SPEAKER 2: com referência ao Comenda Fazenda, o que é curioso é que ela começou num avião para Curitiba. O velho, como um bom mineiro ãh sempre atento ao que se passava em torno, estava indo para Curitiba atender um cliente e ouviu um papo do velho Jeremias do Nardelli, que era o maior cobrão os cafeicultores, que realmente a zona de Maringá, a região norte do Paraná, era fantástica ali para café. Desceu em Curitiba, atendeu o cliente que tinha que ver, e ao invés de voltar para o São Paulo, parou em Maringá, que estava recém fundada há três meses. Tinha uma picada no meio do mato, um campo de aviação, um barracão e um suíço, que até hoje ainda mora lá. Correu o dedo no mapa, escolheu o acaso e comprou lá duas... Duas letras. Isso foi quando? Cinquenta e  ### Ficou quatro anos pagando e nesse meio tempo não fez nada. Em cinquenta começou a abrir. mas como bom mineiro ãh ()  Como se diz no interior, que nasceu com os fundos virados para lua (riso) Não tem o que falar de interior. Porque a velha conseguiu achar o espigão que não gia, o único espigão que não gia em toda a região. Então, em vinte e três anos de fazenda aberta, nós só sofremos duas geadas, o que ajudou extraordinariamente a extorsão da fazenda, inclusive.  em três, em três ocasiões, e isso ficou até registrado nos anais do Banco do Brasil, geava para o lado de lá da estrada e para o lado de cá da estrada não geava. Tem uma explicação racional e lógica. A gente não tem nenhum que venha a ser... como é que se espalha de ar, mas aparentemente... É questão de vento local, né? É, vento, é. Exatamente. SPEAKER 3: E está um... Agora, isso absolutamente não estava na cabeça dele. SPEAKER 2: Ele nem sabia o que era isso. (riso) Ele nunca tinha visto um pé de café na vida quando foi para lá. E... e realmente começou a aprender a mexer quando resolveu entrar. Nós passamos lá quatro anos pagando as terras. Lembro que eu falava para para todo mundo que ia almoçar em casa que não podia repetir o  feijão porque o meu pai  estava fazendo economia (riso) para plantar café no Paraná, o que causou uns carões muito grandes para uma mãe em mais de uma ocasião (riso) Isso, enquanto ele começou a derrubar a terra, derrubar o mato, ele começou a plantar café. O sistema tradicional do Paraná, que é a ( )  do São Paulo, do colonato, o indivíduo contratava a formação, é o termo que se usava lá, de um xis número de pés de café. Então, um provincial se derrubava de mato, em geral feita por terceiros, e ele preparava as covas no meio da árvore. Com todas as árvores derrubadas, não se retirava madeira, ou quase nada de madeira, do meio da do meio da terra, porque, como a zona de abertura era muito grande, a madeira não valia quase nada. Então, muita madeira boa apodreceu, ainda hoje, vinte e tantos anos depois, a gente acha no meio do café, dólares. SPEAKER 3: Isso é isso  é curioso, porque é bem diferente da experiência na Noroeste, né? A nossa experiência de família é um pouquinho diferente, exatamente porque o meu pai, mais ou menos nessa mesma época, né, quarenta e dois, quarenta e três, comprou terra lá na Noroeste, certo? Ali adiante de Arasatu, perto de Pira Barreto. quarenta e dois.  Não é uma coisa, né? Começa a explorar um pouco antes, tudo um pouco antes, quarente e quatro, quarenta e cinco. E lá isso foi uma atividade intensa, né? Madeira. Madeira foi foi a exploração básica durante uns três, quatro anos da fazenda, quer dizer, regular, instalar, instalou serraria, tudo, né? Serraria bonita, bem completa. Mas já tinha transporte ( ) , né? Não. Não, era era problemática, era negócio de ficar, fazer aquelas... Esplanadas, né? De madeira. Encher o colosso de madeira. Às vezes dava a serrada, tudo coberto. Onde dava o armazém coberto, o resto tora e ficava esperando. Quando dava, enchia de caminhão e levava. Fazia assim, de de atacado. Mas era uma exploração comercial, regular, tudo durante uns três ou quatro anos. Em cada região que você ia abrindo. SPEAKER 2: As duas coisas que se desperdiçavam tradicionalmente era madeira e feijão. Feijão plantava-se para consumo próprio só, não tinha como transportar. Lembro de ocasiões em que o valor do saco vazio era superior aos sessenta quilos de feijão que tinha dentro. Então se dava para pouco. Se sobrava, dava para pouco. E o curioso é que é uma região com estradas, que é a comunidade de terras que abriu a região. não entregava a lote sem a estrada estar na porta do do terreno. Na verdade, que era ruim, né? Quando chovia, levava vinte  dias para conseguir sair de lá. Eu mesmo que comecei aí, muito tempo depois, dez anos depois para lá, comi muito barro ali naqueles... naquelas regiões de terra roxa ali, não consegui sair. Mas, até hoje, e dá aquela dó, né? Ter uma perola de dois metros de topo apodrecendo no meio do café, Negócio, inclusive, ruim, né? Porque, com isso daí, a ocorrência de broca começa a ser muito maior. Nossos protestos por esse barco britânico, inglês (riso) SPEAKER 3: É, é outra classificação que está todo mundo servido. Nós que vamos falar mais sobre isso (riso) SPEAKER 2: Mas, e aí isso começou a... a plantar café, o sistema de plantio, o sistema herdado, desenvolvido no século passado, em São Paulo, com os imigrantes italianos, e herdado até recentemente. O indivíduo se comprometia a entregar, depois de quatro anos, um certo número de peças formadas e produzidas ãh... A primeira colheita, quer dizer, a colheita do quarto ano, era por contrato pertencente ao chamado formador, chamava no lugar e durante esse período todo o plantio de cereais intercalar a cultura também era de propriedade do formador que recebia um salário fixo em dinheiro mas o esse variável em espécie dado pelo que ele conseguisse ãh colher em geral colhesse um bocado porque a terra nova, né, fertilíssima E chegando, inclusive, em épocas de superprodução em que se tratava... criava porco engordando a feijão, né, porque não tinha jeito de de transportar. E... com isso... começou a formar, em cinquenta e três, pela segunda vez, a focação lunar. O meu cara progenitor se manifesta, porque ele pendurado de papagaio até o pescoço. Ãh, conseguiu escapar pela questão dos ( ) da geada  Na mesma ocasião, o meu sogro estava a cem quilômetros adiante, que eu ainda não conhecia, claro, e quebrou. Simplesmente levou. Sofreu duas geadas seguidas com duzentos mil pés de café recém-formados e não conseguiu aguentar, perdeu. Perdeu ali o que tinha. Mas o papai conseguiu escapar. Em cinquenta e três, pegou a geada só de  ( ) Mas nessa ocasião ele já conseguia, já tinha tirado uma safra muito boa que foi de cinquenta e cinco, que deu para equilibrar a receita, né. Logo em seguida veio aquela lei famosa de de reajuste das dívidas junto com o Banco do Brasil, com isso deu para tentear. Mas a situação não ficou muito boa, porque em cinquenta e sete, essa situação de superprodução, o preço do café começou a cair desesperadamente e isso vai até sessenta e dois, sessenta e três mais ou menos. Apesar disso, de preço baixo, na rendia o suficiente para formar uma fazenda. SPEAKER 3: É nessa época que, na nossa zona aí, que era bem mais velha, aí deixa-se de ser fazendeiro mesmo nessa época. Quer dizer, vinha diminuindo o café, vinha diminuindo, porque era uma região muito mais velha, produtividade bem menor. Quando dá essa baixa de preço de cinquenta e oito, principalmente, né? cinquenta e oito que é o primeiro ano ruim para o povo, né? De preço. Ali foi liquidando tudo. Ficou uma... Naquela época ficou uns trinta mil pés, que era mais para forma do que... para manter a tradição do que qualquer outra coisa. Depois voltou, né? Ao longo da década de Voltou um pouco mais também, mas quebrou a tradição na região da da cafeicultura, né? SPEAKER 2: É, mesmo lá essa região continua a região essencialmente cafeeira, mas é também nessa época que começa a se ter a base para as modificações que está tendo agora, né? Que com o preço de café era muito ruim, não compensava, de uma vista econômica, o caprichar no trato, né? Então, uma zona de terra de areia, onde a erosão é muito forte, realmente ela dá mão para boca, simplesmente, né.  E com isso, metade dos pés de café da região foram decaindo substancialmente, mesmo em épocas, como hoje, de de preço muito bom, é franca decadência. SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: ### Mas, o o para escolha do lugar para plantar café, tem três fatores básicos, né. Não é claramente a qualidade da terra e  Aquela região não é de terra roxa, de terra branca, terra de areia. Terra branca que é o termo mais usado. Então é muito sujeito a erosão. Como a zona é levemente ondulada, tremendamente plana, a erosão é realmente um negócio muito sério. Um caminho qualquer, uma estrada, um dia de chuva pesada é capaz de abrir um buraco de mais de metro e meio de profundidade. E com isso, a terra tende a ficar tende  a ficar muito lavada. Como na ocasião da formação do Vale de cinquenta, a gente usava a técnica de plantio em curva de nível, era um quadrado simplesmente, ãh ãh enxurrar e seguindo a queda do morro, então a enxurrada leva toda a matéria orgânica do solo. Então não só enfraquece a capacidade, ou seja, tira a alimentação da árvore, como vai endurecendo a crosta da terra, vai cristalizando a... E é o processo pelo qual a gente acaba em deserto, em áreas em áreas grandes. Aparentemente o que aconteceu em metade do Nordeste. É mais ou menos o mesmo tipo de coisa. SPEAKER 3: Ué, toda a região tradicional mineira, velha mineira, é... É, ( ) , né? É, é o caminho lá da... Exatamente, é. É uma zona de vassouras e tudo, é o mesmo tipo de... É, é o caso clássico. Acabou mesmo. Zero. Sai de... de mata fantástica e vai quase a zero mesmo. Semi-deserto. Pássaro horrível. Negócio ( ). SPEAKER 2: Como é um processo que se intervém por fora, isso ao fim de dez realmente sai do mato e vai para o deserto, rapidamente e E o que aconteceu, então, é que nessa fase de preço mais baixo, por causa de muita produção, de cinquenta e sete para sessenta e três, sessenta e quatro, realmente não havia nem interesse e não havia, mais às