SPEAKER 3: Então, nós podíamos começar, eu gostaria de ouvir a a opinião dos dois, eu acho que há há uma experiência nesse sentido, sobre o que acham, não do ensino atual, mas da experiência que tiveram em relação ao ensino desde o primário, ou antes  SPEAKER 1: até do primário se quiser. Bom, antes do primário não era formal, não era o que entra na fase de reminiscências. SPEAKER 3: Agradáveis, no caso? SPEAKER 1: A parte de conhecimento em geral, muito, a parte de educação, nem tanto, né? Eh Dos hábitos e costumes. Aham. Um pouco mais sofrido. Agora, quando a gente começa a pensar em ensino, ou no ensino pelo qual se passou, sempre se faz comparação com o que é atualmente, com o que está se vendo. SPEAKER 3: É, seria bom comparar, por exemplo, se nota que se a coisa hoje é mais eficiente e por quê? SPEAKER 2: Não sei se é tão mais eficiente que esses métodos novos que eles estão pondo, esse tipo de escola nova, ainda não deu assim um espaço de tempo para saber se é eficiente ou não, não é? rigidez que a gente sofria na escola, agora se isso vai trazer bons resultados ou não, eu não sei. É, acho que essa é a primeira opinião divergente ( ) SPEAKER 1: ### O pessoal aprende mas aprende me> ### ### ### ### E a gente pega hoje em dia a criançada saindo do primário e eles sabem, eles entendem. Eles se conhecem muito mais do que a gen> SPEAKER 2: SPEAKER 2: ### Não usa. SPEAKER 3: Mas isso não é porque hoje realmente os os cursos de doutoramento já estão realmente implantados e realmente há uma diferença? SPEAKER 2: Há, tem uma diferença. É outro passo acima, um degrau acima o doutorado. SPEAKER 3: ### SPEAKER 2: ### ### SPEAKER 3: Eu não sei que tipo, mas tinha um trabalho, uma alguma dissertação, qualquer coisa assim, e parece que inclusive era o Reale que dava, sabe? Não me lembro como é que era a coisa, mas parece que ele era um especialista nessa área chamada doutorado. que era incorporado ao próprio quinto ano, dentro do quinto ano, além das matérias, você fazia outras, duas ou três. SPEAKER 2: Seria muito melhor, viu, porque hoje em dia é um problema fazer esse curso de doutorado. Eu já fui não sei quantas vezes na faculdade, mas o horário é horrível. Ah precisa ver se tem vaga, se você passa no naquela seleção que eles fazem eee às vezes não consegue, então, o o número suficiente de vagas preencher, então o curso não não tem o curso. É horrível. E se fosse junto com o quinto ano, ia, né? SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: (   ) Isso é realmente um problema de linguística. No Brasil não se fala ou não se chamam as pessoas pelo nome da profissão, né? SPEAKER 2: ### Não é muito sonoro, fácil. O título de doutor aqui ficou muito popular, né? É Todo mundo é doutor. SPEAKER 0: Médico, engenheiro, advogado. SPEAKER 2: ### ### SPEAKER 1: ### SPEAKER 3: Eu não sei, sabe porque eu nunca pensei nessa coisa e nem inclusive nessa conotação pejorativa, a não ser com essa experiência que até me assustou um pouquinho, porque porque (  ) pessoa fosse ofender... Ele não gostou Não, não gostou, porque já tinha uma certa categoria profissional, já já era da magistratura e tal, chamado bacharel, mas a gente era amigo, né? (  ) SPEAKER 1: ### E não gostou? SPEAKER 3: ### Essa pessoa ficou toda abespinhada, então eu resolvi tratar os advogados agora tudo menos de bacharel, porque eu não quero encrenca com  No seu caso...Agora, não me chame de doutor. É, não, chamo não de maneira nenhuma vou chamar nem de senhora, aí no seu caso por exemplo a faculdade dá condições de de de vamos dizer de treinamento? SPEAKER 2: Comparando com a minha, eu tenho a impressão que é mais prática. SPEAKER 1: Não há termo de comparação. Eh Você pode dizer que para um advogado existem certas rotinas estabelecidas de trabalho no fórum, fazer uma petição, Para um médico existem certas técnicas para fazer uma cirurgia. Para um engenheiro, eles ensinam, conforme a especialidade, o suficiente para desenvolver aquele trabalho. Mas é uma profissão extremamente dinâmica. Não há nada estabelecido. Só há coisas estabelecidas para engenheiros civis que constroem casas. Existe o código de ordem. Certo