Inquérito SP_D2_319

SPEAKER 1: : Bom, nós vamos começar a entrevista sobre ah a vida social, parte de diversões. Então, eu gostaria que vocês começassem o diálogo falando sobre a vida social de vocês, ah o tipo de diversões que vocês têm ou que já tiveram desde a época de solteiro os filhos, incluindo toda essa parte de diversão e de vida social.

SPEAKER 3: : Quem vai começar? A Daniela (risos)

SPEAKER 2: : Eu vou pôr longe, né? Melhor, mais interessante ( ).  A nossa vida social é é presa mais a convívio, visita, dos nossos amigos e convivemos bastante com eles né, não é? É, ( ) mesmo viu eee

SPEAKER 0: : ### Nós nos dedicamos muito à vida, quase que toda, aos filhos. Fizemos sempre tudo o que foi possível, e em comum Sempre, todos quase os passeios, as diversões, sempre fizemos tudo com eles. Quando eles principalmente quando eles eram pequenininhos, nós tivemos uma chácara e eles iam lá para a chácara e nós convivíamos muito com eles. E essa chácara era um... A casa era um salão só, bem grande, tinha seis por doze, eee banheiro e cozinha.

SPEAKER 2: : Foi no interior de São Paulo.

SPEAKER 0: : No interior de São Paulo, na cidade de Tremembé. E neste salão, quando chegava de dia, era sala de jantar e sala de de brinquedos dele, e ping-pong e essas coisa toda, e à noite era dormitório. Quer dizer que sempre tivemos um convívio muito grande

SPEAKER 2: : com as crianças. Mesmo assim, nunca deixamos de ter muita amizade.

SPEAKER 0: : Agora, os amigos sempre, graças a Deus, nós temos aí um um grande grupo de amizades. Um dia desses, por exemplo, foi comprovado nesse carnaval que nós passamos agora em Tremembé, mas nós tínhamos Quase que tivemos todos os dias convites para almoçar, jantar eee quer dizer. Fomos para passar o carnaval na casa da minha sogra, em Tremembé, e pouco pouco tempo ficamos lá porque o número de de amizades era muito grande e convite daqui, convite de lá, graças a Deus. ### É, de maneiras que... Agora, na parte 

SPEAKER 2: : A parte social de divertimentos, nós gostamos dos mesmos divertimentos. Nós dois apreciamos demais teatro eee. E toda vez que o dinheiro dá (risos), nós vamos assistir peças e música, principalmente teatro musicado, que nós gostamos demais. Estamos agora aguardando a oportunidade até o fim do mês para ir ver O Falso Brilhante, não é, bem? É. Da Elis Regina. Assistimos todas as peças de teatro quando éramos solteiros, do ( ) Ferreira. Assistimos Cacilda Becker depois a Assistimos ãh Teatro Brasileiro de Comédia, que vocês ouviram falar. Todas as peças, Esquina Perigosa. Era Esquina Perigosa que chamava, bem?  gostamos imensamente de cinema, sendo que o a televisão tirou de nós a vontade de muito de sair, porque nós agora estamos muito caseiro, né, bem?

SPEAKER 0: : Então, assistimos mais... Principalmente a televisão colorida. Agora é que nós ficamos mais em casa ainda, né?

SPEAKER 2: : ### Então, como o teatro é o que nós dois gostamos, então a gente vai mais a teatro quando há oportunidade. E a parte que mais eu poderia dizer para vocês sobre a nossa vida. A nossa vida, eh em questão de sociabilidade, a parte social, também nós gostamos muito de fazer piquenique Então, nós saímos muito domingo cedo, e eu principalmente, mas ele acompanha eee. vamos com os filhos, a a nora eee amigos eu tenho Nós temos um convívio muito bom com minha irmã e meu cunhado, sabe? Eles ah têm uma um nível de vida acima do nosso, por questão financeira melhor, Eles eh mais tem maior uma faixa financeira melhor, mas nós o acompanhamos, porque eles sempre nos convidam, gostam da nossa companhia, sabe? Então, ao mesmo tempo que eles não têm amigos, nós somos os únicos amigos, pode-se dizer, deles. Então ah, nós damos a parte de de amizade e eles nos proporcionam a a parte de divertimentos. Jantar fora, ###

SPEAKER 0: : Sempre quer fazer conosco. Toda coisa eles não sabem fazer. Tendo oportunidade, a primeira coisa que eles fazem... Hoje mesmo, por exemplo, é aniversário da da cunhada, e nós vamos... Ela vai jantar fora, quer dizer, mas nós vamos juntos também, porque eles já convidaram, eles já já eles... Nós somos um... Quer dizer, não é mais nem parente, é muito muita amizade mesmo, nós somos muitos unido ãh. E mora na mesma rua, né? De maneiras que é uma é uma amizade muito grande e muito bonita. Essa parte

SPEAKER 2: : Ela tem uma casa eles têm uma casa na praia e nós vamos toda todo fevereiro e todo julho sabe. Agora ah, nós temos uma vida em questão de, se você me disser, qual, me perguntar qual a a parte social, que eu escolheria entre um divertimento fora, receber alguém que eu gosto ou visitar alguém, eu sou da velha geração, eu ainda prefiro um bate-papo. Eu gosto demais de de de conversa. Então, está boa a entrevista? Está ótima (risos). Acertou no... Na flecha ### Acertou na mira. Isso mesmo. Então está ótimo.

SPEAKER 1: : É bom porque a gente fica inclusive mais à vontade, né? Agora, como vocês têm acabaram de dizer esse relacionamento grande, né? De Entre amigos e tal ãh. Além dessa parte, assim, só de diversões, de jantar fora e uma série de coisas, em que ocasiões vocês também fazem visita, essa troca de visitas? Quais as outras ocasiões que isso acontece?

SPEAKER 2: : Fora aniversário, jantares... Toda vez que nós temos um grupo de amigos e primos no interior, quando nós vamos para lá, né, Roberto? Eles sempre planejam um churrasco, uma feijoada, para que haja maior convivência. E nós os recebemos aqui, vamos dizer, cada dois meses, sabe? Quando... Agora, por exemplo, vai haver os oitenta anos de minha mãe, então reúne-se a família toda. Nós somos... unidos, a família, mas, ao mesmo tempo, temos amigos que não não são de sangue. Eu tenho muitos em Taubaté e tenho muitos aqui em São Paulo. Ontem eu estive. Nós estivemos no aniversário de uma de uma amiga que eu conheço há... Quanto tempo, amor? Nós somos desde... No ginásio, né? De...

SPEAKER 0: : Mais ou menos quando ### são amigas até hoje. Como eu também tenho até hoje, eu tenho, por exemplo, colegas que estudaram no ginásio, por exemplo, do Rio Branco comigo, em mil novecentos e trinta e oito, e nós conservamos a amizade até hoje. De vez em quando, nós nos encontramos, todos os casais, e jantamos, e nos visitamos.