vezes, condições de se cuidar da terra, de se tratar da terra. E o café foi foi decaindo. Então a nossa cidadezinha mais próxima da fazenda, Managuaçu, é um caso clássico de decadência a mais fantástica possível. A cidade não chega nem a se formar. Eu a conheci ainda no fimzinho da época boa. Bastante semelhante a qualquer filme de bang-bang O tipo de construção, o tipo de organização da cidade. E ela não chega a ficar nem parecida com qualquer cidade interior da cidade de São Paulo, que deu tempo de assentar, de ter construção de avenaria, Até hoje, a maior parte das construções são de madeira e coisa antiga. SPEAKER 3: É uma experiência bem comum com a zona da Sorocabana também, né? Alto Sorocabana, uhum Toda aquela zona, mesmo a Norueste sobe bem, também é o mesmo tipo de problema, né? Quer dizer, deu uma seleção tremenda nas atividades econômicas de dez, quinze anos para cá, né? Agora, nessa época aí também, em cinquenta e sete, cinquenta  e oito, até sessenta e um, sessenta e dois, o que aconteceu de radical lá na nossa região também, foi a mudança no regime de tipo de trabalho junto com essa crise. A velha estrutura de de colonato, de pai, de família, controlando... Como é que é a estrutura de colonato? Não, é, é, o sistema O sistema até se chamava de título. Quer dizer, uma pessoa tinha um título que era na base do mesmo sistema, quer dizer, você era responsável por um trato de um certo tanto de pés de café. E aquilo era seu terreno, quer dizer, você fazia o que tinha que fazer lá dentro, você tinha que dar a produção, por aquilo recebia um fixo e depois participação na na na colheita, né. Você que era responsável pela colheita naquele lugar. E geralmente com isso o sujeito era quase vitalício, era um direito vitalício, né, que você tinha. Quer dizer, o lote mudava. que você dava dentro da fazenda, o terreno do café, podia mudar entre famílias, o dono, geralmente. Mas era um processo de de barganha, dado o tamanho de família, você dava tantas pessoas e tudo. Mas o filho ficava com uma espécie de um direito vitalício em cima daquele título que ele tinha. E com o crescimento da família, muitas vezes, o ficava tudo vinculado ao título. O  filho ia crescendo, estava com dezoito anos, vinte anos, não sei o que, e no fundo ele ainda era, ele recebia através do título do pai. formava um sistema de de bem rígido, assim. É, desde que solteiro, o pai queria... Ficava que no fundo era só mesmo, quase praticamente casamento e olha assim, nem sempre as vezes. Nem sempre, é. Na nossa região tinha aquele negócio de, geralmente, valia aquelas regras de primogênito e coisa assim, né? Ainda, até agora... Quer dizer, naturalmente valia um pouco disso. Quer dizer, você nota lá que, por exemplo, o título do velho, dos mais velhos da fazenda, daqueles italianos que só viviam no fim do século passado, sim, começo desse, passou sempre para o filho mais velho. Os outros, no fim, é que que iam embora logo. Quer dizer, quando casavam, os outros iam embora. Mas sempre um filho tinha a tendência de ficar vinculado durante muito tempo com o pai, apesar, às vezes, de já estar casado, ele ficava do título do pai, naquele sistema, é verdade que a coisa vai aumentando, né Porque quanto mais homens adultos tinham na família, ou sujeito, rapazes de doze, treze, quatorze anos, maior era o lote de pés de café que você dava àquele aquele título. Quer dizer, isso não significa que a renda diminuía necessariamente, hum Às vezes até aumentava mais que proporcionalmente por causa disso. Mas ficava toda uma estrutura familiar bem rígida, bem vinculada com aquele sistema do título. E isso lá na nossa região, no fundo, só é liquidado nessa época. Que é na época que tudo começa a acabar com o pé de café mesmo, que que é a dispensa grande mundial. E o que fica na fazenda aí também quebra. Quebra o sistema ( )  SPEAKER 2: Esse sistema é basicamente... É concomitante a redução do pé de café, mas eh eu acho que a razão da quebra é essencialmente uma de comunicação. Porque mesmo na na nossa região que ainda é essencialmente cafeeira, eu que não conheço há tanto tempo assim, mas existem modificações fantásticas. A primeira é esta, o indivíduo às vezes há quatorze, quinze anos ainda sob a tutela do pai, mas já exige o salário dele a parte, ele quer receber o cheque dele. Segundo, eh como a gente vê pelos hábitos, ah... Apesar de ser interior, sítio e tudo mais, se apanhar ao acaso, sujeitos entre quinze e vinte e cinco anos, uns três tem cabelo maior que o meu, algumas cabeleiras respeitáveis (riso), ( ) um negócio respeitável. O tipo de música que se canta, eu nunca me esqueço, em sessenta e cinco acho que foi, eu acordei, fui deitar e estava ouvindo Criançada a brincar de roda no sítio, e criançadinha, menininha de três, quatro anos, e a música que se cantava era aquela, que vá tudo para o inferno do Roberto Carlos (risos), né? Uhum. Mas brincadeira de roda, exatamente como a cirandinha, só que a música, quando aqueles macetes de entrar na roda, sair da roda, sentar, igualzinho a da música da galinha, né? ( ) só que a música tema era a do Roberto Carlos, uhum. ( ) Uma outra modificação que é incrível, ### O tipo de colonização que foi feita, hum,  é talvez um exemplo único no Brasil de coisa bem feita e bem organizada, ãh...  Para simplificar, na essência, a Companhia Internato do Norte do Paraná, que foi fundada pelos ingleses e que colonizou todo o Norte do Paraná, só ( ) só vendia os lotes com estradas prontas, né? e tinha um um cuidado de fundar uma cidade a cada vinte quilômetros, em média, mais ou menos. e depois deixar que uma seleção natural fizesse que umas crescessem mais do que outras. Mas pegar o eixo, atravessar o Rio aqui em Ourinhos, quando passa Andirá, que entra na área de concessão da companhia, é cronometrado, a cada dezessete, vinte quilômetros tem um patrimônio que é o nome que se dá à cidade. Alguns desses patrimônios viraram cidades grandes, Londrina e Maringá são cidades... Mas ao lado de, por exemplo, de Maringá, ( )  quilômetros para um lado tem um patrimônio que se chama Sarandi, que nunca vai ter condição de crescer.  quilômetros para frente tem Iguatemí, que é cronometrado. dezessete e vinte quilômetros tem um patrimônio. Com isso a a, existe uma mobilidade lá dentro muito intensa. É um negócio extremamente curioso u u u O o garoto, o rapaz, enfim, com dezessete, vinte anos, que já tem o seu salário, ele passa o fim de semana na cidade. Isso é extremamente comum, quer dizer No sábado de manhã, ou às vezes trabalha até meio-dia, às vezes não, pega o ônibus, vai para a cidade, e ele passa o fim de semana na cidade. E volta segunda-feira cedo para trabalhar lá. E passa o fim de semana na cidade, como a gente faz uma viagem para Rio Quente mesmo (riso) Não é que os pais morem na cidade, ele mora com os pais lá. E tudo isso dá uma transformação absolutamente radical. tipo de interesses, ãh... lá na fazenda, por exemplo, joga-se muito vôlei, que é um jogo tipicamente urbano, entre uma certa sofisticação. Existe campeonato de vôlei, é um negócio meio complicado. SPEAKER 3: Bom, o mais curioso é que essa é a história lá no Noroeste, que joga-se beisebol (riso) na fazenda. (riso) Os caras japoneses não gostaram. Daquelas primeiras experiências dos japoneses lá das alianças, hum, das fazendas alianças, lá é gozadíssimo. Mesmo quando você acha um pedaço de terreno lá, Acho esquisito que os paus de futebol não estão no lugar que deviam estar, né? Quando você presta atenção um pouquinho, o pessoal está jogando beisebol, ao invés de estar jogando futebol (  )  Essa transformação acho que é incrível ( )  Surge tudo junto, né? Quer dizer, dentro dessa Quebrar essa estrutura de dependência familiar, de colônia, dentro de fazenda. Quer dizer, porque as responsabilidades ficavam diretamente com os pais, né? Se você era moleque e tal, quatorze anos, quinze anos, dezesseis anos, mas você tinha que prestar conta para o  teu pai de trabalho. Não era... A sua relação é extremamente indireta com a fazenda, né, com o dono da fazenda. SPEAKER 1: E onde morava o pessoal? Esse pessoal que trabalhava lá? SPEAKER 3: Tudo em casa de colônia dentro da própria fazenda, né, ( )  E agrupamentos de... Bom, geralmente se tendia a fazer tudo praticamente junto. Lá na na fazenda, quer dizer, na época máxima chegou a ter Acho que sessenta e três, sessenta e três casas. Praticamente é uma, uma vilinha, né? Sessenta e três casas. E elas estavam distribuídas em dois núcleos, mas basicamente era por causa de problema de água. Se não fosse o problema de água, acho que teriam construído também tudo igual. Quer dizer, nas fazendas próximas você tinha núcleos comuns, assim, desse tanto. Eu falo a todo mundo. SPEAKER 2: No geral, no mesmo lugar. As fazendas, elas começam lá no Espigão? um divisor de águas, um espigão, que é onde passa a estrada, a estrada está sempre no alto e  E a colônia é construída no fundo do vale, perto do rio, quando tem a água, do riacho, alguma coisa assim, e em paralelo ao rio. Então é muito comum você ter um riacho no fundo de vale, então um grupo de casas paralelo ao rio de lá de cá, um grupo de casas paralelo a lá de lá. Aí vai dependendo da topografia, do tamanho da colônia, quando a fazenda é muito grande, a colônia é muito grande, em geral se parte para alguns núcleos, como ter três, ter quatro, cinco núcleos, ãh Se menor um núcleo só, que facilita substancialmente a... especialmente de comunicação, né? Porque os horários de entrada e de saída de serviço ãh também a ser dada de muito tempo, em geral, são controlados por um sino colocado na casa do administrador. Então, esse sino bate na hora de acordar, na hora de e ir para o serviço, não sei como na sua região se chama lá no Paraná, chama-se ponto. SPEAKER 3: ### Na fazenda é o caso específico, que é uma ponte que tem indo para a colônia, é lá que se encontra todo mundo. SPEAKER 2: É lá é o terreiro de café, então todo dia de manhã todos os colônios passam no ponto para receberem as ordens, o que tem que fazer e onde tem que fazer. Então segundo sino é a hora de estar no ponto para receber as ordens. Tem um sino para a hora do almoço, que é as nove da manhã, sino para terminar o almoço às dez, um sino para a hora do café, que é uma da tarde, sino para retomar o serviço, que é as duas. E, em geral, na saída não tem sino que...  