Inquérito SP_D2_320

SPEAKER 1: : Eu tenho viajado muito pelo Brasil e Às vezes a trabalho, às vezes a passeio. E são viagens rápidas. Mas papai é louco para viajar e ele começou a viajar de tanto sofrer a minha influência. ( ) ah pai, vai viajar também, né? Agora está louco para ir para Manaus. Então, como é que vai ser sua viagem? Ah, estive em diver sos estados do Brasil, né? Em quase todos os estados do Brasil, do centro ao sul. Você está falando de uma maneira assim muito complicada, mas é para soltar mais, falar mais fácil. Hã? Né? Então conta, como é que você vai para Manaus agora? ### Abril ou maio, talvez, depende do tempo. Você vai do quê? B ( ) eu quero ir fluvial. Fluvial? ### ### ### Navio. Você vai em uma turma assi m? Como é que você vai? Em tu rismo, né? ( ) Eu gosto muito de turismo. ### Facilidade, né? A última foi o Rio Grande do Sul. ( ) Você foi do que para lá? fui de turis ### De ônibus. Panorama, né? Era bom o ônibus? O ô nibus. Ótimo, né? É? ### A viagem foi boa? Ótimo também. E estivemos lá, passamos por... Essa viagem durou mais ou menos de dezesseis dias. (pigarro) Dezesseis dias estivemos e passamos por Paraná. ( ) Que que você viu lá? Paraná, Santa Catarina, paramos também lá, no em Florianópolis, Blumenau... Você foi até Foz do Iguaçu nessa vi ### Eu fiz outra viagem, nessa não. Você foi até Porto Alegre? Fui a Porto Alegre, sim, Pelotas, eh Caxias do Sul, depois fizemos aquela Gramado, Canela, Torres. ### nesses lugar, mas Porto Alegre eu gostei muito, muito, não só do povo, um povo formidável, fomos recebidos muito bem, numa sociedade que tem lá. Não me lembro... ah não me lembro o nome. Famí Me diz uma coisa, papai. Quando você foi para Foz do Iguaçu, Você passou em Guarapuava? Em Guarapuava não, eu passei por... e fomos por Não passou por Guarapuava? ### Você viu aquela indústria madeireira que tem por lá? Qual é? Aquela indús tria madeireira que tem por lá? Muitas e muitas. É? ### ### eh e vou fazer uma pergunta para você, que é a maneira como você fala. Como é que era aquele negócio das tábuas que tinha lá? Hum A qualidade? É. Você viu muita madeira empilhada? Muitas e muitas. Ba stante mesmo, sabe? Mas é enorme aquilo lá, mas... ### Tinha uma coisa... Deve ser o pinho, né? ### ### Tábuas. As tábuas, e as tábuas pequena, como é que você fala que era? Tábuas. Tab taubinhas ou tabuinhas? Tabui ### Né? Porque papai sempre falou taubinha. Não, tábua. Uma tábua. Dá ah tauba aí, né? Agora é muito interessan Caxias do Sul também, né? Estivemos naquela fábrica de... aliás, primeira fábrica de vinho, Micheloni né? Você gostou do vinho que você tomou lá? Tomamos. Só que não pudemos trazer porque uh era impossível, né? Devido à  à via gem, né? Ah ia quebrar tudo quebrava tudo ( ). Que viagem mais que você fez que você gos Foz do Iguaçu também. Uma coisa linda, linda, linda, passando por Paraná. Como é que eram as cachoeiras lá? maior eh era a Argentina, né? ### ### ### Depois passamos por Paraguai, né? ( ) oh como é o nome daquela... Sei. Que mais que tu encontra nas tuas viagens, p Qual que você gos qual foi a viagem mais bacana que o senhor fez até hoje? Todas elas foram ótimas. ### Uma boa boa foi a Bahia, que eu não conhecia, né? Sei. Passamos pelo Espírito Santo, fomos pelo litoral Fluminense e voltamos pelo litoral pela por Minas Gerais.

SPEAKER 0: : Eu queria perguntar, quanto ao transporte nesses locais, o senhor percebeu uma diferença de um local para outro? Quanto a transporte, os meios de transporte?

SPEAKER 1: : Quase todos iguais. Eu só não gostei foi do... Os táxis em em Porto Alegre. É um serviço completo, perfeito, limpo. O automó ### Motorista limpinho? Lim pos mesmo. E fardados também, sabe? ### Não como os daqui?

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : O senhor, ah na época, sei lá, o senhor sempre morou em São Paulo? Sempre. Sempre? A ### ### ###

SPEAKER 1: : ### ### ### O bonde era muito... Ah o melhor que nós tínhamos, né? ( ) Você chegou a pegar... Eu cheguei a a ver os bondes puxado a burro. Como é que era, papai? Ah Um, dois burrinho infelizes, coitado, ali na frente. E só. E para subir aquela ladeira do Carmo, com a ladeira João Alfredo, hoje é General Carneiro, né, aquela rua? Então eh ### mais. Aquilo ia, subia aquilo ali feito um louco, coitadinho. Quantos passageiros ### levava, vamos dizer, uns dez vezes quatro, quarenta, uns cinquenta passageiros ah ah era o máximo. Depois acabou, né? Veio os elétricos, os bondes elétricos, muito bons, confortáveis. Eu andei um bocado de bonde na minha v Pegava o bonde Vila Mariana, ia pendurado, chegava lá na Praça João Mendes, que não é como hoje, era uma pracinha circular, cheia de árvores. ( ) Depois saía correndo, atravessava a Rua São Bento, chegava lá na Largo de São Bento, pegava outro bonde, descia na Escola Politécnica, e era uma correria que não acabava mais. ###

SPEAKER 0: : metrô. E vocês tem usa do o metrô? Ah

SPEAKER 1: : eu tenho. É, para o centro da cidade não tem melhor

SPEAKER 3: : Antigamente... Eu gostaria que o senhor descrevesse o serviço do metrô. Ah, o serviço do metrô

SPEAKER 1: : ah é ótimo. O metrô é um meio de transporte lim limpo, eu acho que é econômico, e eu acho que... Eu não eu não gosto de andar de ônibus. Eu, geralmente, vejo a cidade mesmo gostando de carro Mas com o metrô, agora, é é muito melhor. O metrô é... ah ah é muito prático, né? Uh ah Eu gostaria... Eu gostaria de ver o metrô estendido pela cidade inteira. Vai demorar um pouco, mas a gente tem muita paciência, né? E Eu gosto dos carros, do metrô. O povo fica até com cara de rico. O povo, que geralmente é muito miserável, né? Dentro do metrô parece, ah como é limpo, dá a impressão de prosperidade, né? Como rua asfaltada e ( ) Como funciona o me

