Inquérito SP_D2_321

SPEAKER 2: : Não, nós estávamos conversando sobre a viagem que você vai fazer. Que eu vou fazer agora, daqui a um mês. Né? A Maria Lúcia vai com o marido passar dois meses na Europa. E nós estávamos conversando, justamente, era a história da mala. (riso) A preocupação da mala, da bagagem. Ãh Porque ninguém quer viajar com muita mala. Né? Ãh. E ela estava fa conversando comigo, perguntando que roupa ela deveria levar. Não como exibição de roupa, não é isso. ### Dizia a ela, ah você qual é você o tempo que você vai enfrentar lá na Europa, qual é? Ela disse, primavera, mas depois esquenta. Eu disse, então você deve levar calça jean, que você usa sempre, né o terninho jean, camiseta de manga comprida, camiseta de manga curta para enfrentar o calor, Levar um casaco de couro? Ela não quis casaco de couro, não sei por quê. Por que você não quer um casaco de couro, Mariana? Não Não é. Eu quero levar o mínimo possível porque eu quero é curtir a viagem e não ficar... Põe mala, tira a mala, carrega, coisa, põe no  carro. Mas vocês vão viajar de carro.

SPEAKER 0: : ### ###

SPEAKER 2: : Tem de importante para ver. Eu Nunca fui para a Europa, né? Quer dizer, o máximo já viagem que eu fui foi para a Bahia, para Minas, Argentina, duas vezes eu fui. Mas quer dizer, é uma viagem assim que tem muita coisa para ver. Eu estou programando o meu tempo, assim, para (riso) para... Mais para ver do que para programa social, tá? É ### E nada que dê muito trabalho também, né? Mas Mas a roupa prática, porque se você vai de um país para o outro e enfrenta frio no outro, é muito comum. Na Europa você está num lugar mais  baixo. Depois você vai para um alto e sente um frio horroroso, né? Precisa levar agasalho, não tem jeito. Tem necessidade de levar um agasalho. E daí estamos conversando da mala, que que o tamanho da mala. () Coisas que parecem que não vão influir, mas que na hora que está com a viagem marcada, é a gente começa a pensar né o que vai fa A pequena farmácia de cada um que mulher carrega sem pre né? O problema que você vai ter de chegar lá e falar, explicar o nome de um remédio, que lógico, todos os remédios tem tem aqui, tem em qualquer lugar, que os grandes laboratórios são os mesmos né. Mas você, os remédios específicos, essas coisas que você não Aqueles diários, né? E também tem secador de cabelo, né? Máquina de filmar, tudo tem que carregar, né? Então, estava dizendo sobre isso.

SPEAKER 1: : Então, e nessas viagens que você fez para Argentina, para Bahia tal, você você fez algumas visitas ao? Fiz.

SPEAKER 2: : Fiz, por exemplo, na Argentina, eu tenho vários amigos. Realmente não fiz uma viagem brasileira para Argentina, que é assim, compras, né? Porque nós conhecemos uma porção de arquiteto É muito interessante a gente ah a gente conhecer assim o pessoal do dia a dia. Inclusive, com essa diferença de câmbio que favorece muito, muito pessoal fica num ótimo hotel e acaba não conhecendo uma realidade deles. Isolado numa redoma Né? Então a gente sempre procurou fazer, assim, programa que o pessoal faz. Quer dizer, não usar carro, usar metrô, ãh tomar ônibus, sabe? Fazer o tipo de programa que eles podem fazer. E de uma classe média que tem de vida um pouco diferente da nossa, né? ### Mais sofrida, eu acho, né? () Quer dizer, não é tanto uma sociedade de consumo quanto a gente aqui, né?

SPEAKER 1: : Então a vida é um pouco mais dura. É.

SPEAKER 2: : Então, realmente, eu acho muito mais interessante do que chegar lá e conhecer um ótimo restaurante, comer muito bem, Fiquei num ótimo hotel. Não, eu realmente senti o () deles, né?  E para mi m é muito interessante. Quer dizer, eh possibilidade de diálogo é maior, né? A gente realmente ãh transava com eles, assim, indo para casa deles, comer com eles. E enfim, fazia o tipo de vida que eles levam. Vo cês também vi visitaram essas obras, assim, de arquitetura? Você É, ver o que tem Conversar e sentir, né, dificuldade que tem na mesma profissão, né? como é que está o campo de trabalho, em que tipo de coisa estão trabalhando, ver coisas que estão fazendo lá.

SPEAKER 1: : Eu acho que foi muito interessante, realmente não foi o tipo de viagem né que a gente costuma fa

SPEAKER 2: : De compras. É. Né? (riso)

SPEAKER 0: : Deu para observar uma diferença entre o Brasil e a Argentina nesse setor social?

SPEAKER 2: : Lógico que dá n é? É uma diferença cultural bem grande. Eu Acho que o argentino médio tem muito mais noção, enfim, de mun de problema do mundo do que o brasileiro médio né. Isso acho que em em em qualquer nível dá para ver né. Mesmo uma pessoa que está fazendo, enfim, de serviços, assim um chofer de táxi, uma pessoa que ocupa... tem um trabalho, uma ocupação né ãh mais simples, enfim tem mais cultura, tem uma noção de mundo, tem uma visão crítica do que está acontecendo né. E eh e Exatamente isso, acho a visão crítica né do argentino é participação maior, E a visão crítica que ele tem que é diferente, né? Da vida do brasileiro médio que está sempre um pouco, eu acho. Em termos culturais também, você vai ao teatro ãh de preço mais baixo, tem realmente classe média, tem... Sei lá, não digo operário, mas o filho do operário tem... Eu acho eu acho que é diferente. O Brasil também agora está melho ### mos assim, de cultura, sabe assim? De ãh acesso à cultura. Mas ### Melhorou, melhorou. Melhorou, eu sei, mas eu acho que como acesso à cultura é óbvio, né? Toda a formação mesmo do... do argentino e toda a influência que ele teve, sabe? ### Lógico, né?  Como colonização. Europeia, assim, mais. Eu acho que o acesso à cultura é mais fácil. Mas agora já tem uma um pouco mais de conscienti... Não. Eu vejo bem, por exemplo, o pessoal que a gente conhece lá, quer dizer, arquiteto, ou é é economista, ou é sociólogo, é enfim.

SPEAKER 1: : E, realmente, é gente que cujos pais eu sei lá, sabe assim? Um é pai é marceneiro, O outro pai é realmente um operário, sabe?

SPEAKER 2: : Tem acesso à educação, eu acho mais fácil. Quer dizer, a formação da classe média é diferente. Então a gente, inclusive, discutia muito isso, quer dizer, quando a gente fala classe média, a gente, quando eles falam classe média, quando a gente discute o poder aquisitivo de um e de outro, sabe? O Ou culturalmente um e outro, né? As diferenças que tem, sabe? Mas mas você não pode, às vezes, notar, porque você é dessa geração. Mas eu, por exemplo, noto uma grande diferença. atualmente no Brasil, mas nem se pode comparar de vinte e cinco anos atrás. Ah bom É uma coisa completamente diferente. Hoje você vê. Rosalina, por exemplo, tem colega na faculdade de gente bem humilde também e ### É, Ma ckenzie. Você fez no Mackenzie, uma () paga. Está Eu, por exemplo, eu fiz na USP há trinta e tantos anos atrás. E era uma elite. Era uma elite. Agora não é mais. Felizmente, né? Uhum. Hoje está bem melhor. Eu acho. Está melhorando bem. Mesmo a visão deles do mundo está melhorando bem. Muito mesmo. A gente nota nitidamente. Eu posso notar mais, né? Porque você foi criada na () Lógico, não é mais. Mas... É. Mas eu acho que tem Por exemplo, o seu Geraldo o motorista ontem estava me contando que ele estava fez um concurso para a polícia. É polícia civil. Ele disse, eu vou fazer porque eu vou ganhar mais. A senhora eu digo, você tem toda a razão, você tem que subir na vida. Ele diz, eu quero melhorar sempre. Eu digo, é lógico, você tem o direito e tem () direito como deve, pode e deve. Ele diz, não é que eu queira abandonar o serviço do doutor Otávio e tudo, mas eu quero melhorar de vida. Meu Eu digo, está certo, se está comprando, vai comprar uma casa lá pela COHAB. E o () ### ### be? E cultural, porque ele está estudando. Mas cultural? Bom... Ele está estudando para o concurso. Ele disse eu faz tempo que eu não estudo. Mas sabe Pergunta para ele se ele lê jornal, se ele tem uma visão crítica do que está acontecendo. Lê jornal, já está bem melhor. Ele Já hoje em dia já há uma grande visão melhor, eu acho. Já dá um palpite, já sabe do que se passa. E E com a visão crítica das coisas, eu acho. É que acho que isso é que é importante, quer dizer não adianta a pessoa só... receber as informações e não digerir Nós demoramos um pouco mais, mas parece que agora está deslanchando, está melhorando essa parte. É uma grande coisa, né? Está certo. Você vê mesmo doméstica hoje em dia, você já não repara que tem uma consciência muito maior? Já, aqui em casa as nossas tem uma consciência muito ma Lógico, de direitos de sabe... De direitos, de vida melhor, de de... assim, até de cuidado, vamos dizer femininamente, falando de cuidados de beleza. Cuidar do cabelo, cuidar da unha, se arrumar, eu acho isso genial. () Eu também acho isso muito importante, ló gico. Eu sei que nós estamos melhorando, vamos ver, né filha? Estamos melhorando bem, (riso) Então, está certo.

SPEAKER 1: : E quanto ao relacionamento entre as pessoas? Ãh o relacionamento, por exemplo, de pai para filho. O que vocês acham, assim, nesse...

SPEAKER 2: : Eu sou muito otimista, viu? Eu sou muito otimista. Eu acho que tudo melhorou também muito nesse aspecto. Ah, lógico, só tem que melhorar, né? Cem por cento. É, uma abertura muito maior. ### Maria Lúcia, vinte e oito anos, né? A outra tem trinta anos. Quer dizer, dos irmãos menores, é é uma geração diferente. Eu não sei como eu fui muito assim, careta, se de de ficar assim, muitos... Mas assim mesmo eu mudei, mas cem por cento. O diálogo com os menores. Mais aberto hoje em dia, bem mais franco, né?