Fora isso, não há rotinas e procedime> SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: ### SPEAKER 2:  em Direito eles só dão teoria. Uhum. E lá vocês têm matérias mais práticas. SPEAKER 1: É típico do tipo de atividade, não é? É. SPEAKER 2: não tem termo de comparação, mas mesmo assim pode-se dizer que Engenharia te habilite mais, não é? Uhum. ### SPEAKER 0: ### SPEAKER 1: Na engenharia, no estudo de engenharia, eles podem te ensinar grandes problemas e grandes soluções já ocorridas no passado e você usar isso para dar um passo à frente. No direito, eles têm que se manter ao que existe de códigos. ### Alguns casos de jurisprudência formidáveis, como o exemplo. ### Todo mundo vai usar os modelos como modelos e... SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: Aliás, eles imprimem, já na revista dos tribunais depois ( ). Bom SPEAKER 3: Mas aí, por exemplo, na su na experiência de ginásio, vocês levaram seriamente o ginásio? SPEAKER 2:  Sinceramente de acordo com a idade, né? SPEAKER 3: Por exemplo, você não de vez em quando não dava vontade de não ir a uma determinada  SPEAKER 1: Aula...Ah, de escapulir... Até o segundo ano é seriamente, ou foi, no meu caso. A partir daí, a gente aprendeu o método. SPEAKER 3: Qual é o método? SPEAKER 1: ### ### SPEAKER 3: são são ricos, não são? Quer dizer, os métodos são os mais variados. Como é que se fazia para não ir a uma aula? ### SPEAKER 1: O importante é o método de passar de ano. SPEAKER 3: Ah, é? É. Como é que se faz? Assim, para realmente passar sem estudar muito. O que que se usa? Ou se usava? SPEAKER 1: Basta estudar o suficiente. Aham (  ). Existem a artifícios chamados cola, et cetera e tal, mas ãh... Eles não servem sempre. O que eu tenho... Eu estou convencido disso. Existe um método de passar de ano em qualquer escola do Brasil. Superior, pós-graduação... Existe, não existe? SPEAKER 2: É, a gente... SPEAKER 1: (  ) Diz assim. É um hábito de ser estudante. SPEAKER 2: Mas de acordo com o professor, de vez em quando a gente percebe a matéria que ele gosta mais, o tipo de perguntas, quer dizer, a gente mais ou menos se baseia no conhecimento do professor para saber o que ele pode perguntar em prova. Aham. Já nas provas antecedentes e assim vai. A escola num... quem cola não sai da escola SPEAKER 0: ### SPEAKER 3: Aí, mas no caso, assim, por exemplo, de de vez em quando ãh escapulir de uma aula, isso era, por exemplo, a a havia ãh facilidade para isso ou vocês criavam coisas desse tipo? SPEAKER 2: No meu colégio não tinha muita não. SPEAKER 1: ### Era tanto quanto... E é uma questão de fase também. No ginásio era muito difícil sair de uma aula. SPEAKER 3: Como é que chama o aluno que faz isso? SPEAKER 1: que sai da aula? É que... No meio da aula? SPEAKER 3: ### ### Cabulador? Aham. SPEAKER 1: Mas ah o cabulador sempre existiu e sempre existe. O problema é que no ginásio. É mais difícil. É uma atividade heroica cabular. No científico e na faculdade. SPEAKER 2: Ah, eu não tenho problema. SPEAKER 1: É praticamente obrigatório. Se aprende muito fora. Quem sabe até mais. SPEAKER 2: No pátio, né? ### Mas até o clássico era fogo, só a aula de ginástica mesmo. SPEAKER 1: Interessante que no meu ginásio, já que vocês são linguistas, né? Eh Linguistas ou filósofos? SPEAKER 3: Não nos chame de filólogos, que aí nós brigamos. ### ### SPEAKER 1: No no meu curso médio, nós cabu cabulávamos aula. ### Nós, na faculdade, matávamos aula. SPEAKER 2: ### SPEAKER 3: ### Mas havia uma diferença no comportamento da pessoa para mudar a terminologia ou não? Era a mesma coisa? SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: Uma diferença de época, quem sabe...Aham. Cabular, matar... Aham...mas.... Na faculdade não tem tanto problema, quer dizer que... Vai quem quer. Não dá aquele gostinho de cabular a aula como dava, quando a disciplina era mais ferrenha. SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: ### SPEAKER 3: Mas aí os dois tiveram que passar por um curso intermediário antes de fazer o o o o exame para a faculdade? Já tiveram essa experiência ou já entraram direto? Não, não fiz cursinho. Eu fiz. ### E