SPEAKER 2: : Essa ocasião que você falou que não está presa a a determinadas datas, são coisas esporádicas, feitas assim, jasmins da hora. Espontâneo chega aí um belo dia aí o

SPEAKER 0: : ###  o Lico, que está mais em contato com todos, nos telefona e fala, olha, quinta-feira vamos jantar em tal lugar, encontramos no apartamento de tal, fulano, e e de lá nós nos reunimos e saímos e vamos jantar. Agora, isso é tudo amizade de de tempo de ginásio. De tempo de ginásio, de de de de jogar futebol junto. Nós morávamos ali sempre no nas nas Perdizes, todos esses amigos, e hoje um é advogado, o outro é médico, tem engenheiros, tem três médicos, mas conservamos a amizade até hoje. E todos eles, todos casados, e agora, então, nós jantamos e reunimos, e o jantar com as esposas, e reunimos até hoje, nos encontramos. É isso é

SPEAKER 2: : Isso é fora do comum numa cidade como São Paulo né, que você, no fim, fica... Quando nós percebemos que estamos ficando muito em casa, que estamos muito presas a ao nosso convívio, só nós dois, então nós programamos, assim, alguma coisa diferente, sabe? Ou vamos visitar sem mesmo ser nenhuma data, presa a nenhuma data, ou vamos... Nós chegamos de surpresa, né, Roberto? Então pegamos pego a minha cadernetinha, digo, fulano esteve doente, eu não fui Nós não gostamos de rotina. Quando a coisa está sendo repetida, ou seja, ficar muito, ou seja, sair muito, ou seja, muito cinema, nós não repetimos nada, assim, muito. Nós gostamos de variar. Ótimo

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 0: : E agora a Ione fala nós, porque sempre fomos nós mesmo. Nós estamos há trinta anos casados, mas eu não lembro de ter saído uma noite sozinho E ela também né. De maneiras que somos nós mesmo eee. E gostamos de ficar em casa também, nós dois. É Apesar de trinta anos de casado, gostamos de ficar nós dois em casa. Assistindo a televisão, fazendo as nossas ###

SPEAKER 3: : ###

SPEAKER 1: : ### ###

SPEAKER 3: : ###

SPEAKER 2: : ### ### ### ###

SPEAKER 0: : Então, chegou aqui em São Paulo e ela mesma disse ( ) Outro pai e outra mãe. É Nos considera pai e mãe, não considera sogro e sogra.

SPEAKER 1: : ### Dura, né? ###

SPEAKER 2: : Dois anos eles se casaram se faz agora em  Que ocasião maravilhosa de facilidade, não houve uma preocupação, um nervoso, uma uma alteração de clima de casa, sabe? Ah As coisas foram, eles resolveram tudo em um mês. Igreja, cartório, a a parte de de da recepção, tudo resolvido em um mês. Com a maior facilidade desse mundo, você não dizia que era o casamento, que de vez em quando, há né de certa parte, uma dificuldade maior. Mas foi resolvido assim rapidamente e com muita facilidade. Por quê? Porque havia bom entrosamento né. Havendo bom entrosamento, naturalmente haverá a maior facilidade de de tudo acontecer e ela E o agradecimento dela, a alegria dela por ter sido tão bem recebida, se manifesta até hoje. Você já imaginou um casalzinho em viagem de núpcias que se lembra de trazer presente para para o pai e para a mãe? Não existe isso, né?

SPEAKER 1: : Não, para a sogra no caso, né?  ### É a sogra que ficou mãezinha, né? É Pois é, ainda bem, né? Porque sogra já tem uma fama, né?

SPEAKER 2: : Esse genro eu ainda não consegui conquistar.

SPEAKER 3: : Ah, não? ###

SPEAKER 2: : Que vai casar com a minha filha eu ainda não consegui conquistar. Completamente com o meu desejo. ###

SPEAKER 3: : Mas eu vou conseguir (risos).

SPEAKER 1: : Meio difícil a senhora não conseguir.

SPEAKER 2: : ###  já conseguiu, né amor? Já O Roberto tem mais facilidade. O Roberto é impulsivo. Ele diz, por exemplo, ele é levado pelo sentimento do momento, sabe? Daqui a pouco tudo já passou. As nuvens se tornam claras de novo. Agora eu sou mais dura.

SPEAKER 1: : Dona Ione, no seu tempo de solteira, onde é que a senhora costumava ir antes de namorar com o senhor Roberto? Quais os meios de diversão que a senhora tinha e o senhor Roberto também

SPEAKER 2: :  Roberto jogava futebol. Quase tornou um jogador profissional pelo São Paulo. Jogava muito bem. E... E eu... Gostava de cinema, colecionava artistas, colecionava aqueles álbuns. Agora, a meu a minha linha de vida se prende mais à parte espiritual. Eu sempre fui, desejei encontrar uma resposta para a criação. Nós... porque nós fomos criados, eu pensava e acredito até hoje, para sermos felizes. Então, eu tinha um anseio muito grande de felicidade a minha... Além dos meus estudos, eu me ocupava em colecionar poesia, ah escritos que tivessem fundamento espiritual, religioso, procurava o Cristo, tinha uma um anseio enorme de felicidade, um anseio enorme de encontrar a resposta para a minha insatisfação interior eee. Então, eu me compensava em divertimentos, leitura, eu fui a eu Pessoas que eu cheguei a perder a vista por causa... Fiquei míope de tanto ler, até duas horas da madrugada. Eu li tudo. Eu li o ocultismo, eu li budismo, eu li... ãh...que que eu li mais, bem?

SPEAKER 0: : Várias romances ###

SPEAKER 2: : Leu aí o... Eu subi e desci todos os degraus da escada em literatura. Eu ia do mais simples, da Delhi, até o... ### tanto os filósofos ãh, filósofos, filosofia religiosa, o Will Durant, o aquele Bertrand Russel, sabe? Tudo. Eu estava na procura (tosse). E os meus divertimentos eram convívio com as amigas, namorar, eee ir ao cinema, Quer dizer, acredito que fosse o que se fazia na época. Agora, ouvir música também, muito. Eu me lembro que fui uma das pessoas que começou coleções de discos. Eu gostava demais. Você veja como nós somos, como nós variamos. Nós não somos fixos em em nada. Ele e eu. Nós gostamos de uma variedade de coisas. Por isso que não dificulta muito o nosso sentir-se bem. Não é? Porque se não tem isso, tem aquilo, não é? Compensa, né? Ajuda também, né? Até eu conseguir uma libertação interior e conseguir uma uma paz que que eu gozo hoje, que é muito grande.

SPEAKER 3: : Graças a Deus.