SPEAKER 3: : ###

SPEAKER 1: : ### Você chega numa estação, compra os bilhetes, passa na na tem uma uma porteirinha, que eu chamo de bloqueio, põe o bilhetinho ali e... eh o bilhete é... Ele Tem escada rolante por todo lado, voc ê chega até o leito do do metrô, lá você emb arca. No metrô ainda, como tem poucos passageiros em relação a outros metrôs, então ( ) senta com facilidade. ### Dentro é muito confortável e E tem uma vozinha muito misteriosa que diz onde você vai descer, qual a estação que está ch egando, né? Também visualmente é muito ### Então você sabe onde vai. ### ### lá e e chega na estação. Muito prático. Eu chego da cidade hoje, eu vou só de metrô. No Lago São Bento, por exemplo, eh para quem vai traba lhar na zona bancária, não tem problema. Larga o cara em qualquer canto por aí, entra no metrô, desce lá Não tem aquela de largar o carro e brigar e ser roubado, estacionamento, gente que toma conta. Todo zona azul. que é um negócio formidável, e você vai com muita facilidade. Hoje está muito mais fácil transporte. Há anos atrás era um negócio muito difícil, muito ruim. E agora tem está engraçado ### longe de São Paulo, né? Ou mesmo agora ainda nada... ### desce ali e vai embora, né? Ótimo. Paga mil e oitocentos as duas viagens, né? Pessoa vai folgada cidade Então eu acho uma coisa muito inte

SPEAKER 0: : ressante. Vocês ah vocês têm ca ###

SPEAKER 1: : ### eu nunca tive ( ). Por que nã o? Nunca ti ve vontade, s ### ada toda guia, tem carro eu não eu nunca tive vontade de ter carro. Uhum. Vocês

SPEAKER 0: : já tiveram algum problema com um carro? Ou algum problema, aconteceu alguma coisa ou de (risos) de terrível ou de gozado com um carro, qualquer meio de transporte?

SPEAKER 1: : Coisa terrível ou goza Coisa de terrível, já me aconteceu um acidente que eu não gostei nada. Mas faz muito tempo. Eu ia com uma perua Kombi e eu fui ultrapassar, na Domingos de Moraes, um bonde. Naquela época, os bondes vinham... A rua tinha uma mão e só o bonde vinha na contramão. E no instante em que o bonde estava no meio do quarteirão, Uma pessoa desceu do bonde e eu atropelei essa pessoa. E foi uma confusão danada. O sujeito gritava, minha Nossa Senhora, vou morrer. Eu tive muita presença de espírito, peguei o sujeito, pus dentro da Kombi, peguei duas testemunhas do bonde, que não tinha culpa do do acidente, e fui correndo para o hospital das clínicas. Cheguei lá, o sujeito entrou lá para dentro, um investigador tomou meus documentos e eu fiquei ali esperando, esperando, esperando. à noite, já era tarde, era umas dez horas da no ite, quando houve o acidente, eu estava voltando para a minha casa e naquela época não tinha telefone em ( ) e não tinha jeito de avisar. Eu estava muito preocupado com esse negócio, puxa vida. Não sabia que ia acontecer. Estava até estava muito ner ### morou muito e uma hora depois, O investigador disse para mim, olha, o senhor vai ter que esperar aqui o delegado, que daqui a pouco ele está aí. E o delegado não aparecia, ele já estava cheio daquele negócio, não vinha o delegado. E como é, o homem estava morreu? O homem vai bem? E ninguém me informava, sabe? Mas uma hora eu fiz uma cara assim de muito importante, fui entrando numas clínicas, e fu entrei numa enfermaria lá e consegui descobrir que o sujeito já tinha já tinha sido radiografado, estava passando bem e não tinha nenhuma fratura. E eu continuei a esperar o raio do delegado que não aparecia. Já t inham se passado umas quatro horas, eu estava que nem um bobão lá sentado no banco, junto com as minhas duas testemunhas, que eram dois operários que iam voltando para casa. Também estavam muito chateados. E quando apareceu um escrevente de polícia, disse, olha, o senhor vai ter que ir comigo até a central de polícia, porque o delegado não vem aqui e que vai acontecer comigo aqui? N ah o senhor vai lá, conversa com ele, que não vai ter problema, o sujeito parece que não teve nenhuma fratura, não teve problema. E eu lá fui eu para o para a delegacia de polícia. Fiquei contente porque ele até anotou o nome das testemunhas e mandou as testemunhas embora. Cheguei lá na polícia, eh naquele tempo não tinha ainda essas dis distritais, Era uma polícia central no Pátio do Colégio. Era uma bagunça aquele negócio. Era um Eu fiquei sentado ali vendo as coisas mais incríve ### uma bagunça desgraçada, e eu que nem um um simples cidadão ali esperando o delegado que não aparecia, né? Eu vi assim coisas incrív Quando era, mais ou menos, umas três horas da madrugada, né, um velhinho entrou na sala onde eu estava, sentou do meu lado. Sou en genheiro, né? Começou sou engenheiro, sim. eh como é, esse eh como esse negócio aqui é essa bagunça sempre? Isso eh isso aqui é uma bagunça incrível, já estou cheio desse negócio, isso é uma baderna esse negócio aqui ### ### está quebrado, ninguém toma uma provid ência, eu já estou cheio O síndico é um banana. Ninguém toma providência. E eu não sei o que fazer. Perguntei para ele, qual é a marca do teu elevador? ( ) ### é simples. Tel efona para a Elevadores Vilares, eles mandam lá o pessoal da da manutenção e conserta esse negócio, não precisa se preo cupar mais com isso. Puxa, eu não tinha pensado nisso. Eu vou telefo ### Daí eu virei para ele e falei, escuta uma coisa, esse delegado aparece ou não aparece? Eu estou cheio de esperar esse troço aqui. (risos) Estou ### ### Mas você está aqui esperando o delegado?

SPEAKER 2: : É, eu estou esperando e o cara não aparece, né? Mas o delegado sou eu. (risos) Ah, que noite!

