SPEAKER 0: Bom, já que a gente está reunido aqui hoje, tá? Eu gostaria que vocês conversassem o motivo pelo qual vocês se encontram reunidos nesta casa, certo? Bom, a gente está aqui reunido, né, Carlos? Porque é comum. Todos os anos nós nos reunirmos. O. A Theata e o Gerson, né? Vão para a casa deles. E nós ficamos aqui com a nossa mãe. E por falar em mãe, que tal se a gente, assim, conversasse um pouquinho sobre (pausa), sobre a nossa infância, né? Aqueles velhos tempos... SPEAKER 1: É uma ideia bacana. Seria bom a gente recordar onde a gente nasceu. E, por falar onde nasceu, eu me lembro que nós dois nascemos ainda em, em Santo Amaro. Papai, naquela época, tinha uma padaria. E, com seis meses, a gente veio morar aqui em São Caetano. Fomos criados. Papai comprou um, um outro bar aqui. E viemos para cá em Março, se eu não me engano. E (pausa) aqui nasceu todo o resto da nossa família. A SPEAKER 0: Aliás, aquela família, né? Por falar em aquela família, certo, eu gostaria que vocês me dissesse quais são os componentes dessa aquela família, está bom? Bom, a nossa família é uma família, para os tempos atuais, () bastante grande. Eh São cinco filhos, meu pai e minha mãe. O nosso pai e nossa mãe, né? Eu, a mais velha. (riso) O Carlos, a Rosinda, a Rosibele e o Jefferson. Essa família é a antiga família, né? Porque atualmente a nossa família é um pouquinho maior já. A Composta também do meu marido, que é o Gerson, da esposa do Carlos, que é a Seata, da minha filha, que é a Fabiane, do Carlos Frederico e da Karina, que são filhas do, do Carlos, e um que está querendo entrar assim, né? tentando entrar, vamos ver se entra ou se não entra, né? Mas nessa Fa, nessas pessoas que você citou, certo? Eu gostaria de, de, que você me dissesse quais são os graus de parentesco entre Ciata, ãn, Carlos Frederico, certo? e Em relação ao pai e a mãe, tá? Tá SPEAKER 1: Tá, eu vou dizer por ela, o (pausa) A Rosinda, a Rosibeli, eu, o Carlos, a Rosali e o Jefferson. Somos filhos do José Joaquim Domingues Guerra e da Dona Elvira, a mamãe. (pausa) e Eu sou cunhado do Gerson, marido da Rosali, que tem uma filha, a Fabiane, a minha esposa Ciata e os meus dois filhos. Esse é o grau do parentesco que nós temos. As crianças são priminhos e por enquanto não tem mais nada na família. Talvez com futuros casamentos haja... o, o surgimento de novos elementos que integrem a nossa família. Na minha parte, porém, eu pretendo ficar com dois filhos mesmos. a Acho que a minha programação familiar já está satisfeita. Penso dessa maneira, não pretendo alterar meu pensamento. e E quanto a você, não posso dizer nada, Rosali. Você que tem que dizer. SPEAKER 0: Bom, eu acho que o ideal também é dois para os outros, né? e E um para mim. Porque, sei lá, né, Carlos? Se a gente for analisar desde os tempos em que nós éramos crianças e (pausa) e pensar assim como é difícil hoje em dia, com todos esses problemas que tem na vida social, na vida, principalmente em padrões econômicos e, e sentido educacional e tudo, se a gente for analisar tudo isso, ter cinco filhos, como teve o papai e a mamãe, acho que, acho que é ser heróis né, do, do, dos tempos modernos. O que que você acha? SPEAKER 1: Realmente eu também acho que dois filhos é o ideal. Mesmo porque se nós formos analisarmos o tempo em que nós éramos criança e o tempo dos meus filhos e do, da sua filha, nós vamos chegar à real conclusão que a evolução das crianças se faz de uma maneira muito mais acelerada hoje. Você lembra que quando a gente era pequenininho, eu ainda lembro que com quatorze anos a gente empinava papagaio na rua, ficava brincando, tinha uma mentalidade completamente diferente. O nosso nível de conhecimento era muito