O horário básico seria por volta de cinco, cinco e pouco, mas... é, para nós hoje, é mais ou menos flexível, pouco mais ou pouco menos, em decorrência dessa mo modificação no regime de trabalho, certo? Que deixa de ser um tipo claramente assalariado, ainda que o salário seja um híbrido de de dinheiro e colheita, e passa a ser um serviço de empreita, que é o que é conhecido como volante hoje, No caso, o sujeito que trabalha por serviço mora na fazenda. Ou o caso mais típico que é do Boia Fria, né? Que é extremamente comum, sabe? São Paulo e hoje está entrando no Paraná. Que é o sujeito que mora na cidade e vai de caminhão trabalhar de dia e volta à tarde. SPEAKER 1: Aí o que ele leva quando ele vai trabalhar? SPEAKER 3: Geralmente é a tina de de água, que eu conheço. Geralmente dá um barrilzinho de madeira de á( )  É pequenininho. Deve ter o quê? Cinco litros. Cinco litros de a(  ) SPEAKER 2: Garrafão. O que vai no garrafão? Cinco litros de água. Uma tira de madeira. Ou de madeira ou de de barro, para manter a água fresca. SPEAKER 3: Essas que eu conheço mais lá são são de madeira. E a comida geralmente lá é... As mulheres é que levam durante o dia. Para não ir de manhã cedinho, que geralmente não está pronta. às seis horas da manhã. Então, é lá pelas nove horas, elas chegam onde eles estão trabalhando. E, geralmente, é uma espécie de um sistema de rodízio, né? Quer dizer, algumas levam pelas outras. Deve ser um sistema de rodízio que leva dez, quinze, para dez e quinze. Quer dizer, cada uma prepara a sua sempre. Mas ela leva uma marmita, dez, doze pessoas, certo? Vai uma pessoa ou um moleque, um menino um pouco maior, vai lá e te leva na hora do almoço, quer dizer, que é de nove horas, geralmente nove e meia, Com isso geralmente o almoço ainda é relativamente quente. É uma refeição ( ) quente. SPEAKER 2: É o outro? Não, o outro tem que fazer ( ) boia fria? Hoje já está muito conhecido o jeito que mora na cidade, em geral na periferia da cidade, e que é contratado por um gato, tipo capataz, levado de caminhão para trabalhar e retorna à tarde para casa. Hoje a cidade de São Paulo é quase só nessa base, e o Paraná está começando a ficar assim. Então aí você não tem condição de esquentar a comida, daí o nome boia fria, já sai com a marmita pronta, está certo? ( )  SPEAKER 3: ### SPEAKER 2: Os nomes aí variam de região para região? ( )  SPEAKER 3: Lá não tem muitos nomes assim, né? SPEAKER 2: Lá é volante. Volante é todo jeito que trabalha ãh por tarefa. Ou por dia. Mas em geral é por tarefa. SPEAKER 3: Uma expressão que tem lá é o alugado. Um pouco, né? Região. Alugado. Se o trabalho é alugado eh eh, geralmente você está se referindo ao ( ) da cidade. Na verdade, a facilidade lá é um pouco maior, porque, no caso da fazenda, a fazenda fica a mais ou menos três quilômetros da cidade. Tem alguns desses grupos que, inclusive, vêm a pé para trabalhar. Naquela naquela naquela faixa ali, nessa distância. ### ( ) tem alguns que preferem ir a pé mesmo, em menos de uma hora, quarenta minutos, cinquenta minutos, do que pagar. SPEAKER 1: ( )  alimentação que ele leva, ele leva instrumentos? SPEAKER 2: As ferramentas são sempre pessoais ( ) Basicamente, a enxada, na época da intersafra, e na época de colheta, a peneira e o rastela. O rastela é uma espécie de, como se fosse um rodinho, de puxar água na cozinha, só que em vez de ter aquele pedacinho de borracha, ele tem uns grampos de prego que servem para quando derrubou um grão de café no chão, rastelar, reunir num lugar só os grãos de café, sem puxar muita terra junto, para poder pôr na peneira e separar casca, folha dos dos grãos. SPEAKER 3: Esse já é um pouco diferente. Nossa, ainda vale bem o sistema do pano. Antes de você começar a tocar no pé de café, você cobre todo o chão com pano por baixo. Geralmente é pano, trapo velho, saco velho, coisa assim, costurado, cobre aquilo, aí você vai lá e colhe. ### Colhe na mão, direto, né? Você vai colher na mão, jogando, geralmente elas ficam. A própria peneira A própria peneira não. Mais não. Geralmente eles amarram um pano na cintura. Um pano grande. Certo? Ficam segurando com uma mão, vão pegando com a outra e vão jogando aqui. ### No pano. Aí de vez em quando vai e joga do lado. Em cima de um outro pano e vai acumulando. Num lugar onde tiver um espaço um pouco maior. E depois ele puxa aquele pano que ficou no chão debaixo do pé. Certo? Porque ele já vai sair cheio de folha, né? Mas só vai ter folha e e grão. Não vai ter terra no meio, certo? E isso que eles usam. Mas aí a peneira, por exemplo, já não tem muito sentido nessa hora. No fundo é o pano mesmo. SPEAKER 2: Ele puxa o pano e separa com a mão mesmo as folhas do... Porque essa terra tem a vantagem, especialmente em região de terra roxa, né? Porque na região de terra roxa, como a terra é muito compacta, é comum (pigarro), no trabalho normal, algum torrão de terra de outras dimensões, parecidas com as dimensões de um grão de café, é bem compactado, se misturar no meio dos grãos de café. Então não trabalhar no terreiro, no café ser seco, no café ser beneficiado, isso dá uma sujeirada, suja tremendamente e implica que muitas vezes o café tem que ser lavado antes de antes de de secar. O caso mais sério desse torrão é quando ele passa no terreiro, vai para tudo e descansa, ou quando ele vai ser beneficiado, ele descascar, Porque aí o torrão se quebra na máquina e suja o grão de café. Como na classificação, na cotação de um lote de café, uma das coisas que importa é o aspecto dado pela tonalidade, verde e claro. Quanto mais puro nesse sentido for, mais vai valer o café. Agora, esse negócio de colher também depende muito do tipo de região da árvore. Acho que os tipos básicos seriam colher com Ou sem, que seria o fato de derrubar os grãos de café no chão e aí então tratar de recolher e separar as impurezas maiores, pedaço de pau, pedaço de pedra, folha, casca e tudo mais. Agora, para derrubar da árvore aqui, os métodos variam, tem alguma variação, está certo? O método mais, esse que o Guilherme estava falando, é o da ( ) , que significa arrancar com a mão SPEAKER 3: o grão de café, é É, e agora com esse negócio de um pouco de espalpada também, às vezes você nem chega a jogar no chão, né? ### ( ) Quer dizer, você tira na mão, quer dizer, quando você encheu a mão, você joga naquele pano que está preso na sua cintura. Quer dizer, não chega a ir ao chão. O que vai ao chão é o descuido. ### ### (  ) descuido, né, é.  SPEAKER 2: ### (  ) Ficando meio confusa a explicação (riso) SPEAKER 0: Mas é que... SPEAKER 2: Existem três formas distintas de se colher. Uma é o tipo de grão que colhe, a outra é o modo espacíneo do negócio. Com relação ao tipo de grão, existem três formas distintas. Uma é essa colher o madurão, o vermelho, o maduro, que é o café enquanto está vermelho ainda, antes dele secar. Esse café se necessariamente é despolpado, porque o que ocorre é que entre a a casca externa, a película externa e o grão de café, existe na formação do grão uma gosma que se retirada melhora substancialmente o gosto do café. Então, como essa gosma só existe enquanto o café está maduro, quer dizer, ela tende a secar e a se entranhar no grão por força do sol, ah... uma forma de fazer o café mais fino possível é o café despolpado, que consiste nisso, encolher o grão maduro Lavá-lo e secá-lo em condições especiais e o que ãh nessa lavagem por agentes químicos essa gosma é retirada e realmente sai um produto final melhor. O segundo tipo de café é o café que cai, que seca e cai da árvore no chão por força de chuva, de vento e tudo mais. Como nesse café que cai no chão mistura café que sobrou da safra anterior, café que caiu há um mês, café que caiu há três meses e tudo mais, a qualidade é mais heterogênea. Então se costuma separar, não misturar esse café do chão com o café derrubado da árvore no chão. E aí esse trabalho se dá o nome de varreção. Varrer o café significa, antes de fazer a colheita, recolher aqueles que caíram no chão e trabalhar num modo separado. SPEAKER 3: Vocês não fazem varreção depois também? Ah, não, não. Porque vocês fazem por... Jogando no chão, não? Exatamente, é. Porque nós fazemos uma varreção, mas é depois. É aquilo que que ficou, é aquilo que que caiu, que tinha caído mesmo antes que você colheu, que caiu depois que sobrou, certo? Que não estava maduro para você colher, ( ) ficou no vermelho ainda. E esse depois você vai fazer uma varreção lá no fim, depois de tudo terminar. E aí é realmente uma porcaria um café, né? Porque esse ainda fica ali um mês. Você pega uma chuva aí, necessidade de chover nessa época, então aí é SPEAKER 2: ### Nesse ano não precisamos de café por conta disso. E a última categoria é a derriça, ou a colheita. ( )  na nossa região se fala, usa o termo derriça que eu acho que é meio genérico. Que sim, significa apanhar com a mão os grãos que estão na árvore, derrubá-los no chão ou num pano, e aí recolher, sacar e levar para o terreiro. Agora a derriça que pode ser feita de várias com várias técnicas diferentes, eu conheço pelo menos umas três diferentes. Uma é é, no sentido estrito, derriçar, significa correr a mão por um galho de café e retirar então grãos e cai um pouco de folha também. A segunda forma é chacoalhar ãh Em geral o que se faz depois de uma chuva, os grãos de café ficam mais pesados, porque absorvem água, então se encostam, encostam num pedaço de pau, meio metro, digamos, na árvore de café, no tronco, no centro, e empurra, chacoalha. Também se usa o termo chacoalhar por conta disso, e a tende a cair o café. Alguns não vão cair, e então há um repasse no fim. E a terceira, que é o método galego, que é o método em geral que usa pião, que é simplesmente bater um pedaço de pau, um bambu, digamos, de um metro e meio, mais ou menos, na árvore. tem a vantagem de ser muito mais rápido que