SPEAKER 1: : Aí chamou um investigador lá e disse, olha, devolve o documento desse moço e manda ele embora para a casa, que não tem nada não, isso aqui é bagunça mesmo, não se preocupe com isso. Aí me agradeceu muito a explicação que eu dei para ele, eu também agradeci por ele ter me mandado embora. O investigador trouxe os documentos de volta, aí ele disse assim para mim, olha, eu se fosse você, ia amanhecer no Hospital das Clínicas para ver se o senhor está bom mesmo, porque lá também é uma baderna. Se o sujeito estiver mais ou menos, eles mandam embora para poder dar o leito para outro. E se esse sujeito morrer, vai dar uma confusão na tua vida. ### Não teve ferimentos, né? Então... No dia seguinte, eu estava muito preocupado com isso, telefonei para o meu advogado, vou verificar se tem alguma coisa. Telefonei para o meu pai e disse, vamos comigo até as Clínicas, para ver o que aconteceu lá com o sujeito. Será que o cara morreu? (risos) ( ) Cheguei nas Clínicas, na Portaria. ( ) recepcionista. Como é? Quero saber fulano que atropelou ontem, assim, assim, assim, assado como é que está passando e tal. ### ( ) Daí, a mulher olhou lá nos livros e disse, ah, esse homem já foi embora. Falei Puxa, que coisa! Então me dá o nome e o endereço dele. O nome eu não lembro mais, era qualquer coisa como João da Silva. M as o endereço era Estrada do Mutinga, sem número. Nunca mais ouvi falar nesse sujeito. Não encont Nunca mais. Sumiu, desapareceu.

SPEAKER 0: : Puxa vida, então, esse foi o caso terrível, né?

SPEAKER 1: : Esse foi um caso terrível. Espero que o sujeito não tenha morrido, né?

SPEAKER 0: : É, lógico. A gora, casos assim, casinhos, ah ah com problema com carro? ###

SPEAKER 1: : de carro? Hã? Outro dia, eu fiquei andando pela Avenida Paulista e, de repente, meu carrão ficou com a direção dura e eu Parei num posto de gasolina, fui examinar a bomba de óleo da direção hidráulica, estava sem óleo. Daí eu fiquei meio chateado, tal, comprei um litro de óleo para a para a bomba, botei lá dentro e fiquei mais chateado ainda, porque punha o óleo de um lado e saía do outro. ### ###

SPEAKER 0: : O senhor lembra dele quando criança? Usava, assim, brinquedos, meios de transporte, como brinquedo?

SPEAKER 1: : Carrinho, essas coisas? Hum... ### Como? Você não me deu uma bicicleta? ( ) ### ### Eu me lembro o seguinte, eu dei, de fato, uma bicicleta ### Você vendeu depois para o seu ami ### E me lembro também uma bola que o padrinho dele deu. ( ) Isso eu não lembro. Você tem até hoje? ### Até hoje assim ele te. Ah. Isso não é meio ###

SPEAKER 3: : Certamente o senhor se lembra da bicicleta. Oh Gostaria que o senhor fizesse uma descrição dessa bicicleta, nos seus mínimos detalhe. Bicicleta.

SPEAKER 1: : ( ) minha bicicleta foi uma delícia. Ela não lembro da marca dela linda, viu? Quando eu ganhei essa bicicleta, ela e ra toda Ela era vermelhinha. Era um tamanho m ### então era vinte e dois? Vinte ou vin te e dois, sei ### ### ### ###

SPEAKER 3: : ###

SPEAKER 1: : O quadro dela, as duas rodas, os freios, um farolete. Naquele tempo se usava aquelas placa. Você que pagava licença, né, placa de automó Ah as rodas eram lindas, né, uns aros cromados, brilhantes, eh... ( ) Como eu dei para o meu filho uma bicicleta agora também, então eu estou vendo a bicicleta do meu filho é a minha bicicleta. A da minha bacana. (risos) É um objeto de plástico, né, que o selim era de couro. ### cicleta eu andei um bocado por São Paulo. Ih eu fui ver Em Vila Mariana até interlagos, hoje já tem várias ruas, né, mas naquele tempo era uma estradinha muito vagabunda, um asfaltinho es treito, então a gente ia nadar na represa. né? Naquele tempo era uma água poluída, como hoje. ( ) quer saber como é que

SPEAKER 3: : ###

SPEAKER 1: : Bom, hoje tem Caloi dez dez marchas, tem Berlineta, desdo desmontável, desdroba desdroba desdroba des ### é? Aquele tempo, não. Aquele tempo tinha bicicleta de corrida, tinha ah o guidão dela era para baixo, né, ah do dobrado, como essa tinha a Caloi dez, e tinha bicicleta comum. As bicicletas evoluíram bastante também. Quali dade acho que piorou já. ( ) Eu já comprei uma meia dúzia de bicicletas para os meus filhos, elas quebram, toda hora estão quebradas. E naquele tem po uma bicicleta era um negócio sério, não tinha aquela quantidade de transporte que tem hoje. O s

SPEAKER 3: : enhor já falou sobre alguns tipos de transporte, gostaria que o senhor citasse os outros

SPEAKER 1: : ### ### Viajei bastante pelo Brasil. ( ) Tive que aprender a voar. Então andava Avião? Como é que voa? (risos) Avião, tem um. O avião mais comum aí que você usa turismo, são esses aviões pequenininhos, o mais comum é o Paulistinha, que não passa de um papagaio de papel. Mas assim já não se usa mais hoje, né? Se usa hoje aviões importados, principalmente dos Estados Unidos, como Cessna, né? E eu aprendi a voar num avião modelo hum chamado Cherokee, um avião de asa baixa, metáli motorzi ### muito você imagina motor de avião um negócio assim muito for Mas ( ) o motor de avião é um motor fraquinho, um motor com... Da ordem de cem cavalos de potência e e é uma coisa muito gostosa você pega um avião, sai por aí, sai por esse Brasil aí você viaja de avião aí que é uma muito gostoso e eu gosto m avião a jato é outra coisa, né? você pega avião toda hora, São Paulo Rio, São Paulo Rio, Ponte Aérea, negócio, a gente vai de manhã e volta de tarde, né? às vezes eu uso de avião como a gente usa um ônibus para ir para o trabalho e voltar. E os mei os de transporte dentro do avião, ### trem trem é uma coisa que eu andei quando era garoto e nunca mais andei na minha vida. Para Santos ( ) ia e voltava. Santos. ( ) barquinho, né? E (pigarro) que mais você quer saber? você quer saber como é

SPEAKER 3: : vião como é o Você quer que eu descreva um avião? Pois não

SPEAKER 1: : Um avião é composto de um de uma asa, apoiada por uma fuselagem, onde essa asa tem os lemes de profundidade e tem um sistema de de lemes traseiros e um motor, que geralmente é no bico do avião. Difícil descrever um avião ( ) ih os aviões... Poxa, eu nunca pensei em descrever um avião na minha Geralmente esses aviões de turismo são monomotore não é? E... que mais? Geralmente são para... Os menorzinhos são para duas pesso as, maiores tem seis a oito pessoas. E são equipados com um instrumental para voo muito impor tante. Você num avião, além de de ter as peças que fazem ### que faz a tração do do avião você tem equipamento para ser ser para voo cego, voo automático

SPEAKER 0: : E quanto à seguranç Do avião?