como é que era, assim, o tipo de comparação que se podia fazer entre esse cursinho e o que antes? SPEAKER 1: ### Professores excelentes, matéria muito bem dada, racionalmente dada. O ponto alto do ensino médio é o cursinho. Pelo menos o que eu fiz. ### SPEAKER 3: Acha que, que assim, vamos agora, pensando nas coisas atuais, que afinal não está tão longe assim da sua época, que o cursinho é ainda um mal necessário, se é que ele seja um mal? SPEAKER 2: ### Eu acho que é um mal necessário, que cada vez mais o pessoal está... Entrando em faculdade, então a concorrência é muito grande que muitas vezes... Tem cada vez mais faculdade, mas não é qualquer faculdade que você quer entrar. Você quer ter um diploma numa faculdade conhecida, quer dizer, de nome. um diploma, uma faculdade qualquer do interior, não conta nada. ( ) essa necessidade também Mas tem uma certa prevenção, por exemplo, o médico, o pessoal não vai no médico que se formou numa faculdadezinha do interior. ### Então a fluência é muito grande, a concorrência, o ensino médio não deu não capacitou para a pessoa entrar direto, exceto alguns casos. ### ### ### Eu também mereço. ### Então vem para cá também. ### SPEAKER 1: ### ### Isso é pegar toda aquela matéria, estudar ela, o que precisa, o que não precisa não estudar, tirar as dúvidas que não tirou ou que estava mais interessado em futebol ou em jogar (  )ou bolinha de gude ou outras atividades muito mais interessantes. Da época né? Namoros, comissões de formatura. É, é lógico. Competições esportivas, greves. SPEAKER 2: ### ### ### SPEAKER 3: Sempre fui. Pois é SPEAKER 1: ### No no no científico e no ginásio tivemos um ou duas só. Mas eram períodos em que eu nunca via professores tão satisfeitos e alunos tão satisfeitos. SPEAKER 3: Mas pelo fato de que o movimento ali ãh tinha uma certa objetividade ou pelo fato só de não ter aula? SPEAKER 1: O motivo número um era o fato de não ter aula. Mas eu acho que a greve ajudou a criar grandes profissionais, ensinou muita gente a falar em público. Mas muita gente mesmo. Aham. Eh ### Não tem importância, mas precisa abrir os olhos. Fazia parte do contexto universitário. Aham, entendi ### ### SPEAKER 3: É que eu sei que elas faziam parte, inclusive, do próprio currículo, né? SPEAKER 1: Porque se esperava... Se esperava, quando não tinha, era um problema. SPEAKER 3: Mas, assim, das greves de que você se lembra, você acha que a houve alguma que realmente conduziu a alguma coisa de positivo, assim ãh, de reivindicação, vamos dizer? (tosse) ### SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: Teve uma muito grande, lembra? SPEAKER 1: Grande foi a última. SPEAKER 2: ### ### SPEAKER 1: ### SPEAKER 3: (  )  É, porque uma justificativa que eles davam era o seguinte, que havia tanta matéria para estudar que não dava tempo para pensar se estava certo ou se estava errado. SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: Acho que foi qualquer coisa do (  ). ### SPEAKER 2: ### Ele conseguiu tirar aquele prédio do meio do caminho? Sabe desse caso, né? ### Na Cidade Universitária tinham vários prédios. ### E ele achou que a avenida tinha que passar exatamente onde estava um prédio. Lá atrás da reitoria Simplesmente ele pôs  SPEAKER 1: Tinha uns prédios dos alojamentos que estavam no meio da avenida, que ia para o prédio da reitoria. Quer dizer, a avenida não podia contornar. ### SPEAKER 2: ### Incrível, viu? E assim vai, nosso... Ele ainda continua em Portugal ( )? SPEAKER 1: Ah, sim, embaixador. Claro Extraordinário. Deixa lá, deixa lá (risos). A gente pulou de cursinho para greve. Vamos voltar para o cursinho. SPEAKER 3: Vamos, vamos voltar. É muito melhor, né? SPEAKER 2: ### ### ### Lá o ensino... é baseado principalmente em discussões em aula, discussões de caso, eu achei muito  ### SPEAKER 1: É o método do caso que eles. É uma turma totalmente diferente.  