SPEAKER 2: : Graças a Deus mesmo. Eu acredito que Deus está em cada um de nós e não no céu. Então, eu acredito que o desenvolvimento interior, uma capacidade muito grande de se reconhecer como única e de muito valor, eu acho que nós, cada uma de nós, é um potencial maravilhoso. Até eu chegar nisso, eu passei os meus, vamos dizer, trinta e tantos anos, porque só com vinte que a gente começa com esse anseio, né? Antes não. Então, nesses trinta anos, eu fui procurando a resposta que depois eu encontrei em mim mesma. Que bacana. Eee e E junto, naturalmente, com o Roberto, eu tenho a impressão que se não fosse ele, a minha ansi ansiedade talvez se desvirtuasse. E por eu começar a me tornar uma pessoa mais positiva e mais calma, porque eu era muito nervosa, era inquieta, ele também se tornou uma pessoa muito mais positivo e e calmo. eu ainda acredito que nós, mulheres, fazemos e desfazemos. Não é, amor? Você concorda comigo?

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 2: : Eee. Ele é mais objetivo, ele vai falar  ###

SPEAKER 0: : A Ione entrou num curso, que se chama curso de valorização humana. Há onze anos. Fez isso durante onze anos, e no começo no começo eu estava, por exemplo, assim, não não estava aceitando bem, mas nunca impedi que ela fizesse, porque eu via aquele entusiasmo dela eee. E esse curso de valorização humana é vida. Ensinar diversas coisas que nós sabemos que existe, mas não não não usamos. Por exemplo, como o potencial que cada um tem dentro de si é uma coisa ilimitada. Se você quiser se você se, por exemplo, hoje, você nem nunca praticou a natação. Se você quiser, dentro de um ano, ser campeão de natação, só depende de você. Então existe essa potencialidade dentro de nós, mas que nós não exploramos não fazemos vir à tona, para não porque não não não sabe o que tem né? Eee e ela começou a fazer esse curso e eu não uso objeção nenhuma. Aliás, até era uma coisa que de ma ela tinha que ir toda terça-feira à Taubaté, de maneiras que passava quase que o dia inteiro lá. Quer dizer, era para mim um sacrifício. E era para ela também um sacrifício de ir até lá e eu e eu ficar aqui sozinho em São Paulo. À noite só que eu ia buscá-la na rodoviária. Mas dentro daquele entusiasmo, dentro daquela coisa, ela eu deixei que continuasse. Depois, mais tarde, para compreendê-la, eu entrei no curso também. E aí, então, caminhamos juntos. Caminhamos juntos eee, mas sempre na preocupação de ter uma... Quer dizer, os outros perguntavam a vida fora, como é que é, como é que coisa. Eu sempre dava testemunho, e perguntava e me interessava mais para a vida interna, dentro de casa, que era para poder acompanhá-la e viver bem com ela. Ah

SPEAKER 2: : O nosso objetivo era um casamento de corpo e alma, que, aliás, eu acho que foi a minha linha de vida. ### Nós... Achamos que que se nós nos déssemos bem e melhor cada dia, os nossos filhos seriam muito felizes, os nossos amigos teriam prazer em estar conosco e nós teríamos cumprido a missão de viver, né? Então foi ótimo porque Agora eu não pertenço mais ao movimento, porque o movimento desvirtuou-se, num sentido que não me correspondeu mais. Mas nós nos ligamos ao fundador do movimento, eee então o Roberto achou também muito mais encanto nisso, não foi bem? E nessa parte, nós conseguimos nos libertar da... Eu não sei dizer para vocês bem eh da necessidade, das necessidades, sabe? Necessidade, por exemplo, de ser gerada. É gostoso a gente ser querida. Nós gostaríamos que vocês nos apreciassem e nós já estamos apreciando vocês bastante. Mas mas não que isso fosse tão importante ou mais importante do que a gente mesmo. Porque a gente... numa linha de vida, tem uma necessidade de ser querida, às vezes, maior do que a própria pessoa, né? Então, nesse sentido de libertação, nós nos aprofundamos muito, Roberto e eu. E eu ãh percebi que viver não é procurar as coisas fora, é procurar as coisas aqui dentro mesmo, entre nós dois, dentro da gente. Então, está uma gostosura. Cada dia melhor.

SPEAKER 1: : Ótimo. É bom a gente saber disso, viu? É

SPEAKER 2: : É, vocês podem saber que a felicidade existe.

SPEAKER 0: : Existe mesmo e. E e eu falo sempre que esse ano, no fim deste ano, eu e ela, eu e a Ione, nos formamos como pais. Porque o último filho, que vai receber o diploma de engenheiro, de maneiras que missão cumprida. Eee, com com o máximo sacrifício, deixamos muitas vezes de ir a um passeio, quer dizer, foi tudo sempre com muito privações, não foi com folga que nós conseguimos dar, um diploma para cada um, eee e mais. É verdade E isto, a menina, a Maria Estela, formou-se em serviços sociais este ano ( ). Tudo o que ela quis fazer, ela fez. Ela fez normal, depois fez especialização, Depois quis fazer pedagogia, fez pedagogia um ano, não é? Depois aí não quis mais pedagogia, quis Assistente Social, foi para Assistente Social, conseguiu, formou, recebeu o diploma. Este, Antônio Roberto, forma-se em Engenharia no fim do ano. O outro não queria estudar, mas demos um diploma a ele. Ele não usa o diploma. demos um diploma de químico. Industrial. E hoje, químico industrial, hoje ele trabalha na Varig. Vontade dele, está muito satisfeito, então, é o que interessa. Mas, que recebeu o diploma, recebeu. Apesar de muitos sacrifícios, mas nós conseguimos. Então, eu e ela, durante esses tri que nós fizemos para os filhos foi isso, dar um diploma para cada um e um exemplo de vida dentro de casa que eu acho impecável né. Tanto que nunca tive um filho chegando bêbado de casa, nunca tive um filho fazendo desordem, enfim.

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Por quê? O exemplo de casa Porque dizem, vocês são quadrados, são essas coisa toda e tal, e querem ir para o modernismo. Nós não impedimos que eles vão para o modernismo, mas sempre falamos na educação antiga. Agora, quando, principalmente meu filho mais velho, foi um dos mais difíceis, foi o mais rebelde, e ele sempre falava, São quadrados, vocês são coisa e tal eee. Mas sempre nós falávamos da educação antiga e sempre dávamos bons exemplos. Quando ele se viu sozinho no Rio de Janeiro estudando para prestar concurso na Varig, ele lembrou das nossas palavras e do nosso exemplo. e seguiu tudo como nós falávamos. Tanto que quando ele, uma vez que ele esteve estava no Rio de Janeiro, estava estudando lá, daí há um um mês, mais ou menos, uns vinte dias, mais ou menos, ele nos telefonou de lá. Pela maneira que ele falou comigo no telefone, eu já percebi. Antônio Augusto mudou.

SPEAKER 3: : O que mais vocês querem que a gente diga? Ãh

SPEAKER 1: : Doutor Roberto né, acho que falou que gosta de música. Ou não?

SPEAKER 2: : Tanto um como o outro ( ). gosta muito de violino cigano. Não, ele gosta muito de música assim. Isso

SPEAKER 1: : Exatamente sobre isso que eu gostaria que vocês batessem um papinho a respeito de música e lembrassem do tempo dos bailinhos. antigos e atuais que, pelo jeito, ainda continua.