SPEAKER 0: : Como era antes, há uns trinta anos atrás, talvez, eh não só no seu lar, naturalmente, mas como você via a comunicação entre pais e filhos ou a vivência social? Um um po

SPEAKER 2: : uco mais assim de severidade, né? Um pouco mais de... posições tomadas, é o pai, a mãe, né? Ela tem que ser respeitada, assim, a priori, essas coisas, né? Eu não fiz assim porque eu achava errado. Então, eu já modifiquei bem, () dando bastante liberdade, no sentido de liberdade, que não liberdade, assim, no mau sentido, a liberdade interior da pessoa saber o que quer e fazer aquilo que gosta, né? Já foram assim. Assim mesmo, teve muita coisa, muita coisa que não deu para deslanchar na época de vocês, né? Por exemplo, esses probleminhas psicológicos, a gente não dava muita importância. Na época, ãh há trinta anos da tarde, não se dava tanta importância. Eu comecei a dar um pouco, mas era assim, uma um vislumbre, não dava para encarar, e ou talvez porque não tivesse tantos recursos como hoje. Hoje, a própria educação nos colégios, então a pedagogia, já está voltada para... é tudo isso da criança. Então, escola e casa, Chegam a um resultado. Tem Uma unidade, né? Ah Ah tem. O que havia é que na escola... Não havia unidade. Tinham que ser ### Elas, colégio de freira. E eu, em casa, apesar de ser católica, praticante, declaro, e e achar que no evangelho eu encontrei, até hoje, e e sempre baseei minha vida pelo evangelho, e encontro grandes riquezas, e não procuro nada fora disso, porque eu faço evangelho prático, digamos de passagem. Mas eu, mesmo naquela época, eu contestava a educação das freiras. com todo o respeito, mas discutindo. Eu ia lá e dizia, não, está cer O mal da educação de colégio de freira é exatamente assim, nivelar todas as pessoas por um padrão ãh de de comportamento. Então, e esquecendo que as pessoas são diferentes, que não existem duas pessoas iguais, que o padrão de comportamento de uma pessoa, o que é certo, uma pessoa talvez não seja para a outra.

SPEAKER 0: : Então, houve esse

SPEAKER 2: : Rigidez que é aplicada a um talvez não seja boa para a outra. Então, essa é a grande diferença, quer dizer, tentar fazer Aquele bando de gente, do exército, todo mundo igual, com a mesma cara, com a mesma o mesmo uniforme, até nisso era muito formal,  né? Havia uma coisa negativa, mas havia uma coisa positiva que vocês mesmas declaram hoje em dia, a disciplina, ah bom, que ajudou Mas é que aí a gente tem que encarar a liberdade, né? A liberdade não é a falta total de parâmetros, mas é você também entra na liberdade, a disciplina é a gente saber () ganha (). Você sabe de alguma coisa que melhorou muito, que eu sempre digo na e na educação de vocês, sabe o que que foi? O movimento bandeirante. De vocês... Ah para Ah, para nós foi muito impor tante. Aplicava o Montessori naquela época. Na quela época, exatamente, era uma válvula de escape, que era muito bom. Então era válvula de escape O colégio era muito rígido, mais em bandeirante, realmente, não sei, as pessoas hoje já não não têm tanto interesse, mas para mim foi muito impor ### () Importância à arte, A natureza, a natureza os animais. Ah contato entre as pessoas, mais aberto não é. E era muito importante. Você lembra do desfile dos bichinhos? Não, era muito gostoso, para mim foi ótimo. Quer dizer, Mesmo também trabalhar em grupo. E a ação social, muito importan Mesmo assim, eh liderança num grupo, quando uma pessoa pode ser líder, quando uma pessoa não pode ser, eu acho que foi muito positivo. Realmente era assim, a primeira linha, sei lá, que começou a fazer uma educação mais aberta. Então, eu Eu pus por isso. E depois o colégio experimen Quebrar um pouco a a rigidez da escola. Naquela época nem tinha. É, nem é Não havia. Mas você vê, é interessante isso a gente notar né. E hoje a pedagogia é tão voltada para tudo isso que é mais fácil para gente educar. Mais fácil, modo de dizer, né? Torna-se mais difícil, porque tudo que é mais aberto é mais trabalhoso, né? Não é dizer não e cala a boca. Tem que discutir, tem

SPEAKER 1: : Dar a liberdade de contestação,

SPEAKER 2: : Como dizem, está no papo firme de verdade,  né? Não tem jeito, né? Mas eu acho bom. Agora, vocês tiveram essa sorte, né? Agora, o que eu achei que não deu bom resultado foi a a imposição da religião. Isso foi uma pena. Isso foi uma pena. Porque vocês ficaram assim... É é lógico, revoltadas, com razão, porque era uma um modo de evangelizar muito errado. Então elas perderam o sentimento religioso, isso para mim é uma pena. Porque a gente pode evoluir no sentimento religioso, acompanhar todo o movimento, e é uma coisa que dá muita satisfação. Isso foi uma pena. É, bom, eu não sei, aí Agora os outros ficaram fazendo outra outra experiência. Eu estou deixando que eles descubram por si mesmos. Porque eu acho que é muito mais válido. Pelo exemplo Pela pelo pelo testemunho e com uma conversazinha de vez em quando, muito elevadinha, não é assim, uma dando uma visão do Cristo. Isso eu tenho feito com os meus. Que eu acho ### É, mas não estou impondo nada, eu não imponho padrões, eu só conto a história e converso, mas não imponho padrões. É, tudo Que é imposto assim, a pessoa vai chegar uma hora que vai começar a dizer, bom, por quê? Eu dei uma guinada de cem gra

SPEAKER 1: : Nesse colégio vocês faziam visitas? Não.

SPEAKER 2: : ### Não, era muito formal a educação. Mesmo a visão de mundo que tinha, assim, quer dizer, ensinar a geografia, por exemplo, né? Então era o quê? Era a aula, tudo falado. Mas Não podia perguntar. Mas isso era em geral, a educação. Lógico, é... Não fosse culpa das irmãs, vamos deixar bem claro. É. ### ão de pedagogia da  época () da () tinha uma ideia e que mudou. É. É? Eu sei muito bem. Nina, não nina, põe no berço, não põe no berço. Eu tive três gerações, andei de cá para lá. No fim, eu cheguei à minha conclusão, sabe? Não, eu acho... Que eu acho que hoje é essa. É seguir o bom senso da mãe e o carinho nunca é demais. Agora, eu tive diversos, põe no berço, não põe, deixa chorar, não deixa. Mas é que em trinta anos () muito (). É, Mas o que eu acho assim mais importante é que hoje a educação é mais afetiva. Ah é, mas a ### Porque a professora, ela não podia gostar mais de uma pessoa que de outra. Ela não podia ãh... É como mãe, por exemplo. Mas () Porque mãe é uma pessoa que muitas vezes não vai se dar bem melhor com o filho e pior com o outro. Ué, ninguém tem obrigação. Não, tem que...  É, temperamento, afinidade. E a educação, hoje me parece que é mais efetiva. Toda criança chama professora de tia, o que já dá uma certa intimidade. Hoje

SPEAKER 0: : Nem tia, fulana.

SPEAKER 2: : Você chama de você, quer dizer, é quebrar um gelo, né? Uma coisa pequena, mas que já demonstra... () uma felicidade total, né? Exa A professora para gente era uma coisa inatingível, aquela sabe aquela coisa lá em cima que chegava ensinava as coisas sem contestação que, quer dizer, é muito mais gostoso porque a afetividade é um negócio que está ligado à vida, que não pode estar... É (). De lado nunca. Uma defasagem. É, acho o amor assim um negócio super importan Não só dos pais, como de todas... Na es cola, em qualquer lugar. Então, em casa você tinha você tinha afetividade. Na escola, não. Quer dizer, nada... Você precisava ter um comportamento exemplar, tal, porque, sabe? Sabe E a bronca também era muito mais rígida. E hoje a gente pre Não era um negócio na base, por que fez? Vamos explicar, não. Era dogmático. Pá, fez isso, não está  certo. Outra coisa que era dogmática era menina, ### Menino chora? Ah, não sei o quê. Vem um outro e diz, não chora, você é homem, eu digo não. Não senhor, homem chora sim. Não. ### Chora quando deve, quando você está com vontade de chorar, expande o seu sentimento. Um absur do de escola para menina e escola para menino, como se houvesse alguma diferença fundamental e básica tão assim que não pode juntar a menina com o menino. Menina brinca com menina, menino brinca com menino, tem brincadeira de menino, quer dizer, Os estereótipos que não têm razão nenhuma de ser. Hoje já não é mais, felizmente. Quer dizer, a visão que você tem numa escola só de meninas também, quer dizer... É distorcida. É distorcida do mundo, né? Que é composto de homens e mulheres, né? Quer dizer, então escola só de meninas é uma baba As meninas têm uma ideia tão diferente da escola.

SPEAKER 0: : Pré-destinação ao ensino. O ensino

SPEAKER 2: : ### Eu acho que está completamente falido. E é É um dos outros erros muito grandes, né? Professora, só em vez de professor, Quer dizer, eu acho que deturpa muito a visão de mundo, um mundo muito feminino demais, matriarcal, assim, de obrigações sempre, que, eu não sei, a figura masculina fica um pouco ausente, né, no tipo de educação que a gente teve. É e Mas a eu e a infância hoje é mais feliz, né? Ah Ai, não tenha dúvidas que a infância é mais fe É mais feliz. Porque não tem tanto tabu, né? Fala tudo, diz tudo dentro de um limite de respeito, porque eu acho que tem gente que exagera.

SPEAKER 1: : Mas isso também é muito conte

SPEAKER 2: : ### Sabe, respeito... Um pouco de disciplina é bom. Não, não respeito disciplina, um pouco é bom.

SPEAKER 1: : Sabe, respeito eu acho assim, é é o amor que você tem pela pessoa que faz

SPEAKER 2: : Pelos meninos e pelos colegas, eles são muito felizes. Os meus, eu acho, eles são... É uma alegria, escola é uma alegria. Não tem lição para casa, você já viu um coisa mais maravilhosa? (riso) () Nossa, eles estão de férias que a gente tinha, () maior. Uma lição por dia chegava no final das férias de julho, precisava trazer aquele caderno cheio de coisas. Há cinco anos atrás ainda tinha isso, mudou. É, foi E há escolas que hoje em dia mantém, por exemplo, você já viu o Dante Alighieri, tipo colégio tradicional, mantém a estrutura exatamente como era no meu tempo, quer dizer, há vinte anos atrás. É um absurdo, eu não sei como tem gente que hoje, em sã consciência, põe o filho num colégio tradicional e rígido. Somente na primeira infância, assim, é muita... Que é muito, é... Felicidade. Depois enfrenta qualquer coisa. Depois ele tem que se enquadrar, não s ei. Não, porque eu contestei com a peda ah uma das moças, ãh pedagoga, se pode se dizer orientadora lá do Veracruz, que é o colégio dos meninos, e um dia eu perguntei a ela, eu queria que você me dissesse em em que experiência vocês têm, a escola tem dez anos, né? Que eh ah ah os alunos daqui enfrentaram o vestibular de faculdade, ou qualquer coisa assim. Ela disse, o Nós achamos que não vai haver problema. Não está havendo porque nós ensinamos a pensar. Isso é que é importan Pronto, falou e disse, ensina a pensar. Então ele enfrenta qualquer... Agora, em vestibular é uma massificação que... Se você estiver melhor preparado, menos contraído, com mais facilidade... E sabendo pensar. Você vai enfrentar as dificulda Você enfrenta situações, é um líder de emergência, emergencial, como se diz, sabe sair daquilo, fazer outra coisa. Então pronto, eu digo então, estou certa. ### Procurar. Coisa que na educação tradicional não acontecia. Você está re acostumada a receber tudo mastigado, decorar. ### Decora tudo que você vê, quer dizer, você não tem a oportunidade de, sei lá, de pesquisar, de contestar, de achar uma outra resposta, não. E eles já fazem isso. É muito dogmático esse tipo de educação. Agora eu vi problema de vestibular, todo mundo, né? Mas aí é uma coisa que tem que passar. E quanto melhor você tiver... Ele enfrentando aquilo, e depois ela diz, talvez eles contestem. E talve E também essa coisa, porque todo mundo tem que ser ter formação universitária, quem não tem formação universitária ãh não é o bom, não é inteligente, não é... Também acho que isso é muito contestável.