restrito. E me lembro ainda de um fato curioso. Eu me lembro que quando eu devia ter por volta de uns seis ou sete anos, nós passávamos sempre aqui perto de uma fábrica na Ferro Enamel, uma fábrica aqui de, de pigmentos para cerâmica. Eu lembro que saiu uma fumaça branca dali, e certa vez eu perguntei para o papai porque o pronto-socorro e uma maternidade era ali perto eu me lembro que eu perguntei para o papai se ali era a fábrica de nenéns e ele disse que era e curioso foi que com o decorrer do tempo Eu fiquei pensando aonde é que eram feitas as crianças de cor, porque só saía fumaça branca, então fiquei tentando analisar. Hoje, naturalmente, se a gente for perguntar a uma criança de cinco, seis anos, que a cegonha traz uma (pausa) traz a criança, traz um neném, a gente vai chegar à conclusão que, através de toda a veiculação de comunicação moderna que existe hoje, e que no nosso tempo era ainda cheia de imperfeições, cheia de tabus, Uma criança hoje jamais admitiria a hipótese de cegonha, de papai noel, de história da carochinha e outras coisas. Você não acha? SPEAKER 0: Eu acho, mas eu acho que por outro lado também, âh, no, nos tempos modernos assim, olha, se a gente for analisar, não sei também se você lembra do tempo que a gente ficava brincando na rua, aquela turma toda de criança. Hoje em dia não se vê mais isso. Hoje em dia, hoje em dia a gente não encontra mais criançada brincando pela rua à noite. À noite, hoje em dia, o programa é quase que obrigatoriamente televisão. O que, na minha opinião, deforma a criança, não informa. E também restringe muito a, o grau assim de, sei lá de espontaneidade infantil. Eu acho, a minha opinião. Se a gente for comparar em termos meus e teus. Uma outra coisa também que eu acho bacana é que anti, an antigamente, quer dizer, nos nossos tempos, né, porque se a gente for analisar o tempo de ontem até hoje, para nós já é quase que antigamente. A gente nota isso inclusive pela diferença que existe entre eu, por exemplo, e a, e a, o Jefferson, em questão assim já de mentalidade. Então, a gente vai notar o quê, né, Carlos? Você lembra quando nós brincávamos de carrinho, de, de carrocinha e tudo? Hoje em dia a gente não vê mais isso. Não sei se você lembra daquela, daquele brinquedo que nós tínhamos, que era charretinha, lembra? Com carrocinha branca Tudo. Lembro sim. Hoje em dia a gente quase não vê mais isso, né? E vocês brincavam com quem? Só os dois? Não, é como eu estava te falando, né, Rô? A gente brincava com um monte de criança. Inclusive, tinha noites lá na rua que nós ficávamos brincando até nove horas, era o máximo de brincadeira. Então, brincavam trinta, né, Carlos? Às vezes até mais. Jogavam bolinha de gude, era pegar. (pausa) Como é que correr atrás de balão dentro de cemitério, você lembra, Carlinhos? Aliás, isso daí era característica tua, né? E com quem vocês brincavam, certo? Que tipo de relacionamento era essas pessoas? Eram de família? O que que era? (pausa) A SPEAKER 1: Aliás, você falou relacionamento e, (pausa) seguindo a, a ideia da Rosali, é interessante de se notar o seguinte. Antigamente, a gente brincava na rua e brincava naturalmente com todas as crianças que moravam próximos da gente. Então, o relacionamento não, não tinha nenhuma vinculação de parentesco. Era uma vinculação de (tosse) de amizade que, que nascia decorrente da proximidade que existia das casas. Então, o pessoal morava duas, três quadras para baixo. A gente, no fim, ficava conhecendo o garoto que morava no meio do quarteirão. a Aquele apresentava a gente para outro. e E, da mesma forma como vai crescendo o rala, o relacionamento que existe na nossa vida atual. A gente fica conhecendo o João. O João tem um