os outros, e mais a desvantagem, óbvio, de machucar o pé de café. Exato. SPEAKER 3: Essas são as formas clássicas de... É, eu gostava que lá na na... Quer dizer, nessa região acaba produzindo café mais mais ( ) Quer dizer, tradicionalmente, e mais alto, tudo, né? Exato ( )  Isso é, madurece mais devagar, tudo, então acaba dando bebida mais mais fina. Mas uma das razões que faz a gente conti conti ( )  porque agora não tem mais nenhum estímulo de preço também para você produzir (  ), coisa desse tipo. Mas é essencialmente questão de mão de obra já, a escassez de mão de obra. É que isso a gente pode começar a colher. Esse ano, por exemplo, nós começamos a colher na última semana de abril. Terminamos a colheita em fim de julho ( ) está certo Nesse caso, exatamente por isso, porque a gente usa muito menos gente e começa a colher Todo aquele que começa a amadurar na fazenda, você escolhe os lotes, pedaços de cafezal, particular posição que ele está, sol que ele recebe e tudo, que ele começa a amadurecer um pouco antes, você manda o pessoal lá em abril colher aquele pedaço na fazenda. Depois vai correndo. O mesmo pessoal fica correndo, colhendo então durante três meses às vezes. Mais de três meses dentro da fazenda. Você usa muito menos gente porque já é um problema. nessas regiões, ter mão de obra para para fazer isso. Depois começa a competição com zona próxima ali, tem a própria, no próprio município ali, que nós estamos fazendo a vizinha, já tem cota de açúcar em algumas usinas lá. E quando chega ali em junho, começa o problema de entrar o pessoal que está cortando o cano. Então, o preço de mão de obra sobe muito nessa época. Então, já há esse problema, claro, de você ficar poupando o uso da mão de obra, de encontrar gente para colher. Se tiver que fazer tudo isso na mesma época, concentra muito mais, no caso de outro tipo de coleta, né, para não deixar caídos no chão e ficar realmente uma porcaria, o papel, você tem que concentrar muito mais gente em menos tempo. Então essa opção agora é, lá na região, é você começar a colher bem antes, colhendo pedacinho, até que é uma desorganização tremenda, você tem que ficar um controle para tu esquecer de correr em algum pedaço (riso) Porque geralmente você vai para colher mil e quinhentos, dois mil pés às vezes em algum lugar. Você põe dez pessoas lá, está tudo feito num dia, acabou o dia, liquidou o problema e vai tudo embora naquele particular pedacinho. Então estica. É um período imenso. Quer dizer, terreiro é usado na fazenda maio, junho, julho, inteirinho. Às vezes um pouquinho em agosto. SPEAKER 1: E o ano agrícola como é dividido? SPEAKER 3: Qual é a época ( )   setembro. Setembro, fim de agosto. SPEAKER 1: Aí começa o quê? SPEAKER 3: Começa o ano. O ano agrícola começa geralmente em... Não, aliás, é começo de outubro. SPEAKER 1: Termina em setembro. começa nessa época? SPEAKER 3: ### SPEAKER 2: É o café que manda, né? É o café que manda, basicamente. Quem está pendurado no bando do Brasil, no geral, o ano agrícola termina em trinta e um de outubro, que é o dia que tem que pagar os financiamentos. SPEAKER 3: Mas isso isso também está determinado, acho que é essencialmente o que determinou esse ano agrícola. Bom, a citação, obviamente. É a época que você tem que preparar a terra para plantar, sempre tem que ser aqui no miolo, aqui no Brasil Central, é exatamente isso, né? Outubro, fim de setembro, alguns regiões, outubro, novembro, março. depende da cultura, né? Quer dizer, mas quase todas as anuais é por esse período que você tem que começar, quer dizer, isso já... É a época de preparação de terra, varia... Tradicionalmente o café, né? O café era o fim da colheita. Você acertava as contas da colheita para o pessoal. E, tradicionalmente, essas contas a gente acertava pela colheita como um todo. Quer dizer era uma vasto ( ) acerto de contas lá no fim do ano. Quando você resolvia tudo a conta corrente que você tinha adiantado para o pessoal em conta de armazém e aquela coisa toda, aqueles aquele sistema. E isso acontecia geralmente em fim de em fim de setembro. ### Então aquilo liquidava as contas do ano anterior, então, foi foi  ### Agora varia muito de região para região, né? SPEAKER 2: Quando vocês terminam em julho, né? ### Nós já tivemos a ocasião de terminar em novembro. De varar de maio a novembro colhendo café, de chuva, né? Como corre o ano, tamanho da safra, dificuldade de gente e tudo mais. Então, um dos problemas mais sérios em termos assim de se administrar o café, e... e eu coloco uma série de administração, obviamente muito mais séria, como ministro de emprego, é que o café claramente tem uma exigência de emprego que é sazonal. ### SPEAKER 3: Gosto de plantar (riso), gosto de ter terra para plantar nessa época, para usar e... SPEAKER 2: E a dificuldade fica fica isso, porque em regiões que estão crescendo, geralmente não se cria problemas, porque algumas outras culturas, tipo algodão, por exemplo, onde a colheita se faz em fevereiro, março, abril, Então é comum o jeito de sair de colheita de algodão e entrar na colheita de café. Sai da colheita de café e entra numa outra colheita qualquer, mais de fim de ano, feijão, soja, coisa assim. Aí vai para o algodão e completa completa o ciclo, né.  Mas isso está supondo uma região que está crescendo como um todo e uma região integrada. ### SPEAKER 3: A cana... Cana e café, por exemplo, dá um dá um dois ao mesmo tempo. Quer dizer, quando começa a entrar a cana num lugar, é uma confusão total ( )  SPEAKER 2: Quando entra a entra a cana, vai embora o homem e entra a pobreza junto, que realmente é inacreditável a a dificuldade. Aliás, os baias-frias surgiram em decorrência da cana, essencialmente. Porque é um um trabalho extremamente duro do ponto de vista físico, muito mais do que Qualquer outro, aliás, eu acho que o trabalho mais pesado em agricultura que eu conheço é colheita de cana, colheita de cana Não conheço coisa mais pesada. SPEAKER 3: Salvo derrubada de mato? É, mas aí já é uma exceção. Mas com atividade agrícola acho que é o pior. SPEAKER 2: É, mas o jeito que faz derrubada de mato, o jeito típico é um caso totalmente diferente. Em geral é o que eles chamam de catarinense. ### É extremamente interessante esse ser. Nós vemos como é que, dos poucos exemplos, além dos índios, de vida nômade ainda no Brasil. Esse pessoal, catarinense, provavelmente vem, boa parte provém de Santa Catarina, ah são mateiros, só vivem no mato. Então eles caminham junto com a mata, com o limite de mato e...  E vivem a família, num esquema bem bem de clã, né Toda a família junto, os jeitos são separados quando casam. mora no mato, em geral com um rancho de palmito construído. Então, enquanto o indivíduo ou os homens trabalham na derrubada de mato, as mulheres trabalham na criação de porcos ou ãh ( ) roças anexas,né.  E caminham ( )  junto com a ( ) SPEAKER 3: A nossa região são sírios, geralmente. Sírios ( )  Tanto aqui em Mocó como ultimamente Fizemos uma última derrubada aqui em Mocó, e também foi, curiosamente, anunciado. Lá no Noroeste também, na época que surgiu os negociantes de madeira e tudo. Aquilo era um um anuncio de um pessoal que mexia, que fazia o serviço dentro do mato. SPEAKER 2: Mas esse catarinense, ( ), ele ele empreita pedaço pequeno, ele trabalha sozinho, né? É só a família, né? Inclusive, um negócio sabe que é um negócio engraçado,  metade desses porcos que a gente vê já deve ter esses caminhões de porcos, aqueles porcos enormes, que são criados dentro do mato, nessas condições, e parecem catarinenses. Toledo, Pico do Cruz, outras cidades do Paraná, que se especializaram em... como entrepostos. O Sorocaba tinha com burra aqui há dois séculos atrás, esses são só entrepostos. Eles são criados no meio do mato ( )  ( ) de lotes pequenininhos. E vêm lotes pequenininhos. E o jeito, em geral, é derrubar o mato e caminhar mais um pouco para frente. Está acabando, evidentemente, esse tipo de Mas eh esse pessoal, porque está acabando o mato disponível lá, não sei por onde está indo, eles estão se integrando em alguma zona urbana, o que aparentemente é ( )  SPEAKER 3: ### É, possivelmente, é. Bem semelhante aqui, eh ### SPEAKER 2: ### ### São ( ) são bem caboclos mesmo e Mas, aparentemente, subiram de Santa Catarina. Talvez isso tenha algum tipo de sangue alemão, algum tipo de sangue estrangeiro lá. O que é curioso é que esse tipo não se integra em postos nenhum. Ele só vive sozinho, no máximo, com um tipo semelhante a ele. Absolutamente arredilho. Há qualquer possibilidade de se assimilar em outra vida que não isso. E caminha junto com o mar, né Mora no mar, vive em condições obviamente as mais precárias possíveis, né? ( ) Um rancho de palmitos, é o negócio mais simples que existe, e caminha junto com o mar. O que eu conheço é praça de denominação de Catarinense. Não sei exatamente se todo ele provém de Santa Catarina. O que é certo é que esse tipo eh... está muito mais próximo do tipo nativo, entre aspas, do da antiga colonização do Sul. Ele foi... vive assim no no limite da colonização, entre aspas, também moderna, que desceu de São Paulo, feito essencialmente por paulistas mineiros, e era um tipo que vivia em condições quase de subsistência, bem semelhante ao tipo que um pouco mais para baixo, vivia do Marques, por exemplo, vivia do... da Criação dos Porcos, lá embaixo... Pecuária lá, com vocês, também deve vir do sul a mão de obra, né? SPEAKER 3: Para pecuária, não? SPEAKER 2: Não, mineiro. SPEAKER 3: É mineiro também? Essencialmente mineiro. E no café é todo mineiro também, né? Mineiro é o que a gente chama esse, entre aspas, né? Quer dizer, eu sinto que morou uma geração em São Paulo, não é? SPEAKER 2: Não, no nosso caso era um mineiro mesmo. Diretamente de Minas para lá. E uma fração respeitada pelo norte, porque eu acho  SPEAKER 3: O que eu acho curioso nessa questão da migração dos mineiros na nossa região, por exemplo, é que a gente ainda recebe gente nova de de Minas. Mas é de um raio ali de de duzentos, trezentos quilômetros> Quer dizer, vai ali até Varginha, Alfenas, aquela região de Minas que recebe o pessoal. Aqui em São Paulo, por exemplo, você vê que tem muito mineiro aqui, empregado, por exemplo, no México ( )  É norte de Minas. O pessoal do norte de Minas, daquela região pior de Minas, de Abirano, de Jequitinhonha, aquela coisa, e o São Francisco mesmo, que é uma zona árida deles lá, semiárida. Aquela zona vem sempre para São Paulo. A migração é urbana. Vem direto para cá. Você vê, no seu negócio de família, que fica essa tradição, por exemplo, a casa de minha mãe e tal, uma porção de gente, todas as empregadas vêm sempre, geralmente, dessa mesma região. E vai indo, e é sistemático. Vem ela, você fica sabendo que o irmão dela está trabalhando em obra aqui, você vem direto. E o pessoal dessa região, rédea, tradicional, e mais a agricultura também, né? Mineira, continua um processo de migração por fazendas. Quer dizer, você aparece, vem lá, de vez em quando fica, Há uma certa flutuação razoável hoje em dia na nossa mão de obra. Pelo que eu consigo ver por livros antigos na fazenda e coisas assim, eu acho que hoje em dia a gente tem uma rotação bem maior de fazendeiros do que eles tinham. Quer dizer, é bem comum se dizer que o prazo médio de um sujeito ir na fazenda é dois, três anos. E vai, às vezes vai para a própria região, raramente vai embora, volta. É comum a gente ter empregado que a gente veio há oito, dez anos atrás. Se ele rodou numa região ali, num circuito ali de dois, três municípios, né? E volta, e faz a coisa. Mas tem um rodízio de mais ou menos três anos, eu diria que é um prazo que tem muita gente fazendo aqui ( )  SPEAKER 2: É um prazo médio. O rodízio do norte, né? O norte, né? É, ali tem muito. É nordeste, né? SPEAKER 3: ### Isso que eu estou dizendo, tem pouco. Eu acho que é curioso, acho que esse pessoal Norte de Minas, ali, tudo. Para mim, está me notando que vem bem mais para cidade do que... Não, eu digo, não, desce, não desce mesmo. SPEAKER 2: É raríssimo, para nós é raríssimo. A fazenda, a mata foi derrubada por um baiano, um braulino, que durante, até hoje ele deve fazer isso, quando acabou o Mato Lago, que não fazia, ele não apareceu mais. Mas ele que derrubou todo o mato que tem na fazenda, e ele tinha um acerto com o velho, ele vinha durante dez anos seguidos, ele ( )  só só solteiros, vinha pelo período da colheita. Derrubar a mata pelo período da colheita. Trabalhava seis meses e voltava para a Bahia. E é curioso que na Bahia ele era conhecido como polista. ( riso) Em geral, o jeito que vota é com um radinho de vidro e um óculos escuro, então são os polistas. E lá ele descia para derrubar a mata. Só fazia esse serviço, derrubar a mata. E todos com... era baiano mesmo, da Bahia mesmo. É, mas não o serviço agrícola, né? Mas também é comum. Surpreendentemente, eu não tenho estatística, nunca cheguei a fazer uma estatística, mas é extremamente comum ãh  Nós ( ) , muita gente assim, o sujeito chega, vem direto para fazenda, já é conhecido, mas ele vem no norte, faz a colheita, depois desse acerto geral da coisa, ele volta para o norte, que cai, muitas vezes, na terra onde ele trabalha, ou o pai, ou o empregado, de fazer alguma coisa lá no norte. E o que está mudando agora, é curioso, é para a zona nova de Mato Grosso. Nós já tivemos vários casos nesses últimos dois, três anos, do jeito de fazer esse tipo de mobilidade entre o Paraná e Mato Grosso, que faz a colheita do Paraná e volta do Paraná na Vora Branca e Mato Grosso. ### ( ) É a denominação genérica de, especialmente derivada do algodão. ( ) Mas amendoim também está dentro disso. Algodão, ( )  Cereais em geral, está certo. SPEAKER 3: E volta para colheita, inclusive, isso que usa bastante. SPEAKER 2: ### Agora com esse boom de de de de exploração de trigo e algodão em Mato Grosso... Isso aí não está dando muita mão de obra mais não, algodão dá, né? SPEAKER 3: Ainda dá. A cena aqui em São Paulo está crescendo bem a colheita automática. E é um caos. ### Colheta automática de algodão. Tem uma ligeira queda de rendimento e tudo, mas aos custos em que andou esse ano mão de obra, tivemos os cálculos aí, é inevitável. Está liquidado ( )  É uma questão de dois, três anos e acabou. A parte do problema mais sério que se tem em agricultura hoje, não tem condições mais ( )  SPEAKER 2: ### O que ocorre é o seguinte, é que, ainda sem entrar no mérito da dadiscussão, o fato é que todas com a particular política de subsídio que o o governo faz, qualquer coisa que se faça com ( ) , mão de obra, ou máquina, ou agente químico, a mão de obra sai mais caro. Então o que acaba acontecendo é que o êxodo, então falava o êxodo rural, está, nesses últimos três anos, se acelerando de uma forma absolutamente fantástica. Eu dou um exemplo do que aconteceu conosco ah...  Nós fazemos experiência com herbicida há uns cinco anos. E nos primeiros três anos, o herbicida sistematicamente saia mais caro do que a mão de obra. Então ele só seria usado assim em caso de emergência para tapar um buraco, por uma razão qualquer. Falta de mão de o( )  O herbicida é um produto químico que ou impede de nascer ou mata apenas o mata, entre o pé de café. Tem os dois tipos, né. O que evita a emergência, evita nascer, e o que mata depois de nascido. Então, é possível fazer todo o controle. Por exemplo, uma comparação mais ou menos seria isso. Um sujeito, uma pessoa, é capaz de cuidar da entressáfaga, fazer as carpas necessárias. Digamos, cinco mil pés de café é a unidade básica, uns mais, outros menos, depende do tamanho da família. Mas um indivíduo adulto se cuida de cinco mil pés de café. E com um herbicida e uma máquina de aplicar, isso é aplicado com via líquida, Um sujeito, no mesmo prazo em que o sujeito ( )  perde café, ele faz três, quatro vezes mais do que isso. E o efeito é o mesmo, não tem mato. De três anos para cá, o herbicida começou a ficar mais barata, que é a mão de obra. Chegou no absurdo limite desse ano passado de ser aproximadamente uns quarenta por cento não só mais barato, como é bem mais barato. Então, o que acaba acontecendo é que os últimos redutos, vamos dizer, da contra mecanização, quer dizer, coisa que usava muita mão de obra, era algodão, cana e café. Trigo, por exemplo, que é o que mais se expõe no Brasil hoje, é totalmente mecanizado. Então, três, quatro auqueiros de trigo são cuidados por dois homens que manejam os tratores que fazem aração, gradiação, planta, aduba, combate... E a  Isso é totalmente seletivo o processo. E a colheita, ensacamento, tudo automático. Sobrou esses três últimos. Mas com esse negócio começa a ter estímulo para experiência de mecanização. Então esse ano já entrou comercialmente colhedeira automática de de algodão. ### Portação incrível  É um negócio maluco. Na semana passada estava no jornal que o governo estava fazendo experiência de colhedeira automática para café. Exatamente nesse sistema de vibração, nós vimos que em vez de ser manual passa a ser... E já existe experiência no Haiti, no Havaí, perdão. Há mais de cinquenta anos a vendedora já faz experiência nesse negócio. cana já se fez várias experiências, só que ainda não é econômica, por enquanto. A hora que resolver o negócio da cana, entrando o algodão em café, vai ter mais três, quatro  SPEAKER 3: Eu acho que o que vai ter que acontecer aqui, eventualmente, talvez a tabuleta de cana ainda fique um pouco, mas daqui a pouco eles vão ter que fazer o sistema de industrialização sazonal também, nessas regiões. Isso já tudo existe, em outros países existe. Em certas épocas do ano, na época da colheita, as indústrias estão fechadas. Essas indústrias do interior, que processam o próprio produto. Então aquela mesma mão de obra, Pumba! Faz só para fazer colheita, né? E provavelmente vai continuar algum problema desse tipo, né?  frutas, né, e cana. Cana é capaz de ter muito problema ainda, né? Fruta é limitada, né? É. Então só vai para colheita. Café eu duvido, né? Café é ideia. Isso pode ser importante em alguns países já, né? Mecanizar isso aí. Mas aqui eu acho que vai continuar ainda muito tempo. Mas eu acho que vai dar origem. Eventualmente é necessário você fazer isso. SPEAKER 2: O que eu acho que vai acontecer com o café é uma tecnologia dupla. O que eu tenho a impressão que a mecanização vai acabar eliminando é o excesso de gente na época de colheita. Você precisar de gente de fora na época de colheita O que vai acabar acontecendo com o café é se tem um número fixo de gente que está fazendo, que vara... que tem equipamento suficiente para atender a todos os tipos de trabalho. Está  certo? Mas com isso... alguns milhões de pessoas, acho que quase um milhão tranquilamente, que ficam nessa ãh mobilidade entre regiões, entre culturas, entre fazendas, dependendo exclusivamente do trabalho de política, isso vai ficar assim tranquilamente. E aí realmente a coisa vai complicar, como é que SPEAKER 1: ### Quais são as medidas usadas para determinar o ( )  SPEAKER 3: ### ### SPEAKER 2: ### ### SPEAKER 3: E esse alqueire não tem nada a ver com o outro alqueire (riso) Esse é um volume aproximado, devia ser cinquenta litros. E é uma caixa de madeira padrão, certo? Que tem aproximadamente, deve ter cinco litros mesmo. E é a fracção. SPEAKER 2: ### ### SPEAKER 1: E pelo tamanho da propriedade, que nomes dão? Um bem pequenininho, maior, não tem muitos alqueres? SPEAKER 2: Isso depende muito do padrão da região, né? Se você for a Mato Grosso, um sítio tem oitocentos alqueires. Dependendo do lugar ah...  No São Paulo, no sítio, vai ter menos de um alqueres. ( ) Depende muito da região. A a iluminação em geral. Sítio fazendinha. SPEAKER 3: Sítio fazenda eh Fazendinha também existe. E chácara  A expressão fazendinha você não tem? SPEAKER 2: ### Fazendinha é... Sítio fazenda. ### O que é curioso em termos de expressão é que é muito comum o termo fazenda não designar uma propriedade rural. Mas o termo fazenda designar a sede da fazenda. Eu vou na fazenda amanhã. O cheiro que mora na fazenda está dentro dela. A sede da fazenda, a casa do administrador quando não tem casa do proprietário. Então o termo fazenda é é é é... Lá na nossa é sede ### ### ### SPEAKER 3: ### ### ### SPEAKER 2: ( ) Mais um parênteses e uma sugestão. Eu acho que, realmente, uma pesquisa de de expressões no interior daria coisas as mais geniais do mundo. SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: ### É lindo, né? Eu nunca me esqueço, eu estava lá na porta cooperativa, chegou um jeito muito legal, a Operativa de Café em Managuari, para entregar um lote de café, e numa época em que a safra foi grande, Então a cooperativa tinha dificuldade em receber todo todo o  café que queriam mandar, porque não tinha armazém para guardar tudo aquilo. Então tinha uma fila, que tinha que ser rigorosamente seguida para evitar problemas, afinal, recuperar todo mundo que não tem a mesma chance. Um indivíduo chegou com um caminhãozinho Ford quarenta e seis, e... atrasado, dois dias atrasado toda a sessão da fila. Então a cooperativa falou, é, quebrou, né? Bem, dizia meu pai, que para levar um homem, A falência, além de mulher, é só caminho ao velho (riso) E com isso existem milhares. É de uma riqueza inacreditável. SPEAKER 1: Os industriais já dizem muitas vezes que quem quebra, quem acaba com a vida de um industrial, ou é mulher ou é engenheiro (riso) (riso) Engenheiro na indústria sempre quer fazer um monte de modificações, de coisas novas ( )  SPEAKER 2: Eu acho curioso isso, porque minha mulher é de Bocanha, pertinho de Jaú. SPEAKER 3: ### SPEAKER 2: Não, é Bocanha  Simplesmente Bocanha. Não tem outra qualificação. Existe uma terminologia lá, que deve ser de uma região relativamente pequena, mas que é totalmente própria ( )  Inclusive, a forma, a expressão. As primeiras ( ) A primeira vez que eu fui para lá, eu tinha pensado com quem eu falava e nunca entendi o que estava se falando. É a forma de... Falando de uma senhora clássica, eu perguntei alguma coisa e ela respondeu assim, revirando os olhos de um jeito que eu não consigo repetir (riso) A dó do pôr-deixar. ( ) como é que é? A dó do pôr-deixar. Aí foi traduzido. A dó significa, imagine, ah ah  pôr, pordo, é o Leopoldo, o marido dela, pordo. E deixar é deixar. Eu pedi para a mulher explicar umas vinte vezes, eu não conseguia entender nada que ela estava falando (riso) Imagina se o Leopoldo vai me deixar fazer tal coisa. A dó do pôr-deixar (riso) Mas tem montanhas (riso) de expressões. Dá para formar frases inteiras. Preguiça é quarti. Estou com quarti. E daí vai longe. E é uma região pequenininha. Não sei da onde. Como é que você desenvolveu isso aí? SPEAKER 1: Eu faço a rua de Minas lá, né?  ( )  Não é muito perto, né? Jaú é diferente, Jaú ( ) ### É bem de Minas. ### SPEAKER 3: Ó, todo mundo é mineiro, né? (riso) Do país inteiro. Não há dúvida que o maior produto de Minhas (riso) foi gente mesmo. SPEAKER 2: É, aquela expressão do Eduardo Campos é clássica, né? (riso) Exportar minérios e não mineiros (riso) (riso) É a minha propunha. Melhor exploração lá do negócio. SPEAKER 3: É, isso é incrível, né? Tudo quanto é lugar que você vai ( )  ### Ela é todinha de mineiros. E é mineiro e migrado de de  Lá, mas que continua, no mês do século passado. Continua mineiro Se chamam mineiros. SPEAKER 2: (riso) Bom, meu pai até hoje ( )  ### Se o fulano é batuta, entende, ou é bônus, é mineiro (riso) Liquidou a questão. Se for mineiro, tiver o título de propriedade, está (riso) está tranquilo (riso) SPEAKER 3: É desproporcionado, quer dizer, deve ter muita gente que não tem nada de de origem, mas também acaba todo mundo chamando ele de mineiro. Porque senão, pô, o que aconteceu, pô? Só ( ) gente em Minas (riso) SPEAKER 2: (riso) Deve ter alguma coisa errada  Isso isso vem de herança, né? Eu sou nascido aqui em São Paulo. Conheço Minas, a terra do meu pai, ( ) de passar férias lá. E realmente, eu confesso, eu tenho mais amor por aquela terra do que por aqui. Aliás, eu detesto São Paulo ( riso)  (riso) Eu adotei com... E pouco disso é de viver em casa, ouvindo falar tão bem da terra. A foto é muito bonita, né? SPEAKER 3: É, eu acho gostoso também. SPEAKER 1: Você tem alguma experiência de pecuária, Guilherme! SPEAKER 3: É, eu  Tenho, por causa dessa fazenda em em... Mesma coisa, também, na época da guerra e tal, compraram uma fazenda grande lá. Grande, quer dizer, grande em relação daqui, né? Esse gado lá naquela região de Pereira Barreto. E lá ficou, foi abrindo mato, fazendo pasto, tudo direto. Muito pouca cultura. Cultura de um ano, pratica(  ) na derrubada da mata. Atrás da derrubada só. Geralmente era milho ou algodão. De vez em quando arroz, se não ganha mais um. Foram fazendo aquilo, foram conquistando a fazenda inteira quando foi lá por cinquenta e... Começa em quarenta e dois, quando foi por cinquenta e cinco tinha praticamente a fazenda inteira coberta de pastos. Artificial, né? Fazia tudo colonião. Soldava a colonião naquela região. bonito, né, fica fica com os restos as, dos troncos de árvores, os piores no meio do pasto, bonito, eh É é  errado tecnicamente ( riso), mas é muito bonito. É, aqueles coquinhos, que ficam aqueles coquinhos pequenininhos, baixos, que dão aquele coquinho pequenininho que não dá para você comer, mas que a arara come ( )  Então tem toda uma época do ano que começa ali em julho, julho, agosto, setembro, é cheio de arara na região. que vem de Minas. Vem de Minas, não. Nós só estamos falando de Mineiro, vem de  Vem do Mato Grosso. É uma coisa muito bonita. Você vê aqueles bandos de arara, né? ( )  dez, quinze, vinte, juntas ( )  vem atrás desses coquinhos. Fica ali, come e tal, e vai embora. SPEAKER 1: E como é que vocês organizam todo o o gado? Como é que... Que tipo de gado vocês... Bom, lá começou, por falta de dinheiro, né? SPEAKER 3: Começou com gato de ( )  ( ) de cria, né, era só criação ### Para fazer o capital crescer, ãh É duro já Não, era sempre com sangue zebul, né? Mas tinha muita, muito, muito gado, tão misturado que você não sabia o que que era, né? De origem. Aí, quando eu comecei a ir lá, assim, sistematicamente, passar férias lá, foi em cinquenta e quatro, cinquenta e cinco, mais ou menos. Aí já tinha bastante peso de relógio. Mas aí foi foi foi acabando a criação, porque era muito mais interessante do ponto de vista econômico e rentabilidade. Fazer só recria e engorda na fazenda. E aí foi diminuindo e praticamente em sessenta e um, sessenta e dois, a fazenda é pura. Desde aquela época ela é pura. Recria e engorda. SPEAKER 1: E como é feita toda toda essa criação? SPEAKER 3: A criação era totalmente extensiva. Mas já já, em termos brasileiros, já era sofisticado. E mesmo assim Porque era razoavelmente dividido, era um paço de trinta, quarenta alqueires ah, tudo controlado, não tem estação de monta, né, que é uma coisa mais comum em parte do Mato Grosso. No lugar da ( ) , que é muito violento, eles costumam separar os touros das vacas. Ou, às vezes, eles se separam naturalmente, sim, está certo?  como ( ) bem selvagens no nosso Mato Grosso. Há uma certa tendência da da dos touros se separarem das vacas durante uns três, quatro meses numa espécie de extinto selvagem de preservação. (riso) Naqueles meses que não tem comida, é melhor a gente se separar (riso), não fazer esse esforço adicional aqui, que vai dar mal  ( )  ### Quer dizer, ali, ali, por exemplo, não tinha isso. É uma região que tem ( ) a ( ) , tem problema de seca, mas nunca nunca houve essa separação. E aí... Separado, quer dizer, isso nesse sentido era um pouco mais sofisticado, separava lotes de vaca por tipo, por tamanho, por raça, né, raciamento, desde o início já tinha essa tendência de separar, mas o resto era totalmente extensivo, quer dizer, não havia, nunca houve nenhuma suplementação de alimentação, nada, era tudo direto, pasto, culto, todo o período de criação, só havia trato de de cura de bicho, Coisas assim, um bezerro e um ( )  Coisas desse jeito. Um tratamento bem elementar. E esperava tudo  ( ) Muito bem dividido dentro da fazenda, né? Onde que é a zona que é boa para criar, tudo. O pessoal descobre essas coisas naturalmente lá. Onde que são as regiões onde dá cria melhor e tal, dá menos bicho e tal. Então aquilo leva uma uma especialização dentro da fazenda bem bem grande. Você separa. que que é a área de criação, que que é a área de deixar para embora e tudo. SPEAKER 1: E os nomes dos animais? ( )  SPEAKER 3: Bezerro (riso) Bezerro ( riso) Bezerro. É, é, a mãe do Bezerro? Ah, bom, aí é é vaca, a vaca solteira e a vaca, certo? SPEAKER 1: A vaca e a mãe. Como chama a vaca quando ela está esperando o Bezerro? Se dizer assim, ó... SPEAKER 3: Cheia, cheia, né. A expressão mais normal é cheia ( )  SPEAKER 2: ( ) É coberta. SPEAKER 3: ( ) Existe a separação de vaca coberta quando eles percebem que o touro correu a vaca. Certo? Então, aí ela fica coberta e... E é em dúvida ãh É quando você ainda está em dúvida se ela está enxertada ou não. Depois, quando ele começa a ver que ela está enchendo, Ele começa a chamar de vaca cheia, hum E a... Geralmente não chega a ter outro nome quando está para dar cria, né? É mojano, né? É, mojano. Bom, mas isso isso é típico de zona de leiteira. Tanto que lá eles não usam tanto assim. Está chegada. Expressão muito comum, né? Essa vaca está chegada. Mas a ideia de mojano eu acho que está ligada mais com com zona de leiteira. Aqui se usa muito em Mocô. ### O negócio de que a vaca está ( )  Ela está chegando para a cria duas duas semanas antes, uma semana antes. Em geral, se separa ( )  ### Lá, por exemplo, não tinha nada disso. Parte também talvez disso, né? É porque simplesmente não implica em nada. Não implica em nada no manuseio do gado, nada. Você deixa ela lá. Ela está chegado, está chegado Não vai afetar em nada o teu o teu relacionamento com a vaca, né. Ela vai ( ) sozinha. SPEAKER 2: região mais sofisticada aí não. Daí é importante separar isso, né? Ela traz a vaca para um passo mais acessível para evitar que ela dê a luz de algum lugar difícil, porque às vezes é comum, solto assim, não acha mais o bezerro, né? Então, pode ser picada por cobra, pode ter qualquer tipo de problema, assim, e é possível perder o bezerro. Tem que ser mais cuida( ) SPEAKER 3: Tipo de zona