SPEAKER 1: : Tem gente que não sa da que não quer, que vai fazer outro tipo de coisa. Eu acho que essa

SPEAKER 2: : Geração (). Eu acho que o que é importante é você fazer aquilo que você gosta, e não os padrões que te deram e te impuseram como o certo. Cada um acha o seu certo. Só que para vocês, na geração de vocês, foi mais difícil. É, tem Chegaram a se conhecer.

SPEAKER 0: : frer um pouco. Teve que fa

SPEAKER 2: : zer psicoterapia. Hoje não precisa mais, porque a pedagogia já encaminha. Bom, talvez a A psicoterapia também Tem ainda. Mas ele teve que sofrer um pouco mais para chegar um... Sofre para chegar a uma uma plenitu de, né? Muito mais. Hoje eles já estão mais preparados para os embates. Ah, Eu acho. É uma  base muito boa. É  verdade. Tenho dúvidas que é bem melhor ser criança hoje.

SPEAKER 1: : Mas e quanto e quanto à parte social, vocês acham que houve assim grande mudança? A senhora percebe como seus filhos visita e? Quais os as épocas em que se faz visita? Mu

SPEAKER 2: : dou talvez um pouco né o modo da vida social, né? Estereotipado assim, só de fazer ou visita. Não, hoje é muito mais amplo, né? É. Tem muita muita moti Muita coisa. É, mas eu acho que tem uma coisa que que prejudica um pouco as pessoas se verem mais televisão. Apesar de que eu não acho. Eu acho  que depois da televisão as pessoas estão muito mais em ca sa. Aliás, isso eu não acho não. Porque a gente vai, por exemplo, eu vou à sua casa, vou tomar um lanche lá. Se eu quero ver alguma coisa, eu vejo com vocês, con

SPEAKER 1: : verso. Prende mais. Quer dizer, antigamente as pessoas saíam mais de casa e eram mais formais.

SPEAKER 2: : ia, mas existe uma coisa. Hoje Mas também você tem a oportunidade de conversar, de tocar ideia. A família está reunida do mesmo jei to. Mas você não acha que a televisão corta o diálogo das pessoas? Aqui em casa não corta. ### Nós somos de família de falar muito. Con ### Já tinha televisão. Mas assim, como negócio massificante, criança já sabe... Você não acha que depende da motivação que a gente dá? Eu, por exemplo, eles estão no domingo, eu digo, se eles ligarem a televisão, eu digo, ah, vamos ah, vai nadar um pouco, vai andar um pouco de bicicleta, gente motiva. Ou então vi um programa, digo, eles veem um programa mais assim, que tem uma mensagem qualquer, vamos dizer... Não, mas eu vejo () ... Mundo Animal, Globo Repórter, e e dá () dá margem  para o diálogo. Muitas vezes eu chego do trabalho cansada, muitas vezes eu ligo a televisão e eu fico ali, impávida, na frente do negócio assi  e conversar. Você talvez ()  para conversa, você está cansada, você ia discutir. É Mas muitas vezes eu tento não fazer isso, porque eu acho que a televisão é assim, um negócio que corta a comunicação entre as pessoas, que o dia todo você está... Eu não posso falar, porque para nós não cortou na Não, mas de uma maneira geral ela não é. Aqui não cortou não. Eu procuro não fazer, mas eu sinto que se eu estou fazendo força para para essa influência, a não ser que ela é muito grande. Mas filhinha, a gente também não pode desconhecer a força das coisas que existem no me no momento que a gente está vivendo. Ló gico, também é. A gente pode contornar, motivar, mas negar não é possível. É, está certo () ### ### Também, ah então não se pode reco desconhecer que há um grande veículo de informação. Ah, um veículo incrível E as crianças, dito por Eleonora, sua irmã psicóloga também, que ela entende do assunto. As crianças têm uma grande, ãh uma grande Eu queria um termo que me foge. Não não, a ca a cabe muita vivacidade intelectual das crianças de hoje. A dis É inegável isso. Porque a gente diz, ah, o filme, violência, tem própria, ela estava discutindo com ela isso. Ela diz, mamãe, mas não se esqueça de que a criança tem que ter a informação que existe no momento. Lógico. Não corte isso. Porque eu tenho a tendência a dizer, ah, violência. ### Eles não podem ficar () aí no mundo, não é Agora a gente vai em casa fazendo um trabalho de de esclarecimento. Esse é o importante. É o esclarecimento junto à televisão. Isto talvez não seja bom, isto é demais, mas deixar assistir. Mas veja bem, quer dizer, uh os meios de comunicação são, bom, televisão e tal, por exemplo. Você não acha que criança lê hoje muito meno Menos não, lê outro tipo de coisa. Outro tipo de coisa. Que lê. Tipo (). Lê jo E a criança lê jornal, que não se queria antigamente, hoje ele se interessa. Mas é que aí criança não podia, jornal é coisa de adulto. Era tabu, tabu né? Certo. Criança não lê jornal, uma série de informações criança não pode ter. Mas, por exemplo, o negócio de revista em quadrinhos, a linguagem não ficou um pouco simplificada? A linguagem tem um  pouco. Adolescente agora, não sei, não lê nada. Mas a gente tem que, em casa, contornar esse Esse... Não, mas eu vejo. Você conversa com o adolescente e assim, ah, que () legal. Legal. Ah, legal, () Isso, legal. Joia, paz e amor, está russo. Mas ()... Uma linguagem muito restrita. Mas ãh você pode contornar isso em casa?

SPEAKER 1: : Pode, eu não sei. Dando

SPEAKER 2: : Eu com quinze anos eu lia, adorava ler. Na Muitas vezes não estudava para ficar lendo a tarde inteira. () eles se interessam. Os meninos se interessam muito por uh revista () geográfica, revista histórica. Eu acho interessante como eles se interessam. Talvez você interesse por um livro assim em comum, mas uma coisa assim que diga uma pesquisa, uma coisa interessante, ele se interessa. Mas eu vejo isso em pessoas assim tipo dezessete, dezoito anos, são poucos, os sei lá, até fim de adolescência, sabe, que não sei, são tão alienados, não fazem nada,  Mas aí eu acho que é falta de ambiente cultural em casa, né? É É, mas é um sintoma de alguma coisa, porque se começa a aparecer, você começa a perceber a existência, é que isso está pesando de alguma ma neira. Depende um pouco da família também, né? É. Mas então é um dado que a gente tem que começar a... pensar também, existe, está aí, sabe? Não dá para esquecer. Incentivar um pouco a arte, as escolas incentivam bastante, né? As escolas modernas incentivam. Isso já é uma grande coisa. Sabe, uma certa procura, não sei, está acostumado um pouco a receber as coisas. Uma criança da idade de Paulo Otávio, que se interessa por uma exposição de pintura, eu acho geni Não, ele foi motivado, ele teve essa motivação, eu acho isso muito importante. Ah ah a exposição do Claudio Tozzi, ele fez questão, gostou muito.

SPEAKER 0: : Eu gostaria de saber eh como que vocês nos informassem como se dive como se divertia o brasileiro e  como se diverte o

SPEAKER 2: :  brasileiro hoje. Bom, como se divertia? O brasileiro se divertia mais com o cinema né. Hum. Cinema há trinta anos atrás não era muito comum o carro. Né? Era uma coisa mais restrita. Então não eram todos que tinham. Então, não havia essa possibilidade de fins de semana, de passeios. Hoje, com a gasolina, piorou um pouco, mas, enfim, todo mundo sai né. Hoje, o brasileiro viaja muito mais. Principalmente fim de semana né. É bastante. A gente vê que mudou completamente. E se diverte também com com com o cinema também. A televisão entra bastante. Teatro mais n é? Apesar de que eu ia bastante ao teatro também.

SPEAKER 1: : Sempre fui. Você ia mais do que você

SPEAKER 2: : Ia mais antes do que agora. Ia bastante. () Vai fazer questão que a gente fosse. Mas eu acho que... Mas era mais bara O lazer hoje é mais... é uma é uma preocupação mais, né? Ah bo om, existe toda uma preocupação com o lazer que eu acho que antigamente não Principalmente, eu acho, o lado esportivo é que eu acho interessante. Que hoje as pessoas se divertem com o esporte. Eu acho genial. Todo mundo tem um esporte e gosta e é uma diversão. Quer dizer que mudou bem, né? esse aspecto. Que tipo de esporte vocês conhecem? Por exemplo, a gente vê, vamos dizer me hum eu digo aqui em casa, né? Eh ah ah Principalmente a ginástica, por exemplo, com moça seria ginástica rítmica, que antigamente ninguém fazia ginástica rítmica ou () moderna. Eu acho que isso é uma coisa que mudou bem. Por exemplo, os homens jogam tênis, né? O futebol Muito, mais ou menos, () para juven tude. Futebol está (). Não É, eu não se ### Um joguinho e tal, mas não tanto. Go stam mais de tênis. O o meu menino joga eh pratica atletismo. Mas ah aí ele foi motivado assim. Moti vado. () Isso eu acho bom. Motivado pela te levisão. Pela televisão de Olimpíada, sa ### Coisa muito importante, né? Que você acha que não é muito popular fazer atletismo, mas ele vê, é um negócio muito bonito, plasticamente, inclusive, de se ver, começa a se interessar, né? Acho que foi por televisão que ele foi. E motivação, conversa, né? Você fazer um esporte, você se interessar. Mas acho que ele se motivou pela televisão (). E o outro, o ou

SPEAKER 0: : tro preferiu.

SPEAKER 2: : Não, eu não gosto de atletismo, eu prefiro defesa pessoal. Faz a defesa pessoal. Quer dizer, se interessam como um lazer. Eu acho isso muito interessante. É, que é também. O lazer é uma maneira de você encontrar pessoas que tenham o mesmo interesse que você, de você começar a convers

SPEAKER 0: : ar. Sabe o que é?