SPEAKER 1: : É. Olha, eu prefiro andar num avião pequenininho do que num avião grande. ( ) O avião pequenininho tem muito recur so. Quando você está lá em cima, voando e, digamos que pife o motor, você plana bem, voo planado, você com tranquilidade você encontra um lugar para descer, geralmente um avião pequeno você pousa num até num campo de futebol. Já um avião comercial desses grandões, esses jatões, ócio meio perigoso, porque se pifar aquilo lá, cai mesmo, cai que nem uma jaca, né? Vem para baixo que ninguém segura. Eu, quando viajo, numa viagem longa, num jato, eu realmente eu não me sin to muito feliz. Já num avião pequenininho, eu acho muito gostoso. Eu prefiro um avião pequeno.

SPEAKER 0: : O senhor nunca dirigiu automóvel? Nunca? ### Tem. Como é que foi a sensação da aprendizag em? De automóvel? É.

SPEAKER 1: : Olha, eu aprendi a guiar com vinte e sete anos de idade. Quando eu era tinha essa idade, eh eram poucos os carros em São Paulo. Então, naquele tempo, o sonho uh de uma pessoa da minha condição era ter Hoje em dia, eu tenho dois carros e meus filhos não têm ainda, mas daqui a pouco todos terão carro. Porque e Então, quem me ensinou a guiar foi um motorista. Eu trabalhava na prefeitura de São Paulo, eu me formei engenheiro e eu era topógrafo da prefeitura de São Paulo. Então, a prefeitura me cedia um jipe, com um motorista, para correr as obras. Trabalhava em conservação de ruas da cidade. E esse motorista era muito meu amigo e ele que me ensinou a guiar. ### é muito estranha. É muito fácil guiar um automóvel. Eu tenho tenho a impressão que é mais fácil guiar um automóvel do que trabalhar com uma máquina de costura. Mas a sensação, primeira vez que eu subi num carro, eu me senti meio perdido com tanto botãozinho. Quando eu aprendi a voar, foi mais complicado, ele tinha botão tinha mais bo tões ainda. Em avião, por exemplo, ah a minha tensão era muito maior. porque, além de ter que lidar com o aparelho, eu tinha não podia me perder lá em cima. Automóvel no automóvel, se acabar a gasolina, você para na esquina e vai buscar a gasolina, né? Avião, se acabar a gasolina, cai. (risos) aprender automóvel é uma coisa muito fácil. Aprender automóvel... Eu acho que a gente faz as coisas que um homem normal, um homem comum faz, ###

SPEAKER 0: : sobre transporte, nós  podemos ligar sobre a cidade. Como é hoje o trânsito em São Paulo e como era antigamente?

SPEAKER 1: : Antigamente era... era o... o bonde, né? Aqueles bondes puxadinho à burro que acabou logo, logo depois do Zé Beto. ### nibus, que aliás, eu me lembro um ônibus aqui da Saúde, enorme. dava para uns quarenta passageiros, mais ou menos, ou talvez. E era de um si uma de um sírio. Eh Eu achava interessante Era o sírio que ficava na frente, controlando. ### Depois acabou isso, né? De pois começaram a vir os ônibus, de diversas companhias, né? De pois veio a cê eme tê cê, né? Mas é ótimo, né? Essas ( ) Boas companhias nós temos aqui, né? ### O tráfego em São Paulo é uma barbaridade, né? ### ### ### ### O bonde passava pela Rua São Bento. Eu estudei no ginásio do Estado e morava na Vila Mariana. A gente ia passava de ô de bonde pela Rua São Bento naquele tem ### ( ) os bondes, né, começaram, vieram os ônibus. ### viagens que a gente fazia... ( ) felizmente, tiraram os bondes, né, acabaram com os bon Hoje eu acho... O senhor acha o senhor acha que foi bom o acabarem com os bondes? Ótimo. Era atrapalhava o trânsito. ( ) ### as ruas, muito pesados. ### Era uma coisa linda ali. Mas aqueles bondes primeiros que eles tiveram. Mas depois... Acabaram com aqueles bondes também, transformaram em... Como é que a gente chamava aqueles bondes? ### ### Camarão. É, os ### ### ### achava aquilo, camarão, uma coisa horrível. ### Muito su Não era sujo, era o povo que não sabia se comportar lá dentro, né? Uma porta de entrada e uma de saíd no meio. ### ### Hum eu preferia os bondes velhos. Também havia até um comportamento do povo diferente do que é hoje, né? Até Às vezes eu falo, Quando a gente está no ônibus, por exemplo, tem uma senhora grávida, uma senhora com criança, tem gente fica atarracado ali, que não levanta, não. No bonde, era uma moça ou uma senhora ( ) velha, a gente levantava e dava o lugar. Nem que ficasse ali na plataformazinha. ( ) A educação do povo também. Hoje o povo eh não tem a menor educação. ### ### ### ### Mas, papai, O teu pai não era não era pernambu ### ### Pernambucano já era outra coisa. Pernambuco, estado do Rio de Janeiro, é uma era diferente, né? ### ### Tinha. as grandes usinas de açúcar, né que uh até hoje tem uma produção de açúcar talvez maior do que em qualquer estado do Brasil ( ) O pessoal lá é Alagoas ### ( ) Quando eu fui para a Bahia, eu assisti uma cena deprimente em Jequié, Nós paramos paramos para tomar um refresco ali num num negócio de automóveis ali, num numa estação num ponto de ah de de de automóvel ali. Que que aconteceu? E eu vi, mas eu vi, todo mundo viu, crianças de sete, oito anos, es em farrapos, pedindo dinheiro e vendendo passarinho Passarinho vermelhinho, uma porcariazinha. Eu perguntei a um menino, perguntei a um menino, me diz uma coisa, você tem mãe? Você tem pai e mãe? Pai, não. Mãe, tenho. disse a mesma coisa, o que sua mãe faz? Lava roupa. Ele disse, e você, o que que faz? Você não está na escola, não está aprendendo a ler e escrever? Eu estava na escola, mas a mãe não teve dinheiro, Eu saí da escola. E agora? A gora eu eu pido dinheiro e vendo passarinho. Muito bem. ### ( ) não teria um prefeito de Jequié, nessa cidade, que pegasse Mas não era um, era dezenas de meninos de diversos tama ### Um caso que me aconteceu, Como brasileiro, o caso é muito triste. ( ) É, papai, é o caso da misé ria. É o caso da miséria mesmo nesses sertõe s, né? Que aliás, é uma coisa que o governo devia, esses prefeitos deviam olhar para isso, né? ### ###

SPEAKER 0: : Vocês conhecem várias cidades. Parece que o senhor gostou muito de Porto A de Alegre, né? Ah Fazendo assim ah um apanhado geral, Como vocês definiriam uma cidade? Os seus as os aspecto s de uma cidade? Uma cidade? É.

