente, ele é decidido, porque a mãe dele é super mãe, sabe? Então, nossa, às vezes ele faz umas coisas que eu falo, será que é mãe dele mesmo? Será que é filho dela mesmo? Porque é, eu acho que é muito de criação esse ser. Eu digo, eu sou muito independente. Ele reagiu de uma forma diferente. Você vê seu pai a mesma coisa. Foi criado com todo o miminho na palma da mão. E hoje em dia é um homem que assume responsabilidades enormes. Assim como se fosse de família grande. Em compensação você vai ver que vai encontrar alguém que foi acostumado a lutar desde pequenininho, que daí na hora que casa quer descansar. Então, eu acho que não há regra geral. Que não há, assim, uma lei. Que tudo vai depender demais, viu? Do temperamento. A educação influi muito, mas eu acho que vem muita coisa de dentro da pes> ### De autoafirmação do Arthur. O Arthur, mas foi um negócio. O dia que o Arthur pegou um violão, Ele começou a tocar como se ele tivesse aprendido a vida inteira. Mas foi interessante, porque uma coisa assim, genial, entende? Genial no sentido de gênio. E nós temos uns vizinhos com os quais ele convive ( ) e que tem piano. E ele então sempre dizia, a a minha amiga dizia, que eu acho um pecado o Arthur não estudar música, porque o Arthur chega lá em casa, Às vezes eu estou lá em cima, eu ouço um piano muito bem tocado e digo, quem será que está tocando isso? Quando eu desço, é o Arthur que está no piano. Eu acho um pecado ele não aprender. Digo, bom, ele não aprende porque ele não quer, porque ele nunca nem falou nisso, né? E realmente ele não não mencionava o fato. Mas depois nós fomos vendo que ele tinha uma paixão, uma facilidade, uma coisa incrível a ponto de que o instrumento que ele pega, ele toca. É incrível. Qualquer coisa, ele pega, ele toca. de sopro, flauta, gaita, ele toca o que ele quiser. Agora é cavaquinho, bandolim, violão, mas ele não toca popular. Isso é bom dizer. Ele só toca ele só toca violão clássico. Ele faz questão de ficar no clássico e, aliás, está tocando muito bem. Está estudando bastante... Não, agora não Nina. e está tocando muito bem, e uma vocação tão grande que este ano ele está no terceiro científico, e ele tem que se decidir sobre o futuro. E ele começou a falar de leve aí, que talvez fosse fazer música, que ser maestro, ser não sei o quê, e nós ficamos assim meio assustados, porque nós não temos nenhum lastro musical na família, E achamos que, portanto, ele não deve ter muita facilidade para abrir caminho sozinho não é, para fazer uma coisa dessas. E depois as coisas foram amadurecendo, no momento ele acha que a música na vida dele será um complemento. Será mais do que um hobby, talvez, um complemento. Mas não será suficiente como profissão. E nós estamos mais tranquilos, porque realmente a música, como profissão, ela dá chance a pouquíssimos. São pouquíssimos, você pode ver que de de milhares de músicos, de gente que gosta de música, pouquíssimos conseguem se realizar e atingir um nível que que mais ou menos é o que a gente ambiciona para para os filhos e que ele mesmo ambiciona. Outro dia, ele conversando com uma pessoa que estava ajudando para encontrar-se uma orientação vocacional, essa pessoa disse, olha, você tem uma ambição grande na vida em geral, Então a música para você não vai satisfazer. Você pode gostar muito, pode se dedicar, mas não vai ser. Deu uma assim uma capacidade superior de aprendizado para qualquer coisa, você vê eh inclusive orientação talvez para Direito.  