SPEAKER 2: : O lazer hoje passou de ser somente social para ser uma coisa mais cultural, eu Tem um um aspecto mais um pouquinho mais cultural do que tinha antigamente, realmente. Assim Há trinta anos atrás, eu acho. É? Eu acho.

SPEAKER 1: : ### Vocês já tiveram a oportunidade de ir a um estádio de futebol? Eu já. Que tal?

SPEAKER 2: : Ah, eu acho que é um espetáculo maravilhoso. Aliás, eu quando vou a estádio de fu utebol, eu não sei para onde olhar. Se eu olho para o campo, ou se eu olho para as pessoas. Eu acho realmente um negócio incrível, sabe? É uma manifestação das pessoas, né sabe? ### De alegria, de... É uma massa. As As coisas que acontecem do teu lado e acontecem também, assim, de longe, como massa. Eu acho um negócio incrível, né? Futebol eu não fui, mas fui à escola de samba. ### ### Não, engraçado que ninguém mais vai muito a futebol. Você viu o Márcio, ele gostava. Agora, de vez em quando, poxa, você não vai a fute bol. Sabe o quê, Marisa? Porque é muita dificuldade para chegar. As pessoas não vão mais ver futebol. Pô, quer dizer, papai, por exemplo, vai, mas o Márcio que já é de uma outra geração, ele já não vê, não vai muito, não se interessa. Eu acho que é porque cansa um pouco, né? Ah, mas eu acho assim uma coisa incrível, sabe? Você ir ao estádio de futebol, acho um negócio incrível. Aqui vão,  né? Até as meninas vão, gostam. Os meninos,  É, esse negócio também de mulher não vai a não vai a estádio porque falam palavrão, sabe? Porque todo mundo vai xingar o jui z, sabe? Esse ti po de coisa. Vou porque não gosto muito de futebol, mas acho um espetáculo interessan Ah, mas eu também, sei lá, muitas vezes não estou entendendo o futebol, mas, sabe, estou olhando aquilo como um... Um problema psicológico, né? Ex ato, mas é um negócio incrível.

SPEAKER 1: : Você ir ver um jogo do Corinthians é um negócio incrível.

SPEAKER 2: : Você não precisa nem gostar de futebol. É um espetáculo à parte, né? Não, é uma coisa incrível mesmo, né? Como as pessoas descarregam as tensões, como, sabe? A saída do futebol, a entrada do futebol, a saída, como as pessoas saem, sei lá, o time ganhou, perdeu, sabe? Você ver tudo isso é um negócio riquíssimo, é muito legal.

SPEAKER 0: : Como funciona um jogo de futebol? Você falou da entrada, a saída e o que se passa. Aham.

SPEAKER 2: : Como funciona um jogo de futebol? Ah, eu acho que... Bom, assim, uma reação em cadeia, né? Uma coisa, assim né, de emoção, assim, do público. Quer dizer E as pessoas realmente põem toda a emoção para fora. Né? De repente, sei lá, o juiz fez alguma coisa, todo mundo realmente começa a xingar ou ou fez um gol, as pessoas, sei lá, se abraçam, pulam, sabe? É uma () Exteriorizar  as emoções né. Eu acho isso assim mui to muito importante. As pessoas se sentem uni Eu acho acho assim, muito engraçado a gente observar isso, é muito interessante. A gente não acabou ainda né? Existe. Né? (riso) É.

SPEAKER 0: : Eu gostaria de saber mais especificamente os que participam dentro do campo e fora do campo.

SPEAKER 2: : Bom, os que participam dentro do campo e fora do campo... Ah, bom, eu acho que para pessoa que está assistindo futebol, né, é que está assistindo, é o assistente, Bom, a pessoa vive como que estiver, como que está jogando, sabe? A pessoa passa né a viver como... A ir no pé do goleiro. É, a a a a torcer para que ele pegue a bola, porque quando chutou errado é como se ele tivesse feito uma coisa errada, né? Ele projeta, né? Ele projeta, é. Ele se projeta né individualmente no jogador que é o... Máximo,  né? Ou na vitória ou no fracasso. Ou no fracasso, né? É o eh Se né o (), que é o sei lá o Pelé, que era o né o bom, o que faz sempre a coisa certa, ele se identifica, né? siasmo. O entusiasmo. Ah, vo cê vê corinthiano. Há vinte anos que não ganha, que o time não ganha nada, mas o pessoal continua E vai do mesmo jeito, e vai ver o time. E Volta acabrunhado, como se ele tivesse feito uma coisa errada, como se ele não tivesse conseguido alguma coisa, né? É incrível, eu acho assim... É uma manifestação muito bonita, né? Interessante. É. Eu acho que é um dos esportes que dá mais emoção, que dá mais, que as pessoas participam mais, né?

SPEAKER 0: : Quais são as pessoas que ficam dentro do campo, especifi

SPEAKER 2: : Os jogadores, né? O juiz, bandeirinha... () Ãh e depois também os dirigentes, médico, né? E o público. Reservas. Os reservas também, lógico. Reserva também é uma peça importante na (riso). Muito bem, vamos vamos falar agora da escola de samba. Ah, escola de samba é um espetáculo à parte. Nunca tinha assistido. E esse ano eu resolvi. Apesar de que errei no horário né. Porque estava programada as grandes escolas, mas foi se atrasando e só entraram a uma e meia da tarde. E como nós tínhamos ido à meia-noite, Quando foi seis horas, a gente não está acostumado, estava cansado, né? Dizem que das grandes escolas eu só vi Salgueiro. Mas o espetáculo, à noite, eu penso que de é muito mais bonito que de dia. Então, achei bom ver à noite, porque é uma coisa espetacular. O entusiasmo e a a comunicação daquelas pessoas é uma coisa espantosa. Tanto que eu estou querendo, ir outra vez, para ver se vejo tudo, né? porque é realmente uma coisa diferente, muito interessante. Ah Não só como música, como espetáculo ãh coreográfico, mas também para ver intere uma coisa que eu reparei, a beleza, a beleza das moças, principalmente, que desfilam. Uma coisa interessante. Eu nunca pensei que tivesse moças tão bonitas. Sim, mulatas, moças mulatas bonitas, gente assim do povo, mas gente bonita. Agora a gente que tem assim um pouco mais de visão do mundo, digamos assim, certa conscientização, a gente repara em certos detalhes que talvez outras pessoas não reparem. Mas eu acho que isso não tira a beleza da coisa né do. Aquela coisa que você estava falando, da união por um ideal, é uma coisa fantástica. Como aquela gente se une e que entusiasmo. Quer dizer que existe uma força no povo, no interior, é uma coisa fantástica. A gente fica triste de ver, por exemplo, lá que está ascendente essas coisas, mas isso é outro outro assunto. Mas quer dizer... É, ou a falta de dinheiro para usar numa fantas ia, sabe? Mas quer dizer... Isso não invalida Não invalida o espetáculo. Não invalida o espetáculo porque realmente o negócio em plasticamente né, uma beleza. Uma beleza. Agora você pode contestar sabe a maneira com que as pessoas encaram, quer dizer, a a fuga do carnaval, a fantasia, o cara não está interessado em no (), sabe? fazer o tratamento de dente, uh uh uh sabe ah? A comida, muito, e está interessado. Mas Mas quer dizer, mas isso demonstra que eh talvez caminhe caminhe para melhorar assim, porque eles têm né a vo a vontade de de um ideal, de se juntar, de fazer. Eu acho muito interessante, É, e também não é, talvez todo mundo está dizendo que a escola de samba está muito ãh sofisticada. ### Ainda tem muita pureza. Ainda tem muita pureza. Eu acho, você vê aquele casal, obviamente o porta-bandeira e o mestre-sala, aquilo é uma coisa genial, que que delicadeza. É como ele ele parece um bailarino mesmo, é uma uma... E a gente que não estudou, que não estuda balé... Não estuda balé, () quer dizer que é uma coisa muito espon

SPEAKER 0: : tânea. Natural espo

SPEAKER 2: : a graça, a coreografia. Os meneios da porta-bandeira é uma coisa de uma majes tade. A preocupação plástica né toda que existe né das fantasias, né das alego rias. Eu acho que a gente não pode desconhecer também isso, não dizer, ah para turistas, não sei o que, mas é uma coisa bonita brasileira, é uma coisa que deve ser, uma coisa que deve ser prestigiada, eu acho. Porque se o povo se junta com aquilo, se entusiasma uma multidão, ### Válido. É é um negócio, a escola de samba é muito mais importante lá do que baile de carnaval. Aí, sa be, acho um negócio mais... É uma manifestação bem mais de pureza, bem mais autêntica. Se bem que esteja mudando, porque o mundo também está mudando né, mas eu acho que ainda... Mas é um espetáculo impressionante. Impressiona, eu acho. Ah

SPEAKER 1: : Uma escola de samba, ela é composta como? Por quais elementos? Eu não conhe

SPEAKER 2: : Eu conheço de leitura, porque a gente lê e interessa de conhecer. Como se diz? Elementos como, você diz? Ela disse do porta-bandeira. É, porque tem as alas, né? Tem as alas que eles fazem. Ah inte a interessantíssima é a ala das baianas, né? É. São senhoras que já sambaram no pé, como eles dizem, né? E depois elas estão meio aposentadas. Com que majestade elas se apresentam na avenida com aquelas roupas? É, tem a Aí dá um apitinho, sei lá o que que dão, elas fazem aquela roda. Mas parecem umas rainhas, né? Interessante, e senhoras de idade. Tem a ala, como é que é o nome? Tem A ala da entrada, não? Como é que é? Tem uns apresentadores, não sei como é que eles chamam, mas ah () são todos muito bem vestidos com uma ah... São os apresentadores da escola. Eles geralmente... O abre alas. É, o abre alas, é. Eles vêm abrindo passagem né, pedindo passagem né. É. Esse ano tinha uma que eram moças né, não me lembro qual. Geral Então, contestaram, porque são uns homens muito bem vestidos, muito bem postos, muito bem arrumados. de bengala, vamos dizer, de cartola. E tem () Tem a bateria, que é as alas todas, as alegorias, né? Tem as baterias. É. É a ba É tudo muito bem estruturado. Então, parece assim, uma coisa bem disciplinada. Não sei como aqueles milhares de pessoas, né porque são mil mil, duas mil, três mil, sei lá quantas pessoas. Como eles ### Você viu, você não foi lá. Estreita. Eles conseguem pôr uma escola lá dentro, e apresentar tudo no seu devido lugar, disciplinadamente. E olha isso, uma coisa espantosa. E eles estão por eles mesmos, né não tem ninguém ali de chicote na mão, digamos, tomando conta, eles estão porque cada cada ala fazem separado. ### Eles ensaiam separadamente e cada escola tem () toda Que organiza... Então, na hora de apresentar, cada cada ala se apresentando, o conjunto fica perfeito você. Coisa que coisa interessante. É que juntam-se as partes, né? É muito interessante. As fantasias todas... () muita disciplina, porque as fantasias são todas iguais. Os detalhes, tudo, que coisa... Eu eu acho fantástico o espírito de disciplina que há dentro.

