SPEAKER 1: Eu tenho viajado muito pelo Brasil e Às vezes a trabalho, às vezes a passeio. E são viagens rápidas. Mas papai é louco para viajar e ele começou a viajar de tanto sofrer a minha influência. ( ) ah pai, vai viajar também, né? Agora está louco para ir para Manaus. Então, como é que vai ser sua viagem? Ah, estive em diver> ( ) eu quero ir fluvial. Fluvial? ### ### ### Navio. Você vai em uma turma assi> ### De ônibus. Panorama, né? Era bom o ônibus? O ô> ### Eu fiz outra viagem, nessa não. Você foi até Porto Alegre? Fui a Porto Alegre, sim, Pelotas, eh Caxias do Sul, depois fizemos aquela Gramado, Canela, Torres. ### nesses lugar, mas Porto Alegre eu gostei muito, muito, não só do povo, um povo formidável, fomos recebidos muito bem, numa sociedade que tem lá. Não me lembro... ah não me lembro o nome. Famí> Me diz uma coisa, papai. Quando você foi para Foz do Iguaçu, Você passou em Guarapuava? Em Guarapuava não, eu passei por... e fomos por Não passou por Guarapuava? ### Você viu aquela indústria madeireira que tem por lá? Qual é? Aquela indús> ### Né? Porque papai sempre falou taubinha. Não, tábua. Uma tábua. Dá ah tauba aí, né? Agora é muito interessan> Caxias do Sul também, né? Estivemos naquela fábrica de... aliás, primeira fábrica de vinho, Micheloni né? Você gostou do vinho que você tomou lá? Tomamos. Só que não pudemos trazer porque uh era impossível, né? Devido à  à via> Foz do Iguaçu também. Uma coisa linda, linda, linda, passando por Paraná. Como é que eram as cachoeiras lá? maior eh era a Argentina, né? ### ### ### Depois passamos por Paraguai, né? ( ) oh como é o nome daquela... Sei. Que mais que tu encontra nas tuas viagens, p> Qual que você gos qual foi a viagem mais bacana que o senhor fez até hoje? Todas elas foram ótimas. ### Uma boa boa foi a Bahia, que eu não conhecia, né? Sei. Passamos pelo Espírito Santo, fomos pelo litoral Fluminense e voltamos pelo litoral pela por Minas Gerais. SPEAKER 0: Eu queria perguntar, quanto ao transporte nesses locais, o senhor percebeu uma diferença de um local para outro? Quanto a transporte, os meios de transporte? SPEAKER 1: Quase todos iguais. Eu só não gostei foi do... Os táxis em em Porto Alegre. É um serviço completo, perfeito, limpo. O automó> ### Motorista limpinho? Lim> Pegava o bonde Vila Mariana, ia pendurado, chegava lá na Praça João Mendes, que não é como hoje, era uma pracinha circular, cheia de árvores. ( ) Depois saía correndo, atravessava a Rua São Bento, chegava lá na Largo de São Bento, pegava outro bonde, descia na Escola Politécnica, e era uma correria que não acabava mais. ### SPEAKER 0: metrô. E vocês tem usa> SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: ### Você chega numa estação, compra os bilhetes, passa na na tem uma uma porteirinha, que eu chamo de bloqueio, põe o bilhetinho ali e... eh o bilhete é... Ele Tem escada rolante por todo lado, voc> <ê chega até o leito do do metrô, lá você emb> SPEAKER 0: ### SPEAKER 1: ### eu nunca tive ( ). Por que nã> ### Coisa de terrível, já me aconteceu um acidente que eu não gostei nada. Mas faz muito tempo. Eu ia com uma perua Kombi e eu fui ultrapassar, na Domingos de Moraes, um bonde. Naquela época, os bondes vinham... A rua tinha uma mão e só o bonde vinha na contramão. E no instante em que o bonde estava no meio do quarteirão, Uma pessoa desceu do bonde e eu atropelei essa pessoa. E foi uma confusão danada. O sujeito gritava, minha Nossa Senhora, vou morrer. Eu tive muita presença de espírito, peguei o sujeito, pus dentro da Kombi, peguei duas testemunhas do bonde, que não tinha