E na nossa família foi assim uma bomba, porque desde a geração de meu pai e de meus irmãos e meus cunhados, que tem muito advogado, Nesta turma não tem nada de direito nessa Mas eh ele ele ficou pensando no caso e tal. Engraçado que uma semana antes o seu pai tinha dito, Arthur eu acho que em vista de sua vontade de de cultura e assim, cultura geral e ( ), você devia fazer direito porque dá margem a a uma abertura muito maior e tal. Pois é, porque ele não tem, assim, essa vocação para direito, porque, engraçado, embora meu pai seja advogado e meus irmãos e meus meus cunhados tudo, a conversa aqui na nossa casa raramente é sobre direito, porque não marido médico, eu, de letras, não temos, assim, né, possibilidade de transmitir essa vocação, mas o Arthur, então, agora está pensando, assim, mais ou menos, até outro dia eu perguntei, como é meu filho, você já foi conversar com o vovô, mas ele está meio com medo de se comprometer, de conversar com o avô e de dizer qualquer coisa e se comprometer a fazer direito, porque eu tenho certeza que meu pai vai ficar radiante, que vai ser o primeiro neto a se encaminhar nesse ano. Bom, é verdade, você lembrou bem, tem a Fátima que começou esse ano é, tem a minha sobrinha, é, minha sobrinha, e este ano ela foi para o direito, mas também foi meio surpresa, né, Nina? Ninguém imaginava que a Fátima fosse fazer direito. ### ### ### foi assim uma bomba né ### ### diz que está faltando um dentista A fase (risos) né de faculdade de Direito teve uma época que era Comunicações, História, Ciências Socais, agora acho que já Direito já está entrando na fase de voltar para o Direito viu? É. Porque é impressionante a quantidade de de de mocidade que você vê de dezessete, dezoito, vinte anos, que vai para Direito.  muito bom. É um curso muito interessante. Mesmo que a pessoa não pretenda ser jurista, que nem todo advogado precisa ser jurista. Mas você veja, uma fábrica precisa do do do homem formado em Direito, muitas vezes na administração. Ele precisa... Enfim, o advogado tem muitas vezes e pode, sendo um homem inteligente, Pois é na nossa casa ninguém fez medicina pura. Teve a Maria Luísa que fez administração hospitalar no mesmo ano em que o pai dela fez. Foi muito engraçado. É, mas não eram colegas porque ela fazia numa faculdade e ele na outra. Mas foi ( ) e deu muita conversa, muito papo aí. Eu achei que eles dois se entrosaram maravilhosamente por causa de serem colegas. E depois a minha filha que faz fisioterapia e o curso é na Faculdade de Medicina, onde meu marido trabalha. Então, eles também têm uma ligação muito grande, por causa, quer dizer, a única filhinha da USP era, né? Agora tem Francisco, que está na economia, que também é de USP, mas, enfim, não é do ramo da medicina. Agora, o o o meu marido também teve uma ligação muito maior com o meu filho mais velho, na ocasião em que meu marido fez pós-graduação de administração de empresa, ao mesmo tempo em que meu filho fazia engenharia de produção, Porque as duas têm muita coisa de administração, né? Então, nessa época, que foi há dois anos, também houve um entrosamento muito maior entre pai e filho, da mesma forma que tinha havido entre o pai e a filha, e que há entre o pai e a outra filha da É engraçado como as profissões unem as pessoas, né? Eee, em todo caso, até agora não surgiu nenhuma vocação para para medicina. E, não sei, a menos que José Otávio queira, que é o último menino, Eu acho muito difícil, porque o Zé Carlos já entrou na engenharia esse ano. Maria Tereza proclama aos quatro ventos que ela não quer fazer nada (risos). Não, não é nada, é brincadeira ela tem quinze anos, está deslumbrada com a beleza da vida, com a alegria da mocidade. Mas ela é muito estudiosa, sabe? Às vezes ela fala em fazer, assim, matemática. Daqui a pouco ela quer fazer... O que que é que ela fala? ### ### Ela salta. ( ) um curso que vai ser, sabe, sério, que eu digo, assim, de importante, porque acho que Maria Tereza, quando ela começa a fazer as coisas assim, ela faz bem feito. Então, é, ela é é uma peste, ela quer, ela vai, ela faz ela, então ela vai fazer uma coisa, ela não vai, acho que ela não vai se contentar, assim, com com pouca coisa, é. Mas não sei que que ela vai fazer, acho que com quinze anos ela não quer fazer nada mesmo. Sabe quando você vai para a escola porque é obrigada a ir? Ela está nessa fase. Ela está nessa fase. ### Então agora, os homens do mundo, né? Não é só isso, o colégio dela tinha meninos, mas ela