SPEAKER 1: : É de qualquer ativismo. É de () pessoas.

SPEAKER 2: : É muito muito bem organizadas, né? E a música... E e cantando, e entrar naquela hora, quer dizer, ah eh parece assim que é um mesmo um entusiasmo maior, né? Que consegue ajeitar, senão ficaria uma desordem. Você imaginou? Não tivesse esse espírito de de comunidade, que é um espírito muito grande de comunidade. Então, um que iria passar para na frente do outro, e não daria certo. Tem uma hierarquia. Tem uma hierarquia. Quer dizer que tem uma estrutura social, quer dizer, hierárquica,  né? Interessante.

SPEAKER 1: : Bom, nós falamos de jogo, de futebol, de escola de samba. (riso) Em casa, vocês costumam jogar alguma coisa? Aqui em casa não. Não?

SPEAKER 2: : Não. Jogo Uh você diz de baralho? Nada. Nada. Mas conhecem?

SPEAKER 1: : Conhe

SPEAKER 2: : Só () quando a gente está fora, na praia, gosta de jogar brincadeira de... Esses joguinhos de... Como é? É? Banco Imobiliário, não. Esse tipo assim de coisa. Como é? Joguinho chinês. Mas como diverti mento. Nunca como  jogo, né? É. Eu não  gosto muito de jogo. A gente... Não é muito engraçado. Mas papai joga. Xadrez, jo eu jo Gamão. Agora ele já  não tem tanto interesse, né? Mas agora jogo de baralho, assim, eu pelo menos Simplesmente pelo carteado, como se diz. Não. Só como diversão. Em férias. Geralmente em férias como diversão, a não ser o pingue-pongue. O pingue-pongue, a meninada e os adultos gostam muito de curtir o pingue-pongue, mas jogo de carta não. É, e o jogo é importante, sei lá, a questão da agressividade, né da da competição e isso também, ó. Os meninos jogam aí com os colegas, os vizi os amiguinhos aí jogam, é, aquela brincadeira de malha, de pau que eles brincam, futebol, mas os meninos. Os adultos, assim, jogo e de e engraçado, que hoje a Os meninos de hoje não se interessam muito por jogo de carta. Felizmente, não tem interesse, não. É muito pou É precisa ser um jogo divertido, né? É Aí eles gostam. Assim, desse tipo de de... Eles estavam jogando outro dia um muito engraçado, de cores, como é que se chama aquele? Senha? É É. Esse tipo de jogo assim. Fora disso, eles não se interessam, não. Não há

SPEAKER 1: : essa esse espírito. Existe alguma brincadeira que vocês conhecem assim, família, vocês têm alguma brincadeira Ou quando uma pessoa se casa. Aconteceu com você? Que tipo? Explica bem. Qual é o tipo de brincadeira? Ãh Geralmente quando as pessoas se casam, elas fazem uma recepção para os amigos, uma despedida. Ah, não. Não Não, não. Não?

SPEAKER 2: : ### Geralmente tem o chá de cozinha, chá de bar, sei lá como é que é, despedida de solteiro, do homem. Isso realmente não. Não sei, eu não gosto, a gente não tem cos tume. Não, não há muito esse costume não. Não né? Não Qual é o tipo de brincadeira que você falou? Só isso aqui diante do casamento? É Ou na festa do casamento também? Pode ser também. Não Não há. Nós não Nós já tivemos dois casamentos na família, quer dizer, de filhos, fora de sobrinho e tal. Mas ah no nossos casamentos não houve esse tipo de brincadeira. É Não sei, ninguém. É só Reunião familiar, com muita alegria e tudo, mas assim, só isso. Não tem brincadeira. Mas o Nenhuma.

SPEAKER 1: : Vocês já foram em alguma? Ah Já. Já, já fui.

SPEAKER 2: : Como é, hein? Por exemplo, chá de cozinha, ãh ah bom as amigas da da da noiva vão, levam presentes. Acho bom. () Bom, eu a cho ótimo. ### ### Quer dizer, não dizem de quem é o presente, quem está presenteando. E aí, no final, a pessoa tem que abrir o... abrir o... abrir e adivinhar. Isso é uma brincadeira até muito interessante, não tem nada () Mas ah eu sei que ih há chás de cozinha em que a brincadeira toma um aspecto que não é agradável. É () É um aspecto de idiota, vou dizer até. É, onde a pessoa tem que tirar uma peça de roupa... Não, é só isso. E mexer com coisas sérias. É. Uma brincadeira que eu não aprovo. Então, eu fiz um chá de cozinha de uma sobrinha aqui em casa, E foi nessa base. Uma um uns salgadinhos, uns docinhos, uma coisa assim, servida e tal. E ela disse adivinhou os presentes. A brincadeira era adivinhar os presentes. Não Não houve nada tipo de bilhetinho, de mensagenzinhas maliciosas. Eu não aprovo esse tipo de coisa. Ou paga uma prenda a cada hora que erra. Eu não acho graça. Ah E elas não acham graça também. Ah ah ah As moças da casa não acham a menor graça nisso. Bom, Eu não quis fiz questão de não ter chá de cozi Não tem por nenhuma hipótese de passar pelas brincadeiras. Mas você não achou... () alguém que vai Mas não achou desinteressante o das suas primas aqui? Não teve Não, () eu nem vi. () Não (). Mas foi muito agradável, não houve nada desse espírito. Foi muito intere Eu não sou muito a favor desses. Mas não foi assim mal o aspecto, viu? Eu também não gosto, mas achei que não foi, foi  válido. Foi uma reunião, uma uma coisa muito amena no. Ela recebeu diversos presentes muito engraçadinhos, não houve esse aspecto que eu não não que eu não gosto. ### lou bem. Falou bem. Não gosto desse tipo de... Esse aspecto de brincadeira grosseira em casamento eu acho péssimo. Você acha? Péssimo. Realmen te. Depois, ah ah noiva eh na festa do casamento, roubam a noiva, ãh não sei o que... Quer dizer, pintam todo o prato... E parece um pouco primitivo isso, né? (riso) É. Aspecto um pouco primitivo, né? Parece encarado realmente como um rato, uma coisa assim... Uma coisa tão natural e tão sadia, eu não vejo motivo de fazer esse tipo de brincadeira. E eu não ### Nunca entendi. Eu nunca enten di esse tipo de brincadeira. E a A gente vê que existe bastante. Existe muito. A gente ouve falar que existe muito tipo de brincadeira. Chega até a chegar o erotismo às brincadeiras hoje em dia. () É e a violên cia. Nossa, a Violên Violência. Até eu li outro roubaram a moça, tinham combinado de roubar a noiva, e acabou tendo um desastre, porque foram o noivo atrás, e e no meio de uma estrada, () e duas pessoas morreram. Quer dizer, qual a a graça que... Em ve z de ser uma coisa agradável, então a mesma coisa pesada. Não vejo graça nenhuma. Felizmente não houve nada disso nos casamentos familiares. Ainda bem (riso). Ainda bem. Bom,

SPEAKER 1: : A senhora tem quantos filhos? Sete. Sete filhos. A senhora lembra do nascimento do primeiro, do segundo, do terceiro?

SPEAKER 2: : Todos. Então con Muito bem. Me lembro de todos que foram todos com bastante alegria. Ah, que ótimo. Com muita alegria. Todos recebidos da mesmo jeito, tanto o primeiro quanto o último. Porque você assistiu o último. É. E você pode constatar, então, aham de que é verdade, né, Mariana? Você Com muita alegria. Apesar de que o último eh seria o mais difícil, digamos assim, né? porque eu fui com filhos adultos, né? Então, um nova criança, começar tudo outra vez. Mas eu me me enchi de muita alegria e não admiti, vamos digamos assim, que houvesse nada em contrário. Então, acho que foi a criança de todos, se eu se possível, que foi na nasceu com mais, não digo alegria, mas tranquilidade espiritual. Porque, como eu já tinha curtido todos os outros, eu fui... Eu queria dizer outra coisa, eh eu tenho outro termo que diz melhor, fui aperfeiçoando o receber o neném e conseguir o a perfeição, não digo a perfeição para eh dos outros, digo para mim, conseguir o máximo de alegria, de tranquilidade, de ah foi foi genial. Agora, trabalho tem que ter mesmo né, não tem problema, é o trabalho teve eh eh é difícil, mas todos foram recebidos com a maior alegria, por isso que eu me lembro de todos. Você quer Você quer alguma coisa especial?

SPEAKER 1: : Eu gostaria que a senhora falasse ãh no período pré-nascimento e pós.

SPEAKER 2: : Pós, mas em que sentido? Porque tem diversos aspectos.

SPEAKER 1: : Qual o aspecto que você prefere? () todos (riso). De o de

SPEAKER 2: : O de espera? Aham. Bom, o período de espera É um período in assim i interessante, porque é de bom hoje já tem testes para saber se é menino ou menina né. Mas no naquele tempo A gente ainda que não tinha essa esse tipo de coisa, é aquela sempre aquela espera, aquela dúvida né, o que vai ser. Olha E uma eu a eu eu penso assim, uma criança é sempre um motivo de grande alegria. Então, o que o que eu me lembro, o que eu digo, o que eu posso dizer sempre é que eu me sentia sempre muito alegre. procurando viver aquele aquela vida em plena alegria, porque eu acho que merece. O nascimento é uma coisa muito alegre. E foram foram oito, não foram sete. É? Foram oito. Eu perdi uma com três anos de idade. E isso não empanou a alegria da não de jeito nenhum. Por ter perdido essa, não me não não modificou em nada o meu pensamento. Agora, depois, aí chega a hora da gente... É, um pouco de tutano, né? Precisa ter um pouco de tutano para aquela nova vida se encaixar, dentro da casa. E é lógico que a gente fica um pouquinho deprimida. É, não pode dizer que... Eu não acredito em mãe. Aliás, eu não acredito não. Eu desconfio de mãe que diz assim, meus filhos não deram o menor trabalho. Eu desconfio, porque não é verdade. Os filhos dão trabalho. Só que é um trabalho que vale a pena. Não é? Que tipo de trabalho? Ah As mães que dizem que não deu trabalho, eu também não entendo. Se é psicológico ou se é material, porque dá os dois. Um filho dá trabalho a vida inteira? Trabalho? Não não é trabalho material, nem sempre, mas a preocupação. Mas Se é uma pessoa que eh a gente tem aquela... está sempre presente na cabeça da gente, não pode deixar de dar trabalho. É e () Trabalho também... E o material também existe porque a Até uma certa idade, exige uma assistência de vinte e quatro horas. Ainda mais eu, que não não era partidária de enfermeira, nunca tive. Nem nunca pensou, nem causou pela minha cabeça né. Eu queria fazer tudo sozinha, com aquele aquela vontade de ser a primeira a aparecer perto da criança. Entendeu? A dona, a mãe-coruja. (riso) Então, é trabalhoso, mas olha, não mata ninguém. Não mata ninguém porque eu estou aqui, né? Ainda tenho força para cuidar dos pobres, quer dizer que não... não matou nada, né? E tenho bastante boa saúde, graças a Deus. Uh Eu acho que se faz um pouco de demagogia, sabe? Em torno de tudo no mundo, e principalmente em torno das coisas que são naturais, que não tem demagogia. É uma opção da pessoa ter ou não ter os filhos. Eu não critico nada. Cada um deve fazer como como acha que deve. Mas eu acho que eh a vida é isso né. Se a gente faz uma opção, a gente encara aquilo né.