culpa do do acidente, e fui correndo para o hospital das clínicas. Cheguei lá, o sujeito entrou lá para dentro, um investigador tomou meus documentos e eu fiquei ali esperando, esperando, esperando. à noite, já era tarde, era umas dez horas da no> ### ah o senhor vai lá, conversa com ele, que não vai ter problema, o sujeito parece que não teve nenhuma fratura, não teve problema. E eu lá fui eu para o para a delegacia de polícia. Fiquei contente porque ele até anotou o nome das testemunhas e mandou as testemunhas embora. Cheguei lá na polícia, eh naquele tempo não tinha ainda essas dis distritais, Era uma polícia central no Pátio do Colégio. Era uma bagunça aquele negócio. Era um Eu fiquei sentado ali vendo as coisas mais incríve> ### uma bagunça desgraçada, e eu que nem um um simples cidadão ali esperando o delegado que não aparecia, né? Eu vi assim coisas incrív> Quando era, mais ou menos, umas três horas da madrugada, né, um velhinho entrou na sala onde eu estava, sentou do meu lado. Sou en> <ência, eu já estou cheio O síndico é um banana. Ninguém toma providência. E eu não sei o que fazer. Perguntei para ele, qual é a marca do teu elevador? ( ) ### é simples. Tel> ### Daí eu virei para ele e falei, escuta uma coisa, esse delegado aparece ou não aparece? Eu estou cheio de esperar esse troço aqui. (risos) Estou ### ### Mas você está aqui esperando o delegado? SPEAKER 2: É, eu estou esperando e o cara não aparece, né? Mas o delegado sou eu. (risos) Ah, que noite! SPEAKER 1: Aí chamou um investigador lá e disse, olha, devolve o documento desse moço e manda ele embora para a casa, que não tem nada não, isso aqui é bagunça mesmo, não se preocupe com isso. Aí me agradeceu muito a explicação que eu dei para ele, eu também agradeci por ele ter me mandado embora. O investigador trouxe os documentos de volta, aí ele disse assim para mim, olha, eu se fosse você, ia amanhecer no Hospital das Clínicas para ver se o senhor está bom mesmo, porque lá também é uma baderna. Se o sujeito estiver mais ou menos, eles mandam embora para poder dar o leito para outro. E se esse sujeito morrer, vai dar uma confusão na tua vida. ### Não teve ferimentos, né? Então... No dia seguinte, eu estava muito preocupado com isso, telefonei para o meu advogado, vou verificar se tem alguma coisa. Telefonei para o meu pai e disse, vamos comigo até as Clínicas, para ver o que aconteceu lá com o sujeito. Será que o cara morreu? (risos) ( ) Cheguei nas Clínicas, na Portaria. ( ) recepcionista. Como é? Quero saber fulano que atropelou ontem, assim, assim, assim, assado como é que está passando e tal. ### ( ) Daí, a mulher olhou lá nos livros e disse, ah, esse homem já foi embora. Falei Puxa, que coisa! Então me dá o nome e o endereço dele. O nome eu não lembro mais, era qualquer coisa como João da Silva. M> Nunca mais. Sumiu, desapareceu. SPEAKER 0: Puxa vida, então, esse foi o caso terrível, né? SPEAKER 1: Esse foi um caso terrível. Espero que o sujeito não tenha morrido, né? SPEAKER 0: É, lógico. A> ### E me lembro também uma bola que o padrinho dele deu. ( ) Isso eu não lembro. Você tem até hoje? ### Até hoje assim ele te. Ah. Isso não é meio ### SPEAKER 3: Certamente o senhor se lembra da bicicleta. Oh Gostaria que o senhor fizesse uma descrição dessa bicicleta, nos seus mínimos detalhe. Bicicleta. SPEAKER 1: ( ) minha bicicleta foi uma delícia. Ela não lembro da marca dela linda, viu? Quando eu ganhei essa bicicleta, ela e> ### então era vinte e dois? Vinte ou vin> Ah as rodas eram lindas, né, uns aros cromados, brilhantes, eh... ( ) Como eu dei