tinha sempre estado em classe feminina né. Todo ano quando havia distribuição, era classe ela chegava em casa, mamãe, a senhora acredita que eu estou outra vez na classe feminina? E quando foi esse ano que ela está no colégio o colegial misto, então ela está assim E eu outro dia estava dizendo Maria Tereza, e eu tenho tanto medo, mas você é tão entusiasmada, tão animada. Ela disse, olha mamãe, se eu contar para a senhora as minhas atitudes, a senhora fica encantada (risos). A senhora... Mas ela é gozadíssima, né? A senhora ficaria encantada eu falei bom, então, fico sossegada, né? ( ) Mas eu acho que Tereza, também, agora ela está entrando no colegial. Então, agora que você começa Na verdade, despertar, descobrir as coisas, porque a as matérias de colégio, as disciplinas passam a ser importantes. Então, você tem a matemática pura, você tem... Outro dia eu vi os cadernos dela, os exercícios dela de matemática, depois depois que eu lembrei da minha fase de matemática de colegial, que não é brincadeira, logaritmos e et cetera, enten> Então, ela agora que ela vai começar, ela vai ter filosofia ela nunca nem  nem viu isso ah Ela vai ter a biologia, a química, a física. É agora que ela vai... Até quinze anos você não quer fazer nada mesmo. Ainda ontem ela puxou uma ( ) de desenhos geométricos né e era mamãe, dê os parabéns para mim. ### Então, realmente, acho que ali tem uma vocação assim, mas ela vai fazer humanas no colegial Tanto que disse que é, eu pensei que ela fosse para exatas, mas ela disse que até os colegas estavam brincando com ela, que humanas é preparação para o casamento então  uns colegas disse, olha, se você quer casar, estou pronto. SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: E assim vai. Portanto você vê, estão todos encaminhados e acho que a medicina... Porque quem quer ser médico acho que já brota antes, não? Deve dar uma vontade. O Ernesto disse que com cinco anos ele abria lagartixas para ver as tripas. Quer dizer, que é uma vocação cedo. Laércio também né. Toda a vida. Toda a vida quis ser médico. ### Ele acha lindo essas coisas, e quanto mais está morrendo doente, mais lindo eles acham, né? Porque mais serviço está dando. Lércio gosta de fazer pesquisa, de ensinar.  loucura da vida dele é ensinar, sabe? Ele acha que... Mas é por isso que ainda há escolas, porque os professores são muito mal pagos mas como a gen> ### ### ### ### Mas e pesquisador também é mal pago. Mas é por causa da vocação que ainda existe, né? Porque você veja, se a gente não tivesse essa vocação terrível, quem que ia fazer pesquisa e quem que ia lecionar? Porque dá trabalho. São tarefas  exaustivas e no fim das contas, a gente ganha muito pouco materi> se não não ia. Há pouco tempo eu assisti uma um parto de um médico formado há uns vinte anos. E estava com um outro, ãh não vou dizer que era rapaz, já era mais de idade, um senhor na sala, que toda a vida fez ginecologia. E de cinco anos para cá está fazendo obstetrícia também. Então uma pessoa já mais de idade, que sempre fez uma coisa, já começa a fazer outra, e de mais de idade é mais difícil de de sincronizar os movimentos na sala, né? E quando acabou lá o o parto tudo, nós começamos a conversar, ele virou-se para mim eee falou, não sei o que que aconteceu lá, que ele falou que ia ser a última vez que aquele senhor ia ah dar assistência a ele. Seria um tipo primeiro assistente na sala. Ele falou que ele não queria mais, porque aquela pessoa está aprendendo e ele já cansou de ensinar, porque ele acha que tem que explicar e aprender, que não tem nada que ficar falando outra vez, que ele está cansado de ficar falando sempre as mesmas coisas, que ele não sei o que, falou lá... E você sabe que depois... E ele per mudou a conversa, daqui a pouco ele me perguntou o que o meu pai estava fazendo. se meu pai ainda estava na faculdade, trabalhando lá. E eu falei que estava, porque eu falei que a a vocação do meu pai é ensinar estudante, ele acha lindo, maravilhoso, ficar lá fazendo pesquisa, abrindo os cachorros deles, escrevendo. E e toda a vida, meu pai fazendo isso, ensinando e se matando por causa de estudante, por causa de entregar trabalho no prazo e tudo, meu pai ficava junto até de madrugada fazendo as coisas. E me deu uma vontade de perguntar para ele, Quem que tinha ensinado as coisas para ele? Porque ele meteu tanto pau em quem ensina, ele não se conforma do Laércio ter vinte e oito anos e ficar estudan ensinando estudante. Ele acha que é perda de tempo ( ) que o Laércio tinha mais o que fazer na vida do que ficar ensinando. Então me deu vontade, mas sabe que, olha, eu fiquei segurando para não perguntar para ele, porque eu ia armar uma discussão, inclusive no lugar não era para discutir assim. Que eu queria saber quem que quando ele tinha vinte anos ensinou para ele. Porque alguém ensinou para ele aprender. SPEAKER 1: Depois do aprendizado não para de repente, acabou, aprendeu tudo. É contínuo ### SPEAKER 0: ( ) Mas ele falava, detesto ensinar, não quero saber, não vou fazer. ### Que absurdo. Ele não é professor. ### Ele tra já ele é assistente no hospital, mas ele ele ah está de licença há vários anos porque ele falou que não dá para ensinar estudante. Mas é que eu acho que ele já chegou assim, ele se acha tão importante que ele chegou num ponto que ele acha que ele num num é mais para ensinar ele acha que é. Mas quem gosta de ensinar pode ficar com noventa anos que não para. É uma tare> SPEAKER 1: Então, ah precisa ter esse dom né de transmitir, achando muito bonito transmitir e tal, para ter paciência, para compreender a dificuldade do outro, que nem todo mundo aprende da mesma forma, tem a mesma facilidade, né? eu acho que o fato de ser professora numa moça, por exemplo, é é um preparo para o resto da vida. Uma vez já me perguntaram no que que a minha profissão tinha me ajudado como mãe e dona de casa. Eee e eu disse isso, que todas as coisas que eu tive que desenvolver em mim nos dois anos que eu fui professora, foi muito pouco tempo, eu sei que foi pouco, mas como aquilo me interessava e era a minha vida, e eu me dediquei muito. Então, todas aquelas qualidades vieram a me servir na minha vida familiar. Tudo, por exemplo, quando diziam, poxa, você com cinco filhos, você com seis filhos, que família enorme. Eu dizia, olha, quem já cuidou de quarenta, cuida de cinco, de seis, brincando. E é verdade, não é fazer esnobada, não. Porque se você já esteve numa classe, você é professora? Mônica, é? ### De inglês. E dava em classe ou ou particular? Os dois. Os dois. Mas você pense numa classe, você com trinta alunos ou com quarenta alunos. É um trabalhão mas é  É um trabalhão e você tem que desenvolver uma certa política de de de captar tudo, de dar atenção a todos, de compreender cada aluno, Então, se você chega numa família e você está com cinco filhos, você se você pensar bem, é pouco, porque você já estava treinada para ter trinta na classe.  você tinha que acompanhar o adiantamento de cada um, tinha que acompanhar o aproveitamento, ah ah facilidade ou não de aprender as coisas, as explicações. Você já sabia que determinados alunos você ia ter que ter, assim, Suportar, porque aqueles eram mais difíceis. Outros, você já tinha aquela simpatia natural, porque eram crianças mais afáveis, mais fáceis ( ) Então, você encontra de tudo numa classe quando você chega numa casa que tem meia dúzia, você já acha que aquela meia dúzia simplesmente é uma tarefa menor. Agora, eu não sei, eu te digo isso como ex-professora, e eu mas eu não sei se todas as ex-professoras diriam a mesma coisa. Até eu gostaria muito de saber. Se só eu que pensei isso. SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: Você acha que nem toda professora...  SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: ### SPEAKER 1: ### ### ### SPEAKER 0: quem sabe amanhã eu acordava com mais vontade de cuidar de criança. Mas sabe que eu tive esse sonho assim, é, eu desejava passar uma noite sem levantar  nenhuma vez, mas eu levei anos, acho que quinze anos até acontecer isso na minha vida outra vez, de deitar a noite e levantar de manhã sem ter que acudir ninguém. Quando não era acudir por um motivo, era por outro. Porque daí vem, o pessoal tira sarro da gente, né? Porque, ah, imagina, quem é que está doente agora? Porque assim, quando dá cachumba, dá dá catapora, daí dá sarampo, daí dá... Sabe? Vai num numa sequência que não se interrompe nunca. Porque daí essas doenças assim, mais ou menos, como é que fala, epidêmicas, não são sempre. Mas daí entram os resfriados, as dorzinhas de barriga, as coisas nos intervalos. Então, era gozadíssimo, como nós não tínhamos quase que fase, assim, sem nada em casa ### SPEAKER 1: ### SPEAKER 0: ### Se me falasse que eu ia ter nove filhos, é que eu tinha me matado, eu não tinha me casado né. ### ### ### Não é também acidental, porque não é irresponsabilidade. ### Não é, não ### ### Mas acontece que até até uma certa fase da vida não era possível haver uma regulação total e e garantida. Então, dentro do possível, foi impossível ter menos. Então, nós ficamos com essa família grande, desse jeito. Mas nunca esteve nos meus planos. Absolutamente compensador. Eu não me arrependo de ter tido coragem, que daí entra então o termo coragem, porque muitas amigas minhas viveram na mesma época em que eu vivi e não tem os números o número de filhos ### ### ###  esses são os meus amigos. Mas na naquela época, é, de uma gente que teve muitos filhos. Mas naquela época, teve muita gente que teve dois filhos, três filhos e parou. Mas eram pessoas que tinham uma formação diferente. Quer dizer, dentro da nossa formação, ah o que era possível fazer foi feito e não foi suficiente. Então, nós tivemos essa família grande. Agora, nos tem dado compensações imensas né o o traba é Cada vez mais, se Deus quiser. Agora, eu reconheço que há dois grandes problemas, porque já já pondo de lado, por exemplo, o temperamento dos pais, que graças a Deus a gente não tem que lutar contra isso, e também o temperamento das crianças que foram bênçãos de Deus para nós, porque são todos, graças a Deus, muito simpáticos e agradáveis. Mas eu acho que há duas coisas bem grandes aí ah A parte financeira é muito puxada. Temos tido... Também uma providência sempre resolvendo os problemas, e as coisas foram melhorando à medida que os filhos vieram vindo, uma coisa, assim, impressionante. Mas é uma carga de responsabilidade financeira muito pesada. Maria Luísa mencionou o preço de um jardim da infância, uma classe maternal. Agora, eu penso assim, que até nessa parte há muita coisa providencial. A gente não deve jogar com a providência, brincar no escuro, não. Mas na nossa vida aconteceu, porque como é que nós tivemos filhos, até hoje tudo em colégio. E... Deu certo! Uma hora que falta num lado, puxa para o outro, falta do outro lado, puxa para este. E no fim dá certo. Sempre deu. Agora também não sou leviana de achar que isso deu certo para nós, daria para qualquer um, e dá para todo mundo num  Num é. Acho que é uma carga muito grande. Agora, eu disse que eram duas responsabilidades grandes, a financeira e a parte de resistência física. Que é incrível, mas é um é muito difícil a gente ter disposição para fazer tudo isso. É uma verdadeira tarefa viu, é uma coisa pesada. Fisicamente, muitas vezes eu me sentia a bater, de achar que não tinha condição de continuar. Daí precisa fazer um um descansozinho, né? Depois dessa pausa a gente retoma. E mesmo hoje, eu abençoo os feriados, E quando tem, assim, três, quatro dias para descansar, e em geral, engraçado, quando eu saio no lugar onde eu chego para descansar, eu digo, gente, eu não aguentava mais um dia. É incrível. E, no entanto, se eu ficasse em casa, eu aguentaria, né? Mas eu, tendo a possibilidade dessa respiração, eu tenho aquela impressão que eu não aguentava mais um dia. É uma coisa, sei lá, mas fisicamente é muito carregado. ### ### ### Terminamos o tempo?