SPEAKER 0: : Quais as fases pelas quais passa o ser humano? Você tem bastante experiência?

SPEAKER 2: : As fases?

SPEAKER 0: : Sim.

SPEAKER 2: : Pergunto psicológicas ou materiais?

SPEAKER 0: : Pode ser em materiais, psicológicas.

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 1: : Adolescência e... Bom, a infância anti

SPEAKER 2: : gamente a infância antigamente era mais insegura, né? Digamos assim, porque não tinha todo esse esse staff de de conforto de psicológico, de pedagógico, tudo isso, né? Mas que se bem que para mim não foi muito, porque acho que é um pouco de temperamento da pessoa também, né? Não era assim tão sombrio como foi para tantas as pessoa tantas pessoas que eu vejo na minha idade se queixarem. Não foi. Realmente não foi. Eu acho que eu tive uma infância relativamente feliz, na medida de que meus pais poderiam proporcionar. É lógico. Porque uma pessoa antigamente não tinha todo esse conhecimento que tem hoje. Nós temos hoje muito mais habilidade, né? Antigamente fazia, daquele dentro daquela medida, eu acho que havia um esforço de melhora, de ajeitar as coisas e tudo. Agora, na adolescência, Adolescência é uma fase conturbada sempre, né? Porque a pessoa está passando de um estágio para o outro, tem coisas novas que aparecem na pessoa, fora da pessoa, e difíceis de compreender. Hoje bem mais fácil, digamos assim. Porque hoje, com o diálogo que nós estamos falando aqui, então () bem mais fácil, né? Naquele tempo era tudo meio misterioso, então um pouquinho mais difícil. Mas a gente, com a força interior, a gente passa tudo, né? Depois... casamento, né? Uhum Aí, ãh hoje não sei, mas a gente começa, a vida começa, vai num crescendo, não é? Depois chega a maturidade e a vida, eu acho que a vida é genial. Todas as fases, também as vezes perguntam, ah, você não tem saudade da, ah, você não tem saudade da mocidade, () agora, né? Na mocidade, eu falei, olha, alto lá, eu não, não reconheço que tive uma vida boa, ótima, o papai e a mamãe se esforçaram, a beça para dar o que eles podiam e a felicidade que podiam. Eu não tive problema de relacionamento com pai e mãe, mas não tenho saudade de nada. O mundo é hoje. Não, mas olha E não ficam curtindo, não Parece que para as pessoas, trinta anos é alguma coisa muito importante. Porque todo mundo ### Mas você não tem filhos ainda? (riso) Mas olha, está chegando os trinta... Como se isso fosse um marco, assim, catastrófico na vida de alguém. Como trinta anos fosse realmente uma idade onde você começa, sabe? Começa a descida. Sabe? Meio a descida, assim. Está tudo Muito bom, culmina, vida toda boa, tal, e de repente, sabe? As coisas começam a ficar mais... É uma tendência muito pessimista,  né? Muito pessimista da vida, e eu acho que não. () Acho que cada dia que você vive, você tem mais dados, você está mais, sabe? ### ### ### A maturidade é uma fase genial da vida. Ou como a ve lhíssima, mãe. A gente assiste de ()  ### ### ### Olha que tragédia ter sessenta anos. Eu acho que sempre você está se prepa Sessenta ou setenta anos que a vida perdeu a graça. Quando Absolutamente. Você está, lógico, muito mais tranquilo. Você tem uma visão ()... Você tem mais graça, porque você tem mais tranquilidade para curtir as coisas. É. Muito mais. E a velhice é ### Ah, eu acho que tem que se preparar sempre porque... Psi cologicamente. Não é porque a pessoa está velha que vai começar a descobrir coisas, interesses na  vida. E sabe como eu me preparo para a velhice? É assim. Primeiro, cuidando muito bem da saúde. É lógico, né? Usando todos os recursos que a pessoa tem para fazer a medicina preventiva. Então essa história de eh... Eu vejo muitas senhoras com a idade, assim cinquenta e três anos, como eu estou, uns cacos. Falo a verdade, como se diz. As pessoas assim, acabadas, desinteressadas de tudo. Ah! Cabelo branco. Eu não pinto o cabelo. () Hoje, porque eu estou de lenço, não dá para ver. O meu cabelo é O normal. Não não eu não Tenho eu não tenho esse tipo de problema. Isso é, digamos, uma questão da gente se preparar. E a vida é sempre maravilhosa. Eu, hoje, gosto tanto das coisas. Quando eu gostava, quando eu tinha sua idade, quando eu tinha a () da faixa tem tem o seu in teresse. Tem... De  enriquecimento. De enriqueci Sempre de enriquecimento. Sempre de enriquecimento. Então, outro dia, uma pessoa me disse, ah Leonor, estou esperando o bebê. Ah mas você não tem cara de avó. Eu digo, precisa ter cara de avó é? Avó é uma cara especial? (riso) Está escrito Mas queria que está por que que tem que ser que a avó tem que estar ah assim? Ai, que vida! Não! Uma ve Está acostumado a ver, né? Avó velha. Eu encaro A avó de outra maneira. Eu entendo Assim, se for necessário criar o neto por uma uma uma falta da mãe, estou aqui à disposição. as ordens, e nunca com essa ideia de peso. É, e o rela cionamento afetivo de uma avó com com com o filho é até, muitas vezes mais. É Eu acho uma maravilha. Porque a mãe tem sempre a disciplina, tal, é muito e a avó pode curtir o filho assim, sabe, afetivamente, acho até uma... E eu, por exemplo, uma coisa que eu come comecei a fazer agora, que nunca tinha tido tempo, um pouco de assistência ao necessitado. Não essa assistência de chazinho, não é isso, Assistência efetiva num hospital, da periferia, assistindo a gente mesmo bem carenciada, bem pobre. Porque eu digo, assim estou preparando para a velhice. Porque os filhos vão crescendo e não estão precisando de a gente estar pegando no pé a vida inteira. Tem muita gente precisada. E eu acho que se todas as senhoras, do Brasil não e do mundo inteiro, quando chegasse a uma certa fase, e eu tenho ainda filhos pequeno né, que para mim é um pouco difícil ainda, mas eu acho que a gente deve sempre se preparar para Para o mundo, para fora, se abrir mais para o para o para o para o mundo. Dá um pouco, porque a gente recebeu tanto, né? Também, até com um sentido de de gratidão, digamos assim, para quem não tem quem dê. Eu acho que assim não é velhice, () não é possível, não é velhice, porque você está se abrindo, não está se fechando. A pessoa fica velha no sentido mau, no sentido porque se fecha. ### Quanto mais a gente se abre, mais a gente... É, as pessoas estão acostumadas a sempre ter gente preci sando, né? Quer dizer, os filhos sempre prendem, né? Muito, né? Então as mães Os filhos estão sempre precisan do e tal. Na hora que os filhos estão grandes, a pessoa se sente inú til E AÍ. Mas então, por isso é que é  errado. E aceita a velhice como um fato imensurável, como uma coisa que... E é uma... Eu acho que é uma hora onde a pessoa fica ### mentos da vida bons. Eu acho que inclusive a pessoa não tem saúde para tanto. Isso que eu digo, em primeiro lugar. Mas se a  pessoa tem saúde, eu acho que pode... Mas olha, mas uma moça que não tem saúde também não Também, lógico... Uma pessoa também de idade que não tem saúde é a mesma coisa. Você pode  ter vinte anos não tendo saúde e você encara a vida com pessimismo, o que também é errado. Porque se vo tudo hoje em dia... Então, hoje em dia que dá tanta importância ao pensamento positivo, e que o pensamento tem uma grande influência, é lógico. Hoje nenhum médico contesta que uma cirurgia cicatriza mais depressa quando a pessoa está ih está interessada em que aquilo dê certo, não é? Não não levar as coisas como como peso, mas é porque eu nunca levei mesmo. Eu me lembro, a história das crianças que você me perguntou, eu me lembro muito bem de um comentário de enfermeira na () Ela dizia, engraçado, eu fui muitas vezes lá, né? A senhora sempre chega tão arrumada, tão alegre, Eu vejo as pessoas chegarem assim tão arrastadas, tudo gemendo. Como é que a senhora consegue? Eu  digo, porque eu acho que é um momento alegre, agradável, e eu vou sorrir e vou to e vou fazer sorrindo. Elas não acreditavam. No último mês, quando nasceu, uma enfermeira disse para uma moça, a senhora está vendo essa senhora? Ela teve teve oito filhos, ela está sorrindo. E a senhora, por que que ela está sorrindo? Ela estava Porque como é que a senhora sorriu? Digo, eu sorrio para espantar. Está doendo, mas eu estou sorrindo. (riso) Eu não vou me deixar bater. Estou sorrindo para me animar, porque é uma alegria né. E elas se espantam. Eu sei que elas não estão acostumadas, as pesso as mulheres a se encararem as coisas com uma certa eh... Talvez seja uh uh o feminino mal orientado, né? De sempre estar se queixando, né? Ser o elemento sofredor. Ser () Sofredor. É, Falou e disse. E por isso que eu nunca... Ser mãe é desfiar fibra por fibra. É, e não é nada disso. Sabe? É. É sofrer muito, é sacrificar é... E não é tanto a Mundo tem sacrifício e trabalho. E tem suas compensações, lógico, não é? E que não tem a compensação que a pessoa espera? Não não interessa. Ah bom Você não criou para si, você criou para o mundo. É. Para mim, eu diria que criei para a eternidade, mas hoje em dia eu digo para o mundo porque ninguém ah... Mas eu digo, eu criei para a eternidade. O que é importante é a criatura diante da eternidade, não esses probleminhas periféricos, essas bobagens,

SPEAKER 0: : Não interessa. Gostaria que a senhora detalhasse mais o seu trabalho da assistência social.