para o meu filho uma bicicleta agora também, então eu estou vendo a bicicleta do meu filho é a minha bicicleta. A da minha bacana. (risos) É um objeto de plástico, né, que o selim era de couro. ### ### é? Aquele tempo, não. Aquele tempo tinha bicicleta de corrida, tinha ah o guidão dela era para baixo, né, ah do dobrado, como essa tinha a Caloi dez, e tinha bicicleta comum. As bicicletas evoluíram bastante também. Quali> SPEAKER 3: motorzi> ### muito você imagina motor de avião um negócio assim muito for> Mas ( ) o motor de avião é um motor fraquinho, um motor com... Da ordem de cem cavalos de potência e e é uma coisa muito gostosa você pega um avião, sai por aí, sai por esse Brasil aí você viaja de avião aí que é uma muito gostoso e eu gosto m> avião a jato é outra coisa, né? você pega avião toda hora, São Paulo Rio, São Paulo Rio, Ponte Aérea, negócio, a gente vai de manhã e volta de tarde, né? às vezes eu uso de avião como a gente usa um ônibus para ir para o trabalho e voltar. E os mei> não é? E... que mais? Geralmente são para... Os menorzinhos são para duas pesso> Do avião? SPEAKER 1: É. Olha, eu prefiro andar num avião pequenininho do que num avião grande. ( ) O avião pequenininho tem muito recur> ### ( ) os bondes, né, começaram, vieram os ônibus. ### viagens que a gente fazia... ( ) felizmente, tiraram os bondes, né, acabaram com os bon> Hoje eu acho... O senhor acha o senhor acha que foi bom o acabarem com os bondes? Ótimo. Era atrapalhava o trânsito. ( ) ### as ruas, muito pesados. ### Era uma coisa linda ali. Mas aqueles bondes primeiros que eles tiveram. Mas depois... Acabaram com aqueles bondes também, transformaram em... Como é que a gente chamava aqueles bondes? ### ### Camarão. É, os ### ### ### achava aquilo, camarão, uma coisa horrível. ### Muito su> Não era sujo, era o povo que não sabia se comportar lá dentro, né? Uma porta de entrada e uma de saíd> no meio. ### ### Hum eu preferia os bondes velhos. Também havia até um comportamento do povo diferente do que é hoje, né? Até Às vezes eu falo, Quando a gente está no ônibus, por exemplo, tem uma senhora grávida, uma senhora com criança, tem gente fica atarracado ali, que não levanta, não. No bonde, era uma moça ou uma senhora ( ) velha, a gente levantava e dava o lugar. Nem que ficasse ali na plataformazinha. ( ) A educação do povo também. Hoje o povo eh não tem a menor educação. ### ### ### ### Mas, papai, O teu pai não era não era pernambu> ### ### Pernambucano já era outra coisa. Pernambuco, estado do Rio de Janeiro, é uma era diferente, né? ### ### Tinha. as grandes usinas de açúcar, né que uh até hoje tem uma produção de açúcar talvez maior do que em qualquer estado do Brasil ( ) O pessoal lá é Alagoas ### ( ) Quando eu fui para a Bahia, eu assisti uma cena deprimente em Jequié, Nós paramos paramos para tomar um refresco ali num num negócio de automóveis ali, num numa estação num ponto de ah de de de automóvel ali. Que que aconteceu? E eu vi, mas eu vi, todo mundo viu, crianças de sete, oito anos, es em farrapos, pedindo dinheiro e vendendo passarinho Passarinho vermelhinho, uma porcariazinha. Eu perguntei a um menino, perguntei a um menino, me diz uma coisa, você tem mãe? Você tem pai e mãe? Pai, não. Mãe, tenho. disse a mesma coisa, o que sua mãe faz? Lava roupa. Ele disse, e você, o que que faz? Você não está na escola, não está aprendendo a ler e escrever? Eu estava na escola, mas a mãe não teve dinheiro, Eu saí da escola. E agora? A> ### Um caso que me aconteceu, Como brasileiro, o caso é muito triste. ( ) É, papai, é o caso da misé> Mas o