SPEAKER 2: : Então, o tipo de música... Foi a primeira vez que ele formou-se na na Faculdade de Direito, em quarenta e oito  Primeira vez que ele dançou a valsa e dançando a valsa.  foi, amor? Você lembra? Eu lembro

SPEAKER 1: : Então, eu gostaria que vocês falassem sobre o tipo de música que vocês gostavam e gostam, tipo de dança, e fizessem uma série de recordações. amorosas, inclusive, se qui

SPEAKER 2: : ser. Vamos contar para elas, amor, que a a música que você cantava para mim era Rosa, lembra? Vocês conhecem Rosa? Conhecemos Tu és divina  Não é essa, bem? Então a, eu me lembro que uma das das manifestações que o Roberto, quando que o Roberto começou a gostar de mim,

SPEAKER 0: : ### ### ###

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Amor é sempre amor. É. Eee. E até tem uma paródia que nós fizemos na  Na na viagem  De lua de mel ### ###

SPEAKER 2: : (risos) Na viagem nós fizemos a paródia...como que é mesmo a música, bem? Eu não lembro mais. Pode cantar (risos). Como é que è?

SPEAKER 0: : Que é no no dia

SPEAKER 2: : ### Dois de março, véspera de carnaval... Eu não sei falar, né? ### ... No dia dois de março, véspera de carnaval... Ione... Não. Joquinha e Bobuxo... Porque eu tenho o apelido de Joquinha, Joca. Porque ele falava amor, joca, amor, amor, joca, joca, e ficou joca. ###

SPEAKER 3: : (risos) Sabe? Eee. Então, mais tarde acabou o amor e ficou só Joca (risos). Eee

SPEAKER 2: : E o Roberto é ãh Bobuxo. Roberto, buxo, né? Buxo. Comecei a chamar Bobuxo e ficou Buxo. Então, nós fizemos esse esse essa paródia e usamos essas palavras. Como é que era a continuação, Roberto? No dia dois de março, véspera de carnaval... Os dois na fazenda. Nós pusemos tudo, sabe?

SPEAKER 0: : ### ###

SPEAKER 2: : Depois os dois.

SPEAKER 0: : ###  como é que é? ###

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Nós fizemos lá... Não, nós fizemos juntos, na viagem de núpcias.

SPEAKER 2: :  nós tivemos uma viagem de núpcias muito boa, ficamos um mês viajando. ### Hoje é difícil conseguir, né? Nós conseguimos. Nós fomos para a fazenda de uns a

SPEAKER 0: : migos né? É, fomos para a fazenda, depois fomos para para Santos, depois Santos e Itanhaém. Ficamos mais tempos em Itanhaém. É Lá é que agora, mas desde o tempo de noivado, ### Conta para ela. ### ###

SPEAKER 2: : ### Eee assistimos banda, nós gostamos muito de banda, sabe? Aqueles concertos que havia no Cine Piratininga. Uhum. Não é, Roberto?

SPEAKER 0: : Era domingo de manhã né. É Sempre existia. Ou ou no Cine Piratininga, ou Magdalena Tagliaferro no no Teatro Municipal. Nós íamos todos os domingos de manhã.

SPEAKER 2: : Isso a gente não faz

SPEAKER 0: : E gostamos de música, mas música fina. Tanto que hoje, pergunto meu filho vai pôr um disco na vitrola, eu pergunto para ele se vai pôr música ou vai pôr barulho ( ). Não, esse é meu disco, é barulho. Então é barulho. Nós gostamos ### Nós nós dois temos o nosso disco separado e depois tem os dele. e nós. Dois lugares. Botamos. Geralmente, aí pomos aí a vitrola bem baixinho aí durante o dia. E ficam namorando?

SPEAKER 1: : Ficamos namorando. Olha, que gosto ### O baile, os tipos de música que vocês gostavam e ainda gostam e os tipos de música que não 

SPEAKER 2: : Não gostam. Muito de dançar. Até hoje, eu gosto. Eu gosto muito de dançar. E eu dançava com o meu pai desde menina. Desde os bailinhos do Santa Helena, o papai me levava. Sabe? Vocês não nem sabem disso. Havia matinê dançante no Santa Helena. Então, lá, nós o papai me levava e eu dançava samba com ele rasgado, porque ele era um dançador exímio eee. E depois, casei com o Roberto e o Roberto não gostava de baile nem de dançar, né amor? Ele dançou pela primeira vez, como eu contei para vocês, na na na formatura da Faculdade de Direito né. E nós dançamos a valsa juntos, aí começou. Mas o que ele gosta mesmo é a gente ficar conversando parado num lugar, dançando um passo só, porque nós não dançamos nós só conversamos ali de pé Sabe quer dizer que ( ) mesmo sou só eu. Ele acompanha.

SPEAKER 0: : Nós gostamos de apreciar. Forma sempre aquela roda de amigos, de maneiras que gostamos de estar ali, gostamos de apreciar, mas dançar mesmo... Teve um baile aí que eu eu percebi que eles dançavam, que não saía do lugar né, então eu saí dançando com ela também quer dizer. Abracei e fiquei parado no no lugar lá, estava dançando quer dizer. Ela quase que morreu de dar risada, mas era o baile que estava... No momento era aquele. Só parado. É. E o senhor acompanhou Cada cinco minutos dava um passinho  ### dancei a noite inteira ( ). Nessa aí eu dancei. ### Essa aí eu dancei a noite inteira porque era

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 1: : E o tipo de música, assim, que vocês mais gostam ou que vocês não gostam? Qual é esse tipo de música?

SPEAKER 2: : Roberto não gosta muito de balé. ### Tanto que esse último que esteve aqui em São Paulo foi o... Não é a Boriska, não. Não é a Boriska.

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 2: : ### ### Polaco, não me lembro. É, mas nós assistimos juntos e nós assistimos o nosso também, o Ballet do Municipal, que fez agora uma uma representação. Vocês não assistiram o último? Nós fomos também. porque o Roberto não gosta, mas ele me acompanha, sa be então, a gente vai.

SPEAKER 0: : ### Gosta muito, nós vamos, não tem problema...Agora, ( ) Houve uma vez um balé... Houve uma vez um balé que, para mim, até foi uma surpresa, porque eu fui lá, bom já para certo que ia escutar, ver aquela xaropada toda, mas houve uma do... Foi o espanhol. É, o espanhol

SPEAKER 2: : O do... Foi o do... Anjo Perisset.

SPEAKER 0: : Esse é um espetáculo ele com Ele não é só bailarino, ele é malabarista eh, ele é fantástico. De maneiras que, para mim, foi uma surpresa. Tanto que que, depois daí uma semana, ele mudou o repertório todo e nós fomos outra vez. É e aí eu Eu quis ir também. Aí eu fui, porque ele é fantástico. Agora, esse de de de de corridinha só, de coisa, isso eu não gosto mesmo. ### Ela adora.