amigo uma, uma série de amigos, gradativamente nós vamos sendo apresentados a essa série de amigos e aumentando consequentemente o nosso rol de amizades. Mas o curioso é que naquela época, quando a gente era pequeno, eh, até as festinhas de aniversário eram programadas. Era isso que eu ia falar Porque eu me lembro que hoje, para programar um aniversário, por exemplo, do meu filho que já teve uma festinha e a gente fez de tudo para fazer uma festinha bem feitinha, O tempo que eu tive para programar essa festinha foram, no máximo, três dias. Foi pensada muito tempo, mas o período para a realização foi muito escasso, porque no mundo de hoje a gente tem uma tribulação muito grande. A gente vive eternamente atrasado, vamos dizer assim. A gente já levanta atrasado, vai dormir atrasado, vive num mundo de muita agitação e. E naquela época, eu me lembro perfeitamente, dos nossos aniversários, a gente convidava a, a redondeza inteirinha, vinham quarenta, cinquenta crianças nos nossos aniversários, a, a mãe da gente, inclusive a madrinha, que é a minha madrinha de batismo, que na realidade foi uma, uma senhora que cozinhava com a gente (tosse), trabalhava para o meu pai, e devido a um período muito largo de, de convivência, tornou-se assim quase que um membro da família. não sanguíneo, mas um membro por aproximação, por afinidades e por uma série de coisas. Então, essa pessoa, e, e, juntamente com a minha mãe e com o meu pai, programava uma festinha com quinze dias de antecedência, fazia coisa programada, a gente convidava várias crianças. Então, me parece que naquela época, não existia tanto luxo, tanta, tantos meios aperfeiçoados de comunicação, não existia tanta evolução de conhecimentos, a vida era realmente mais simples. Era uma vida que a gente pode comparar com uma vida de interior, mas, em compensação, a gente tinha várias compensações. Uma delas era o prazer de poder ter uma festinha cheia de crianças, sem onerar demasiadamente a família, embora talvez naquela época onerasse um pouco. Talvez pelo padrão de vida que a gente levava, a gente tinha um bar naquela época, era muito mais fácil dar uma festinha. Mas me parece que era bem mais fácil naquela época fazer uma festinha, porque mesmo em outras casas a gente era convidado para ir em festinha, e a gente notava que sempre tinha um bolo que a mãe fez, ou a tia fez, ou a vó fez, então era muito mais barato do que hoje. Porque hoje se a gente for pegar um bolo, vai ter que comprar bolo, vai ter que comprar tudo. Então nós estamos vivendo um, um, de uma maneira tal que hoje em dia a gente já não se preocupa mais em fazer, já compra feito que é para ganhar tempo. Então um dos meios principais hoje, comparando assim que veio agora na minha ideia, é que há uma constante, ehh, renovação de coisas e a gente parece que é condicionado a reduzir o tempo de lazer para poder sobrar mais tempo de produtividade. Então parece que é uma racionalização de trabalho que fazem com a gente. Não sei quem, nem co como, nem nada. Mas eh, parece que intuitivamente ocorre isso, você não acha? SPEAKER 0: Concordo plenamente com você. Eh a Acho, inclusive, que essa racionalização aí que você diz não abrange só o sentido profissional da gente, não. Parece que abrange, inclusive, o sentido, assim, de vida da gente, completo. Eu não sei se você lembra, Carlos, que se nós formos comparar Já indo um pouquinho mais adiante, já na nossa mocidade assim. Eh Antigamente, o quando eu, eu uso esse termo antigamente, eu quero dizer no nosso tempo que não é tão antigamente. SPEAKER 1: A gente não é tão velho assim. (riso) SPEAKER 0: Falta pouco, né? () Antigamente, o que que é, você quer dizer  Com esse antiga> SPEAKER 1: SPEAKER 1: