Inquérito SP_D2_147

SPEAKER 2: : ### Fazia (pausa) Já fazia tempo que nós não, não nos encontrávamos para conversar de coisas do mundo. (riso)

SPEAKER 1: : Principalmente (pausa) porque (pausa) eu acho muito interessante conversar com você. Nossa conversa me traz lucros. Lucros irreparáveis, porque eu gosto bastante desse

SPEAKER 2: : diálogo. O que que você me diz da da distinção de locais para o gosto de férias entre o homem casado e o homem solteiro, embora da mesma idade. Por exemplo, férias ideais para mim, já casado, são férias na minha fazenda ou numa estação de água, onde eu não, eu não, onde a tranquilidade e, e o ambiente criado é muito mais interessante do que férias no Guarujá, onde a vivência de jovens é muito maior, a movimentação é maior. Eu acho que, o que que você, quais são os fatores que você leva em conta para escolher o local de suas férias?

SPEAKER 1: : Eu (pausa), com a minha idade, com os meus trinta e cinco anos que eu considero bem vividos, talvez eu não venha aqui a ser o seu ponto de vista para, para passar as suas férias na sua fazenda, em companhia da sua mulher e do seu filho. Isso não é um problema de estar atualizado. Eu, como homem solteiro, numa, numa fazenda eu não a, não, não me sentiria bem após uma semana.

SPEAKER 2: : Exatamente a minha pergunta é essa. Qual o seu primeiro fator? Férias representam para você descanso físico e espiritual ou só des, descanso físico? Lógico, que físico e espiritual. Mas mais o físico ou mais o espiritual? Mais o físico. Veja bem, Di Franco, veja bem. O primeiro fator que eu levo em conta como, levo em conta quando vou tirar férias é, ã, condições que tais para o conforto do meu filho. Então, por exemplo, um hotel já não oferece, eh, condições de higiene, condições de sossego. Então é a primeira condição que você, que eu levo em conta. () Você não encontrará jamais, admitindo no Guarujá ou no Rio de Janeiro, um hotel que tenha uma kitnet para você esquentar a mamadeira da criança, que tenha uma cozinha, eh, em condições higiênicas para você preparar a ma, a refeição do menino. Então você tem que escolher Vamos admitir, Águas de São Pedro, todos os hotéis de Águas de São Pedro e de Lindóia tem a sua kitnet, a cozinha da criança separada, tem inclusive o salão de criança. Já quando solteiro, eu não pensava assim. Evidente. Eu pensava que o descanso seria espiritual. Jamais iria gozar férias em Águas de São Pedro, ou Lindoia, ou Poços de Caldas. Gozaria férias no Rio de Janeiro. E não num hotel distante de Copacabana. Se possível, em Copacabana. No miolo em cima de Copacabana. Não é verdade?

SPEAKER 1: : O que eu estou tentando trazer () é isso. É que eu, eh, necessito das férias... Você bem, ficou com a sua fazenda, ou então a água de São Pedro. Porém, para mim, bastam um mês de férias que eu as tire, cinco ou seis dias. Para que depois faça a minha vida bastante atribulada. E atualizado como eu me julgo. Eu quero ir para o Rio de Janeiro, eu quero ir para Punta del Este, eu quero ir para Ubatuba, onde eu encontre gente da minha faixa.

SPEAKER 2: : Sabia que Ubatuba é o paraíso dos solteiros? Melhor dizendo, () evidente dos ###

SPEAKER 1: : Qual sua faixa? (). Trinta, trinta e cinco anos. Veja bem, mas  e com idade inferior ou até mais avançada, mas que viva na minha faixa, que goste de fazer as coisas que eu gosto, para eu não atrapalhar também os casados. Agora, não seria certo nós irmos, você com a sua família e eu solteiro, indo para um lugar como esse, e na amizade, no laço de amizade que nos une. Você ###

SPEAKER 2: : Existe um outro ponto de vista que nós poderíamos perfeitamente também analisar nessa conversa. esta nova, esta reforma da educação, onde eles estão, e, onde eles estão estabelecendo férias para grupos escolares e, para idades escolares em fases diferentes, por exemplo, primeiro, segundo, terceiro grau terão férias no começo do, do ano, quarto, quinto, sexto grau, depois de março, eu acho isso interessantíssimo. Porque o que mais perturba nas férias é o acúmulo. É lógico. Então você sai para férias, você já sente o primeiro problema, que é o problema de estradas. Então está todo mundo em estrada e já cai em cima de automóvel e é trailer atualmente. Então, né? Porque está todo mundo saindo de férias. Você volta de férias e é a mesma coisa. Então esta nova, esta reforma de ensino proposta, que a nós não foi dada assim, estudarmos com afinco, mas pelo menos epidermicamente tivemos conhecimento da matéria, tem impressão que é bastante válida, pelo menos considerando esse aspecto de férias, é evidente, não de acúmulos de, não é. Que o Guarujá, por exemplo, ou qualquer outra estação de férias considerada, é uma delícia se você

SPEAKER 1: : Mas em qualquer lugar que você vai, isso que eu estou dizendo, eh, a convivência, () a férias Eu acho que os lugares () para o solteiro frequentar são absolutamente incompatíveis para o casado frequentar. Porque a tribulação, o movimento. É porque o casado, para viver bem casado, ele tem que evitar problemas.

SPEAKER 2: : E evitar problemas é evi, é, é evitar multidões. E principalmente multidões de jovens, né. Ou melhor dizendo, multidões de solteiros. Não é porque o casado respeita o casado. Agora o solteiro respeita o solteiro e respeita o casado em termos, não é verdade?

SPEAKER 1: : E eu consigo passar, passar as minhas férias no () É isso que eu levo. Meus livros, a minha bagagem. E, e, e eu, antes de deitar, eu me atualizo, eu leio. Mas ê, eh, eventualmente, onde eu passo as minhas férias, existe um caráter permanente de ebulição.

SPEAKER 2: : Coisa que não. () Agora, você é exigente em questão de férias? Em se tratando de férias, eu sei que você é exigente em se tratando de tudo. Agora, () mente em se tratando de férias de conforto. Você faria, por exemplo, camping?

SPEAKER 1: : Jamais em tempo algum. Jamais. Sabe que eu pensava como você? Jamais. Jamais. Eu sou para férias, eu te, quero coisas absolutas, em condições de higiene espetaculares. Quero um bom whisky, uma comida espetacular, para eu ter paz de espírito. () prefiro voltar para a minha casa.

SPEAKER 2: : Mas você terá paz de espírito no camping. Você terá mais trabalho. Porque () o que eu entendo como paz de espírito,

SPEAKER 0: : Você está desidentificando um pouquinho (riso). Mas eh, essa relação de paz de espírito, assim, por exemplo, já que você tocou nesse assunto, tem alguma identificação com o tipo de paisagem que procuram? Âh, eu ouvi quando o dou tor. () falou de diversificação de lugares. () Por exemplo, Punta del Este. Por que, no caso? Puta del Este

SPEAKER 1: : ### ### É uma, um lugar muito movimentado, procuradíssimo por turistas e Mas eu encontro, eu encontro lugares, passeios, eh, que trazem ###

SPEAKER 2: : O problema aí é coincidir nas férias. Existem aqueles que saem de férias e pretendem então fazer coincidir a paz de espírito com a vida mundana. ### Então temos, tem certos locais, tem certos locais onde você encontra a paz de espírito, por exemplo, como, âh, na Bertioga. Onde você encontra o mar, a natureza e, e toda aquela formosura. e E poucos quilômetros além você encontra Guarujá, onde você tem tudo isso e tem aquela vida mundana. Tem boates, tem bons

SPEAKER 1: : E você também encontra tranquilidade no Guarujá. Você consegue. Você vai para uma praia daquela, depois de perequê, você encontra aquela areia branca, aqueles coqueiros, você tem vontade de ficar sentado ali. Muita Motocicletas. Não, não, não, não, não. Não, não, não, não. Você constrói uma casa

SPEAKER 2: : Consigo () Não sei se vocês já, já, já fizeram Essa viagem. É uma viagem interessantíssima. É uma viagem difícil de ser feita. E é um pouco cansativa. () Entre Bertioga e São Sebastião, nessa, nessa costa azul. É um local maravilhoso. Tem praias ali que você para.