SPEAKER 2: : Ah, da assistência social. Eu faço parte do Corpo de Voluntários Municipal, por uma injunção primeira do cargo de meu marido, porque ele é secretário de Vias Públicas da Prefeitura. Então, tendo sido convidada pela () do prefeito, eu achei que eu deveria ãh procurar ãh me solidariedar com uma coisa que eu achava válida. Esse tipo de assistência social, mas assim, que procura assistir nas necessidades, ape É ele crescer, não paternalista não é. E por isso faço no hospital de São Miguel Paulista. Ah Uma vez por semana, um plantão de sete horas. Não No pronto-socorro. Ãh E eu achava que eu não teria força de ir para o pronto-socorro. Porque quando fizemos o curso de voluntariado, diriam, o pronto-socorro é o pior lugar. Não é obrigado a se ah ah a escolher o pronto-socorro. E eu como tive o problema de perder uma filhinha de três anos com câncer, né genera assim, câncer o fígado e tudo isso, por sinal que não não não me foi de não foi ruim isso para mim, foi muito bom, no bom sentido. Não fui recebido como castigo, nem coisa nenhuma. Para mim foi uma uma advertência que eu recebi dos valores reais da vida. Daí eu passei a encarar bem diferente a vida, viu? Foi muito bom para mim, em certo sentido. Por mais incrível que pareça dizer isso, mas é verdade. Foi o que me fez abrir os olhos para o mundo. Esse sofrimento que eu tive, que eu encarei assim como uma... uma presença de Deus, digamos assim. Aí lá no pronto-socorro, e eu consigo ficar lá no pronto-socorro. Eu disse, olha, a única coisa que eu não quero dentro do voluntariado é tomar conta de criança doente, porque eu tenho um verdadeiro, um pouco de trauma. Tenho um pouco de trauma. Mas você sabe que eu consigo pegar a criança com convulsão, segurar a criança no colo para tirar a radiografia, segurar para dar... mas tudo normalmente. Até a criança, vamos dizer, praticamente morrendo, a gente segurar e o médico pegar a veia, eu consigo. E é um trabalho muito, que dá muita satisfação. Dá um cansaço físico terrível, mas válido. Eu acho que quando eu volto do hospital de São Miguel, que eu venho cansada, eu acho que eu ganhei a semana. Eu ganhei a se mana. Porque o que eu faço para os meus filhos, eu faço. É a curtição de filho e tal, né? Mas é o egoísmo, é para mim. Então eu não ganhei propriamente a semana. Eu ganhei quando eu fiz algo por alguém, que eu não ganho nada em troca, e que eu estou ajudando. E Eu sei realmente que eu estou ajudando, porque eu vejo o resultado. ### Muito amedrontada perante o mundo, não sabem nem... Então, nós no hospital ali, o avental cor-de-rosa, significa auxílio, né? E E elas não estavam acostumadas com isso. A gente sorrir. Um sorriso. Lá, um sorriso é uma grande coisa. A grande medicina é o sorriso. E eu lá, quando eu passo nos corredores, que eu vejo aquela gente, assim, tão, assim, assustada com sofrimento, eu olho e dou um sorriso. Não falo nada. Não precisa falar nada. Eu dou um sorriso, bato nas portas. Quer dizer É aquela solidariedade humana, né? Mas é um serviço que é muito válido. É muito válido. É bem cansativo, mas é muito válido, porque... ### a gente nem se lembra de São, sabe? A vida da gente é muito os bairros que a gente pensa, a gente pensa na cidade de São Paulo, a gente não pensa Sei lá. Na periferia. Na periferia. A gente, quando... Ai, São Paulo é pequeno. Porque a gente circula, inclusive, por uma zona muito pequena. Mas você A gente não se lembra que existe, assim, e que a maior parte da cidade é exatamente... Mas você veja que até nisso... É que a gente não vê sempre. Até nisso nós estamos melhorando, porque um serviço, um corpo de voluntários municipal, quer dizer, sendo que ()... Não, eu acho válido. Ou tê-los tido convocado pela senhora de um prefeito, poderia ficar no chazi nho, no desfile de moda. Não, eu acho

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 2: : mais. Você vê que nós estamos ah... É o que eu disse no princípio. Nós estamos progredindo. Nós fazemos aquilo, nós trabalhamos lá como atendente. É logico ### Lá não sou senhora do secretário. Não sou nada disso. Eu Lá sou Ivete. Voluntária, igual a uma atendente. Se precisar limpar o chão, eu  limpo. Não tem problema Eu acho que isso foi um progresso maravilhoso. Não, É lógico, que na hora que você está pensando... É isso que me dá satisfa tura social que tu errar, tal, mas se você... Enfim, é uma maneira que você tem de ajudar, e eu acho que desde que esteja ajudando, é válido sempre, sabe? Então. E você pode contestar, Nós ajudando, Maria Lúcia, a mudar uh o como  se encara ###  até até um um um uma coisa pública. Estamos ajudando. Lógico. Porque quando eles sabem, por acaso, que a gente é () de um secretário, alguma coisa, eles Eles não podem acreditar. Não. Você ouve dizer mesmo, eu sei conheço médicos de por exemplo do hospital de São Miguel, nossa, aquilo é uma loucura, sabe? Mas é realmente a loucura que, sabe?

SPEAKER 1: : Está aí, existe, é isso mesmo, sabe? Tem

SPEAKER 2: : Não pode se fechar no mundinho da gente, né? E ficar só nisso. A gente tem que abrir os olhos, né? E E leva-se uma hora para chegar () Aí dizem, ah, é o índice de criminalidade maior, é o pessoal que é bom... Mas você sabe que é uma gente, e não é agressiva tanto quanto a gente pensa, sabe? É agre ssiva de sofrimento. Que na hora que você dá um sorriso, ele se abre. () Mas espera um pouquinho, a gente tem uma vida tão dura que não há de estar sorrindo mesmo, a gente tem uma carga muito... Eu sei que, since ramente, eu ãh até tenho vergonha de de confe ssar. Não, não tenho vergonha porque é a verdade. Eu quando saio lá do hospital, em geral, eu me si Sabe o que é a rainha dos contos de fadas de antigamente? É essa a sensação que a gente tem. E

SPEAKER 1: : E nesse hospital a senhora encontra uma maior incidência em que tipo de doença?

SPEAKER 2: : No pronto-socorro de pediatria que a gente fica, né? Eu fico geralmente é desidratação, a famosa desidratação, né? Também muita ãh problema de ah broncopneumonia, pneumonia, broncopneumonia,  desidratação, carência alimentar, E é algo engraçado, alguns casos, não assim, muito, mas convulsão, quer dizer, crianças que têm problemas neurológicos,  né? Naturalmente devido à carência alimentar já condenada desde que antes de nascer, né? Isso é uma coisa te terrível. Mas a maioria, eh o que mais tem movimento é a desidratação. e é um pouco também por ignorância das mães né. No nesse Isso nós fazemos também, não só o atendimento à pessoa, mas um uma trabalho de de esclareci É, folhetos, esclarecer, eh assim ensinar como é que o cloro para água, que a gente também dá, ensinar, não não deixe de ferver a água... () a mãe não ()... Não agasalhe o seu filho, dê banho, você não tem água encanada, é difícil, mas você tira a água do poço. Põe () () Quer dizer, a gente procura no elemento da de lá, não dá coisa empírica porque não adianta né. é contar com o que elas têm. É, dizer que tem que comer frutas, carne, quando a pessoa não tem dinheiro,  ### O médico os médicos são muito bons no hospital, realmente muito dedicados. Eles Veem a criança, eh eles falam a linguagem da da da e do po ### ### Eles fazem uma linguagem. É, difíceis para pessoa, né? Por exemplo, se você quiser, eu digo como eles dizem. É  interessante para pesquisa de linguagem, eu digo. Claro. Ele pergunta, tia, porque mais ou menos nordestinos ou então... Tia, o que é que tem o nenê? Ah, está com dor de barriga. Quantas vezes obrou hoje? Você quantas vezes obrou? Obrou. É porque no norte fala-se o brou. Né? Quer dizer que está com intestino ruim, está com diarreia. Ah Ah, sei. Está vomitando? Está Então, olha, vai dar papinha de banana. Mas quando não vai dar, () quando está no alto grau aí vai, para hidra para hidratação, o soro e tal. Mas normalmente que é um primeiro assim uma coisa mais leve, eles dão um pacotinho de soro para diluir na na água da mamadeira em casa, né? Então, você não dê não dê alimentação. Uma papinha de banana. Banana, porque maçã? Não vão comprar maçã nunca. É uma papinha de banana, papinha de arroz, não dê nada mais do que isso. Quer dizer, uma coisa muito ao alcance deles.

SPEAKER 1: : ### ###

SPEAKER 2: : É, ti a. Que que tem o nenê tia. Aí vem agasalhado, ele diz, você pôs o agasalho? Tira o chale da do ne neném. Ela tira. Põe no seu pescoço. Está gostoso o chale no pescoço com esse calorão? Quer dizer, uma coisa práti ca. E os médicos são muito dedicados. Ensinamento, né? É. É, tudo prático. Não tem linguagem transcendental lá, não. Lá É tudo assim. Dentro da periferia, a linguagem que eles usam e não há uh ostentação de coisa nenhuma. É uma ajuda efe tiva. O hospital é Muito bom.

SPEAKER 1: : Agora, aqui na casa quer dizer a senhora com sete filhos? ### (riso) Você. (riso) Se não, a gente fica velha. Está bom. Ãh Vocês tiveram algum problema assim? Lembram de alguma doen ça? Ah, isso tem sempre. Tem

SPEAKER 2: : Ah to das as doenças infantis. ### As infantis durante quatro meses. ### Cachumba. Uh Eh escarlatina. Escarlati na. Tiveram escarlatina. E houve uma com paralisia infantil. O que é escarlati na? A escarlatina é uma doença eruptiva, tipo eruptiva como sarampo, mas bem mais grave. Bem mais grave não sei. O sarampo hoje, o sarampo é gravíssimo. Mas a escarlatina também é muito grave. É uma lagosta ah. A pessoa fica de um vermelhão, começa daqui, assim, sobe e dá febre altíssima e tem um problema, que é a escarlatina oh Quando a Cecília teve, já havia antibiótico, né? Quando não havia antibiótico, ela era uma doença gravíssima, porque atacava, ah a pessoa ficava ou surda, ou dava uma meningite, não sei, era uma doença gravíssima. Depois da da do da do antibiótico, ela melhorou bastante. Assim mesmo, é uma moléstia que ter muito cuidado, porque ataca os rins, dá nefrite Né? É uma moléstia triste. Eu tive naquela época junto, né? Uma do Uma delas tem paralisia infantil. É? Mas, felizmente, foi a forma frusta e foi muito bem tratada. Por sinal quem foi o médico que tratou foi o atual secretário do bem-estar. da pre do do estado, o doutor Mário (), que é uma verdadeira maravilha, né? Foi sempre o pediatra delas, e naquele tempo foi muito engraçado. Bom, e ela teve em mil novecentos e... É, foi a Márcia, ela tinha um ano, ela tem vinte e cinco. É. É. E naquele tempo, ãh havia uma tendência a se tratar a paralisia com com, como se chama, compressas e enta entalar, quer dizer, fazer uma tala para perna. Eu fui ao neurologista, Porque a família pressionou, achando que era uma loucura tratar uma paralisia infantil com um um pediatra, né? E ele tinha dito, você vai fazer isso. Ba nhos, a temperatura, deu toda direitinho. Você tem bastante bastante tutano para fazer isso, não precisa nem contatar a enfermeira, você mesma vai fazer. É uma enfermagem. E deixar a menina com a perna livre e desembaraçada. Não amarre, não faça massagem, não faça coisa nenhuma. Deixa a perna livre, agasalha com uma calcinha comprida deixa ela se esforçar de andar. Hum Vocês sabem que ela não tem o menor defeito hoje em dia? É? Um simples... Eh, tanto que ela é professora de balé. professora de ginástica, de de () corporal, ela tem um pequeno () de tração para a corrida, mas se ela se dedicou a isso, é porque ela adora e a musculatura dela reage bem, né? Você vê que é uma coisa maravilhosa, né? É, e ainda... Uma expe riência... Engatinhava, porque na época ela estava engatinhando. Ela puxava a perna todo mundo, ah, coitadinha, e eu quieta, deixa para falar coitadinha quantas vezes quiser, o coitadinho é que atrapalha, né? Ela, colo? Não, colo não. Andar, engatinhar, ela tinha que fazer. Aquilo salvou. É e Ela ia com a perna molinha.