Usam. SPEAKER 2: Então eles dão assim, digamos, uma bibliografia enorme, que a gente tem que se matar de ler, em inglês, francês, espanhol, tudo. Uhum. Eee Então eles apresentam um caso e a pessoa tem que preparar o caso, baseado nessa bibliografia, ou experiência própria, opção de coisa, e discutir em aula eee. ### E geralmente as provas são casos concretos, só o que eles apresentam. E isso eu achei muito bom, que isso puxa, porque o aluno não pode ficar quieto, parar, tem que... Mas é um só que discute cada  ### ### A discussão é geral. SPEAKER 1: ### É a única escola que faz isso né. SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: ### muito mais dinâmico, muito mais ativo do que o sistema de prevenção o sistema Claro. SPEAKER 2: Inclusive a experiência... Depois, casos práticos, quer dizer que tem mil e quinhentas possibilidades eee, como se chama, ãh vari variáveis que você tem que lembrar, tem que descobrir, porque eles dão um caso ali, explicadinho, pequeno. Então, você para chegar a uma conclusão, tem que lembrar, é possível que aconteça isso para dar aquilo. Puxa pelo raciocínio, né? Então, eu achei ótimo. SPEAKER 3: As turmas são grandes, ou não? Não, não devem ser, né? SPEAKER 2: No começo, eu tinha uma turma muito grande. Eram uns cinquenta, sessenta, né? SPEAKER 1: ### SPEAKER 3: Mas ( ) como é que eles conseguem com tanta gente? Porque eu eu só visualizo isso em pouca gente. Como eles conseguem a participação de tanta gente num esquema desse? SPEAKER 2: Geralmente eles, alguém... ele escolhe alguém para apresentar o caso. Então a pessoa apresenta o caso, apresenta a solução, o professor sai, ele fica lá, quer dizer, vai para trás e a pessoa fica lá como se fosse professor, e dá aula sobre o caso, apresenta toda a solução, como resolveu tudo. Aí o pessoal, os outros alunos, começam a levantar objeções. Não, isso aí está errado, porque isso e isso. E cada um vai dando a sua opinião, que aí a discussão fica geral mesmo. Mas no começo eu tinha ãh cinquenta e tantos colegas. Mas o curso lá é muito puxado, no fim eram dez ou quatorze que conseguiram acabar, muitos dos quais acho que não acabaram até hoje. SPEAKER 1: ### ### Quem não quer ou é tímido, não en> ### O professor apresenta um caso e não sabe a resposta. SPEAKER 2: ### E nós que resolvemos para ele. Aham SPEAKER 3: Mas isso do ponto de vista assim profissional, vocês acham que foi uma experiência importante para vocês? SPEAKER 1: Excelente. SPEAKER 3: ### o curso é muito solicitado ou não? ### SPEAKER 1: Cada vez mais. SPEAKER 2: E cada vez mais há seleção, então está ficando mais rígida, né? Mais difícil. SPEAKER 3: No seu caso, por exemplo, é um título que deve ser valorizado, né? Assim, no na no lugar onde você exerce a profissão. ### ### ### SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: Agora, para ele é muito valorizado, porque hoje em dia, se você abrir o jornal e olhar se precisa-se de engenheiro, geralmente vem assim, com pós-graduação em administração de empresa. ### Mas não tem num eu até apresentei quando eu fiz o concurso, eles pediam aquela apresentação de títulos, currículo, e eu apresentei. Eu não tinha acabado ainda, mas estava no fim. Apresentei notas para dizer que... Estava indo bem, né, tudo. E não contou nada. Mas nada, nada, nada, quase. Não interessa isso. Se fosse um curso de... Tanto é que o o que eu ganhei de pontos lá, eu tenho a impressão que foi aquele curso que eu fiz de Direito Tributário. Tributário. ### ### ### SPEAKER 3: Aham porque eu eu tenho a impressão que você aplicaria muito mais esse, ou aplica mais esse, Pelo menos esse lhe dá, vamos dizer, certa cobertura. SPEAKER 2: Não dá, não? Eu acho que ele me abriu uma visão assim, geral. Aham. SPEAKER 3: Isso isso deve ser importante. De tudo. SPEAKER 2: quer dizer... da indústria. ### O curso de direito não dá de jeito algum. Eu gostei muito. SPEAKER 3: Vocês acompanharam ãh, talvez, a a reforma universitária? ### Vocês acham que realmente houve uma refor> SPEAKER 1: Então, nesse tipo de país, torna-se muito mais vantajoso não estudar. o indivíduo começa a trabalhar com dezesseis, se aposenta com quarenta e um, praticamente, ou com uma diferença muito pequena, do que aquele que estudou dez anos mais, que não é pouco, e vai então se aposentar dez anos depois. Em países como esses, a existência de uma profissão não de nível superior, porém especializada, é um grande atrativo. Uhum. O indivíduo vai então, quem sabe, uma remuneração não tão maior, porque isso essa diferença não existe como aqui. Ele vai exercer uma atividade eh, digamos, mais tranquila, mais agradável. E, nesses casos, há uma complementação entre os vários níveis. É um resultado muito interessante. E pode ser isso que... ou pode ser esse o objetivo. Primeiro, uma necessidade de ligação entre a mão de obra simplesmente braçal, não formada, não especializada, e os teóricos que nossas faculdades põem para fora ( ) ### (  ). E segundo a possibilidade de dar a uma pessoa que, depois de dez ou doze anos de estudo, achou que chega, dá a possibilidade de desempenhar uma determinada atividade. ### ### Não, tem que ir para o começo. É SPEAKER 2: É a única escapatória. Eu não tinha entendido bem na sua pergunta. ### ### Eu entendi que seria, ou seja, se encaminhar para... ãh quer dizer que na reforma eles tinham pensado em a pessoa se encaminhar, quer ser médico digamos, faz um tipo de de científico, era isso que eu tinha pensado por isso que eu num SPEAKER 3: Não, não, aí assim, um técnico de nível médio me> ### Nesse caso, mas o o o o que eu me pergunto, a minha dúvida, eu não sei se vocês têm, é o seguinte, existe mercado para absorver essa gente? Ou aí se criaria um novo problema? Depende SPEAKER 1:  da expectativa da Atualmente, nesse país, existe mercado para  tudo... mas tudo, tudo, tudo, tudo. ### Aliás, não chegou a ser o objetivo de uma greve, mas quase. Criaram um curso de engenharia operacional. ### Isso provocou uma reação imensa por parte dos estudantes de engenharia dos engenheiros e das associações afins. Porque eh, basicamente, é se dar o mesmo título a um indivíduo com uma formação, digamos, acadêmica e um indivíduo com uma formação prática ( ) ãh. Logo de início, quando saíram as primeiras turmas de engenheiros internacionais e esses saíram em grande quantidade, o mercado não os aceitava. Ah não? O pessoal passou, olha, dois anos terríveis. ### E eles enfrentando o o o preconceito dos futuros empregadores, e eles apresentando as suas reivindicações. Eles fizeram a (  )  operacional, mas o título é engenheiro, o salário tem que ser de engenheiro e não tem conversa e tal. Hoje em dia, praticamente não há diferença. SPEAKER 0: Nem salarial? SPEAKER 1: ### Quem sabe o o o salário inicial seja um pouco mais baixo. Mas o tratamento é o mesmo e geralmente a tendência É de se pagar a mesma coisa. ### ### Várias pessoas, são vários cursos. SPEAKER 2: Não, é isso que eu estou perguntando. É tão bom quanto ou melhor? Às vezes pode ser. Uhum Tecnicamente não é grande coisa, não. SPEAKER 1: Mas é esforçado, dedicado. SPEAKER 2: Não é o Cearense, é? SPEAKER 1: Não. SPEAKER 3: Mas aí, por exemplo, há certos colégios que estão fazendo opção ãh ãh para... já que tem que dar... Como orientação profissionalizante de nível médio só para o terreno da arte, por  fotografia, ciência, o que que vocês acham disso assim? Ficar só nesse terreno, quer dizer, não preparar o sujeito para lidar com máquina, nada disso, no outro sentido técnico, vamos dizer, mas encaminhar o sujeito numa máquina, mas no sentido artísti> SPEAKER 1: Acho que encaminhar o sujeito nessas condições é um erro. Por outro lado, a gente nota que nos currículos estabelecidos hoje, o indivíduo pode ser um excelente estudante, ãh que vai à escola, que estuda, que se interessa pelo que lhe dão e saiu na toupeira absoluta, que nunca ouviu falar em coisíssima nenhuma. Da profissão. Que num... não, não é de profissão, mas que não se relaciona ou à formação para uma atividade profissional ou Sei lá, acho que só isso. Cadeiras básicas para essa formação. SPEAKER 2: É uma tendência de especialização cada vez maior né. SPEAKER 1: Eu acho que devia ser obrigatório isso. Poderia começar até em curso primário. Aham Se dão. Eu tenho impressão. Uma certa... Não diria formação, mas pelo menos informação. SPEAKER 2: De caráter... Geral, genérico... Não. ### SPEAKER 1: Artístico, filosófico. ### De artístico já tivemos o canto orfeônico, que não sei se ele existe. ### SPEAKER 3: Deve existir. SPEAKER 2: ### ### Fora aquilo, eles não entende bulhufas de mais nada.  Nós temos tido muito contato com o pessoal estrangeiro, quer dizer, você mais ainda do que nós. E eles sentem assim, eles ficam até admirados, porque eles vêm para cá e a gente fala a língua deles. Não só a língua deles, como, mal e porcamente, mas falando pelo menos o o inglês, o francês e o espanhol. Pelo menos o espanhol a gente entende, se vai para algum lugar não não passa fome né, não faz vexame. E assim, questão de artes também, de conhecimentos mais genéricos. SPEAKER 1: ### SPEAKER 3: Vocês acham que, quer dizer, a aqui o tipo de formação que se dá, o indivíduo fica mais, vamos dizer, tem mais perspectivas da vida? SPEAKER 1: Isso é difícil SPEAKER 3: Não eu tipo, só... Você comparou com o americano. SPEAKER 2: ### ### Tocam outros pontos, que não só aquele que interessa, especialmente ao curso ( ). Quer dizer a especialização, você acha que o indivíduo fica mais... Um pouco mais, eu acho que tem... Ou você acha que é a formação depois que dá? SPEAKER 1: Eu acho que aqui não fazem nada disso no curso ( ). Você pode fazer um curso inteirinho, estudar direitinho e tal, e não aprende nada. Se você tem oportunidade de viver num meio que se interessa por essas coisas, é muito bom você não tem SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: Mas ãh os Estados Unidos não são um bom exemplo para isso ah. A formação europeia é muito melhor para isso. A Europeia SPEAKER 3: Mas por quê? No caso de abertura, acha que a europeia é  SPEAKER 1: ### faz parte do tal do currículo sacramentado. ### Tem uns que não gostam, então quando se livram da escola... Desligam, né? SPEAKER 2: ### ### SPEAKER 1: oportunidade de sentir que existe, de quem sabe, de gostar. SPEAKER 0: Aham. ### SPEAKER 1: Eles fazem isso não com objetivo profissional. SPEAKER 0: ### SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: ### ### SPEAKER 3: Acho que ainda não há, assim quer dizer, na mentalidade da escola, nenhum, vamos dizer, nenhum interesse, não de um interesse, mas nenhum objetivo para se chegar a isso ainda, não? Não sentem isso, não? ### ### SPEAKER 1: Pode ser que tenha mudado agora. SPEAKER 3: Mas... Como a gente vê pela reação do povo, né o brasileiro frequenta museu? SPEAKER 2: ### É. Olha que nós temos, nós somos muito de museu, galeria, que nós adoramos qua> SPEAKER 1: ### ### SPEAKER 2: É sempre cheio. ### Estava cheíssimo, nós tínhamos que fazer fila na porta para entrar. Saiam cinquenta, entravam mais cinquenta...quer dizer, é uma coisa que a gente está notando que está começando a aparecer. SPEAKER 3: Mas você acha que isso é graças à escola ou é mais aos meios de comunica> SPEAKER 2: <ção. Aos meios de comunicação. SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: É a cultura vendida em tais fascículos também. SPEAKER 1: Mesmo porque os professores hoje em dia  Não estão preparados para isso. Não SPEAKER 3: que é realmente eles não teriam condições de fornecer pistas ao indivíduo para descobrir o mundo, enfim. Porque eles não conhecem. Aham SPEAKER 1: Mas não não há nada disso ainda. Quem sabe esteja começando. ### Mas eu acho que alguns colégios se preocupam com isso. ### SPEAKER 3: Mas nós a nossa tendência não seria cair, então, naquele modelo de especialização, assim, mais ou menos ãh enquadrada e tudo? SPEAKER 1: É uma questão de saber dosar. ### SPEAKER 3: vocês fizeram um curso de pós graduação e tudo mais. Vocês sentem que realmente a tendência é essa, mais de exigir que o indivíduo seja especialista em ou que o indivíduo, afinal de contas, seja especialista em, mas que não impeça outras atividades ou outros interesses, et cetera SPEAKER 1: Aí é o seguinte, ah nós estamos caminhando para uma necesse necessidade de especialização absoluta. Isso é, na minha opinião, praticamente inevitável. Uhum O que eu acho é que o indivíduo não deve viver só disso, então deveriam introduzir meios Se ele se especializar, ótimo. Não precisa disso para viver e tal. Mas abrir portas para ele ãh gozar de outras atividades, quando não está trabalhando. ### SPEAKER 3: ### SPEAKER 1: ### Eu acho que não. Ou se está oferecendo de uma, está fazendo de uma maneira tão (  ) não chega a marcar os indivíduos. Sim. Por exemplo, os grêmios  das escolas, pode ser que tentem, todos eles têm um departamento cultural É. Aham. Então, periodicamente, distribuem vagas para teatros, mas... Não é como devia. Sei. Quem quer, pega. Aham Para tentar. Sem saber o que que vai acontecer, um programa mas não há uma atmosfera que crie um um uma real curiosidade para essas coisas. Aham. É uma pena isso. SPEAKER 3: ### Eu me admiro justamente por isso. Se a escola primária oferece já a teoria dos conjuntos, logo de início, então o indivíduo é capaz de fazer abstrações, de uma (  ), não é verdade, quer dizer ele estaria assim mentalmente, me parece, muito mais em condições de receptividade, tudo isso, estaria provavelmente a minha geração. Isso é verdade. SPEAKER 0: Não é? SPEAKER 3: Eu acho que a a a nova, vamos dizer, a nova filosofia de ensino e filosofia, nem digo filosofia, mas o próprio currículo, não é? ### Vocês notam isso com crianças. Vocês mesmos já fizeram observações a esse respeito ( ). Muito mais curiosidade tudo Esse método de pesquisa que eles dão, não é? ### ### SPEAKER 1: ### O problema é que nesse país ainda se separa educação do ensino. Então o ensino é aquilo que está no currículo. Uhum. Está no currículo, eles desenvolvem, caminham, aplicam técnicas mais modernas, fazem experiências e tal. Educação é o que não está lá. E ainda consideram esse tipo de atividades como educação. Só que educação se dá em casa. SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: ### E aí surgem grandes problemas. As administradoras do lar geralmente estão ocupadíssimas. Ah é E é muito difícil no meio de uma tarde qualquer pegar duas crianças e resolver que vamos até o museu de arte, até o museu de Ipiranga. Não dá. ### Aham. Enquanto que fazer isso em grupo é muito mais proveitoso e mais fácil. Claro ### SPEAKER 2: ### ### ### ### Eu vejo sempre falarem ah O pessoal que tem os filhos lá que vão, que vão ao museu, que levam aqui, levam ali. SPEAKER 1: ### Provavelmente descobriram que geografia é uma das coisas mais... chatas de se aprender e mais desagradáveis. Os geógrafos não concordam mais é ### ### Mas aí também é um colégio caro, SPEAKER 2: A excursão é cara. Cara. Nem todo mundo pode dar. ( ). SPEAKER 3: ( ) Cada vez a boa escola é muito mais privilégio do que a generalidade. Infelizmente, né? Pois é SPEAKER 1: É por isso que ãh as coisas simples deviam ser introduzidas no currículo como obrigatórias. Então, é muito simples e muito barato ir ao museu aqui em São Paulo. Claro. Pode ser para quem mora em Varginha, no Rio Grande do Sul, seja dificílimo. Mas aqui ### Então, mesmo os grupos escolares ou os ginásios do Estado deviam ter horários para isso e fazer obrigatório. É, mas SPEAKER 3: ( ) fazer isso, inclusive, o diretor exige assim uma um requerimento do professor justificando a ida a um museu. Não sei disso. ### (  ) São as formalidades que ele vai ter que submeter a não sei quem, para poder soltar a meninada num dia xis fora do período et cetera, no sábado ou no do> SPEAKER 2: SPEAKER 2: ### Agora, cada professor pode dar a matéria como ele quer, quer dizer, ele tem um currículo em base. Nem todos fazem (  ) Nem todos fazem isso. ### Quer dizer, eu tenho que ter uma noção de todos os assuntos, porque Pelo menos que uma noção dá para a gente responder, não é? Aham E as perguntas, vou te contar Deus me SPEAKER 1: Fantástico é levar quatro horas a quatro horas e meia para fazer um exame de seis perguntas. Ah, mentira ( ). É. SPEAKER 2: E o e eu quase matei o professor quando ele quis tirar a prova e eu disse, mas eu ainda tenho tanto para escrever e você ainda estava lá fora esperando né Tinha, não, tinha muito para escrever SPEAKER 3: E são realmente assim pergunta ãh perguntas extensivas quer dizer As respostas são extensivas. SPEAKER 1: ### SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: Foi interessante porque tinha aquele... num num salão de conferência, os gatos pingados, lá né o Oito pessoas. O método não funciona nesse exame. É sem método. SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: recebeu as perguntas e começou a escrever, escrevia, ia buscar mais papel, escrevia, estava desesperado. SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: ### ### Escrevi muito pouco e deu. Deu para passar. Mas a gente não sabe o que eles querem. As respostas são, é... recebem quatro notas. ### SPEAKER 3: Ah, sim. Então SPEAKER 1: ### Empatia ortográfica. Gostou do jeitão SPEAKER 3: Não gostou...Então vocês não acham que é o exame não é objetivo?  