SPEAKER 0: : Conte para a gente como é que é esse 

SPEAKER 2: : Tanto para ir como para vir é custoso, porque a estrada é esburacada, o governo está descuidando disso porque tem obras mais prioritárias. Ã? Para eles, na região deles. Na nossa região nós entendemos que essa obra é, é de bastante prioridade. Então você pode ir por São Sebastião. Vem de São Sebastião em sentido Bertioga e Guarujá, e pode ir daqui para lá, é evidente. Você vai encontrar praias completamente, completamente distinta das praias que nós estamos habituados a conhecer. O Paulista não conhece. Fala em praia, ele pensa em Santos. Cara, para mim Santos é horrível. A praia de Santos! Eu não estou considerando aqueles prédios, não estou considerando aquele local que nós chamamos de () Beach, onde chega no fim de semana, desce aquele pessoal de ônibus Não é (som de porta rangendo).  Considerando a praia em si, areia, mar. Então, o Paulistano está acostumado a pensar em praia em termos de Santos, em termos de Praia Grande. Quando ele pensa em uma coisa mais bonitinha assim, já é Itanhaém, que tem algumas terras. Então, eh. nós encontraremos nessa, nessa, nesse roteiro, de, da Bertioga a São Sebastião, praias de diferentes. Então, praias, por exemplo, onde o campo, onde a montanha está perto do mar. Bem próximo ao mar. Encontraríamos, por exemplo, a beleza de, de, de, de Pariquera-Oçu, se não me engano, Pariquera-Açu Pariquera-Açu, é Encontramos praias nativas, quer dizer, coisa que você compra lá, um chapéu de peixe. Eles estão puxando a rede, você vem com aquele seu chapelão, e eu quero aquele, aquele, aquele peixe, eles enchem de peixe o seu chapéu Mas aí já vem um problema, já vem o problema do homem casado. O solteiro poderia ir O homem casado já não vai porque está distante de médico, distante da luz, distante da farmácia que ele tanto necessita, distante do leite ninho que não pode existir. Se não existe o leite in natura da mulher, tem que ter leite ninho, não é verdade? Mas tem, tem praias, por exemplo, Ilhabela. É um local hoje (pausa) de bastante movimento, de bastante frequência e já bastante () Mas tenho impressão que se a mim fosse dado a optar em construir, eu gostaria de construir numa dessas praias que tivesse assim a, a, a dez ou vinte quilômetros a civilização de Santos, onde não falta um hospital, onde não falta um pronto-socorro. Agora, para o meu gosto, e que é difícil o homem, o homem casado casar o gosto dele com a mulher, porque geralmente é isso, o casamento é a atração dos opostos, não é verdade? Quer dizer, o homem gosta de campo, a mulher gosta da praia. Eu praia me dou mal porque me irrita aquela areia e o calor. () Eu adoro canto. Eu acho que (pausa) a beleza bucólica do campo é, é uma beleza que a praia não lhe dá. Mesmo porque praia não representa a vida. O mar não representa a vida porque é aquela, é aquela continuidade sem fim. Enquanto que no campo você bate os olhos, você vê um gado, você vê uma árvore (), você vê uma rosa. Você vê o, ê eu me identifico mais com o campo do que com praia. Mesmo porque praia, eh, eh, você veja, a, o, o, o próprio criador da natureza, ele deve ter feito as coisas usando uma medida especial. Você desfruta de praia três vezes ao ano. Você pode desfrutar do campo nove vezes ao ano, não é verdade?

SPEAKER 0: : Mas aí no caso, por exemplo () e, a, a, a própria água do mar, por exemplo, o, o, o () falou em Copacabana e o senhor também falou, assim, o mar do Rio, por exemplo, nunca lhes ofereceu assim, além da atração da própria praia, o próprio mar nunca lhes ofereceu nenhum problema de um lugar para outros, de preferência para a prática de um esporte?

SPEAKER 1: : É, o Rio de Janeiro, eu nunca concebi mar no Rio de Janeiro. Não tem, não existe. Aquele mar é uma barbaridade, é uma sujeira, é perigosíssimo. Então às vezes que eu vou ao Rio, vou para ver coisas. Vou para passear, para visitar os meus amigos. Porque não existe condições para a gente aproveitar de nada disso. Mas tudo isso nos leva a ter lugares tão bonitos para a gente visitar, para desfrutar. Lugares em que oferecem para nós brasileiros Condições ímpares. Que os turistas que aqui chegam ficam boquiabertos. (som de cadeira sendo arrastada) E dá para a gente se sentir bastante feliz aqui no país em que a gente vive. Deparando-se com o impostar da cabeça no travesseiro e pensar nos problemas que tomam (pausa) lugar no (pausa) nos cabeçalhos dos jornais, como esse problema recente de Managua, como esse problema da, da cordilheira dos Andes, Você chegou a ler isso, () Cordilheira dos Andes, eu não li, não. Como é que foi? ### Do, daí, do, do avião que eles ficaram? Ah, sei, sei. Imagina que eu tinha em minha casa condições de (pausa), de ter um jornal (), o Globo, que () semana passada, em que dava fotografias, acompanhada de relatórios colhidos pelas autoridades locais, em que que eles se alimentavam. Dos próprios cadáveres que fica, ficavam... Demorava muito mais para, para, para entrar em descomposição, descoposição face ao gelo que existia. Se alimentavam dos próprios amigos. Barbaridade.

SPEAKER 2: : Eu já não, eu não considero barbaridade. Você veja bem, é uma condição de sobrevivência. () Eu acredito que a experiência que este grupo adquiriu, ê, ê, eles, à torto e à direito, eles estão formando grupos para, para exploração dos polos. Então, esses grupos vão muito bem, muito bem esquematizados já. A coisa vai muito bem arquitetada, né. Eles, eles são visitados... Periodicamente por helicópteros, por aviões. () () Eh. este grupo que caiu, que, que sofreu esse, esse desastre, () anos eles foram colhidos de, de, de, de surpresa. E se eles conseguiram sobreviver, eles são tão heróis quanto outros heróis. Agora, o fato de você usar de uma, de, de, de você usar de um artifício para viver, desde que esse artifício não vá prejudicar a vida do outro, Não tem problema. Eles prejudica, ê, ô, eles foram contra um sentimento. Porque o que, o que que é o corpo humano morto? Isto e nada é a mesma coisa, não é verdade? Então eles foram contra um sentimento de respeito ao cadáver. Mas (pausa) é preferível ter três cadáveres e dez se alimentando de três cadáveres ou treze cadáveres? São dez homens. Eram Desses dez homens tem quantos agrônomos, quantos médicos, quantos Engenheiros, parece que existiam também.

SPEAKER 1: : () Eu não falei a respeito disso, eu Eu não achei barbaridade.

SPEAKER 2: : Foi uma condição de sobrevivência.

SPEAKER 1: : É, mas não (). Eu vou lhe contar uma história.

SPEAKER 2: : Nós temos um pedaço na fazenda que é inexplorado. É, é, é, é É a divisa da esquerda é a É uma mata fechada. Então, desde que nós compramos, nós estávamos formando uma expedição, né? Pensando em, em termos para atravessar, para conhecer aquela divisa. Então, um dia criamos cora, cor, tivemos coragem, e reunimos lá três peões, papai foi, e, e saímos lá completamente, completamente () Levamos um facão, um foice para abrir a picada, uma espingarda e revólver para nos defender. E nós não nos preocupamos em levar água, e levar um bússola e () pensar que nós íamos atravessar cinquenta metros de mata, não. No máximo, em linha reta, dava a quatro quilômetros. Saindo de casa (), onde você conhece, ali da sede da fazenda, às oito horas da manhã, para atravessar aquele mato. E começamos a atravessar. Quando chegou a determinado momento, faça nosso na experiência, nós não sabíamos onde estávamos. E com sede, porque fazia calor. Eu tomei de uma água que jamais teria tomado. E vi meu pai, que é, que é um homem mais higiênico do que eu, por exemplo, que não, não, que tem mais nojo do que eu, tomar da mesma água do córrego que jamais ele teria tomado. Então foi a necessidade que fez com que ele tomasse essa água. Agora se essa água fez bem ou mal, não, mas satisfez a exigência dele momentânea, não é verdade?

SPEAKER 1: : Mas eu acho, eu iniciei uma, iniciei a conversa ressaltando o espírito de conquista que o brasileiro tem. Você vê... Não vai crítica ao problema da assistência que eles mereci am. Eles ficaram sete meses, e nesse jornal em que eu vi, () que eles têm dois aviões para salvamento. Dois aviões em um país. () Destinados a isso. Então não vai crítica, eu não entendo absolutamente nada disso, mas eu só estou ressaltando o espírito brasileiro. Quando isso aconteceu, e já tomou em notícias de, de, de primeiro, no-notícias, eh, que ocupam primeira grandeza nas nossas emissoras de rádio e televisão, o brasileiro aqui já estava se movimentando para ajudar, para enviar, para mexer, não é? e E você pode prestar atenção, qualquer avião nós que caem em qualquer embarcação, que sofrem um problema qualquer, o espírito que o, de, de, de conquista brasileiro, ele vai batendo, mexendo e jamais nós alcançamos um índice de sete meses dessas pessoas dessa forma. Imagina o que eles não devem ter sofrido. A mi, a minha crítica não vai neles terem se alimentado dos próprios amigos, mas é ressaltando a nossa felicidade.

SPEAKER 2: : () Mas aí  (), vai de acordo. O fato de eles terem abandonado as buscas, como os jornais mesmo comentaram, em tempo recorde, mas de acordo com a condição do país. Quanto custa Para o Uruguai, o quanto custa para o Uruguai um avião (pausa) fora de terra, eu tenho a impressão que é muito mais o quanto custa para nós e é muito menos o quanto custa para a Norte América, né. Isso já, aí já se pensa em termos de custo, né, porque o preço, a, a, o pre, a vida não tem preço, mas o custo para salvar esta vida tem preço. Mas é assim que eu digo, brasileiro, ã, com condições, sem condições, com reserva. () Especial de São José do Rio Preto, muitos anos atrás, ele teve que escrever um livro, o Diário da Morte, dos dois rapazes que caíram num avião aqui no Mato Grosso. Ele morreu exatamente em razão da, de ter tomado urina dele () (pausa). É.