SPEAKER 1: : Para mim, uma cidade é um amontoado de gente. ( ) ### As pessoas se amontoam numa cidade procuran do melhores condições de vida. Então, ah nordestino, quando sai lá de Jequié ou do Sertão da Bahia e vem para São Paulo, ele vem porque lá não tem trabalho para ele, tem miséria lá. Então, disseram para ele que na cida de tem trabalho e aqui ele tem condições de sobreviver. Então, ele vem para cá. Então, vai acontecendo esse amontoado Daí começam a surgir os problemas sociais, os problemas de de higiene, os problemas de educação. Então, numa cidade como São Paulo, por exemplo, você vê o governo assoberbado aí com os ( ) problemas mais sé rios para a coletividade, né? Então, falando de educação, por exemplo, arrumar escola para todo esse povo, Coisa muito séria, né? ### de por maior que sejam as ver Mas o problema todo de uma cidade assim como São Paulo é que há uma... Isso é a minha opinião pessoal. Está errada a maneira de controlar esse negócio todo. Eu não sei até que ponto o governo tem condições de controlar. Ih Eu vejo São Paulo, por exemplo, eles querem diminuir a a migração a vir para a cidade. Não é possível isto, né? Porque agora... Tem agora esse caso do dos mendigos que estão mandando de São Paulo para o Paraná, e o Paraná diz que são mendigos que vão indo daqui para lá, e o pessoal daqui diz que não são mendigos, são pessoas que vieram de lá e que estão devolvendo, né? Não sei se a solução é mandar o cara A solução era arrumar trabalho para todo mundo e remunar remunerar melhor. Na minha opinião, a solução está em redistribuir melhor as rendas, aumentar a produtividade e diminuir a corrupção e o roubo. Mas quem sou eu? Sou um simples cidadão, não tenho capacidade nenhuma de dizer vamos mudar as coisas. Não sei como fazer isso. Então, não sei se eu respondi tua

SPEAKER 0: : Por exemplo, aqui, na região onde vocês moram... Vila Mariana. Vila Mari ### ### Ela é muito privilegiada, não?

SPEAKER 1: : É, é uma zona de classe média, né? Tem desde classe média baixa até classe média al ta. Geralmente o pessoal de Vila Mariana são funcionários públicos, são profissionais liberais, pessoal que trabalha em... do jurídico. Aqui no meu bairro, por exemplo, tem mais juiz e desembargador que outra coisa. As ruas Na rua onde eu morei, em Vila Mariana, a maior parte do pessoal era ( ) eram bancários, eram... gente que trabalhava em em escritórios de indústrias e faziam comércio. tipo de classe média que fornece os profissionais liberais do Brasil e as classes armadas, né? Eu lembro, por exemplo, que quando eu me formei, na minha rua, que tinham três quarteirões, naquele ano se formaram mais de doze

SPEAKER 0: : eu digo privilegiada, é também quanto a disposição ao cli

SPEAKER 1: : ma. Ah. Sim, Vila Mariana tem muita sorte, é um bairro alto, não é? É um bairro dos menos poluídos em São Paulo, tem pouquíssimas indústrias. É um bairro muito bem servido de escolas, hospitais, te tem água e tem esgoto. Tem redes de águas fluviais, tem excelente iluminação ( ) Dentro do da do grande São Paulo, Vila Mariana é é um dos melhores bairros. Muito melhor que os Jardins, que é uma zona baixa, insalu ### E o comércio também, o comércio óti Feiras livres aqui são ótimas, essas feiras livres que nós temos aqui. O senhor vai sempre nas feiras livres? Toda ### ### ### ões, barracas, né, como eles chamam, e dessas... Que que eles vendem lá? ### Toda semana, papai? Toda sema É? Homem não E como é que é? ( ) Peixes, né, barraca de peixe, verduras, ### mentos, né? O geral. Tem policiamento nessas ### Os preços são bons? Mais ou menos, não são também tão assim, mas antes numa numa venda ou ou numa quitanda, né, que eles exploram. Os preços são maiores do que no supermercado?  Equivale, né? O senhor gosta mesmo de ir na feira ou é para papear com o pessoal da feira né? Não. ### A gente fica quase freguês daquela gente, já conhe ### ### ### Como é que é? Com uma De uma rodinha, hein? ### ### Caixote? É, são os caixotes né, que eles fazem. os meninos. E ganham honestamente. Segundo dizem que um menino desses mensalmente ganha quatrocentos contos quatrocentos cruzeiros. E de fato deve ser, porque eles co bram quinze, dez, quinze, às vezes até vinte cruzeiro por uma viagem E famílias em quantidade, senhoras em quanti ### O senhor já contrata, já tem contratado? Não, eu pego o primeiro que aparec Eles já me conhecem, né? Eu dou mais um pouquinho para eles, então... Daí ele vai junto com o senhor, o senhor vai comprando as coisas? Ele vai atrás, eu vou comprando as coisas, vou jogando ali e vou embora. ### ### Carrega até em casa? Carrega até em casa, despe ### ### ### ### ### Bem variado? Bem variado, todas as

SPEAKER 3: : frutas possíveis, né? (ruído) o senhor me respondesse sobre o comércio no sentido geral, mais amplo agora, o comércio na cidade.

SPEAKER 1: : Hum, você quer que eu fale sobre as lojas da cidade? O comércio paulista hoje está descentralizado, né? Hoje o comércio eh responde o varejo, né? Porque eh hoje uh em cada bairro tem as suas ruas, tem os seus lugares onde as lojas se amontoam. você tem, em Vila Mariana, a Domingos de Moraes, é uma rua onde tem muito comércio. Indo lá para o Jabaquara, aqui na Praça da Árvore, tem comércio à vontade. Então hoje em dia, as pessoas não vão mais ao centro da cidade. Talvez com o metrô, agora, o pessoal volte ao centro da cidade. Depo is o pessoal classe á, hoje vai comprar onde? Rua Augusta, Shopping Center Iguatemi, e que é aquele comércio em uma variedade maior, tem qualidade maior, preços maiores também. né? E lá você compra o que você quiser. O pessoal ( ) muito nesses supermercados hoje, né, esses supermercados grandes. Também você encontra o que você quiser. Ih isso é o comércio de varejo ( ) Mas atacado continua na zonas tradicionais da cidade, né? Santa Rosa, comércio de cereais, Paula Souza. E hoje também tem uma novidade, que são os macro, né, os supermercados de atacado, ( ) são frequentados são frequentados pelos pequeno comerciante, donos de restaurantes, donos de  hospitais, que compram diretamente de lá. São Paulo t O comércio mais forte do Brasil está aqui em São Paulo, o alto atacado. Uh Você quer que eu fale sobre o comércio? No sentido gera ### Hoje, eh bom, isso não é o meu forte, o comér cio. O meu forte é não ter mais mercado financeiro. (risos) Eu, por exemplo, ### so o quê? Como é que eu me utilizo de comércio? Que que eu com ( ) que eu sou um consumidor eu não as coisa s que eu compro e gasto em casa, assim, em quantias muito grandes, como latarias e bebidas, e eu compro no macro. ( ) fácil. Para ### eu compra em supermercado. Fora ro pa. ### em lojas pequena ah boutiques, esses negócio aí. E ( ) acho que é só. Mais alguma pergunta?

SPEAKER 0: : ### ### ### foi a feira e bate papo lá com o o russo, (risos) com o pessoal todo lá, né? ### Que tipo de coisa, por exemplo, vocês querem se comunicar com um amigo, com um parente, com um filho? Pelo telefo

SPEAKER 1: : ### Quando o senhor tem vontade de falar comigo, como é que o senhor faz? Ah ligo o telefone para você e converso com você, natural ### ### ###

SPEAKER 3: : funciona o telefone? Como é que funciona o

SPEAKER 1: : o telefone é bom é ruim? ### ### ### e o preço também não é m ### ### ### ### ### ### As as por fora é duro, né? Rio de Janeiro, né, dez quinze cinco minutos, né? É. É um meio de comunicação ótimo, né? Telefone hoje está mui ### então tome o telefone, todo São Paulo, né? ### Telefone só é ruim quando você liga para uma cidade pequena, que não tem esses sistemas modernos. Então infernal. Então para você telefonar para uma cidade pequena, no interior, é muito mais complicado do que fazer uma ligação para né? E Hamburgo. Hamburgo ### mente. Aqui você ### ### ( ) Não quero nem saber Só de pensar em dar um telefonema interurbano, lo

SPEAKER 0: : cal, não quero nem saber, é horrível. Bom, vocês têm telefone em casa, certo? ( )

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : ### ### (risos) É. É, eu estava Orelhão, n ###

SPEAKER 3: : elhão resolve o problema da ci

SPEAKER 1: : dade? Ah, eu acho que resolve. Eu acho que resolve. Eu acho é muito bom. Esses telefo usa uma fichinha que tem no bolso, você compra numa venda ou num posto de gasolina, num bar, qualquer coisa assim, você compra, usa o telefone, é formidável. De vez em quando quebra, ou de vez em quando você quer falar num telefone desse, e tem um bandido na sua frente falando, falando, falando, e você dizer para o cara, para de namorar, ( ) tem que falar telefone com urgênc ia. Mas esses telefones são ótimos. Os orelhões ( )

SPEAKER 0: : efone, que outro recurso vocês utilizariam para se comunicar com alguém? Pegar o carro e ir até lá. (risos)

SPEAKER 1: : ### ### muito difícil. (risos) Telegrama ### uma carta, ela chega mesmo. Quando dizem que não chega, é a pessoa que não mandou mesmo. Mas passa telegrama em São ###

SPEAKER 3: : eio. Gostaria que o senhor falasse sobre o Correio de hoje em relação ao passado? Bom

SPEAKER 1: : O Correio de hoje é uma maravilha. O Correio de hoje você pega uma pega uma cartinha, e leva, coloca, põe um selo, ou joga numa caixa dessas públicas ou leva numa agência do Correios, e correspondência aqui, inclusive do exterior, em pouquíssi ### selos, então eu tenho uma belíssima coleção de se los, então... Correio hoje está muito bom. Antigamente era infernal Telegrama, telegrama urbano, eu acho um pouco... ah em São Paulo ainda não funciona. Pelo menos não entrou nos hábitos como... em em Londres se usa telegrama urbano como se usa telefone, né? Mas se lá se passa olhando pelo telefo ne. Talvez aqui passe mas a gente não está acostumado, não está habituado, não usa. Além do do telefone que voc

SPEAKER 0: : vocês se utilizam e do carro para te chegar lá, Vocês utilizam carta também?

SPEAKER 1: : Carta, a gente usa. É como... Ah não é Não é tão comum. Hoje hoje, como o Correio melhorou muito, já se torna está se tor nando assim um pouco mais c ### habitualmente, não se escrevem cartas. Só cartas comerciais, né? Eu recebo muita carta, mas são cartas comerciais e senão a gente escreve carta quando é para fora do Brasil. Porque dentro do Brasil Eu estou ali com três cartas para a Alemanha, que foram para o correio hoje. Então, para mim isso aí daqui a pouco se o tel efone for barato para lá, a gente, em vez de escrever em carta, a gente fala pelo telefone, é muito mais prático, né? Agora

SPEAKER 0: : outros meios de comunicação que vocês conhecem, além dos já citados?

SPEAKER 1: : ### ão? Jornais, revistas, televisão eh rádio quer saber o que sobre isso? Então

SPEAKER 0: : Uma vez que vocês enumeraram, eh vocês são assinantes assim de alguma revista, de algum jornal? Qual é a seção?

SPEAKER 1: : Papai lê o Estadão todo dia. Eu sou assinante do Estado. Não sei há quantos anos, mas eu acho que mais de uns vinte ou vinte e cin co anos. Você lê o jornal inteiro, papai? ### ### ### Mas a parte comercial, somente, os falecimentos, né? Que revista mais o senhor lê, papai? Amiga. O senhor lê Amiga, é? ### eiro. Cruzeiro não tem mais? ### ### As são revistas boas, Amiga, por exemplo, sobre rádio, né, televisão bonzinho. Como o senhor começa a leitura do jornal? Do começo ao fim. (risos) Passando por onde? Passando por ### ### ### tícias do exterior, né? A bagunça aí da da Argentina, né? ### tem mesmo, um acho que umas dez ou onze oficiais, né, liquidaram com mais um um civil lá agora, hoje, por exemplo, dá uma notícia de cinco mais. Eu não eu a cho que eles vão acabar com o povo lá. Eu leio jornal de uma maneira muito pe Eu pego a folha, faço os olhos descabeçados. Se tiver alguma coisa assim que me chame a atenção, que seja mais importante para mim, então eu vou procurar aquele assunto. Se tiver e não tiver nada importante, porque os jornais se repetem, você pode olhar um jornal de um ano atrás, é a mesma coisa, os jornais só têm coisas tristes, né? Guerras, terremotos, demolições, o povo adora sofrer, gosta de ver sofrim Daí eu vou para a Folha Ilustrada. Depoi eu leio os os cômicos, né? leio as tirinhas, tem duas ou três que eu acho muito interessantes. Eu olho aquilo, vejo a parte de crítica de cinema, crítica de livros, vejo o que está passando no teatro e tal. Passo os o ( ) pelos horóscopos, né? ### Eu leio o jornal inteiro, mas eu leio de  dinâmica. Eu passo os olhos, seleciono as coisas que são mais importantes para o meu conhecimento e paro por aí, né? Eu vejo, leio com atenção alguns editoriais, algum... parte política, eu leio. Vejo a parte econômica com muita atenção porque vejo notícias sobre novas leis, sobre coisas irregulares Esportes é a última coisa que eu vejo. Também eu bol nem leio mais, porque aqueles não sei por que que tem tanta coisa de futebol, né? Mas ( ) resultado, né, e alguns esportes que eu g oste mais. Fora disso... Leio jornal eu leio Veja Toda semana. Antes que acabe. Porque, antes que acabe, é um é uma revista muito boa, ela sintetiza todas as informações eh da semana. Eu gosto muito na na Folh a, de um de um artigo do Alberto Dines, que é jornal dos jornais. Ele faz uma crítica sobre os artigos escritos nos jornais, criticando o meio, o veículo Não sei se vocês já leram, é muito bom isto. E além de Veja leio gosto de ler revistas sobre mar, ou ( ) mari na, coisas tipo assim. Coisas de botânica, biologia. O que passa, cai nas minhas mãos, eu leio porque gosto muito. Coisas de vida natural, assim, do ar li vre. E livros técnicos, revistas té