problema todo de uma cidade assim como São Paulo é que há uma... Isso é a minha opinião pessoal. Está errada a maneira de controlar esse negócio todo. Eu não sei até que ponto o governo tem condições de controlar. Ih Eu vejo São Paulo, por exemplo, eles querem diminuir a a migração a vir para a cidade. Não é possível isto, né? Porque agora... Tem agora esse caso do dos mendigos que estão mandando de São Paulo para o Paraná, e o Paraná diz que são mendigos que vão indo daqui para lá, e o pessoal daqui diz que não são mendigos, são pessoas que vieram de lá e que estão devolvendo, né? Não sei se a solução é mandar o cara A solução era arrumar trabalho para todo mundo e remunar remunerar melhor. Na minha opinião, a solução está em redistribuir melhor as rendas, aumentar a produtividade e diminuir a corrupção e o roubo. Mas quem sou eu? Sou um simples cidadão, não tenho capacidade nenhuma de dizer vamos mudar as coisas. Não sei como fazer isso. Então, não sei se eu respondi tua SPEAKER 0: Por exemplo, aqui, na região onde vocês moram... Vila Mariana. Vila Mari> ### ### Ela é muito privilegiada, não? SPEAKER 1: É, é uma zona de classe média, né? Tem desde classe média baixa até classe média al> SPEAKER 1: ### E o comércio também, o comércio óti> Feiras livres aqui são ótimas, essas feiras livres que nós temos aqui. O senhor vai sempre nas feiras livres? Toda ### ### ### <ões, barracas, né, como eles chamam, e dessas... Que que eles vendem lá? ### Toda semana, papai? Toda sema> É? Homem não E como é que é? ( ) Peixes, né, barraca de peixe, verduras, ### ### ### ### Como é que é? Com uma De uma rodinha, hein? ### ### Caixote? É, são os caixotes né, que eles fazem. os meninos. E ganham honestamente. Segundo dizem que um menino desses mensalmente ganha quatrocentos contos quatrocentos cruzeiros. E de fato deve ser, porque eles co> ### O senhor já contrata, já tem contratado? Não, eu pego o primeiro que aparec> Eles já me conhecem, né? Eu dou mais um pouquinho para eles, então... Daí ele vai junto com o senhor, o senhor vai comprando as coisas? Ele vai atrás, eu vou comprando as coisas, vou jogando ali e vou embora. ### ### Carrega até em casa? Carrega até em casa, despe> ### ### ### ### ### Bem variado? Bem variado, todas as SPEAKER 3: frutas possíveis, né? (ruído) o senhor me respondesse sobre o comércio no sentido geral, mais amplo agora, o comércio na cidade. SPEAKER 1: Hum, você quer que eu fale sobre as lojas da cidade? O comércio paulista hoje está descentralizado, né? Hoje o comércio eh responde o varejo, né? Porque eh hoje uh em cada bairro tem as suas ruas, tem os seus lugares onde as lojas se amontoam. você tem, em Vila Mariana, a Domingos de Moraes, é uma rua onde tem muito comércio. Indo lá para o Jabaquara, aqui na Praça da Árvore, tem comércio à vontade. Então hoje em dia, as pessoas não vão mais ao centro da cidade. Talvez com o metrô, agora, o pessoal volte ao centro da cidade. Depo> O comércio mais forte do Brasil está aqui em São Paulo, o alto atacado. Uh Você quer que eu fale sobre o comércio? No sentido gera> ### Hoje, eh bom, isso não é o meu forte, o comér> ( ) que eu sou um consumidor eu não as coisa SPEAKER 1: ### Quando o senhor tem vontade de falar comigo, como é que o senhor faz? Ah ligo o telefone para você e converso com você, natural> ### ### ### SPEAKER 3: funciona o telefone? Como é que funciona o SPEAKER 1: o telefone é bom é ruim? ### ### ### e o preço também não é m> ### ### ### ### ### ### As as por fora é duro, né? Rio de Janeiro, né, dez quinze cinco minutos, né? É. É um meio de comunicação