SPEAKER 1: : Esse caso de Managua também foi bem forte. Eu tenho acompanhado bem, inclusive li declarações de um médico brasileiro, só com a mulher e o filho. () () barbaridade. Um livro () condições e o ministro da saúde, Machado de Lemos, esteve aqui ontem ou anteontem, em companhia do embaixador da Nicarágua, agradecendo o, a (pausa). A. mulher, a sua excelência governadora, o envio dos medicamentos, (), disse que dois ou três aviões coletados em dez dias, indústrias paulistas, e etece tera. Agora você, escorrendo o, a esse médico o que diz no relatório dele, testemunha presencial em todos os acontecimentos de lá, tentando também se defender com a mulher (), aproveitando para ser espectador de primeira fila,

SPEAKER 0: : O senhor podia contar alguma coisa para a gente como é que, quer dizer o que, como é que ele sentiu? () passei uma lista () no jornal, mas

SPEAKER 1: : Ele quando se encontrava num apartamento, () ele sentiu um, uma espécie de um tremor. E ele pensou que fosse alguma obra, embora não viesse a aluzir que nenhuma obra estaria ali nas proximidades, com bate estacas ou qualquer coisa dessa ordem. () () O, o abalo sísmico foi aumentando a ponto de cair quadro da parede. A primeira providência foi passar a mão na mulher, nos filhos e sair correndo na rua. Mas as fendas, há poucos metros já, ele presenciou e automóveis cair Barbaridade, né? E Ele tinha vontade, a expressão dele, tinha vontade de poder abraçar todo mundo. Mas sequer ele podia abraçar a mulher e o filho, porque ele também chegou a cair () Aquilo é uma, uma corrida. Ah Porque eu jamais teria vontade de ler sequer uma cena desesperadora dessa. () presenciar, não é? (pausa) (pigarro na garganta) ### Absolutamente pobre o lugar, o lugar. Tudo muito precário. Absolutamente precário. Desde a, da medicina à alimentação, no que ele também, eh, dá na, no depoimento dele, e argumenta, eh, que várias pessoas morrem de fome, mas sequer são noticiadas, porque não existe... condições, eh, nas praias, é uma barbaridade. Inclusive reparando, eh, comparando com o Brasil, ele ainda argumenta que por mais grosseira que a mulher brasileira seja, por mais mal-educada, que a mulher brasileira não tem esse rótulo de mal-educada, mas por mais heterogênea que ela seja com a sociedade, qual é a mulher brasileira que não dá um prato de comida para um pobre que toca a campainha ou bate a sua porta? e lá, talvez a mulher de manágua tenha vontade de fazer isso, mas não tem condições, porque ela der alguma coisa da casa dela, está dando o dela ou dos filhos ou do marido. Tudo.

SPEAKER 2: : É um. É, o número de pobres é maior, o, o número de pedintes é maior do que o número de doadores, né? () Muito maior. Eu senti, e eu tenho a impressão que esse médico deve ter sentido a mesma coisa que senti. Eu vinha uma ocasião do Rio de Janeiro quando houve esse deslizamento da Serra do, da Serra da Mantiqueira, foi um negócio bárbaro. Foi exatamente num domingo à noite, chovia bastante e eu saí sozinho do Rio de Janeiro, com destino a São Paulo, pretendendo amanhecer aqui em São Paulo. E no curso do caminho, me deu sono e eu acabei dormindo no clube dos quinhentos Cheguei no dia seguinte em São Paulo, para desespero dos meus familiares. (pausa) e E a, a título de curiosidade, passei dois ou três meses em São Paulo e voltei. Eu não o reconheci de () Você não reconhece. Você, você vai para uma estrada, você está habituado a viajar. Naquela época viajava quase que semanalmente ao Rio. () Você já, você já distingue, inclusive, o que está pintado naquele poste. Ou seja, você já pode dizer, aquele poste não está pintado. Casas pernambucana ### Não é, você vai se habituando. Ah. Então, quando ele () Eu passei, quando eu passei, depois que eles começaram a refazer a estrada, demoraram quinze ou vinte dias para, para abrir outra vez o tráfego, eu passei de volta do Rio de Janeiro e não reconheci. Não, mas aqui existia um morro. Agora não existe mais este morro.

SPEAKER 1: : Um negócio impressionante. Existem problemas que causam para a gente, âh, fotografias, a expressão certa. Inesquecíveis. Inesquecíveis. Eu tinha aqui, eh, em São Paulo uma grande amiga. Além de ser uma profissional como eu sou. Era uma amiga, era... eu podia ter qualificado de (pausa) a caixa de segredos dessa mulher. (som de motocicleta) e Com uma vida, assim, um pouco, âh, incerta, fácil até pedir para os pais (pigarro na garganta), ela era procuradora de uma certa firma, num certo local, no que ela teve (pausa) infelicidade de ser uma das vítimas daquele edifício pirâmide. Eu estava perto no dia em que aconteceu. Eu nunca vi (pausa) tal desespero. Porque, à medida em que as chamas saíram pelas janelas, eu tenho () () Não, não, não tinha ideia de saber o que iria acontecer, se aquilo ia desabar ou ia, imagine um prédio. Imagine Manágua acabando tudo. Não dá para esquecer isso jamais. A pessoa que assiste um problema dessa ordem, como esse médico aí vem depor, imagine que carga que ele vai carregar com ele, né.

SPEAKER 2: : Mas o, como tudo na vida tem o lado positivo, já, já há notícias de que Manágua tinha sido construído mesmo numa região própria para sofrer esses malefícios da natureza. Agora o que mais Mais causa, o que mais causa, partindo do ponto de vista exatamente positivo, o que mais causa A idade, a gente, na condição de ser homem, é a disposição do governo em destruir Manágua e construir uma união inteirinha nova. Então pense assim, eu penso inclusive, pe, pela quantidade populacional de Manágua, então você faz a comparação, que é o método mais fácil. Então, Manágua é uma cidade do tamanho de Jundiaí.

SPEAKER 1: : Agora você veja bem o que vem radicar. A minha precariedade () Por que que não muda isso antes de qualquer problema? Permanecem. Como os jornais noticiam que ela já foi construída. Mas é, mas aí já vem o problema

SPEAKER 2: : De, de, de, de, de, de necessidade humana, não é verdade? Nós tivemos um problema aqui numa cidade,(). Quantas cidadezinhas deverão existir por esses, por essas montanhas, por essas cordilheiras afora, como antes, por exemplo, construídas ali? Eu conheço Santa Cruz de, Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Mas eu Ela é construída a um pé de uma cordilheira. De uma cordilheira que vive eternamente gelada. Ali qualquer coisa, um abalo sísmico dessa natureza, quando eles não estão fora, porque é uma região própria para isso, você acabaria com a cidade. Mas eles não tinham outro local a construir. Você vê onde é que nós  vivemos. Quando a gente tem um plano, constrói no plano. Quando não tem muito plano, constrói a pé de morro. Não tem outra condição, na verda

SPEAKER 1: : Você vê onde é que nós vivemos. Você pega seu automóvel, anda meia hora pela Via Dutra, você chega numa cidade chamada Santa Isabel. Entra em Santa Isabel, você vai encontrar uma cidade Igaratá, absolutamente nova, porque ela era construída num outro local em que existia. (riso)

SPEAKER 2: : Foi inundado, né? Foi inundado. E ela foi. Esse é o valor humano. (riso) O que mais me () O que mais, ah, ah, o brasileiro está criando um grave defeito assim. E está, ele está se envaidecendo muito de ser brasileiro. todos aqueles que são vaidosos, que não levam o tombo, o tombo é grosso. Este Este repórter, Amaral Neto, eu tenho a impressão que ele deveria servir de exemplo para a nossa tevê educativa, tevê Cultura, Canal dois. (pausa) e  monta programas muito bem bolados. De outra feita, ele estava levando ao ar um programa, dando notícias da construção da Transamazôn Então, ele iniciou o programa desta forma, que determina, determinada extensão da Transamazônica, se não me engano, duzentos e poucos quilômetros, serão percorridos sobre o charco, o charco mesmo, não esse charquinho que nós, nós vemos aqui dessa estrada para o Guarujá, é um charco, um charco mesmo. Explicando, vou tentar usar as palavras dele, e que região idêntica a esta nossa existe na América Central, próximo ao Panamá. E que o interesse americano, o interesse americano, por seis vezes já iniciou a construção de uma estrada. Não sei se a senhora viu essa reportagem. Isso faz a gente, pelo menos, se arrepiar daquela vaidade. Que por seis vezes, essas grandes companhias americanas, essas corporations, tentaram construir uma estrada nesse charme. E desistiram, não havia condições. Porque é uma região que chove vinte horas por dia. Então eles desistiram, resolveram contornar o charco, que era o caminho mais, mais cômodo. Nós aqui resolvemos enfrentar o charco. () O que mora de, de, de, o que mora de nordestino e de nortista por dia é um negócio violento, razão da maleita. E eles descobriram uma forma de construir a estrada e da chuva não, não, nã, não causar estragos tais no asfalto. Eles resolveram por simplesmente cobrir o asfalto com plástico. Tantos que eles botam, eles vão fazendo estrada, eh, vinte quilômetros de estrada, né? É a programação. Então hoje vamos asfaltar, vamos colocar a primeira camada asfáltica em mil e duzentos metros. Tantos que eles botam no, no, no, no, no, no extensão Xis, um caboclo em cima do, de um pau alto lá de uma árvore, do lado de cá outro. E eles têm uma máquina, uma máquina que enrola plástico. Então aquele caboclo grita, lá vem ela, este lá vem ela, é a chuva. Então, eh, quando lá vem ela, eles cobrem a estrada de plástico e que venha a chuva. Diz que a chuva cai, cai no plástico e corre para, para os acostamentos, né? Volta para o charco, a água. Passada a chuva, eles recolhem outra vez a (pausa) a Plástico 

SPEAKER 0: : E continuam a estrada. Beleza, né? Eu não sei, eu fico pensando se não seria assim um pouco de improvisação também. O que prova, () afinal de contas, a técnica de fazer isso é, é pitoresca, no caso da (), e às vezes até fascinante como, vamos dizer, âh, (riso) a resolução de um problema imediato. Daqui vinte anos está desabada? () Acha. É isso que eu lhe pergunto porque eu tenho muito medo disso. Eu tenho impressão que

SPEAKER 2: : Se aqueles () vamos pensar () Se aquela estrada resistir um ano, o progresso de um ano de caminhões passando sobre aquela estrada compensará a reconstrução dela de três em três anos. Conhece o termo A gente Precisa viajar um pouco. Meu mano foi, foi, foi fazer um serviço em Rio Branco, território do Acre, você lembra? Nós ficamos preocupados, ele também. É moço novo e saiu aí pa, para se aventurar. E de Rio Branco ele foi a Manaus. E foi num avião. Esse ípslo ele onze da Cruzeiro do Sul, um avião que, pelas próprias condições técnicas, não tinha condições de, de voar alto. Então, parece que voou a dois mil e trez entos, dois mil e quatrocentos metros. Ele falou que foram duas horas e meia de olhar para baixo e não ver nada, a não ser o verde. Então, imagina, duas horas e meia, normalmente, você vai daqui a Goiânia. Quanta extensão de terra! Quanta riqueza! Mais duas horas e meia da qui a Porto Alegre. Quanta  Extensão de ter ra, quanta riqueza, por  Quê? Pela falta de um estrada. Então eu tenho a impressão que compensa. 