SPEAKER 1: É, ele não é objetivo  Ele tenta provar ou tenta aprovar aqueles que ou sabem tudo com imensos detalhes ou que têm a sorte de saber o que estava perguntado. Uhum. O que eles querem é pegar ### Como esse sistema não é não é válido, não funciona, então eles ou pegam o creme do creme mesmo, ou os com sorte. Sei. Evidentemente, nós dois somos o creme do creme, não os de sorte. SPEAKER 2: ### ### É claro SPEAKER 3: Eu já ia dizer que eu tive uma sorte desgraçada. ### ### Mas essa história de de de... Vocês acham que realmente, no Brasil, daqui a pouco, a pessoa não tem que se dizer que formou por tal instituição, mas que tem o título de doutor por tal instituição? Você acha que a gente está encaminhando para isso?  que o título, cada vez mais, está sendo exigível? O título ### ### SPEAKER 1: ### necessita-se de um título. SPEAKER 3: Não de uma instituição ou de outra, mas... De problema salarial, por exemplo, o título valoriza... Valoriza, mas não resolve. SPEAKER 2: E certos títulos valorizam muito mais. SPEAKER 1: ### Aí ãh o industrial tem uma mentalidade totalmente pragmática. Resultado Gostaria de trabalhar só com engenheiros, mas se tem um indivíduo que não tem absoluta formação, não tem formação alguma, porém que sabe Ele vale tanto quanto mais. SPEAKER 2: Como técnico em papel, né? Como é o ramo dele, tem os técnicos de papel que que... Valem por tudo. ### SPEAKER 1: Então o o, do ponto de vista industrial, eles dão valor à formação, dão o peso que deve ser dado, acham que o indivíduo que tem formação pode é mais criativo, pode dar um passo maior, é mais objetivo, eh tem um rendimento melhor, Mas eles pesam também a experiência, os resultados anteriores, a vivência. Não é uma análise assim, quem é pê agá dê vale mais do que quem não é. Sim. SPEAKER 3: Mas em determinadas profissões eu tenho a impressão que isso, até em nível empresarial, a coisa está está cada vez mais, não? Principalmente na nossa área, de humanas, eu acho que sim. ### ### ### ### Inclusive, depois eu lhe conto até assim um episódio pitoresco a esse respeito. Que eu acho que, realmente, o título ãh... No Brasil, eu acho que é uma coisa boa, porque o currículo da pessoa valoriza a empresa. SPEAKER 1: ### ### ### SPEAKER 3: (  ) uma empresa que queira fazer concorrência, que apresenta o currículo daqueles que vão trabalhar, quanto mais título fornecer... Melhor, é. SPEAKER 2: ### SPEAKER 1: Está certo, concordo. Para quem julga no nos termos de uma concorrência, então, eles querem fazer uma pesquisa, qualquer coisa dessa natureza, eu acredito que sim. ### SPEAKER 3: Agora, na mentalidade, vamos dizer, do empresário, realmente ele ele valoriza muito mais, assim, um indivíduo que é capaz de quebrar os problemas com a sua, com a sua vamos dizer, prática, com a sua vivência, do que o o outro que tenha ãh... Quer dizer, para para conseguir um lugar numa empresa. Quer dizer, o sujeito ostentando um título, ele não teria muito mais portas? SPEAKER 1: Se ele ostentar, além do que os outros ostentam, mais um título, sim. ### É um caso a a discutir. ### SPEAKER 3: No seu setor é isso é assim? SPEAKER 1: Eu acho que em todos os setores. Não diga. ### É um caso a discutir o... O empresário está interessado nos resultados, que é o lucro da empresa dele, da maneira mais barata e menos problemá> SPEAKER 2: Não diga. SPEAKER 1: Então, o homem de experiência é aquele homem que vai pegar a situação que ele tem no momento, e levar aquilo ao melhor possível dentro daquele universo.  homem de formação pode pegar e dar um passo a mais. Dizer, olha, vamos ter uma boa ideia. ### Mas nem sempre é isso que ele está almejando ou que ele precisa. ###