leiteira, né? Acho que de zona leiteira que tem um trato mais imediato. Lá o que existia sempre, É um passeio diário no pasto. Quer dizer, o ( ) , o vaqueiro tem que tem que passar todo dia, ele dá um passeio a cavalo no pasto. E ele ele distingue perfeitamente. Mesmo aquelas vacas da ( ), tudo parecidinho, uma igual a outra. Ele sabe direitinho o que é uma e o que é a outra. Então ele procura. ### Cada um daqueles pastos tinha cinquenta, sessenta, oitenta vacas. Ele sabe perfeitamente quais é que são. Sabe o nome de todas. Qual que está cheio, sabe de que filha, né? Então ele ele vai, todo dia ele vai procurar encontrar aquelas dez que ele está sabendo que estão chegadas. Então enquanto ele não acha onde estão as dez, ele não para de procurar no pasto. Aí bastou ele ver, ele sabe se ela já deu cria ou não. Se ela deu cria, ele fica rodando um pouco para ( ) o bezerro. Que o que ele precisava fazer, geralmente, nesses dias, era simplesmente o trato do umbigo. Porque aí pode dar um foco de bicho, né? Então ele precisa desinfetar. Que, no fundo, era o único trato que ele faz naquele naquele dia. Depois existia sempre o sistema de quando está terminando o... como é que a gente chama lá o leite? Eu já entendo pelo termo técnico, eu não sei lá o que eles falam (riso), mas agora... É, isso é mais ou menos uma semana depois, né? Cinco, seis dias. Nessa época, costumava-se trazer as vacas para para o curral. Você esgota totalmente o leite que tem no úbere, porque o bezerro geralmente não tira tudo. Certo, então, principalmente nessa primeira semana. Então, há uma tendência de formar excesso, de começar a inchar demais  SPEAKER 1: Esse primeiro leite, como é que chama? Eu acho que tem outro nome que agora está me faltando. SPEAKER 3: Não, eu estou ligado com o nome, mas é o nome mais técnico, é colosso. ( ) Eu sei que eles usam outro nome ( )  SPEAKER 1: Você pode falar primeiro leite. Em mulher também é, né? SPEAKER 2: ( ) O tema é exatamente ( )  Primeiro leite. SPEAKER 3: Bom, aliás, é impressionante, né? Entre vaca, entre vaca e mulher não tem a mínima dife( )  (riso) ( ) Mas é literalmente, eu comparo tudo, porque é igualzinho, período de gestação é idêntico, todo o processo do leite é idêntico, tudo. Igualzinho, a evolução do do bezerro é igual, a movimentação também é relativamente semelhante. o processo de nascer é a mesma coisa. Os cuidados, não é mesmo? SPEAKER 2: É, tudo aí é extremamente ( )  SPEAKER 3: O período, tudo é é (riso) idêntico, né. SPEAKER 0: Agora isso é uma paixão e sem abrir a discussão, porque senão não vai dar certo (riso) ( )  SPEAKER 3: (riso) Esse era o único trato que se dava lá. Depois aí esse esse negócio, quando estava ali no fim, quando estava cheio, o úbere da vaca, havia esse costume de trazer,  E é ah é o que eles chamam de secar. Quer dizer ah essa essa secagem do do antes dela começar a dar o leite comum. ### Secar é o fim da lactação. É o fim do período, quando o bezerro vai ela vai parar de dar leite. Esse negócio era esgotar. Eles chamam de esgotar. É porque você realmente, naquela hora, tira praticamente da hora que começa a pingar sangue, certo? pequenos sinais. Porque, e é realmente importante, porque depois dá a mesma coisa que dá em mulher, é exatamente a mesma coisa, dá aquelas inflamações, dá aquele endurecimento, empedrado, (riso) certo? É igualzinho, é o mesmo mesmo fenômeno. SPEAKER 1: E depois que ela tem o bezerro, porque ela está com o bezerrinho novo ainda, é chamada de algum jeito especial? SPEAKER 3: Não, é vaca. Aí que ela é vaca mesmo (riso) Porque senão ela é vaca solteira. SPEAKER 1: Não, mas depois que o bezerrinho nasce, aquela vaca, cuidado com ela, porque ela está... Não, não. SPEAKER 3: Não, nossa expressão é vaca ( )  ( ) Como é solto tudo, não há muito essa distinção. Você tem muito pouco contato com os animais, quer dizer, fora fora o vaqueiro, ele tem pouco contato. Ninguém mais na fazenda tem contato com ele, porque ele é longe, é tudo distante. Fora ele que vai lá, então não há esse problema de distinção muito muito preciso de termos. Quer dizer, porque em fazenda leiteira já é um pouquinho mais importante você saber se é de bezerro novo ou não, porque geralmente é uma vaca Ela é muito mais nervosa, ela está mais ( ) tem isso ( )  Tem manifestações estranhas de vez em quando, fora do do patrão, naqueles primeiros dias, né. Quando você pulou muita a cerca É, (riso) mas só aquilo. E enquanto a gente trata com ( ), porque ele misturou e já acabou. Ele misturou sangue também, é um bicho completamente sem sem sem instinto mais, né? ( )  gente boçal, né? SPEAKER 2: ### curiosa a fazenda em Minas e o vaqueiro um dia chamou-se a casa do doutor aquela vaca está dando muito menos leite do que devia está dando geral o vaqueiro sabe e de fato se observar a vaca tirava três, quatro, cinco, seis litros de leite e saia um litro de leite só quando saia. Ficou observando e um dia ele descobriu o que era. Veja que negócio, realmente parece história de pescador. O chão do estábulo eh com pedra  é um negócio muito antigo, entrou uma cobra, venenosa, surucucu, alguma coisa assim, de mais ou menos um metro, e se alojou num buraco no chão do estábulo. E ela, (pigarro) não sei como começou, mas o fato é que a diabo da bicha estava tão acostumada que ela chegava perto do buraco e ela parava. A cobra saía, rolava na perna da vaca e mamava ### ( ) Aí mataram um surucucu com um negócio desse tamanho, assim, enorme. E era isso que a vaca não dava bem. Eu já tinha ouvido falar disso, não acreditava realmente que conseguisse. Mas esse é um senhor, não acredito que ele seja... Ah, que é um cérebro e não é pescador. ### ### SPEAKER 3: ( ) curiosíssimo, né? A gente já ouviu falar isso também, de outros caras. Não é não é um negócio tão... ( ) O que eu acho, o que prescinde de fora, para mim, é incrível, é a identificação. A capacidade de vaqueiro de identificação de vaca. É isso que ( ) De memória para aquele processo. Não, não, ( ) Alguns gatos, está. Você pode ver. Mas, por exemplo, quando você vai para Nelore, uma raça que é toda branca. Para mim, sempre foi absolutamente impossível. Fazer qualquer distinção. Mesmo quando eu passava dois meses em seguida morando na fazenda, férias inteiras lá, não saía de lá, não adiantava. Desde o primeiro dia até o último dia para mim era quase tudo igual. Eu podia distinguir um que tinha um chifre partido, mas era exclusivamente porque o chifre era partido que eu que eu distinguia. Os sujeitos sistematicamente sabiam o nome. SPEAKER 2: E da maturidade, da paternidade... da data de nascimento, com quem for, é inacreditável. Identificação, assim, total. SPEAKER 3: E é um dom comum, né? É uma coisa que complica, por exemplo, nesse gado assim, de criar mais extensivamente, é que às vezes ele vai passar três, quatro meses sem ver a vaca. Porque quando ela está com o bezerro, ele está num contrato mais ou menos diário, ele vai correr o passo, se ele está correndo para ver outras que estão chegadas, vão dar cria, então ele está passando por ali. Mas quando ela se separa do bezerro, desmama o bezerro, oito meses, nove meses, ela vai ficar, às vezes, mais de quatro, cinco meses em um outro pasto solto, certo, sem touro e tudo. Já está cheio e tudo, então não vai para lá. E ele praticamente vai passar quatro, cinco meses sem ver a dita cuja. Quando ela volta, ele sabe. Eles mudam de pasto, passam para um pasto onde ela vai dar cria, e ele sabe direitinho. SPEAKER 1: põe algum sinal especial para saber que aquele gado é dele? SPEAKER 3: Não, nossa, tem a marca, tudo tem a marca. Como é que é feito isso? SPEAKER 2: É como um filme de bang-bang, (riso) é fogo. SPEAKER 3: Só que tem muito que eu não lembro, que essas vacas aqui, nossa, não pulam daquele jeito (riso) Aquilo na cerebral não faz nada. SPEAKER 2: O que é comum hoje, está começando a ficar mais comum, é picar a orelha, né? SPEAKER 3: É, mas isso é tudo o gado mais controlado, o gado mais fino, que você precisa ter beleza, Não pode prejudicar couro e coisas assim  ( ) Ainda é relativamente raro, né? O que há muito mais no sistema hoje em dia é como marcar, onde marcar. Há muito mais rigor nisso, né? Quer dizer, parte baixa da da da coxa, né? Porque antes o sujeito começava a subir a marcação. Às vezes, a segunda marcação, às vezes, é feita na na na  paleta, né? No pé da frente, na mão da frente, hum.  SPEAKER 1: Mas é feita mais de uma. Ah, é? Você compra de um ( )  SPEAKER 3: Ah, sim. Por exemplo, gado de de de engorda. É muito comum isso. A gente compra, de vez em quando, bezerro desmamado. O sujeito marcou. Nós pomos uma outra marca lá na fazenda. E, às vezes, você compra um boi magro, de três anos, ele já passou por dois. Então, geralmente, você põe mais a sua marca. Isso é que está ficando... Agora já existe muito mais rigor nisso. O pessoal já começa a marcar na mandíbula. no gato também, quando começa com muita marca. Então você põe uma lá embaixo na coxa, bem embaixo, põe outra na paleta e depois vai outra na na na  mandíbula. Geralmente é o que você procura para prejudicar menos o couro, exatamente. Mas, antes era ridículo, por exemplo, quando você tinha no alto da coxa, na vaca, pá, uma marca bem lá no meio, imensa uma marca, aquilo estraga o uso do couro, prejudica bastante SPEAKER 2: O que eu queria pelo menos nunca ter foi o costume de assinar, né? A maca era relativamente pequenininha, né? (riso) SPEAKER 3: Assim, não, não... É, aqui esse processo todo, esse negócio de roubo de gado e tudo aqui, é tudo romance, né? Trouxe o mínimo. Há um fenômeno comum de de Mato Grosso e tudo, de boiada, de às vezes misturar um pouco e você acaba levando uma ou duas cabeças. Mas é... é realmente... é O processo. E para começar, você leva duas dessa fazenda, deixa duas na outra, você perde duas e vai indo, quer dizer, nesses deslocamentos grandes de boiado. Então, é... Eu só estou arrumando(  )  SPEAKER 1: ( ) E o lugar onde fica o gado, quando ele está recolhido, como é que se chama? Você falou de...? SPEAKER 3: Curral. Sempre foi curral. SPEAKER 1: E o lugar onde eles comem, geralmente, onde põe...? ( )  SPEAKER 2: Usa mangueiro? Mangueiro é comum de usar? SPEAKER 3: Mangueiro, eu conheço mangueiro só para porco ( )  SPEAKER 2: O mangueiro também se estende a a curral. Estábulo seria o curral mais bem... para para tirar leite mesmo, né? ah...  