SPEAKER 0: : Mas o senhor não acha, o senhor não está vendo toda hora essa advertência, inclusive, de especialistas () do, do, do exterior? Que a abertura assim da transamazônica, com todas as consequências ecológicas

SPEAKER 2: : ()Veja bem, eu () Outro dia eu entendi bem esse problema, diz que o interesse, o interesse ### ### O interesse seria Em conservar a Amazônia, a, conservar aquela região da Amazônia em pulmão do mundo. Não, é? Então, explicou um (pausa) um técnico na matéria de que a floresta amazônica, em razão da idade, jamais seria pulmão do mundo porque ela própria consome muito mais oxigênio do que dá. ### Porque a, as florestas, as florestas que fornecem oxigênio são as florestas novas. As florestas mais idosas, o oxigênio que ela fornece durante o dia, ela consome à noite. ### É aquele velho princípio doméstico que nós temos de não deixar a flor no quarto. ### () Agora você pode deixar no seu quarto um, uma flor viva. Quer dizer, uma ro, uma roseira. Porque ela, então, ela consome pouco oxigênio e produz muito. Mas agora a flor morta, não, con, consome muito oxigênio. () Precisaria, eh, precisaria. Eu, eu tenho a impressão que o brasileiro precisaria, eh, continuar nesta, nesta senha, inclusive com esses aspectos pitorescos que ele constrói, às vezes, dando aquele seu famoso jeitinho, não é. Ele precisaria continuar nessa senha porque esta, eh, esta picada por onde ele atravessa é uma picada, pelo menos se não, se não pitoresca, muito própria dele.

SPEAKER 0: : Sim, mas esse próprio dele estaria de acordo com a nossa época, isso que eu (), eu lhes pergunto. Porque veja bem, âh, esse solo da Amazônia, o que tem, o que se tem provado, é que se derruba a floresta o que que se pode fazer com ele. (pausa) Eu acho que tem muita riqueza a ser explorada

SPEAKER 1: : Ele dá, oferece muita coisa para nós

SPEAKER 2: : Eu acho. Vou contar assim uma ### () Um campo Né. Terras Terras de São Paulo. Considerando a terra de São Paulo, para a senhora conseguir, pensando em termos de roça, ou de, para, para fazer uma pastagem, para a senhora conseguir um bom pasto a quantidade de adubo que se gasta, é um negócio (pausa) desproporcional. Enquanto que em terras de Mato Grosso, o capim nasce ativo, natural. () Solo arenoso, né? () Mas sempre se encontrará um ### ### ### Nós devemos partir daquele princípio, minha senhora. O que é que os nossos amigos israelitas foram fazer naquele deserto? Estou pensando nisso () (riso) O que é que eles (),  era terra de Ninguém queria aquilo. Aquilo era o refugo do mundo, coitado. E o que () que fizeram lá?

SPEAKER 0: : Então por isso que eu penso que talvez não seja só, vamos dizer, o jeitinho ou a habilidade natural do brasileiro, mas um pouquinho mais, não é. () Um pouco mais de tecnologia, um pouco mais, vamos dizer, de especialização. Porque eu fico pensando também nos outros lados. Por que que se desaba, de repente, alguma coisa monstruosa como o Rio de Janeiro, por exemplo, nesses últimos tempos?

SPEAKER 2: : Porque antigamente não se ouvia falar em, em desabamentos dessas pistas aéreas, tipo Minhocão, porque elas não existiam, não é verdade? Sim, mas () Hoje elas existem, então tem que desabar. Não se falava antigamente em, em queda de. (pausa) Nunca se falou em queda de (), desses aviões tipo (). Caiu o primeiro agora porque ele passou a existir.

SPEAKER 0: : Ê, ê, esses, âh, e isso já existe em todo o mercado (), nenhuma notícia de que houvesse um desabamento. A defesa da firma construtora do elevado ()

SPEAKER 2: : Essa que, por exemplo em Tóquio os desaba mentos não são, esses desabamentos não são frequentes, existem. Chicago já existiu o desabamento dessa natureza. Já. É. Tóquio também existiu. Tó quio existiu. É uma das defesas, né? É, é, é É um ponto básico da defesa da construtora, não é verdade? Que esses desabamentos são, são normais. Em Tóquio, a, a, pró, além da terra se movimentar, a construção se movimenta. Também. Então, diz que esses desabamentos são normais. Agora o que eles Precisariam fazer, o que eles precisariam fazer, é evidente, é, é cuidar para que existisse menos desabamento. Porque o negócio sempre move a opinião pública, né? É () Mas existe o lado positivo da coisa. Quantos não morreram ali, quantos não. Usufruirão daquilo para trazer um benefício primeiro para si próprio, depois para sua família e depois para sua própria parte, né. () É que é triste, é

SPEAKER 1: : É que é triste pensar que algumas vidas teve, tiveram que... ali ficarem para dar lugar a nossa civilização.

SPEAKER 2: : Mas se a () pensar em termos de, de, de, de conservar só as vidas, né, primeiro ele não partiria para esquemas de guerras e revoluções. Segundo tudo que você constrói, hoje se você vai construir um sobrado, você corre o risco de perder um, um irmão do norte caindo do andaime. Você corre o risco. É que a, a. Nós estávamos construindo, nós estávamos construindo agora, há meses passados, um silo de trincheira lá na fazenda. O silo de trincheira, não sei se vocês sabem, cava um buraco no morro e vai em frente. () Então é, é um negócio mais, eh, chama-se silo de trincheira é o silo mais barato que existe. Então é um negócio rudimentar, é um túnel. Você vai abrindo e vai calçando. Mas não vai pensar que é em termos de túnel de minas. Não, é um túnel de três metros. quatro metros, que é a quantidade de, a quantidade de, de alimentação que você guarda ali no em, em, em, em uma área cúbica de três metros, é grande. Então se pensando em termos disso, eu nunca pensei que fosse um empregado meu que fosse fi, fosse perder um braço num túnel desse. Agora, ele perdeu o braço em razão de uma, de uma falta de atenção dele. Agora, o benefício. Houve um prejuízo, evidentemente, um prejuízo irreparador. Mas e o benefício que esse silo trará à comunidade? Não pensando em termos próprios de nós, né? Pensando em, em termos de comunidade, quer dizer, é muito mais amplo do que nós. Então, se o homem for pensar assim, não sai de casa. Não é verdade? Ele sai de casa. Bom, eu vou trabalhar, vou produzir, mas eu posso correr o risco de, na esquina, ser atropelado. Certo, eles vão construir a Amazônia. Porque existem aqueles homens que se propõem a construir a Amazônia. Transamazônia. Bom, os que morrerão lá, é o saldo negativo de tudo na vida. Agora, benefício sempre traz, estrada é Estrada, não só estrada, to, todos os meios de comunicação, né. Algum benefício sempre traz. Existem aqueles que trazem maiores. E é sempre uma conquista, né? E eu tenho a impressão, é como eu estava dizendo a senhora, em termos de vaidade, a Transamazônica representa para este governo revolucionário o último ponto nesse concluir dos dez anos dele. Eles tinham que construir uma obra grandiosa, talvez a oitava maravilha do mundo, né? Porque o homem é vaido so. Então eles iam entregar ao país, se é que entrega nesses dez anos prometidos, sem uma grande, sem uma grande, grande obra. E a Transamazônica está sendo () e a vida como a oitava maravilha do

SPEAKER 1: : Mas eu faço tanta fé no brasileiro que daqui a dez anos eu vou ter que conseguir passar o New Weekend em Manaus. (riso) Mas de carro.

SPEAKER 0: : (risos) () de carro, é?

SPEAKER 2: : De carro, claro. Eu conheci Belém () Ah, conhecia, é? Conheci antes, em mil nove centos e cinquenta e, e nove, quando o então Juscelino Kubitscheck, estava nos últimos, nos () dos preparativos para inaugurar a Brasília, nós fizemos uma viagem de  Belém ao  Belém, não conhece Belém?

SPEAKER 0: : Não.

SPEAKER 2: : Olha, Belém, que, que nos res peitem 

SPEAKER 0: : Os, os habitantes de Belém. Ah, (). Não, mas eu digo assim, a estrada em si, quer dizer, como paisagem, aquilo

SPEAKER 2: : Valeu a pena. Belém era uma porcaria. Sim. Ho je o desenvolvimento que tem em Belém é em razão da estrada.

SPEAKER 0: : Ah, é?

SPEAKER 2: : Nós temos comerciantes aqui, por exemplo, Belém, com muita coisa que nós temos aqui, eles não tinham lá. Hoje eles fazem compras aqui em São Paulo, e () vai tranquilamen te () ###

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 2: : Muito boa as condições. Ah, sim. Ela muda, é evidente que, que com o correr do, com o correr do () (pausa). Mas em termos de paisagem, a estrada oferece alguma 

SPEAKER 0: : Coisa assim de que chame a atenção, que vale a pena fazer uma, () percurso turístico por ela? A não ser a curiosidade 

SPEAKER 2: : Há variações de região, não precisa se fazer Belém-Brasil. A senhora sai de automóvel de São Paulo com destino a, com destino ao Triângulo Mineiro, por exemplo, lá em Uberaba Então, tem que seguir dentre os vários caminhos, pode optar por Ribeirão Preto () A senhora vai vendo, sai de São Paulo, daqui a Campinas, vai vendo Pequenas Chácaras, e muda-se lá também assim, né, da mesma forma. Pequenas Chácaras, () uma outra granja de leite. e Chegamos em Campinas, () um lado é indústria, o outro é indústria, está mudando lá. Âh, está mudando já o panorama. Já en, já entramos para aquela região de Leme, é só canaviais. Aquela beleza de terra vermelha e só canaviais. Um pouquinho antes de Santa Rita de Passa Quatro, a pessoa não vê nada, senão (), uma terra maldita, horrível. Vai chegando perto de Ribeirão Preto, aquela beleza, aqueles cafezais () E adiante, e vai em, a em frente a Ribeirão Preto, são cafezais, cafezais. () Vai chegar na barranca do rio, parece que Deus ali chegou e tropeçou. Porque entrou em Minas, é () de um lado, é () do outro, é barba de bode, é cupim, e não sai daquilo. Quando vai chegando perto, então, de, de Uberaba, já começam as pequenas culturas. E na região, a mesma coisa. Mesma coisa, nesta, nesta, nesta viagem que, que se fez de, de, de Brasília a Belém. Vai encontrando, a, a, a, a natureza parece que estabelece () Quando a senhora viaja duas horas, a senhora vai vendo determinado tipo de árvores. Dali a duas horas existe um marco Esta é a última árvore, vamos admitir. Desta qualidade passarão a existir outras. São faixas de terra. E o Caipira explica muito bem isso. Nós temos um vizinho que (pausa) ele tem uma fazenda que fica num vale. Por incrível que pareça, quando chove, quando não chove na região, no vale dele chove Então ele brinca conosco, ele diz que nós não damos. É, vocês não dão os óvulos para a Santa Casa. Eu, toda a minha colheita, eu reservo dez por cento para a Santa Casa. É por isso que chove no meu bairro e no de vocês não chove.

SPEAKER 1: : Mas a o grande problema é nós sermos brasileiros paulistas. Aham. Porque eu, há muito pouco tempo, fui até uma cidade. Minas Gerais para resolver um problema. Até Passos? Hein? Foi até Passos? ###

SPEAKER 0: : (riso) Eu avi, eu quero avisar, assim, assim, por precaução, que eu também sou mineira. (risos)

SPEAKER 1: : ### Passos tem (). Não vou, não vou rebuscar () Mas tudo é tão precário. Mas é precário. Perto de nós, paulistas. Impressionante. Tudo é muito difícil, né? ### Tem muito boa ()

SPEAKER 2: : () Atravessa. Vai se. É vai se sentindo (). Alívio, quando você  chega (). O mais interessante é quando a gente sai do Brasil por via rodoviária. Então, você vai indo dentro do Brasil, você vai se sentindo o seu da terra, você vai identificando as coisas, tal. Quando você atravessa uma fronteira, você pensa que vai encontrar tudo diferente. Não é? Porque as árvores ao invés de crescer para cima crescem para o lado. (risos) É, e, e É. () Tudo diferente. Nós fizemos uma viagem agora ao Paraguai. Eu me envaideci bastante, porque fui três vezes ao Paraguai e a última agora em maio ou junho. Me envaideceu bastante, foi o valor do brasileiro. Sendo que essa estrada que liga Foz do Iguaçu a Assunção, está sendo reconstruída inteirinho pela Camargo Corrêa. Está sendo reconstruída inteirinha pela Camargo Côrrea Então, o que mais me impressiona é o seguinte, há uns cinco ou seis anos atrás, nós estivemos lá e trocávamos o dinheiro aquém da fronteira, né. E seguindo esta bela orientação, também trocamos o dinheiro aquém da fronteira, embora todo mundo dissesse, não há necessidade. Então a senhora tomou aquela estrada e existem os pedágios. O que a senhora fez nessa viagem? É, existe um pedágio. Nós pensamos em termos de pedágio, Berenice, assim o pedágio da Anchieta, aquela beleza, mil luzinhas, guardas fardados, aqueles carros limpinhos, negócio bonito. É uma casinha de tábua, né, de dois por dois. Então você vem e você não tira o carro da pista porque não tem acostamento. Então você não tem que encostar no acostamento. Você para na pista, o carro, né? Você para no carro e, o brasileiro é muito () Você fica esperando o guarda vir receber o valor do pedágio. E ele fica olhando para tua cara como se nada tivesse acontecido, né? Sabia que você é obrigado a descer do carro. Desce, pergunta quanto que é. Ele pede para receber em cruzeiro. Então você tira uma prata, uma moeda de prata, a gente fala prata porque nossos pais nos ensinaram. Você toma uma moeda de alumínio dessas que nós temos? (risos) Entrega-se a ele, () vinte centavos, duzentos cruzeiros, seja lá o que for e vai. Então isso te impressiona, porque está certo que um engraxate em assunção, que uma boate, ou um restaurante, ou uma casa de comércio aceite o cruzeiro e vai lá. Sempre pensa-se em termos de comércio. Ele sai dali, vai numa, numa casa de câmbio e reverte, faz a reversão. Mas um, um, um guarda, no interior, você para chegar a Assunção, você atravessa o Paraguai de ponta a ponta. De ponta a ponta. Porque Assunção fica no extremo do rio. () Nós estamos aqui na Cabeceira. De ponta a ponta. Então, um guardinha interiorano, né, aceitar, aceitar você pagar o pedágio com uma, com uma moeda brasileira. Por isso () bastante. () não é manifesta em relação a (). Não, porque eu tenho a impressão que o, o, o, o, tudo no mundo existe uma compensação. Tudo no mundo existe uma compensação. Há cinco anos atrás, nessa mesma estrada, eu quis pagar uma Coca-Cola tomada com uma nota de cruzeiro e eles não aceitaram. Quiseram que eu trocasse no dólar. (pausa) Uhum Não aceitaram. Existe. É a mesma coisa na Argentina atualmente, né? Não existe a compensa () Eles estão sabendo que hoje estamos por baixo. Né. Hoje o que está valendo é imperialismo brasileiro. Não é gostoso a gente falar em imperialismo brasileiro (risos) Nós só vivíamos falando em colonialismo, o colonialismo. Hoje nós somos imperialismo brasileiro. Eu quando pego jornal e leio, eu fico envaidecido. É isso mesmo. Porque todo mundo gosta de ter o gosto. Todo mundo Tem, tem por prazer o  Gosto () () Do poder, não é verdade? 

SPEAKER 1: : Montanha para, para ficar. Eu tenho uma que gosto e quando posso vou sempre, certo? () Sim. Adoro a () ### ### Ah, eu tive inclusive há pouco tempo. Aquilo, o que me deixa tranquilo Para passar um fim de semana, um fim de ###

SPEAKER 0: : (riso) É espetacular! Eu não conheço, como é que é assim em relação (), o que que oferece em matéria assim de paisagem a quem nunca viu? Bom. A princípio as Serras Negras. Princípio é as Serras Negras. () né, na verdade, quer dizer ###

SPEAKER 2: : Vegetação, né. () Serra e É a vegetação que cobre () ###

SPEAKER 1: : Ah, a, a Serra Negra sai de São Paulo, pega () cidade de Campinas, entra assim e () por Jundiaí, inclusive. E (pausa) a chegada à Serra Ne, eh, tem uma serra, não a Serra Negra, que antecede a cidade, e (pausa) é uma cidade absolutamente tranquila, procurada por pessoas que gostam das instâncias minerais, e Nesse hotel em que eu fico, fica, eh, num morro, eh, em que dá para se (pausa) ver a cidade inteira.

SPEAKER 2: : Ela. Tem uma beleza. É E ela. O Amparo é pertinho de Serra Negra. É. Deve ser vinte quilômetros de Serra Negra. É As Serras de Amparo. Ah. () Não tem a beleza. Ah não, é? Que tem as Serras de Serra Negra. () Mas isso é muito fácil a gente explicar, eh. Vale do Paraí A esquerda, né, em. () Vira a esquerda, ah, a Serra da Mantiqueira. É. A A direita é a Serra do Mar. Bate os olhos na Serra do Mar é a Menina Pobre do Vale do Paraíba. Bates Olho na Serra da Mantiqueira é aquela exuberância, ela é bonita. Eu não sei se porque a Serra da Mantiqueira é o local onde (pausa) cai o sol. Então fica romântico, fica bonito. e E a Serra do Mar a gente não dá para olhar porque é a Nascente. Então bate o sol né

SPEAKER 1: : A Serra Negra ela oferece para uma pessoa que nunca teve condições de, de, de ir a um, a um lugar como esse, condições excepcionais. E aqui bem perto de São Paulo.

SPEAKER 0: : Mas em que sentido, assim? Eh, a condições de conforto, o senhor diz, ou de, âh, realmente assim de experiência com a natureza? A

SPEAKER 1: : Além da experiência com a natureza, o problema do conforto não é assim excepcional, porém condizente com uma, uma pessoa de classe média não é assim nada de alto luxo porém que a pessoa não se sinta mal, existem hotéis muito bons com piscina e etecetera, mas que oferece a pessoa uma experiência bem do que seja a nossa natureza. (pausa) Uma experiência rica de natureza, rica mesmo, espetacular, mas existem outros lugares também que, que o paulistano tem condições de ir no fim de semana bem perto daqui E que oferece também. () Aqui, pela Via Dutra, chega-se à esquerda, como o Antônio Carlos falou, eh, defrontando-se com a Serra (), entra-se por Queluz Em problemas de uma hora e pouco está em São Lourenço, cidade de Minas Gerais, são excepcionais. E a viagem ela é agradabilíssima de Queluz para adiante. Serras magníficas, estradas maravilhosas. Todas asfaltadas. Magnífico. Campos de Jordão aqui, para nós. Existe coisa melhor do que aquilo?

SPEAKER 0: : Genial. O senhor já Teve assim uma experiência, assim de revelação em Campos do Jordão, em relação à natureza, por exemplo, no, no chamado Inverno? Ah, tem. Tem? Não, no inverno

SPEAKER 1: : ### Na florada da () A florada é espetacular. Fantástico. () Eu tive condições de ficar em casa de um amigo (pausa) em que a casa dele é, absolutamente faz parte de Campos de Jordão, eu digo como ponto turístico. E eu nunca vi. O tempo da florada, eh (pausa), não conheço a Europa. Deve ter lugares excepcionais. Mas faço questão absoluta, e sem ressaltar a minha ignorância nos conhecimentos da Europa, que correm no mesmo quadro, não tem. É É magnífico. É digno de se parar e ficar duas, três horas olhando aquilo. Natureza. Impressionan

SPEAKER 2: : Nós que temos alguma ligação com o campo, nós prestamos muita atenção nesse problema de natureza. É interessante. a Assim como o urso hiberna, a natureza também hiberna naquele período de seca. Como fica horrível o mato. Como ficam horríveis os campos. Como aquelas culturas permanentes sofrem. E quando chega nesta época, que maravilha. Ah Parece que tem vida. É verdade. A gente bate os olhos numa mata, naquele período de seca, ela é () Ela está semi-morta. Se não semi-morta, ela está repousando para quando vier a primavera. Quando chega nessa época, a primavera já foi, então nós temos um, num bom período de verão, com muita chuva, muita água. Como é bonita! Ela é verde, ela é exuberante, ela é dadivosa. E ela parece que agradece à água. (pigarro na garganta) O agradecimento dela está no, no, no cheiro, no perfume que ela devolve. ()

SPEAKER 1: : Em Campos do Jordão, Nessa época da florada, nesse ponto onde fica a casa do meu amigo, ou então em um dos morros, a gente subir para ter a oportunidade de ser espectador (), não sei, parece que ela traduz uma música calmante Mas é demais. A natureza é. 

SPEAKER 2: : Eu acredito que sim, porque o inverno só oferece um inverno e é aquela vida movimentadíssima. Enquanto que a florada, é início da primavera, oferece um pouco de inverno. É É. E o, e aquele contato com a natureza que o homem precisa ter. Na natureza ele vê construção, não é? Muito gostoso. Construção própria daquele ser que, que deve tomar conta disso daqui Porque nós, eh,  em qualquer região onde nós vemos a construção dessas florestas, desses reflorestamentos. O trabalho do homem é um trabalho edificante, é um trabalho digno, mas é um trabalho horrível porque ele usa da simetria e da razão. Quando se, quando se viaja aqui para Itararé ou Itapeva, duas Hora, hora e meia, aquelas fazendas () de reflorestamento, só. Então, cansa-se de ver o Pinus Elliottii, Eucaliptus. E naquela simetria, tenho essa impressão que se entrar por um, um, com o carro numa daquelas avenidas de Eucalipto, se chega no fim do mundo. Enquanto que logo depois você chega naquela mata bonita e, do Paraná e aquela coisa, Deus, Deus Pôs (pausa). Falando em Deus em termos, né? Pôs aquele a quela, aquele pinheiro ali.  Porque ele tinha que ficar ali porque era o melhor  Lugar para pôr ali. Se puser um outro do lado dele, perde a beleza dele.

SPEAKER 0: : () e dar uma resposta, né. ()

SPEAKER 2: : A gente sente muito isso quando é em geada. É, é interessante a geada. O, o, o O, o caipira sabe quando vai gear. Ah, sim Sabe e não precisa ser caipira, não é sexto sentido. É muito lógico. A geada é muito lógico.

SPEAKER 0: : Então se pode prever a geada. ()

SPEAKER 2: : É lógico porque O, o céu precisa estar claro. pode haver nuvem. Geralmente quando, eh, quando ocorre a geada são noites de lua cheia e tem que ter chovido uns dois ou três dias antes porque a terra está úmida. Então é aquele vapor que sobra da própria terra que vai lhe causar o malifí cio. Então a senhora acorda num dia de geada, acorda um dia após a geada, quando abre a janela a senhora vê todas aquelas árvores orvalhadas, bonitas, bonitas, bonitas, todas com gotículas, Quando chega três horas da tarde, está tudo cinza. Cinza porque aquelas gotas, vem o sol, o sol faz queimar, queima a seiva da planta () De fronte à nossa casa, na fazenda, tem um bananal. E a bananeira é uma planta que, que sofre, né, é uma planta muito sensível. Eu não sei porque a banana é tão barata, porque é difícil. (riso) Mesmo porque deve ser barato, porque bananeira é, na maioria das vezes, são nativas. Então as folhas da bananeira, São as que mais sofrem na geada, como as folhas do café. Tudo aquilo que é mais verde, contém mais clorofila, sofre muito mais do que aquilo que não é tão verde. A senhora batia os olhos, via escorrer as folhas da bananeira, a água, aquelas gotículas. () Quando era três horas da tarde, aquele sol forte, elas já estavam cinzas, marrom e acabava. Tinha que cortar. Corta, se chega nesse período de primavera, ela vem verde. E vem muito mais bonita. ### É o ventinho que está te levando ao resfriado?

SPEAKER 0: : Não, eu já estava Agora um, tiveram, algum dos dois, tiveram alguma experiência, assim, pessoal, com um tempo anormal, assim? () Falou aí de um De um deslizamento na serra, etecetera. Mas tiveram participação assim em uma dessas suas () De alguma, vamos dizer, intempérie, alguma coisa, assim, que tenha âh, provocado um certo impacto, uma experiência, assim? (pausa) Eu tinha

SPEAKER 2: : O, o, o, o homem de São Paulo tem muito, () de São Paulo é () () São Paulo tem muito pouca coisa para falar  Natureza, É, ah. Né? () Ele sai, ele encontra na Natureza.

SPEAKER 0: : Foi parada. Mas geralmente, eh. Agora o homem que mexe. Os dois são sensíveis, pelo que eu á vi, a ela, mas isso é muito raro. Quem é ela?

SPEAKER 1: : ###

SPEAKER 2: : () Que. Mas o, o, o advogado em si, ele, ele é bastante sensível à natureza. (pausa) é diferen Não será, não será difícil explicar, não sei se nós vamos fugir a nossa. Não, não (). Eh, ele é bastante sensível à natureza porque a natureza é justa. Assim. Hum. A natureza, você pode perceber, ela não dá sem tirar. E há um equilíbrio na natureza. Há um equilíbrio. A senhora não vê desequilíbrio na natureza. Há um equilíbrio na natureza que é um equilí brio divino.  É um equilíbrio jus

SPEAKER 0: : tiçoso. Eu não sei se eu pensaria assim, não. Pensando assim nas grandes injustiças de, de secas e tudo mais, âh. Não sei se essa justiça podia se confirmar em termos. A senhora pode ver

SPEAKER 2: : Regiões, regiões próprias para a seca São regiões que têm um determinado tipo de cultivo que só devem nascer ali naquela seca. Então é o homem que se arroja em plantar um, uma, uma, uma planta que depende de água numa região própria para seca Há muito equilíbrio na nature

SPEAKER 0: : za, além. Por exemplo, () atravessando um problema: está chovendo demais. Mas é própria

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : Mas e

SPEAKER 2: : O que não é próprio, eles vão te colocar aquela quantidade de gado que tem lá, que morre mesmo. Então existe, existe o charco e existem as elevações, né. Dez cabeça de gado cabe aqui, dez aqui, eles botam cem porque o pasto aguenta. Então, dez aqui, dez aqui, oitenta morre.

SPEAKER 0: : (som de catraca) Dizem que o desequilíbrio é do homem,  ###

SPEAKER 2: : ### ### ###

SPEAKER 0: : É? Não, porque eu fico imaginando às vezes assim, eu, eu fiz uma tese de douramento com (), então (). Beleza () ### ### Esperando que a natureza compreenda esse seu trabalho. () Vou lhe dar, eh, a natureza é harmônica, a senhora dá

SPEAKER 2: : Duas tare faz de terra. Para um caipira dos nossos () Que fica adivinhando, chove, não chove, vou esperar a geada. E dá duas alque, dois, duas tarefas de terra para um brasileiro, para um japonês. E veja o equilíbrio que ele traça com a natureza. Ele não vai confiante na chuva, ele faz irrigação. Se chove, ele desliga o motor de irrigação e agradece a natureza ###

SPEAKER 0: : Poupou o trabalho. Veja o equilíbrio. Mas aí o que eu penso não foi a natureza, foi a técnica que o ajudou. Não

SPEAKER 2: : Não, ele colocou a técnica como prevenção. Com prevenção. Isso foi a natureza. Ele colocou a técnica como prevenção.

SPEAKER 0: : Âh, o que me causou realmente impressão foi, eh a sua expressão da justiça. Ela é. Natural, por exemplo, a justiça natural (). A, a natureza, nós () o seguinte

SPEAKER 2: : ### Havendo na natureza um equilíbrio harmônico (pausa), um equilíbrio harmô E a, e a, e a, função, e a função do, e  a justiça também, sendo um equilíbrio harmônico, havendo equilíbrio é a justiça. Uhum. (som de catraca) () visualizar Vamos, vamos visualizar a (pausa), a imagem da justiça na balança. O advogado, ele tem, ele tem contato com a natureza. Ou melhor dizendo, ele se identifica com a natu

SPEAKER 0: : reza, né. (pausa) (tosse) Mas aí no caso () Agora, esse sujeito que está trabalhando no Mato Grosso, está certo que o patrão pode ter provocado um, um desequilíbrio, no caso, () de cabeça de gado. Como se eu como de gado, como o senhor explicou, eu não sabia disso, que o homem é que atrapalhava o plano. Mas se continua a chover, por exemplo, o pequeno proprietário, aquele que investiu ali, ele não vai ser prejudicado justamente pela própria natureza?