SPEAKER 0: : Puxando a perni

SPEAKER 2: : nha mole. Mas no final acabou puxando  a outra também. Um tratamento de seis meses, mas foi uma maravilha. Mas Ãh foi do quê, depois? Poli mielite. Depois do nascimento, isso? Ela teve com nove meses. Poliomielite de  vírus. Poliomie lite  paralis ia infantil. Nove meses? Nove meses. E quan Durou, ah bom, o tratamento levou uns seis meses, né? A doença foi rápida, né? Porque ela dá, dá primeiro uma pequeno resfriado. Passa aquela resfriado, uma semana depois volta um resfriado mais forte, dor de garganta, febre alta. E naquele febre, quando acaba a sua febre, já está com a lesão, né? Está com a lesão. E aí é um tratamento intensivo que precisa, né? Mas  foi uma maravilha, outra boa experiência. É? De enfermagem, né? De de De ver que as coisas têm, têm, sendo feitas com vontade, Feita, dá resultado, né? Agora

SPEAKER 1: : Quando um ficava doente, acho que todos ficavam, né? Todos.

SPEAKER 2: : Quando era moléstia de criança, ficava. Uma época, foram quatro meses de sarampo, catapora... Eu me lembro... Co coqueluche vocês não tiveram. Que é as vacinas, né? É, mas eu me lembro, todas as camas, o quarto lá na rua Itapicuru todas... Levei quatro meses cuidando. Cinco camas, todo mundo doente. Era uma enfermari

SPEAKER 1: : Voltando ao problema da doença, então, vocês disseram que era em cadeia, né? É. Em cadeia. É. E qual foi a doença que que se prolongou mais?

SPEAKER 2: : Que se prolongou mais foi uma fratura. É? O mais velho, um dos meninos, né? Está com doze a nos. No na hum ah uh Uma semana antes do casamento da Maria Lúcia, quanto tempo faz? Dois anos? Três a Três a nos. Ele subiu no telhado, não  desta casa. () papagaio. Nós estávamos numa casa de aluguel esperando a construção desta. E Tínhamos vendido a nossa casa antiga para prédio. como acontece agora, né? E ficamos lá. E ele subiu na laje, para empinar um papagaio, que vocês chamam de pipa, né? Nós chamamos de papagaio. É. Não é no Rio que chama. Papagaio. Nós chamamos de papagaio e pipa, né? E E caiu. Caiu lá de cima. E seria um tombo mortal, né? Acontece que ele somente fraturou o calcanho, o osso do pé. Ah, meu Mas com isso ficou quatro meses engessado e mais uns tantos de fisioterapia. Mas era um tombo que o médico disse que era mortal, porque geralmente quando a criança cai de cinco metros ou seis, rompe o baço ou rompe o fígado, uma hemorragia interna ou o crânio, né? Traumatismo crâniano. Então, foi outra coisa que eu achei maravilhosa. Quando o médico disse que ele tinha nascido, eu digo, o que que são quatro meses de de cuidado se ele poderia ter morrido? Então, isso foi uma benção, não é? ### Sabe por que foi que? A criança geralmente tem muita mais descontração (). Descontraçã Mas acontece que ele foi salvo porque ele bateu num banco, amorteceu. E caiu no famoso saco de lixo. E caiu (riso) Você pa pode acreditar ou não. Ah Ele disse que se quando ele caiu, ele ficou estendido no na no cimento. Eles se tinham ti a empregada tinha esquecido de tirar o saco plástico de lixo para pôr na lata mais adiante. E aquilo... Ele bateu a cabeça no saco de lixo. Quer dizer que estava tudo preparado,  né? De lixo salvou a vida de um menino. É, coisa. Fantástica, né?

SPEAKER 1: : É cena, assim, de cinema. (riso) Cena de filme, né?

SPEAKER 2: : Foi em emergência para o hospital Samaritano, que nós estávamos ali perto, e eu pensando assim, esse vou che mandei meu marido levar e fiquei em casa me preparando para o pior. Você pode não acreditar. Fiquei em casa, você vai com ele, rápido de urgência. Telefonei para o hospital e disse, vai indo uma criança que levou um tombo sério, deixa o médico de plantão esperando. O plantonista ficou na porta esperando, já pegou no colo para levar para radiografia e tudo. E eu fiquei em casa me preparando. Por isso que eu digo, quando eu falo que eu sou praticante é porque eu eu faço as coisas com autenticidade. Eu fiquei em casa tomando um pouco de água com açúcar e rezando para o Espírito Santo que me desse forças para aceitar o que eu ia encontrar no hospital. Porque precisava força, né? Aí tomei um táxi e fui, porque eu já estava mais calma para enfrentar. Quando eu cheguei lá, e ali no Samaritano tem aquela galeria assim, E que eu vi o Otávio, meu marido, lá, e que sorriu para mim, eu disse, bom, então está tudo ôu kêi. Ele sorriu (), mas eu estava me preparada para o pior. Porque o tombo, eu vi que era um tombo gravíssimo né. Eu pensei numa hemorragia interna né.

SPEAKER 1: : E nesses casos a senhora acha, o atendimento médico, por exemplo,

SPEAKER 2: : Toda a vida que eu precisei de atendimento médico, eu achei sempre muito bom. Bom, mesmo na Tive sorte, né? Na Santa Casa, lembra quando A Eliana era pequena, caiu... E que cortou a mão naquele acidente na na nas Bandeirantes, num Natal, no asilo de Carapicuíba dos filhos () Também foi sempre muito bem atendida. É, e depois, também, no Hospital das Clínicas, a Eleonora teve uma vez... Não, mas depois agora eu posso constatar que eu vejo um hospital, para a gente, da maior pobreza. Eu acho os médicos da maior dedicação. Eles às vezes eles não precisavam nem fazer aquilo, ele é um atendimento. É o sa lário eh deve ser baixo, não deve ganhar bem o médico, mas acho que realmente... Ganha mais ou menos né, quer dizer, não é uma maravilha, mas isso eu não nessa parte eu não sei direito, mas eu acho que eles são muito humanos, e eles e tratam com muita consideração, e o atendimento, assim, de um ser humano, não tem, porque é de graça, porque é pago, e eu não tenho notado isso, eu nunca notei isso. E os auxiliares? Bom, os auxiliares é um probleminha já mais complicado, que talvez por uma certa ignorância, às vezes eles não entendem. Eu vou vou dizer uma coisa, um auxiliar assim, a fila da aquela gente periférica, o auxiliar se porta como se fosse o o ditador da Pérsia, o dono da bola. Como se fosse um... É Ele não tem aquela aquela noção de psicologia de fala, porque ele está se achando importantíssimo. Entende que é uma questão de cultura, então,  né? Porque um médico abaixa. A tia, fulana, vem cá, nenenzinho, da titio ver barriguinha. É assim que eles falam com as crianças. Deixa titio ver barriguinha. Titio não vai fazer mal. Abre boquinha. No hospi É que não ()... A gente fala () de pobre, quer dizer, eles estão pagando porque aquilo é uma uma volta do do do dinheiro que o povo dá. Ao ao... O brasileiro, ãh o Brasil é a no é a terra dele, está certo. Mas sempre foi encarado de um jeito assim, um pouco de cima. Não é. Não É, e não, eu não vejo isso. Agora, os auxiliares, às vezes, têm um probleminha. Porque eles ou Vamos fazer a fila aí! () aí. N ão, não está direi Essas coisas que a gente diz, por Na fila direitinho que está atrapalhando. Uh a gente Conscientiza. Você está atrapalhando a passagem do carrinho, da maca. Ah, sim senhora, pois não. Agora, às vezes eles falam de um jeito, quer dizer, é um problema de cultura, né? É simplesmente um problema de educação. A gente conscientizando a pessoa. Reage bem. Não é uma massa de animais, de bichos, né? () E também espiritual. É tudo falho, né? Para que você veja, não é uma massa de bichos. Cada um é um ente humano. Com problemas. Um dia eu tive um caso de uma senho de uma mãe que agrediu praticamente o médico. Ela não agrediu fisicamente, mas ela agrediu com palavras. E o senhor não fez nada para o meu filho. O senhor olhou só. E o e o médico ficou assim, parado. Eu tirei ela de lá e disse, você está falando uma coisa que não é verdade. Ele examinou muito bem. Ele examinou, ele não achou necessário o que você o que você quer, porque o seu filho não está passando mal. Ele examinou, não fale assim. Sentei perto dela e fiquei quieta, só dizendo, você está nervosa? O que que você tem? Alguma coisa, você está doente? Aí ela começou a contar o que ela estava nervo E depois ela foi até conversar com o médico. ### ### Mas a gente conversando, ela ficou ótima. Eu eh Ela ela dizia, eu não posso carregar esse menino tão pesado, por isso que eu estou nervosa, ele me cansa. Eu arranjo condução para você, é esse o problema? Eu vou arranjar Condução para você ir para casa. Quer dizer, você com uma Com um gesto, você mu É, que agressão não é uma agressão pura e simples. Não é. Não é. Tem razões para ela chegar ali. Agora, um funcionário talvez não tivesse a necessária compreensão psicológica de na hora de dizer que brutalidade, você entende? É um modo só de encarar a  coisa. Com os auxiliares, às vezes, nem todos não, um ou outro assim, um pouco mais ignorante, né? Mas, em geral, eles também procuram se esforçar de atender bem, viu? Ah eu acho que a coisa melhorou bastante. Eu sempre digo, eu sou muito otimista, mas eu estou vendo, eu estou falando que eu estou