SPEAKER 0: : E o pessoal na sua casa, seus filhos, sua sua mulher, eles leem o quê?

SPEAKER 1: : eem o quê? É. Ah Minha mulher lê a Folha também. Minha filha mais velha já lê a Folha também. Hum. V eja, eu acho que as duas moças l leem. A outra está vai fa está no terceiro científico, vai fazer vestibular esse ano, então já está mais interessada nas coisa do que acontecem. Além disso, elas leem Vogue, Cláudia, essas revistas revistas mais para mulheres, né? ( ) Gosto muito de Status também. Eu leio Status, eles todos leem, é muito bom. Tem artigos ótimos. E livros, né? Leio um bocado aqui em casa. Eu leio mais. Especialmente literatura brasileira. gosto de ler.

SPEAKER 3: : E os outros meios? ( )

SPEAKER 1: : Televisão, como é que é? Tanto todo mundo amarrado agora em novela, né? Tem umas novelas boas, então, pessoal vê novela. Não é de uma forma, assim, obsessiv a mas às vezes deixam de ver também. É isso, noticiários. Um ou outro programa como, às vezes, Fantástico. Fora disso, ó, uma entrevista. no Canal dois, né? Às vezes tem uns programas muito bons mas Estão querendo acabar com esses programas bons. Que a gente vê também aqui. Não programas de aulas, mas programas sobre história natural, eh programas sobre música popular, ah música (muxoxo)... Que mais? Acho que é só.

SPEAKER 3: : Como você vê o papel da televisão?

SPEAKER 1: : Bom, eu tenho uma raiva tremenda de televisão, né, porque televisão é uma grande porcaria, porque a maior parte do tempo é o tal de compre, compre, compre, compre, que eu não aguento mais. Então, se eu pudesse desligar se eu pudesse desligar a televisão nessa parte de publicidade, eu desligaria com o maior prazer. Outra coisa que me vira o estômago de televisão é essa propaganda de de cigarro. ### cigarro. Acho que cigarro é um crime contra o povo. Eu ( ) ### Cigarro só faz bem para o cara que fabrica e para o go e para o governo que pega o i pê i do cigarro. (risos) ### Não deve fumar. E eh É um atestado. cê largar, você vai ter raiva de quem está fumando perto de você. É, exatamen Eu acho que a pessoa que fuma, ela passa para si própria um atestado de inconsciência. É ( ). Porque a pessoa que tem consciência do que é o fumo, não vai fumar nunca, né? Não tem cabimento um sujeito comer comida estragada ou beber água suja, muito menos respirar ar poluído. As pessoas não tem consciência. ão tão (pigarro) tão estão tão eh saturadas de publicidade que o cara não sabe mais o que ele faz, não é? ( ) Cigarro é uma das coisas, mas tem outras coisas também. As pessoas não estão acostumadas a pensar, não é? Você faz o que outros fazem. E não tem culpa, né? A gente não tem culpa daquilo que enfiaram na cabeça. à força.

SPEAKER 0: : Então, (risos) na televisão, o aspecto que você salienta exatamente é a saturação de publicidade? É

SPEAKER 1: : ### ### Minha televisão é colorida, é ótima. Eu não aguento ver cinema. Primeiro porque por causa das interrupções de publicidade. Depois teve um outro negócio que eu não aguento também. É ver o cara que é um ator inglês falando um português terrível. Eu não aguento esse negócio. ### Não dá. Não dá para você ver um ator que você já viu no cinema falando inglês, ( ) que são bonitas. De repente, são sai falando português, um português tão esquisito. Não casa, né? ai fora da realidade. qualquer maneira, para quem não sabe para quem não sabe nenhuma língua, talvez para o povinho que não sabe nada, seja melhor. Também esses filmes não têm nada para ensinar.

SPEAKER 0: : Rádio. E rádio?

SPEAKER 1: : A rádio eu escuto no carro. É? ###

SPEAKER 0: : Você tem preferência por algum programa de rádio?

SPEAKER 1: : Nenhum.

SPEAKER 0: : Nenhum?

SPEAKER 1: : ### nem gosto mesmo. Eu tenho só televisão. Eh ( ) em eu escuto a Jovem Pan, Excelsior e a Difusora.

SPEAKER 0: : ### Está aí? ### Agora, teatro.

SPEAKER 1: : Ah, teatro. ( ) São Paulo é um é uma cidade muito privilegiada em questão de teatro. Aqui, se você estiver... São Paulo é uma das poucas cidades que você tem bastante teatro. São Paulo é a cidade do Brasil, né, acho que é a que tem mais teatro. Eu gosto muito de tea Eu vi uma peça muito boa lá, chamada A Lição de Anatomi Hum. Se vocês não assistiram, não percam. É um grupo de vanguarda, é um autor argentino, e ensina um bocado para quem vai ver aquilo lá. ### Não, ainda não. S enhor precisa assistir, papai. ### Não perca que você vai gostar.

SPEAKER 0: : O senhor assistia p ah a peças de teatro antigamente?