SPEAKER 2: : Absolutamente, porque se chove muito este ano, o ano que vem choverá pouco. e graças a chuva desse ano o pasto dele se conserva. É este equilíbrio. Se um ano nós temos muita chuva, o outro ano muita seca. É evidente porque a chuva vem da onde?

SPEAKER 1: : Eu sempre espero justiça da

SPEAKER 0: : É. (pausa) Engraçado sentir esse sentimento, âh, âh, assim, perceber esse sentimento nos dois, assim, e, e pensar que isso. Mas os amigos são almas irmãs? Não, não, mas assim, profissionalmente, entende () o que me impressiona é justamente assim, como dois profissionais que estão assim realmente à procura do, de um equilíbrio, âh, nas leis, etecetera, etecetera, na aplicação das leis e tudo, sentirem que há uma correspondência na natureza desse equilíbrio e () Isso eu acho, até certo ponto, assim, maravilhoso, entende? Porque

SPEAKER 2: : Isso é alta filosofia.

SPEAKER 0: : Pode ser o nome que for, mas eu acho que impressiona, entende? Porque eu acho que o homem, assim, na cidade grande, seja a profissão que for, ele está sendo massacrado pela própria cidade grande e não tem tempo de ficar. Porque (pausa) Tem tempo, a senhora

SPEAKER 2: : ### A senhora já, já atravessou, por exemplo, eu vi meu caminho para a cidade, avenida  nove de Julho. Então a senhora distingue o homem que gosta da flor do homem que não gosta da flor. A senhora vê aqueles apartamentos tipo Jota cá, quarto e cozinha, na sacadinha, alguns tem um vasinho de flor, tem uma trepadeira, tem um vaso de Samambaia. No ou tros é calça, é varal, são bandeiras, né?

SPEAKER 0: : Existem aqueles que gostam. Mas isso é que eu pergunto, quer dizer, quem, além do senhor, já observou isso no Nove de Julho Isso é que eu acho raro, entende? A pessoa levantar os olhos do  Existe um jarro de flor numa sacada, num apartamento assim. Ah, existem () existe passarinho (riso)

SPEAKER 2: : Gostosa () da gente ver. Tem algum Porque vê naquela massa de (), naquela massa cinzenta, naquela massa disforme, porque esses prédios todinhos são disformes, eles não têm forma. São horríveis. Aquilo que é horrível não tem forma, não é verdade? A senhora vê o amarelo de um canário, () ou verde numa samambaia. Tem que notar. Todo homem nota.

SPEAKER 0: : ### () Tudo não (). Ah

SPEAKER 2: : ### Existem aqueles que não têm condições de exteriorizar porque acham que é uma bobagem, mas ### O que que o fulano está pretendendo com essa samambaia aqui na nove de julho? Vai ficar poluída e. Então é melhor não pôr.

SPEAKER 1: : Ela fica um pouco mais cinza, mas está lá, ó. Aham. Eu sou um que minha mãe gosta muito de flores. Eu também () Ontem, inclusive, fui fazer uma visita de Natal um pouco atrasa para a mãe de uma amiga minha, fui comprar flores. Eu entrei numa floricultura, com rosas maravilhosas e tal, eu olhei, e me arranja aí umas duas dúzias de rosas, de repente eu olhei e tinha um vaso com flores do campo. Suspende as rodas que eu levo o vaso ### Bárbaro ()

SPEAKER 0: : Aham, mas não, eu acho isso notável, porque no final de contas, o que a gente espera, assim, é uma expectativa talvez negativa, mas é que o, o profissional, e solicitado como os dois devem ser e sejam absorvidos de tal maneira pelo dia a dia, que deixam escapar essas coisas do dia a dia também, que são preciosíssimas, na verdade, e afinal de contas. Vale dizer, os amigos são almas irmãs.

SPEAKER 2: : Evidentemente, do que ele gosta, eu tenho, não que eu tenha gostado, eu devo gostar também.

SPEAKER 0: : Mas me diga uma coisa, assim, no grau de sensibilidade dos dois, o clima, a mudança de clima os afeta? Do ponto de vista inclusive de rendimento do trabalho. Ah, sim. () Afeta, psíquico não

SPEAKER 2: : De rendimento, de rendimento de trabalho sim, porque o calor é() () Nós temos que trabalhar entre quatro paredes. Essas máquinas de fazer ventinho que eles inventaram, são máquinas  Que nunca resolvem. Ou faz muito frio, ou faz vento, como esta aqui,  ### daqui a pouco nós estamos também tomando pastilha valda e com coriza, né? Não, isso é para não possível, a gente  Então, o calor prejudica muito o trabalho do profissional, enquanto no frio é gostoso se trabalhar. Ah, e rende muito mais. É, inclusive, muito mais elegante. ### ###

SPEAKER 0: : () Sim, claro. Mas aí eu fico perguntando assim, por exemplo, um dia escuro, um dia cinzento, isso os afeta do ponto de vista, assim, psíquico, ou não?

SPEAKER 2: : Para mim, afeta tremendamente. É gostoso acordar às seis horas da manhã, abrir a janela e dar com o sol, () E é horrível acordar às seis horas da manhã, olhar pela veneziana e ver que está chovendo.

SPEAKER 1: : E no meu escritório, meu escritório tem janelas para a rua. E um dia, já sabe que um dia feio, me entristece. Pois é

SPEAKER 2: : Mas isso inclusive afeta o movimento do escritório. Do escritório. Ah Dia azul, vem cliente. Choveu, não vem um. Dia cinza, não vem um.

SPEAKER 1: : Dia cinza e tal. Eu olho, aquele negócio de quatro, quatro e meia. Falei, olha, até amanhã eu ligo para cá, seis horas, vou embora. ### feio me deixa triste. Aham

SPEAKER 0: : Psicologicamente falando, eu fico um lixo, sei lá, não consigo fazer nada, pego um processo, fazer uma alegação, (pausa) não dá certo, eu já fico. Não, porque eu me afeto muito por isso e há pessoas que me dizem que isso é um problema, assim, até de fraqueza pessoal, porque eu me deixo, assim, como dizer, âh, sobrecarregar pelas injunções ex ternas, e eu fico muito contente que há outras pessoas que também se abatem quando o cli, o dia está cinzento, por exemplo. ()

SPEAKER 2: : É muito mais gostoso a gente receber uma moça bonita no escritório e uma moça simpática, do que receber um não (pausa). Sim, bom, isso é claro, mas. Mesma coisa, é muito mais bonito enfrentar o dia porque o dia é um desconhecido. Enquanto que a noite é mais ou menos conhecida. Um dia, um desconhecido enfrentar o dia com aquele vestir azul, minha vida então  assim ficou.(riso)  ###

SPEAKER 0: : Não tem inventar de enfrentar um dia cinzento. Ah. Não, eu () eu, eu, justamente, as vezes eu passei agora dois meses em Portugal para terminar a tese, então no dia que chovia  ### () Vai chover todo dia () né Então as pessoas diziam, mas você não pode ser afetada pelo tempo, porque é impossível. A pessoa tem que se fazer, afinal de contas, se estudar. Para mim também, para mim também. Eu a, há pessoas por exemplo que vibram quando chove, eu acho que isso é masoquismo (). Olha, minha se

SPEAKER 2: : nhora vou lhe con tar. A identificação do, a identificação do  Homem com o campo  Traz experiências fantásticas, fantásticas. Dia claro do sol, a vaca dá muito mais leite do que dia de chuva. Não diga. É É gozado, mas é () ### ### A senhora pergunta para o () É impressionante, Berenice. Impressionante. Dia que não venta. Eu não estou dizendo bobagem. Você conversa com os pecuaristas e eles vão, eles vão lhe contar. Dia que a noite não venta, a vaca dá muito mais leite do que dia que venta. () Dia de chuva. Eu não sei se porque o retireiro é aquele que vai tirar o leite, o o curral é de barro, ele já está nervoso. Porque é o único que trabalha quando chove no campo é o homem que lida com o gado. E os outros não tem condições de pegar na enxada, mas ele tem que tirar o leite da vaca, senão a vaca vai sofrer. Então ele é o único que trabalha. Então ele já trabalha revoltado porque se acha injustiçado. () Então ele já vai amassando barro, amassando barro, já chega no curral, já senta um pontapé no traseiro de uma vaca, porque essa está fora do lugar, e a hora que ele bota a mão no () para começar a tirar o leite, ele já está tão nervoso que talvez ele não tire todo o leite da vaca. Mas essa é uma verdade. A senhora sai por essa (), por essas instâncias que se dedicam à pecuária, pecuária do leite, âh, verá que o dia que chover, cai a produção de leite das vacas. Agora, o vento é impressionante.

SPEAKER 1: : É, esse eu sabia, do vento eu sabia. O vento é impressionante. E o ()

SPEAKER 2: : O vento tira calma. Então é pior.

SPEAKER 0: : Porque a vaca. () Afeta do ponto de vista assim emocional. Nós ou as vacas? Primeiro aos senhores, para depois a gente confirmar a experiência com o animal. Com o animal. A mim afeta. Afeta? O senhor sente, por exemplo, mais irritado, mais

SPEAKER 1: : Muito âh, muito irri tado. Irritadíssimo. Não diga. A mim isso Um dia de muita chuva.