SPEAKER 2: : Eu gosto. Eu gosto imensamente de balé. Acho uma manifestação linda, expressão corporal. Dançou balé Eu admiro mesmo a...  ###

SPEAKER 0: : Mas a turma era muito grande. Então, ocupou o o o palco inteirinho. E ela ficou atrás da cortina. ###

SPEAKER 2: : (risos) Linda de morrer. Fiz todas aquelas danças e, no fim, não apareci nada. Porque fiquei atrás de uma coluna. Ah Ah, mas quando nós saímos, nós demos tanta risada. ###

SPEAKER 0: : Só quem estava do lado de cá, é que vi é que via, compreende? É Agora, do meio do do teatro para lá, ninguém via 

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Foi uma... Eu estava do outro lado assistindo, né? Eee depois, quando terminou, é que eu vi ela sair correndo, passar, atravessar o ( ). ### ###

SPEAKER 2: : ### Eu lá, achando que todo mundo ia me admirar muito. Ah ###

SPEAKER 1: : Desmunhecou bastante para nada, né, Dona Ione? Só desmunhecou bastante para nada (risos).

SPEAKER 2: : ### ### Você imaginou?

SPEAKER 1: : Olha, agora nós vamos mudar um pouquinho de de área. Deixar a vida social e diversões, que nós já nos divertimos bastante, né? E nós vamos passar para a família, embora vocês já tenham dito bastante sobre a família, o ciclo de vida e tal, e a saúde. Né então é família, o ciclo de vida e saú Agora eu gostaria de saber o que que a senhora, primeiro, contasse. Quer dizer desde a época que a senhora casou, ah o período de gravidez, como é que foi, como é que aconteceu, ãh o relacionamento entre família, porque o da senhora e do seu Roberto já nós já estamos sabendo e apreciando bastante. Então, a senhora me dizer tudo. O senhor também, a respeito dos filhos, qual é o tratamento de vocês em relação a eles e vice-versa. Então, tudo que vocês puderem falar a respeito da família e do ciclo de vida de vocês, nós gostaríamos que vocês falassem.

SPEAKER 2: : Eu tenho, hoje, perguntando, você falando agora, eu posso me lembrar que o o anseio maior que me levou ao casamento, fora a fora a paixão pelo Roberto, que eu sempre tive, eu acredito que que foi constituir família. Eu pensava muito, porque o a minha vida foi cunhada pelo sentido social de família, no sentido de conversa, de pessoas, de estarem juntos. Isso para mim contou sempre muito. Então, é normal que eu tivesse vontade de ter muitos filhos. Eu não tive mais do que quatro porque eu não tive mais do que quatro, porque nós nunca evitamos filhos, sabe? Nós tivemos, né, Bem? Nós tivemos quatro filhos porque aconteceu de ter só quatro, mas o meu desejo era uns seis, ou sete, ou oito, sei lá, sabe? Eee E não tive, assim, muita dificuldade, apesar de ser franzina, porque tive partos normais, muito fáceis, tão fácil que quando o Antônio Augusto nasceu ah, eu eu contei que tivesse mais alguma coisa de de dor, porque não senti verdadeiramente quase nada. Bebeto, sim, o segundo, porque ele, por causa dessa parte que ele contou para você do nome dele ter nascido no dia de Santo Antônio, eu tenho a impressão que eu tive um anseio tão grande que ele nascesse no dia de Santo Antônio, deveria ter nascido no dia quatorze e eu tomei algo para apressar a o parto, sabe? Então, eu tive muitas, eu precipitei (tosse).

SPEAKER 0: : Então, eu tive eu... Normalmente, era para o dia quatorze.

SPEAKER 2: : Então, agora, como ela queria muito para o dia treze... A prima a par a parteira era a prima do Roberto, então ela apressou a coisa. ### ### É, ele é dia do dia de Santo Antônio, sabe? Então, ele nasceu ele nasceu imaturo, mas não prematuro. Dentro dos nove meses, com pouco peso. Ele nasceu com dois quilos e trezentos. ### E nos deu, assim, muito trabalho, como criança  deu muito trabalho, né, bem? Roberto Eu não tinha leite, Roberto foi buscar na... Ia buscar...Naquele tempo nós não tínhamos geladeira, né? Então, ele foi buscar na... Sabe essas essas senhoras que dão... Como é que chama? ### ###

SPEAKER 0: : ### Elas contém muito, elas vendem. Uhum. Então, elas vendiam para uma clínica lá na Avenida Angélica. com a esquina com a Higienópolis, e nós morávamos, nós estávamos morando lá nas Perdizes, e eu ia buscar com essas ( ), mas era uma dificuldade, uma coisa incrível.

SPEAKER 2: : É, foi muito difícil.

SPEAKER 0: : Ele compensou... E como não tinha geladeira em casa, então nós tínhamos que que buscar assim, não podia pegar bastante de uma vez só, Então tinha que ir diversas ve

SPEAKER 2: : vezes lá no banco. Íamos buscar buscar a pedra de gelo, sabe? Punha numa numa vasilha com bastante gelo ( )

SPEAKER 0: : ### tomar leite né de lata, essas coisa toda. Ele não podia pegar leite tomar leite de lata. ###

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : ### Sabe como é que é, né? ### Primeiro não tinha água de não tinha água filtrada para eu tomar, porque ele toma ele ele tomava banho de água filtrada, fervida, e essas coisa toda. ###

SPEAKER 2: : ### Agora, o Antônio Roberto ah deu muito, como eu disse, muito trabalho quando era pequeno, mas compensou muito nos estudos foi excelente, nunca nos deu o menor trabalho, tem uma inteligência acima do normal, eee um temperamento esplêndido, ele é muito independente, sempre resolveu os seus seus problemas sozinho, eee muito agradável de convivência, mas nem um pouco exigente, sabe? Ele foi sempre muito, muito bom filho. Agora, a Maria Estelinha foi a alegria maior.

SPEAKER 0: : A gente fica até preocupado, compreende? Porque a gente chega, ele nunca quer nada, mas você não quer isso, você não quer aquilo, você não quer fazer isso. ### Agora, foi também um um dos únicos rapazes que eu vejo aí, todo mundo, quando chega, quando termina o ginásio, fica na dúvida, vou fazer isso, vou fazer aquilo, vou fazer coisa. Ele terminou o ginásio, saiu de casa, não estava nem sabendo de nada, foi na na Escola Técnica Bandeirantes, se matriculou lá como técnico de mecânica. Depois de técnico de mecânica, ele já começou a arranjar estágio, já começou a trabalhar eee... Trabalhou desde os quatorze anos Desde os quatorze anos. Depois começou a trabalhar, formou-se em técnico de mecânica, arranjou emprego, Desde a hora que ele ganhou o primeiro dinheiro, ele nunca mais me pediu nada.

SPEAKER 2: : Sempre viveu à custa dele ( ). ###

SPEAKER 0: : No no no engenharia, ele teve que largar tudo, então eu tive que custear o curso de engenharia. Mas, como técnico de mecânica, desde a hora que ele começou a fazer o primeiro estágio, ele já começou a a ficar... Quer dizer, não não pedia nada, nem em casa. Agora, arranjou, depois, como técnico de mecânica, trabalhou no no Wallita, trabalhou na Caterpillar, mas sempre com a ideia de ser engenheiro. quando ele estava com vinte e dois anos, ele ganhava mil e cem cruzeiros, como visto há... Cinco anos atrás? Cinco anos atrás. e arranjou um emprego na Caterpillar ganhando mil e cem cruze zeiros eu falei, bom, agora ele desiste de engenharia. Porque, como solteiro, tinha o seu carrinho, fazia... Quer dizer, era duro de de largar tudo e ser engenheiro. Mas ele trabalhava durante o dia e fazia o cursinho à noite para a engenharia. Eee fez... o primeiro ano, entrou na FEI, não quis matricular na FEI, porque ele não queria a FEI, ele queria a USP. Então, fez mais um ano de cursinho, quando chegou na hora de pôr uma opção, quais as faculdades, ele pôs USP de São Paulo ou USP de São Carlos. Todos os colegas acharam aquilo uma loucura, porque entrar na USP, Ele falou eu só quero trabalhar, se formar, se for na USP. E, no segundo exame, ele entrou na USP de São Carlos. Aí ele largou o emprego, largou tudo e foi estudar engenharia. E hoje está com, quer dizer, dificuldade tal, mas está no último ano e conseguiu o que ele queria. Mas desde o início. Nasceu para ser (tosse) engenheiro de produção. E está fazendo um outro curso junto e ele acha que é muito importante também. Ele vai se formar como engenheiro de produção, mas tem a especialidade de manutenção também, porque ele acha que a manutenção está muito ligada com a produção. Então ele vai saber manter as máquinas em ordem para que tenha a produção.

SPEAKER 1: : ### ### Está ótimo, viu? Agora vocês já falaram da da vida dos filhos, a senhora falou da da gestação, eu gostaria de saber como é que era a vida de vocês em casa, no convívio com a família, quando solteiros, contar de vocês com os irmãos, com os pais. Eu

SPEAKER 2: : Eu sou filha de desquitados. Eu tinha onze anos quando o papai e a mamãe se desquitaram. Talvez daí a minha vontade de ser feliz no casamento, de realizar algo que eu não não tive notícia de que fosse bom, né?

SPEAKER 1: : O contrário, né? ###

SPEAKER 2: : Não, para mim foi funcionou como um desafio, certo? Então, eu me propus a conseguir alguma coisa que eu sentia que deveria poderia ser conseguido e que eles não não tinham conseguido. Eu me liguei muito mais ao papai do que à mamãe. Há muito pouco tempo eu me senti verdadeiramente filha da mamãe. Eu Eu a censurava muito porque eu achei, como acho até hoje, que oitenta por cento do do sucesso ou fracasso de um casamento se deve à Então, o meu relacionamento com ela não era bom. Eu sempre senti que ela exigia muito de mim, porque normalmente ela sentia que eu que eu a censurava, que eu a que eu a acusava pelo fracasso do casamento dela. Eu tive convivência com com a moça que o papai depois viveu com ela há quarenta anos. Então, isso me deu uma uma insegurança, emocional muito grande, que só o casamento e a bondade do Roberto que conseguiram, vamos dizer, me ajudaram demais, conseguiram que eu me sentisse mais segura, certo? Então ah, eu me fechei muito, por exemplo, no convívio com as colegas, todas falavam em pai e eu não falava, sabe? Depois eu tive  ### Não acredito que seja essa a causa só. Porque uma outra ãh moça que tivesse também filha de desquitados poderia não ter. Então, o problema era meu. O problema verdadeiramente era meu. Mas eu tive... Fiquei doente uma semana antes do casamento. ### Medo de casar

SPEAKER 0: : ### ### ### ### Dela e e a minha né? Porque ela é de cama. Mas levantou da cama.

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Porque sempre tem muita coisa nos últimos dias para fazer, né? Tanto da parte dela, tanto eu que ia fazer as duas, porque ela é completamente né entregue.

SPEAKER 2: : Eu tinha... a a mãezinha era uma pessoa muito agradável, mas autoritária. E eu sempre fui mais submissa. Eu era rebelde, mas para ser querida eu me submetia, sabe? Então, isso trouxe problemas eee eu tinha muitos ciúmes da minha irmã mais moça. que era eu achava ela linda, não me achava bonita, achava ela linda e achava que que ela que a mamãe gostava mais ### ### E depois, a parte com o papai, ele quis muito me levar. Quando eles se desquitaram, ele quis que eu morasse com ele. E eu verdadeiramente até hoje acredito que que o meu coração diria que eu  que eu queria ir com ele sabe, eu admirava  ### ### tem que responder por isso mas nós tínhamos muita afinidade. Gostávamos das mesmas coisas. Ele era um homem muito inteligente, sem nenhuma ### ### ### ###

SPEAKER 0: : Ficaria horas com ele conversando. ### muito agradável muito Um senhor formidável eee. Agora, a família minha, e a da Ione, sempre houve um relacionamento muito Bom. É. Bom, nós tínhamos amizade já, né?

SPEAKER 2: : Desde, quer dizer, nós casamos... Não, eu não gostava da tua mãe, né, bem. Ãh? Eu não gostava da

SPEAKER 0: : ### ### mas não era assim... Não

SPEAKER 2: : ### Ela gostava dizia que gostava muito de mim e que queria muito o casa ### ### ### ###

SPEAKER 0: : ### ### Como filha mais velha, Ela tomou atitudes de dona de casa. É, isso Era tudo ela que resolvia. Era tudo ela que coisa, quer dizer... Qualquer coisa, a separação, quem ia falar com o pai, quem ia conseguir com coisas compreende? Quem ia conseguir as coisas, era ela que ia ( ). De maneiras que isso também deu já para ela, desde criança, uma autoridade que a que criança não tem. Não é? Na época errada, né? É, né porque já por causa da do da educação, da separação, não é? Agora, eu, por exemplo, nunca tive problema nenhum com a minha sogra. Adoro ela e ela me adora também, nunca mas   nunca mas desde ### Também se conhe conheceram em em trinta e quatro, trinta e dois, né, Joca? Mais ou menos trinta e três, né bem? É, trinta e do ### três mais ou menos, que as famílias já se davam. É Nós nem nem éramos namorados ainda, as famílias já se conheciam. É. Quer dizer que sempre houve um relacionamento muito grande entre

SPEAKER 1: : Escuta, eu queria também saber de vocês, que vocês dissessem, ãh quais as todas as fases de uma criança desde a hora desde a hora que ela nasce até atingir a fase adulta ou a fase idosa, todas as etapas que ela passa, inclusive as dificuldades fisiológicas que ela passa.

SPEAKER 2: : Uma criança você pode, eu sinto que uma criança passa por três fases bem distintas. Do nascimento até a puberdade, da puberdade até a adolescência, e da adolescência o estado adulto. Três fases distintas, são bem distintas. A criança na primeira fase, posso dizer psicologicamente? Pode. A criança na primeira fase, ela precisa dos outros, tem necessidade de carinho, tem necessidade de atenção e ela, ao mesmo tempo, faz tudo para agradar. Na segunda fase, ela se se mantém à custa de merecimento. Ela entra na fase que nós chamamos de castigo e e prêmio. Então, ela tem aquela aquela... Ela se mantém emocionalmente, às vezes até fisicamente, por ser primeira da classe, por receber em casa elogios pela sua própria limpeza, higiene pessoal, cuidado com tudo que é seu. E na adolescência ela começa então a querer elogios do namorado e a moça, e o moço da namorada. E depois então ela entra no estado adulto, quando ela, o próprio fogo que a mantém, quer dizer, ela não tem tanta necessidade do carinho do outro, porque ela mesmo sabe que tem um reservatório próprio. Mas para chegar a esse estado adulto, Esse estado adulto não quer dizer nada com idade. Um velho pode morrer sem chegar a esse estado adulto.

SPEAKER 1: : E as dificuldades fisiológicas e dores desde a hora que nasce? Quais as etapas que uma criança passa até atingir a fase adulta? A cronológica, né?

SPEAKER 2: : É, vamos deixar o Roberto falar. Fala, amor, o que que você acha? Que uma criança sofre quando nasce? ###

SPEAKER 0: :  nós, graças a Deus, não tivemos problema nenhum. ###  problema nenhum com nossos filhos. Graças a Deus, eles tiveram as doenças comuns de criança.

SPEAKER 2: : Quais?

SPEAKER 0: : Não houve nada de grave. Eee de maneira que nós não não sentimos tanto. Eles tive

SPEAKER 2: : ### Sarampo. Sarampo tiveram os quatro juntos ao mesmo tempo. Nossa. É. Tiveram a catapora ãh... Como é que chama aquela do que... Rubéola. Tiveram... Tosse comprida, o que mais? Tiveram tudo, né, bem? ###

SPEAKER 0: : as moléstias de criança mesmo. Agora, na educação de um filho, Eu notei, por exemplo, o seguinte. Primeiro, eles, até mais ou menos dez, onze anos, é nosso. Companheiro para tudo. Você faz e desfaz. Você que faz o programa e e não tem, está resolvido.

SPEAKER 2: : É, a criança é levada.

SPEAKER 0: : Depois começa a eles a terem amizade, e a começar eles a fazer os programinhas deles para cinemas, matinê. Clube. Baile, clube. Então, aí então você já não pode você fazer o programa dele. Porque acontecia o seguinte, vamos para a chácara? Ah, não, porque hoje eu vou com fulano de tal, porque isso... E antigamente nós passávamos já no colégio, já punha tudo dentro do carro, já ia direto para a chácara, não dava nem coisa. Então, existe essa fase. E depois tem a fase que eles, por exemplo, essa segunda fase, eles começam a fazer o programa por conta deles, mas ainda nos consulta e depende de nós. E tem a terceira fase que É a liberdade que eles... Independência. A independência que eles querem ter. Mas nós não... Alguns nós... Teve outros que A mocinha, por exemplo, Maria Estela foi presa a nós até hoje. Uhum. Depende de nós até hoje. O Antônio Roberto, com esse estudo lá em São Carlos, houve essa separação. O mais difícil foi o Antônio Augusto. Antônio Augusto, por exemplo, teve passagens para ele que ele o automóvel era mais importante na vida dele, a coisa mais importante que existia na vida dele era o automóvel. Queria um carro a todo custo quer dizer. E e ele, por exemplo, enquanto não conseguia o carro, ele não chegou a nós. E a Ione, então, às vezes até eu criticava, mas ela fazia isso. Eu achava, não achava, ele dormindo, ela ia lá, passava a mão na cabeça dele e dizia, te amo, te adoro, entendeu ( ). Eu acho que era uma manife manifestação que ela queria fazer com ele acordado e ele não dava essa oportunidade. Mas depois que passou a fase da... Hoje ele é muito chegado a nós ele. Nós tivemos a primeira vez que nós fomos à casa dele, como ele como casado eee como. Primeiro filho que casou, primeira vez que nós vamos nos hospedar numa casa de um filho, mas fomos maravilhosamente bem recebidos. A Ione é de maneira assim de de se expandir na hora, tanto que até de vez em quando ela se beliscava para ver se estava viva, se era se não era sonho, se estava vivendo aquilo mesmo. Compreende e eu já me já me quer dizer já me Já não não me expandi tanto.

SPEAKER 1: : O senhor é bem emotivo, né?

SPEAKER 0: : Bom demais.

SPEAKER 1: : Estou percebendo. E depois

SPEAKER 0: : quando quando cheguei aqui em São Paulo, aí eu escrevia isso. Escrevi uma carta que... Quer dizer, o que o pai almeja que o filho seja, depois de casado, desde a hora que você viu ele pela primeira vez no berço. Então, quando a criança nasce, você naturalmente faz um programa para ele. É. Né? ### E eu me vi com a maneira que ele estava vivendo com a esposa. Os dois satisfeitos, os dois alegres, nos recebendo daquela maneira que eles estavam demonstrando um reconhecimento. Isso é maravilhoso né? Completamente

SPEAKER 2: : Me senti completamente realizado. É lógico.

SPEAKER 1: : ### Agora nós vamos falar sobre a casa. Então, eu vamos supor que vocês fossem construir uma casa.

SPEAKER 2: : Então, eu queria que vocês me dissessem... Nós estamos dando risada, porque nós vamos construir uma casa.

SPEAKER 1: : Ah, então é ótimo. Então eu queria que vocês me dissessem, desde a escolha de um terreno, o que que precisa para construir uma casa, ãh quais os os ãh funcionários que precisa para a construção dessa casa, o tipo de ferramentas, como que vocês querem construir a cozinha, ãh qual é o tipo de cozinha que vocês querem, tamanho de sala, jardim, quer dizer, tudo que vocês puderem dizer a respeito da construção de uma casa, quer dizer, desde a escolha de um terreno até a casa em si pronta, com todos os operários que precisam para a construção dessa casa. O senhor quer começar, Roberto?

SPEAKER 0: : A questão de uns dois anos atrás, mais ou menos, Eu fui com a Ione, eu vi um loteamento, primeiro, sozinho, e gostei muito, na cidade de Valinhos. Cheguei aqui em casa e fui, no dia seguinte, levando a Ione, que eu queria a aprovação dela eee. E gostei, ela também gostou mui Compramos esse terreno. É um terreno que tem três mil metros quadrados no loteamento, que era antigamente uma fazenda. E tive a sorte de arranjar um terreno bem próximo à sede, que era a sede da fazenda antiga, que agora fica sendo uma sede social dos condôminos dos terrenos. e perto dessa sede existe piscina, quadra de bola ao cesto, voleibol, restaurante, lacho lanchonete, vestiário e tem também a parte de cavalos. Enfim, é um lugar que eu sempre gostei muito de querer morar num lugar desse e a Ione também gosta muito disso. Agora, com o casamento da minha filha. Eu num, quer dizer, nós não temos mais nada que nos prenda aqui em São Paulo. então estamos com a ideia de construir lá em Valinhos e morar lá. Agora, estamos estudando a planta e sempre da maneira que ela quer principalmente a cozinha, porque ela vai ser a cozinheira. Então, de maneiras como ela gosta, como ela quer eee. Enfim, e tudo muito, muito espaçoso.

SPEAKER 2: : ### Como você planeja que você está desenhando esses papéis não sei quanto tempo (risos). Que você só passa nas casas que tem lajotão, que tem piso. Ele está vivendo esse sonho ### ### Há mais ou menos ah... Uns dois meses, né 

SPEAKER 3: : ###

SPEAKER 2: : Mais ou menos uns dois meses ele está vivendo a realização de... ### Se Deus quiser, será construída lá em Valinhos, como ele contou. Mas o Roberto, quando se interessa por alguma coisa, ele se interessa para valer. Então ele não fala noutra coisa (risos) Nós saímos anteontem para irmos ãh a uma missa lá na Moca, de um mãe de uma amiga, e na volta, Nós fomos ver só conversando sobre o assunto do dia, agora é esse. É a nossa casa, como é que vai ser, os armários embutidos o, quem vai fazer, porque quem vai fazer é o empreiteiro, sabe? Lá de Campinas mesmo. Como o empreiteiro vai fazer, em quanto vai ficar, ãh como nós vamos conseguir esse dinheiro, do jeito que nós vamos fazer o empréstimo, Quanto que nós vamos ter que pagar? Como que nós vamos fazer dessa casa nossa aqui? Como essa casa vai servir para ter a outra? Se vai dar para a gente ter um apartamentinho aqui em São Paulo também? Quer dizer, esse sonho, esse planejamento é a está na ordem do nosso dia. Agora, ultimamente, esse é o assunto do dia, filha. ### Você nem pode imaginar como está para valer ele. Ele tem mais ou menos riscado o a planta da casa, já foi para o meu irmão, meu irmão é engenheiro, sabe? Já foi para o meu irmão para dizer se verdadeiramente está tudo certo, de acordo, o tamanho dos quartos. Vai ter ah três quartos, três suítes. ### Três suítes, uma sala muito boa em formato de ele, a varanda, a lavanderia, A sala de jantar para a cozinha vai ter um balcão, sabe, de aparador. Olha que ### ### Eu sonho com os detalhes e ele sonha com com o global, né? Então ah, aquele tipo de estilo vai ser todo colonial, sabe? Colonial brasileiro. E aquele estilo de venezianas, sabe? Os armários embutidos também vão ser com venezianas. Vai ficar muito linda. E eu gostaria de... de ter certeza de receber vocês algum dia  Muito obrigada ###

SPEAKER 1: : (risos) Não é nem gravação, é investigação. Espero que a senhora realize seu sonho e que também a gente possa ir. É, se Deus quiser. Eee quais os ti

SPEAKER 2: : ### O melhor clima do Brasil.

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 2: : Você conhece Valinhos, né? Perto da Vila Sonho. E os

SPEAKER 1: :  os tipos de ãh, os demais... profissionais que precisam para a realização dessa casa? Quais seriam? E os tipos de ferramentas necessárias?

SPEAKER 0: : Bom, eu tenho lá estado em contato com o empreiteiro que vai construir. Ele tem os pedreiros que estão, que levantam as paredes. tem as pessoas especializadas em fazer telhado, o madeiramento, tem a pessoa especializada na na pintura, tem pessoa especializada para assentamento de pia e azulejo, tem os serralheiros para fazer a as janelas e portas. Enfim, ele para nós é uma comodidade fazer com esse rapaz, porque ele já tem toda esses operários por ali mesmo, já construiu diversas casas no próprio loteamento, de maneiras que para arranjar pessoa aqui em São Paulo e locomover para Valinhos, então seria uma outra dificuldade muito grande, ou iria e voltaria todo o tempo, todos os dias, ou então teria que fazer um alojamento para eles lá, que é quase que uma outra construção. De maneiras que a parte mais cômoda é que esse rapaz faça a a casa lá, que ele já tem todos os operários, já tem todas as mãos de obra lá pronta que. Enfim, para nós é muito mais fácil, apesar de ter um cunhado engenheiro, eu vou dar para ele construir, porque para o meu cunhado, eu sei que ele faria para mim, mas seria com sacrifício, porque a maior parte da construção dele está aqui em São Paulo, ele vai ele iria de ter que se locomover para Valinhas por causa de uma residência, enquanto o outro já está lá e é uma continuidade. De maneiras que o meu cunhado está estudando a planta, e está fazendo assim, dando... porque ele é arquiteto e tem umas ideias maravilhosas. Mas a planta já está na minha cabeça, eu sei como é que eu vou fazer. Quero ver se aproveito alguma coisa de sugestão dele, que sempre é válida. Agora, esse negócio de planejar sempre foi minha mania. Eu, quando comprei um terreno, todo esburacado, com muro caído, todo cheio de formigueiro lá em Tremembé.

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Pasto. Comprei esse terreno lá. Antes de fazer qualquer coisa, estava a chácara pronta no papel, com a distribuição do rancho, da casa e das quatrocentas plantas de fruta que nós tínhamos dentro do terreno. O primeiro plano foi quatrocentas e tantas. Depois nós pusemos mais Eu sabia todinho o lugar, tanto que à medida que eu comprava o enxerto, eu sabia o lugar direitinho que ele que ela ia. Porque eu fui fazendo de tal maneira, e para não fazer sombra nas demais, eu comecei a pôr na frente, na nascente, as árvores de menores porte, como laranja-lima, laranja-pera, Depois, no fundo, comecei a pôr limão, caqui, manga, abacate, porque aí então já ia fazer sombra, mas não ia atrapalhar as a a as árvores de menores porte É por isso que eu gosto de planejar tudo né. Olha, hoje, por exemplo, eu estudei a distribuição dos móveis na cozinha. Achei que tinha que aumentar mais cinquenta centímetros na cozinha porque ia me dar uma comodidade fantástica. Vou abrir porta para catar as coisas no armário com mais espaço, tudo isso. Quer dizer, aumentei, quer dizer, acho. Está perfeito, quer dizer, funcionando ela vai estar perfeita. De maneira que por isso que eu gosto de detalhar tudo muito. Apesar de não ser engenheiro, mas eu que fiz a planta da minha casa.