ótimo, né? Telefone hoje está mui> ### então tome o telefone, todo São Paulo, né? ### Telefone só é ruim quando você liga para uma cidade pequena, que não tem esses sistemas modernos. Então infernal. Então para você telefonar para uma cidade pequena, no interior, é muito mais complicado do que fazer uma ligação para né? E Hamburgo. Hamburgo ### SPEAKER 0: ### SPEAKER 3: SPEAKER 1: usa uma fichinha que tem no bolso, você compra numa venda ou num posto de gasolina, num bar, qualquer coisa assim, você compra, usa o telefone, é formidável. De vez em quando quebra, ou de vez em quando você quer falar num telefone desse, e tem um bandido na sua frente falando, falando, falando, e você dizer para o cara, para de namorar, ( ) tem que falar telefone com urgênc> correspondência aqui, inclusive do exterior, em pouquíssi> ### selos, então eu tenho uma belíssima coleção de se> SPEAKER 0: vocês se utilizam e do carro para te chegar lá, Vocês utilizam carta também? SPEAKER 1: Carta, a gente usa. É como... Ah não é Não é tão comum. Hoje hoje, como o Correio melhorou muito, já se torna está se tor> ### habitualmente, não se escrevem cartas. Só cartas comerciais, né? Eu recebo muita carta, mas são cartas comerciais e senão a gente escreve carta quando é para fora do Brasil. Porque dentro do Brasil Eu estou ali com três cartas para a Alemanha, que foram para o correio hoje. Então, para mim isso aí daqui a pouco se o tel> Eu pego a folha, faço os olhos descabeçados. Se tiver alguma coisa assim que me chame a atenção, que seja mais importante para mim, então eu vou procurar aquele assunto. Se tiver e não tiver nada importante, porque os jornais se repetem, você pode olhar um jornal de um ano atrás, é a mesma coisa, os jornais só têm coisas tristes, né? Guerras, terremotos, demolições, o povo adora sofrer, gosta de ver sofrim> Daí eu vou para a Folha Ilustrada. Depoi> eu leio os os cômicos, né? leio as tirinhas, tem duas ou três que eu acho muito interessantes. Eu olho aquilo, vejo a parte de crítica de cinema, crítica de livros, vejo o que está passando no teatro e tal. Passo os o> ( ) pelos horóscopos, né? ### Eu leio o jornal inteiro, mas eu leio de  dinâmica. Eu passo os olhos, seleciono as coisas que são mais importantes para o meu conhecimento e paro por aí, né? Eu vejo, leio com atenção alguns editoriais, algum... parte política, eu leio. Vejo a parte econômica com muita atenção porque vejo notícias sobre novas leis, sobre coisas irregulares Esportes é a última coisa que eu vejo. Também eu SPEAKER 0: E o pessoal na sua casa, seus filhos, sua sua mulher, eles leem o quê? SPEAKER 1: Eu acho que a pessoa que fuma, ela passa para si própria um atestado de inconsciência. É ( ). Porque a pessoa que tem consciência do que é o fumo, não vai fumar nunca, né? Não tem cabimento um sujeito comer comida estragada ou beber água suja, muito menos respirar ar poluído. As pessoas não tem consciência. <ão tão (pigarro) tão estão tão eh saturadas de publicidade que o cara não sabe mais o que ele faz, não é? ( ) Cigarro é uma das coisas, mas tem outras coisas também. As pessoas não estão acostumadas a pensar, não é? Você faz o que outros fazem. E não tem culpa, né? A gente não tem culpa daquilo que enfiaram na cabeça. à força. SPEAKER 0: Então, (risos) na televisão, o aspecto que você salienta exatamente é a saturação de publicidade? É SPEAKER 1: ### ### Minha televisão é colorida, é ótima. Eu não aguento ver cinema. Primeiro porque por causa das interrupções de publicidade. Depois teve um outro negócio que eu não aguento também. É ver o cara