SPEAKER 2: : () aquelas manifestações. Nós temos que considerar o dia de muita chuva dependendo da de  onde se está.  Ainda nessa dependência? () Atividade anormal, eu estou. () Dependendo. Existe um anúncio na televisão tão gostoso do Tapete Tabacô, vocês já ouviram? Ele está deitado no chão, né? () Dé, deve ser, eles pelo menos insinuam que seja um, um homem cul to. Ouvindo bar o Beethoven, de óculos e barba, um gostoso suéter, tocando aquela música, ele deitado no tapete com (pausa), deitado não, estava com o pé no chão, uma almofada, lendo, né, fumando cachimbo, quer dizer, está completo, tiraram até o elemento feminino. Aham. Né, e E a televi, e então a câmera vai saindo, saindo, mostra aquela chuva caindo no, na janela, batendo na janela, e toca o telefone. Deve ter visto isso. Eu não sou de ver televisão, mas eu presto muita atenção nesses reclames inteligentes. Ele pega, vai atender o telefone, mas o telefone representa sempre um problema. Ele desliga e diz assim, que nada deixe perturbar a paz que tabacou lhe traz. Assim mesmo, e é a verdade. Quer dizer, a chuva, nessas condições, nós conversando aqui, uma conversa agradável, um, um, um bom uísque, um bom cigarro, uma boa ilusão, e a chuva caindo lá fora, é uma delícia que está quentinho, gostoso. Agora, nós, lá fora, um guarda-chuva, () o pé molhado, e uma audiência no fórum às três horas, e esses benditos juízes não aprendem a nos esperar nunca, e nós estamos sempre atrasados, Não é? ### ### () Chega tem vontade Primeiro é de bater no juiz, porque ele re

SPEAKER 0: : presenta tudo aquilo que nós queremos e (risos). Não, é porque. () Gravação na sua casa. Na sua casa não pode gravar. Não, é engraçado isso, porque âh, é difícil a gente conversar Seja levado tanto, assim, do clima para o lado humano do clima, sabe, é difícil a pessoa, inclusive mu lheres, aceitarem que o clima possa oferecer uma alteração na sua maneira de ser. Eu fico muito deprimida quando eu ouço uma pessoa que se nega a A admitir isso, porque para mim isso é tão, eh, eh de, faz parte da minha personalidade. Ah, da minha também.

SPEAKER 2: : () Entende. A senhora sabe o que é a natureza? () Veja o equilíbrio da natureza. A natureza ela, usando o velho refrão, é tão sábia e, e exerce tamanha influência que o número de cios num animal é muito maior na primavera, no azul do céu, do que no inverno. () o animal também fica viciado no período de inverno. Mas é muito maior na primavera. Neste período de primavera, verão, até o outono. Mas tanto é que eles usam, aquele método de cobertura para éguas, por exemplo, existe um método europeu e um método americano. O americano, o europeu, por necessidade de um inverno mais longo, pobre, cobre as éguas e faz com que elas tenham o cio exatamente na época do inverno, enquanto que o, o americano é o contrário, faz com que o cio tenha cobertura na época da primavera  Vai quebrar?

SPEAKER 0: : () a gente observava assim nas primeiras viagens na Europa com () e tudo, o número de mulhe res grávidas assim no inverno. Então a gente fazia as contas e via que era a  gestação  Devia ter se iniciado na primavera, né. É interessante isso também. É claro, há uma, uma semelhança e essa comparação com a produção do leite e a produção do homem,  Eu acho assim, que eu nunca tinha me passado pela cabeça.

SPEAKER 2: : () No mesmo (). Inclusive de semblante.() Inclusive de semblante. Eu vi uma reportagem, não sei se li na visão, onde quer que seja, daqueles velhos, âh Rostos brancos daquela re gião de, de uns cento e poucos anos. Era uma região fechada Região de pouco sol. O semblante deles era um semblante de homens também fechados. Aham. Ã? Eu acho, por exemplo, num dia de calor, o pessoal na rua em São 

SPEAKER 0: : Deselegante, né? É, uma gente que não estava, vamos dizer, acostumada ou preparada para o calor. Quando no Rio não, entendeu Um dia de calor é um dia natural, parece Um dia gostoso. Se compõe, né, parece que se compõe, com a própria cidade. Gr

SPEAKER 2: : ande consumo de () né

SPEAKER 0: : ### ### A maneira de se trajar Parece que São Paulo é uma cidade que está preparada para todo tipo de tempo, de, de, de clima () Um dia de calor, como ontem, por exemplo, que eu fui à cidade, que eu olho as pessoas são todas () feias, feias, quer dizer, assim Fisicamente feias. E. Ou é É, é, é a própria, a própria ()

SPEAKER 2: : () O paulista é muito, o paulistano é muito judiado pelo clima. Sim, claro Muito judiado. Antigamente se falava em São Paulo da Garoa, hoje já não vê mais garoar em São Paulo. São essas represas, porque só vez o homem muda a natureza inclusive. Nós temos a, aparentados na cidade de Bauru. () Bauru era uma cidade de clima quente para valer. Bem quente. Vocês conhecem Bauru? Eu conheço. Conhece Quente. Tem ido a Bauru ultimamente? Tenho. Fizeram duas ou três represas ali do rio Tietê, você mudou o clima da cidade. É completamente diferente. É um São Paulo. Você de manhã é aquele calorzinho, a tarde chove, daqui a pouco calor outra vez, chove. São essas represas que mudam, é evidente. Aham. Eh, eu acho. Então o homem tem condições de mudar ### () Tem, tem. Agora no rio eles tem a predisposição. A senhora vê um homem hoje no Rio a esta hora, com este calor, na praia, você não vai olhar para ele e dizer que é vagabundo. A senhora vê um homem em São Paulo, com calor de (), na piscina do Paulistano, olha  lá o vagabundo, lá, olha  lá? Ele devia estar de paletó e gravata andando na rua e transpirando a cântaro. Como eu. Como eu A senhora percebeu. Paulistano dia de calor e só abate os () Ele está com vontade de ir embora para casa. É Está escrito na testa dele. Estou indo embora para casa. Preciso ir embora para casa. E chega em casa, então ele tira a roupa e toma um banho, põe uma sandália, uma bermuda E, e toma uma coisa gelada e  ###

SPEAKER 0: : E liga o ventilador. Ele está sofrendo o mesmo calor, mas ele está desobrigado. Sim, aham. Eu acho, e eu noto muito isso no Rio, quer dizer, eu acho que, âh, não sei, me parece que ultimamente o Rio está perdendo o seu fair play também, apesar () Achava assim, loja, por exemplo. O bom humor do lojista No Rio era tão diferente do de São Paulo que eu só podia diminuir, não só as belezas naturais, mas a, as próprias condições climáticas da cidade, porque a, a grosseria, a má vontade, âh, âh, de São Paulo em relação ao Rio desaparecia totalmente (). Mas isso ()

SPEAKER 2: : Foi explicado, né. Isso já excplicaram porque que o O povo paulista é mais Sisudo. Além do clima. É o senso de obrigação. A senhora não para num bar em São Paulo e vê um homem, que se diga direito, tomando uma cerveja gelada às duas horas da tarde. A senhora sabe que no café dos juízes do Rio de Janeiro é servido cerveja gelada? () No nosso café de juízes aqui em São Paulo os coitadinhos tomam 

SPEAKER 0: : chá e cafezinho? Mas eu não sabia mesmo que fosse um pouco mais, assim, de, de preconceito, âh, ou então de atitude (). De responsabilidade ### ### Preconceito nosso em relação a eles, de achar que nós somos mais responsáveis?

SPEAKER 2: : Não é, porque nós temos Santos aqui pertinho, que tem uma beleza. Quer dizer, Santos estaria (pausa) muito aquém de existir, () Santos. O que a senhora vê no Rio, por exemplo, num, num dia normal da semana, é gente do trabalho, gente correta. que sai do escritório correndo às onze horas, chega em casa, bota um shorts, vai à praia tomar um banho, e pegar um, apanhar um pouco de sol. A senhora não vê isso em Santos, não.

SPEAKER 0: : ### Antes de ser irresponsabilidade ou qualquer coisa, eu acho isso maravilhoso. ()

SPEAKER 2: : () Vai com as outras. Quer dizer que se, se eu encontrar, por exemplo, o doutor De Franco mais três ou quatro advogados () e amigos como trabalhadores, numa piscina do () a meio-dia, eu também me sinto no direito de ir. Agora, se eu estou na piscina do () e eu bato os olhos e não tem nenhum lá, só estão os () como vagabundos, eu não me sinto no direito de ir. (riso) É evidente, eu tenho a impressão que nesses, por exemplo, voltando ao assunto do Café dos Juízes, todos eles devem fazer uma boquinha para tomar uma cerveja gelada aquelas três horas da tarde. Se um (pausa) tomasse, os outros tomariam. Eu já participei de café de juízes no Rio de Janeiro  E eles tomam cerveja. Qual o problema? Um copo de cerveja não vai afetar muito o senso de justiça deles, nem. Pode até esclarecer. (risos) ### ### ### ###

SPEAKER 0: : E no calor, é. É horrível. Pois é. Eu, eu acho que não sei, eu antigamente eu pensava assim também, sabe? Que o pessoal do Rio era muito  Profissionalmente ou com seu trabalho. () Hoje eu penso que não, acho que é uma, é muito mais filosofia de vida. Não precisa alguém começar.

SPEAKER 2: : Alguém que seja direito co

SPEAKER 0: : meçar. É porque que o paulista as coisas não se sente tão bem. () O paulista

SPEAKER 2: : Se sente muito bem fora de casa. Sim.() Ele se identifica com tudo. Se é, se é para estar fora de casa sério, é com ele. Se é para estar fora de casa completamente desprendido de qualquer preceito, seja ele social ou moral, está com ele também, porque ele é louco para sair do sério. Aham. Hum. Será O paulista se identifica muito com todo lu

SPEAKER 0: : gar. Eu acho que sim, se identifica por ter um lugar onde (). Porque eh, o paulista representa a média.

SPEAKER 2: : Enquanto que o carioca representa (pausa) aquele lado da flagrante responsabilidade, O paulista representa a média, quer dizer. Ele é responsável nos momentos que, ainda lhe dão condições de ser responsável. E quando ele é chamado a sério, ele está sempre presente.

SPEAKER 0: : Eu acho que ele é muito mais sério do que ()