SPEAKER 1: : Tinha o ( ) que eu gostava, né? Teatro Municipal. Essas peças de ópera, lembra? Ópera, ópera é uma coisa l inda, linda, né? Mas hoje Caiu tudo, né? Os principais, Caruso e... e e esses outros, né? Todos morreram, acabaram. Nós não temos hoje um um um lírico. Eu assisti um bocado de ópera com o senhor, né? Muitas. ### ### Nem que fosse lá em cima, na no poleirinho, como se chamava. Como é ### Como é que era o teatro? O senhor lembra, pai, o teatro municipal? Bom, hoje foi reformado, né? Sim, mas como é que é o teatro? Ah, o te ### Arquitetura ah Não, é parecida com essa, quase igual. Conservaram muito isso aí. Mas geralmente a gente... Por causa do preço e as condições nossas, nós íamos era lá em cima, né? Hum. O poleiro, como eles chamavam, né? ### A claque, lembra da claque? A claque também, bom. ### É um dos primeiros bancos, né? Olh ### Lá em cima também. Como tem em programa de televisão hoje, aquela claque continua a mes Continua. ###

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : O Silvio Santos, não é? Aquelas meninada

SPEAKER 3: : ###

SPEAKER 1: : Santos? Silvio Santos? ### ### ( ) O homem comunica bem, viu? Mas... não é meu estilo, não é meu gosto. É can sativo. ### Se ele fala duas, três, quatro, às vezes cinco vezes a mesma coisa. O Silvio Santos faz televisão para um um nível de gente... eh mentalmente classe cê Então, esse pessoal não... quer quer aquelas perguntas e respostas cretinas, aquele aqueles jurados tolo e O programa é hum esse programa é muito fraco, né, muito o nível é muito baixo. é cansativo, né? não é? É muito cansativo, aquele programa. Depois, começa às onze horas, né? Acaba lá para as parece que sete oito horas da noite, o homem é sempre ali batendo aquela caix ### E sorrindo, s E faturando sempre. ### ### Como empresá ### ( ) camelô, hoje, que ainda continua meio camelô, né? ( ) móveis velhos, eu vendo por tanto, porque isto, porque aquilo. Pô, pai, todo todo empresário é camelô. ### melô no centro da cidade, no Rio de Janeiro. É? ### ( ) Ele tá camelô ainda. Aquele ( ) dele, ele vende imóveis que o sujeito não paga, devolve, imóveis estragados, ãh dararã e vende aquilo tudo. Homem milionário como é, ouvi ( ) que ele é milionário, ele devia oferecer a casas de caridade isso, não é? Ele lá é bobo? Mas não é bobo, não. (risos) Ele quer faturar, não é? Mas não adianta, n ão. ( ) O que mais você quer saber? Bom ah

SPEAKER 0: : sobre os meios de comunicação, nós falamos sobre teatro, cinema, televisão, rádio, jornal. Enquanto isso, o senhor lembra, em vinte e dois, em mil novecentos e vinte e dois, uma revolução que teve no Teatro Municipal? O senhor está lembrado?

SPEAKER 1: : Epitácio? Não, pai. Semana da arte moderna.

SPEAKER 0: : O senhor está lembrado da época? O que aconteceu? A ###

SPEAKER 1: : Eu me lembro, foi uma conferência de Rui Barbosa no Teatro Municipal, um dos estudantes quiseram entrar, não deixaram, então eles arrebentaram a a o o lado e entraram de qualquer jeito, eles entraram lá e fizeram baderna mesmo. ### Que polícia? Meia dúzia de portuguesinhos aí. Como é que era a polícia naquele tempo, papai? Bom Em vinte e dois já era a polícia militar Mas antes antes eram os portugueses, né? Como é que era uh mo é que era a polícia? ### Tinha os portugueses, né? Mas antes, como é que era a pol ### À noite, como é que era, papai? Ah mas não havia policiamento, não havia ladrão em São Quando eu era pequeno, eu lembro que na Rua ( ), a rua era de terra, e tinha um lampião de gás na frente da casa do vovô. ### ### Tinha polícia naquele tempo na rua? Nada. Tinha nada, nada? Não havia ladrão, não havia, só cachorro, né? ### Como é que o sujeito era polícia naquele tempo? Polícia era um guarda no... Era um guarda s... Era o guarda civil, não é? guarda civil. Mas como é que era o sujeito? Ele tinha uniforme? Tinha, um uniforme, ( ) era quase todos portugueses, né? ### Bigodudos, não é? Sei. Usava alguma arma? Hã? ### ### ### ### ### ( ) O revolver mesmo nunca se via, né? Não tinha. Também, em vinte e dois, e ra... Quem era? Epitácio, né, o Presidente da República? Não lembro Também não lembro, pai. Era ### o Correio de São Paulo, e tem a fotografia dele lá. ( ) Nunca viram, não? Papai? E também a do Rei Alberto. Uma coisa que vocês precisam ver do Rei Alberto no Correio de São Paulo. Quando o Rei Alberto veio em vinte e dois aqui, e veio parece que para inaugurar o Correio. E tem lá o retrato dele do dos dois. Papai, essa essa conferência do Rui Barbosa, ### Que que aconteceu? Hã? Que aconteceu depoi ### O homem falou como tivesse que nós estamos falando aqui, fez a conferência e foi embora. Como é que era o Rui Barbosa? Era pequenininho, cabeçudo, né? (risos) ### Inteligente, como todos nós s hum sabemos. Feio? Era feinho, pequenininho. Simpático? Mais ou menos. Boa dicção? Boa. Oh. ( ) Mas ele era... É um formidável. Aliás, naquele em mil novecentos e dez, nas eleições presidenciais, ele foi candidato. Uh Civilista, ele, e E contra o Hermes da Fonseca. Segundo consta, eu não sei, eu tinha nesse tempo, acho que dez anos. ### ### ois? Não, dez, né? Mas perdeu. Porque quem mandava era o Senado e a Câmara, né? ( )

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : ### Papai, o senhor lembra de alguma historinha do Washington Luiz? O Washington Luiz era muito amigo de meu avô. ### Sempre ouço falar de história do Washington Luiz e tal. Como é que era? O Washington foi governa foi prefeito, um grande prefeito que nós tivemos em São Paulo, um homem honesto Muito bom. Simples. Depois foi presidente, né, de São Paulo. E depois presidente da República. Mas tinha aquele hábito dele, sa ia da prefeitura, para casa. Era um sujeito simples mesmo. ### E que mandou em São Paulo. Foi um grande prefeito que nós tivemos. homem honesto, pelo menos. sem vícios, sem nada. O homem da abrir estradas. É. Ele era doutor estradeiro, né, como chamavam. Aliás, Anchieta foi ele que... Anchieta? É, o velho Anchieta. Anchieta não, a Estrada do Mar. A Estrada do Mar foi ele que iniciou e terminou.

SPEAKER 2: : Que mais?

SPEAKER 3: : ### eu. Poxa, que pena. (risos) ( ) agradecê-los.