SPEAKER 3: Retiro? Retiro para...não,  na minha terminologia, por exemplo, estábulo é o barracão. que pode ser para tirar leite ou não. Isso é barracão, onde às vezes tem o tronco, que você vai vai cuidar do gado. Aquele corredor mais estreito que tem lá. Tem o tombador. É um lugar mais estreito ainda. E a xeringa. ### Depois tem o tronco e às vezes tem o tombador também, que é aquele lugar que você aperta o boi numa das beiradas do tronco e o tronco é móvel. Ele deita. quando vai tratar do gado com mais... tem problema mais sério para tratamento do gado ãh Aquilo é que geralmente é conhecido como como o estado. Aquele lugar ( )  O retiro... o retiro para mim sempre teve mais ligado ao lugar onde você tira a leite mesmo. Aquele que é feito para tirar a leite. Quer dizer, aquele que tem o espaço aberto dentro, certo, para deixar o gado para para tirar o leite. SPEAKER 1: E você faz alguma de... dá nome diferente para o bezerro macho e fêmea? SPEAKER 3: Não, bezerro, bezerro.  Bezerro, bezerra. Bezerro. Fica só nisso mesmo, não há... Bezerro é garrote, novilha... É, garrote, novilha, o nosso termo é. Só o gaúcho aqui é  ### O gaúcho é que tem o termo nele, né? SPEAKER 1: O que é novilha? SPEAKER 3: A novilha é... depois de um ano. A distinção é a desmamada ou não. Sabe quando você... ela para de tomar leite, tanto o bezerro quanto ela, são separados já, que a gente já tem de chamar de novilho ou novilho. SPEAKER 1: Você falou em terneira também. SPEAKER 3: Terneira é no Rio Grande do Sul, hum. E tem, algumas vezes, exatamente esse negócio. É o gauchão que veio para cá, que cuida de gado, que traz o nome. É um nome que muita gente conhece. Quer dizer, no interior, quando você falar, todo mundo sabe o que quer dizer. Embora não use. Aqui. É o é o substituto para o bezerro. SPEAKER 1: E você estava falando de ter que abrir um tratamento mais sério. O que acontece com o gado que precisa de um tratamento mais sério? SPEAKER 3: Ah, geralmente é frieira, que o curro dá aquela ferida no casco, né? Começa a crescer a unha de cima e o miolo do casco deixa de crescer, certo? E forma aquelas feridas no... como é que a gente chama aquele negócio no meio dos dois cascos? Aquele pedaço de carne lá que tem no meio das duas unhas. do casco, né? E ali é uma... no fundo é uma incisão mesmo que você tem que fazer. Cortar com cuidado o casco inteiro, tirar todo esse excesso. E às vezes fazer incisão nesse nesse miolo, no meio das duas unhas, para sair realmente pus, realmente tudo que tem lá dentro. E esse é um trabalho que você não pode fazer, às vezes nem amarrado em pé não dá. Porque você está cortando tudo aquilo e começa a colocar no chão, suja tudo. Castrar, né? Enquanto trabalha... É, uma castração, castração lá é é é... ainda é feita geralmente é num curral. Mas num num num curral aberto, né? É, aberto. ### Quer dizer, você só só dobra , deixa ele cair no chão. Passa a corda no pé e deixa ele cair e aí E aí, quando você tem bicheira, tumor mesmo, grande, né? ### Na boca, não, na boca é pouca coisa. Fundamentalmente, o que eu conheço está ligado à aftosa só, né? E geralmente ali não há muito o que fazer, né? ### Como é que chama aquele líquido amarelo lá? Nossa, até é um líquido amarelo, aquelas coisas de iodo que de vez em quando põe. Dá uma bochechada na vaca (riso) E e só. Realmente não há o que fazer. SPEAKER 1: E aqueles bichinhos que entram no couro da vaca, sim? SPEAKER 3: Verme. Verme. Aqui em Mococa a gente tem muito disso. Na Noroeste não existe nenhum, nenhum.  Não existe nenhum existente. Até que o couro de lá é muito mais bonito que o couro daqui e SPEAKER 1: E o excremento dos animais é usado para alguma coisa? Vocês usam para  SPEAKER 3: ### ### Aqui usa. Ou fazenda leiteira a gente usa é SPEAKER 2: Como é possível na fazenda leiteira, né? Porque tem que ser reunido, ãh... ãh...   Tem que ser reunido ( ) em algum lugar para concentrar, né? SPEAKER 3: ### ### Me lembro que quando existia um pouco de café lá, e quando se planta árvore em algum lugar para fazer sombra, A gente recolhe o acúmulo de esterco que tem na na nos lugares onde tem bebedouro, passagem de porteira, certo? Isso já havia acontecido lá. ### Quando você vai plantar uma árvore num certo lugar, ou ia fazer semeia em muda de café, coisa assim, ia nesses lugares, o lugar naturalmente se concentra. Por exemplo, o lugar onde se põe costiçal. Então ele sempre se concentra. Então ali dá. Às vezes você ia com caminhão, com carroça lá e pá, fazia aquela raspa por cima, Porque era uma terra, para ficar uma terra rica ( ) mas era só isso, esporádico. Aqui, uma Mococa com... Tem esterqueira, tudo regular, rola a calda da esterqueira. ( ) É, normalmente. Ele vai aqui, ele tira três, quatro vezes por ano. E aí aproveita para quê? Ali vai geralmente, vai geralmente para o café. ### É aquela adubação que a gente intercala com a adubação química. SPEAKER 2: A procura maior disso, para onde tem café, é para cova de café, um plantio, né? SPEAKER 3: E e lá a gente usa às vezes também para intercalar com a adubação química sistemática, né? Que começa a faltar certos minerais menores e coisas desse tipo. E aquela dá dá um balanceamento. SPEAKER 1: Vocês têm alguma experiência com porcos? SPEAKER 2: Nós temos uma meio dramática (riso) Tivemos uma tentativa de criação de porcos. Não deu certo. Eu ia pouco a fazenda naquela ocasião, não lembro exatamente porque. A tentativa foi um pouco de raça, né? O duroque, o rapxá americano e o landrace, que é norueguês. Landrace é um porco engraçado, porque realmente não parece porco. Você já viu alguma vez? ( )  É um porco totalmente branco. Cumprido, fino e relativamente magro. E exatamente desenvolvido para ãh... Sem gordura, né? Para... Para carnes mais sofisticadas, de produtos mais sofisticados. A sadia que introduziu isso aqui no Brasil. ### (pigarro) Bonito de ver. O duroque, um era preto com a bola ( )  O duroque ou o vermelhão? O vermelhão, né? É, o ranchoere, que é o preto com uma cinta branca no no pescoço. Esses já são gordo. Holandês (riso), é, é Ho(  ) SPEAKER 0: Porco holandês (riso) SPEAKER 2: Mas o o não deu certo ( ), me parece. Nós tentamos dois anos e não deu muito certo. Aparentemente por duas razões, ãh Na medida que eles tinham raça muito pura, ãh... Como qualquer animal, Você vai apurando a raça, tem que apurar os cuidados também, né,  para você ficar muito sensível. Um cachorro, um gato, um gato ( )  de raça é mais exigente do que um nenenzinho novo e ir ( ) para o cachorro. E realmente nós não conseguimos dar conta da desse tipo de necessidade, quer dizer, a ração tinha que ser exatamente balanceada, os complementos minerais tinham que ser perfeitos, todo um programa de vacinação o mais racional possível e tudo mais. E o local onde nós pusemos, a estava por cá, um local meio no canto da fazenda, onde, naturalmente, isso se passava pouco. ### Para ele era... ele se esforçava ao máximo, mas era difícil de ele conseguir entender ãh... Que algumas coisas tinham que ser feitas exatamente da forma como estavam sendo feitas. E não era não mais ou menos, quer dizer, Você tinha que vacinar de xis ou xis dias, não era mais ou menos, de xis em xis meses, coisas assim. E com isso, mesmo montar, fazer as rações, você tinha que não fazer direito. Nós descobrimos isso, de uma forma curiosa, é que a... por carência de cálcio, carência brutal de cálcio, ãh... Os porcos começavam a comer o tijolo do chão, do assoalho. E foi aí que nós descobrimos que a coisa ia mal. Já tinha algumas indicações pela mortalidade, aquele negócio. Mas realmente ali se complicou bastante. SPEAKER 1: Onde chama o lugar onde eles ficam, onde eles moram? moram> bom, ali...  SPEAKER 2: Chiqueiro. É, é chiqueiro onde fica a sua maternidade, onde está com a cria novinha, enquanto está mamando ainda. SPEAKER 1: E como é que vocês chamam as crias? ### SPEAKER 3: Porquinho, (riso) (riso) Para mim é porque... Leitãozinho, né? Leitãozinho para mim é um nome sofisticado. Eu noto que lá não é tanta essa história de leitão, não. É porquinho, é porquinho. Aqueles lá de raça... Leitão é nome nome... ( )  ### É, isso é meio urbano. SPEAKER 2: ### SPEAKER 3: Não, não existe isso, não. É pouco, é em livro de registro e tal. Deu... Porco, né? Deu porco. Deu oito leitõezinhos, nove leitõezinhos (riso) SPEAKER 2: É, a única diferença é a raça. Esses de raça respeitavam o nome e a raça. SPEAKER 3: (riso) ( ) O nosso lá é é é puramente residual, que é para sobra de estalo. É para aproveitar o que sobra de comida no coxo. Para não jogar fora. Como vaca, deixa muito, né? Aquele resíduo, e aquele resíduo tem está cheio de sobra de ração, de proteína, de tudo. Aquilo é raspado, uhum, e vai para um um pequeno, pequeno chiqueiro. Que tem o que, tem umas... As vinte porcas. SPEAKER 2: A experiência é um negócio impressionante. Os diabos dos porquinhos, da porca monera, era de uma exigência inacreditável. Porque realmente ele tem o sangue muito apurado, então por uma exigência, ao contrário, de higiene, é um negócio fantástico. Eles tinham muito mais higiene do que o curral das vacas, e se não tivessem eles morreriam mesmo. Ter a capacidade de pegar uma infecção, de que é exatamente a... A inconvivência com a sujeira era um negócio assim extraordinário, impressionante. Os bichinhos eram bonitinhos ( )  ### ### SPEAKER 3: ### ### ### ### SPEAKER 2: ### ### ### ### ### ### ### ### ### ### ### ### ### É realmente lá. SPEAKER 3: E é extremamente ( )  Um dos poucos perigosos ( )  SPEAKER 2: ### SPEAKER 3: Bravo, mas bravo. É uma barbaridade. ### ### Lá nós misturamos o Uroque com o Piau. É, é para ficar aquele negócio ali. ### ### ### ### ### ### ### ### E o objetivo lá é esse mesmo. É para não dar trabalho, né. E ao mesmo tempo você não tem que jogar algo. ### ### ### ### SPEAKER 0: ### SPEAKER 2: ### ###