que é um ator inglês falando um português terrível. Eu não aguento esse negócio. ### Não dá. Não dá para você ver um ator que você já viu no cinema falando inglês, ( ) que são bonitas. De repente, são sai falando português, um português tão esquisito. Não casa, né? Eu vi uma peça muito boa lá, chamada A Lição de Anatomi> Hum. Se vocês não assistiram, não percam. É um grupo de vanguarda, é um autor argentino, e ensina um bocado para quem vai ver aquilo lá. ### Não, ainda não. S> ### Arquitetura ah Não, é parecida com essa, quase igual. Conservaram muito isso aí. Mas geralmente a gente... Por causa do preço e as condições nossas, nós íamos era lá em cima, né? Hum. O poleiro, como eles chamavam, né? ### A claque, lembra da claque? A claque também, bom. ### É um dos primeiros bancos, né? Olh> ### Lá em cima também. Como tem em programa de televisão hoje, aquela claque continua a mes> Continua. ### SPEAKER 0: ### SPEAKER 1: O Silvio Santos, não é? Aquelas meninada SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: Santos? Silvio Santos? ### ### ( ) O homem comunica bem, viu? Mas... não é meu estilo, não é meu gosto. É can> ### E sorrindo, s> E faturando sempre. ### ### Como empresá> ### ( ) camelô, hoje, que ainda continua meio camelô, né? ( ) móveis velhos, eu vendo por tanto, porque isto, porque aquilo. Pô, pai, todo todo empresário é camelô. ### <ão. ( ) O que mais você quer saber? Bom ah SPEAKER 0: sobre os meios de comunicação, nós falamos sobre teatro, cinema, televisão, rádio, jornal. Enquanto isso, o senhor lembra, em vinte e dois, em mil novecentos e vinte e dois, uma revolução que teve no Teatro Municipal? O senhor está lembrado? SPEAKER 1: Epitácio? Não, pai. Semana da arte moderna. SPEAKER 0: O senhor está lembrado da época? O que aconteceu? A> ### SPEAKER 1: Eu me lembro, foi uma conferência de Rui Barbosa no Teatro Municipal, um dos estudantes quiseram entrar, não deixaram, então eles arrebentaram a a o o lado e entraram de qualquer jeito, eles entraram lá e fizeram baderna mesmo. ### Que polícia? Meia dúzia de portuguesinhos aí. Como é que era a polícia naquele tempo, papai? Bom Em vinte e dois já era a polícia militar Mas antes antes eram os portugueses, né? Como é que era uh mo é que era a polícia? ### Tinha os portugueses, né? Mas antes, como é que era a pol> ### À noite, como é que era, papai? Ah mas não havia policiamento, não havia ladrão em São Quando eu era pequeno, eu lembro que na Rua ( ), a rua era de terra, e tinha um lampião de gás na frente da casa do vovô. ### ### Tinha polícia naquele tempo na rua? Nada. Tinha nada, nada? Não havia ladrão, não havia, só cachorro, né? ### Como é que o sujeito era polícia naquele tempo? Polícia era um guarda no... Era um guarda s... Era o guarda civil, não é? guarda civil. Mas como é que era o sujeito? Ele tinha uniforme? Tinha, um uniforme, ( ) era quase todos portugueses, né? ### Bigodudos, não é? Sei. Usava alguma arma? Hã? ### ### ### ### ### ( ) O revolver mesmo nunca se via, né? Não tinha. Também, em vinte e dois, e> ### O homem falou como tivesse que nós estamos falando aqui, fez a conferência e foi embora. Como é que era o Rui Barbosa? Era pequenininho, cabeçudo, né? (risos) ### Inteligente, como todos nós s hum sabemos. Feio? Era feinho, pequenininho. Simpático? Mais ou menos. Boa dicção? Boa. Oh. ( ) Mas ele era... É um formidável. Aliás, naquele em mil novecentos e dez, nas eleições presidenciais, ele foi candidato. Uh Civilista, ele, e E contra o Hermes da Fonseca. Segundo consta, eu não sei, eu tinha nesse tempo, acho que dez anos. ### ###