Inquérito SP_D2_026

SPEAKER 0: : Vocês uma conversa assim sobre alguma cidade, qualquer uma delas, que vocês gostariam de morar e por que vocês justificaram essa preferência, e dentre as que vocês conhecem. E discutissem justamente os argumentos dessa preferência.

SPEAKER 1: : Eu acho que, em primeiro lugar, a gente nunca pode realizar uma cidade isolada, mas sim dentro do do próprio país eee. Inicialmente, eu já não gostaria de mudar de país. De todos os que eu conheci, eu acho que a vida ainda é mais fácil aqui mesmo. A vida ainda é melhor aqui. Naturalmente, no Brasil, eu não conheço muitas cidades grandes. E as cidades pequenas, Aqui no Brasil oferecem muito pouca coisa na parte de diversões, na parte de artística, na parte cultural. As nossas cidades pequenas têm uma vida calma, agradável, fácil, para a dona de casa, para as crianças e para tudo, mas oferecem muito pouca compensação na parte cultural, teatros, cinemas e museus. Não há grande coisa. Maneiras que, no Brasil, eu preferia morar em cidade grande, com todas as dificuldades inerentes a uma vida de cidade grande. E das cidades grandes que eu conheço bem é aqui só São Paulo e Rio de Janeiro. E, pelo clima, eu já escolho São Paulo (risos). ### Eu não sei, eu já... É meio falso já para mim escolher uma cidade porque eu sou bairrista. Reconheço que sou terrivelmente bairrista eu Gosto de São Paulo assim acima de tudo. Reconheço que tem mil defeitos. É aquele inferno para gente sair, tem trânsito, demora para chegar de um lugar para outro, aquela correria, muita gente, fila para tudo. Mas eu gosto disso, eu gosto desse movimento de poder escolher onde vou, tenho tudo o que quero aqui. Tanto na parte, por exemplo, de eu estudar, tem todos os todos os campos que eu quiser, eu sei que aqui eu encontro melhor. Na parte profissional, é aqui que eu tenho mais campo para desenvolver. Na parte, sei lá, inclusive da mentalidade do paulista, é uma coisa que eu gosto. Eu escuto muita queixa, lógico, paulista é apressado, não gosta de... fazer amizades, é fechado tudo isso, mas eu não sei eu não sei  porque eu já eu acho que é porque eu estou envolvida nisso, entende mas é isso que eu gosto, isso que eu eu admiro. Gente que, embora eu não seja uma esforçada para o trabalho, para nada disso, eu gosto de gente que tem esse senso de responsabilidade. O Rio eu acho uma delícia para passar férias, mas me aflige. Eu tenho a impressão que, se eu tivesse que morar lá, eu ficaria terrivelmente aflita com a cuca fresca dos cariocas né ### Muito desligados de tudo, do senso de responsabilidade. Então tenho a impressão que a gente se sente assim meio desamparada, meio perdida, porque sabe que os outros num...você não pode contar com os outros né Agora também, outra cidade assim no Brasil, eu passei muito rapidamente pelas cidades da Europa, não dá para (  ) Você gosta de tudo, mas quando está viajando você acha tudo bonito. Não deu para eu analisar bem se eu gostaria de morar em outro país. Mas tenho a impressão que, por estar ligada aqui por tudo isso, nunca pensei em mudar de país. ### Agora que achei assim uma cidade relativamente boa, foi Porto Alegre, embora tivesse passado muito pouco tempo, que eu achei aquele limite de tamanho de cidade, que não é uma cidade pequena, interiorana, como a gente chama né, que não tem aquelas restrições de de maneira de pensar, daquela ãh sei lá aquele modo de viver muito mais fechado e, ao mesmo tempo, não é grande demais. Achei que seria assim um tamanho bom de cidade. Agora, São Paulo ainda é São Paulo para mim.

SPEAKER 0: : Como é que vocês, assim, justificariam para uma pessoa que não conhecesse São Paulo (  ) ### E aí eu queria até que vocês a analisassem, assim, de acordo com as possibilidades da das pessoas, os lugares onde ela poderia morar e por 

SPEAKER 1: : ### Nós sabemos que não é só pelo preço da residência, mas em São Paulo, de acordo com o bairro onde a pessoa mora, ela faz compras mais caras ou mais baratas. Ela paga mais pelas empregadas. Porque há bairros mais simples onde as empregadas pedem muito menos e você consegue ter mais barato. Agora, você vai mudando para um bairro tipo Jardim América, Morumbi, você tem que pagar de acordo, senão você não encontra, porque a vizinha logo oferece mais, né? Quer dizer que, de acordo com as possibilidades econômicas, ela já fica restrita a determinadas áreas, porque senão a vida toda encarece. Até em supermercados a gente sabe que, dependendo da da zona, o supermercado é mais caro. Eles dizem que o preço é padronizado, mas não é, porque carne e tudo isso varia demais. Em Pinheiros é uma zona que é muito mais barata, por exemplo. Em Pinheiros, ali perto do do Bazar (  ), da da Pedroso, que ali (  ) todo o comércio é mais barato.  Inclusive para compras alimentares, tudo. Agora, já para o Pacaembu, por exemplo, onde é a minha zona, Quando havia mercearia só, então era impossível, não se podia comprar nada lá, porque era um preço exorbitante. Agora já existe supermercado, tem um grande ali, mas assim, mesmo é bem mais caro que em outras zonas. Varia muito os preços, quer dizer que a pessoa tem que escolher também um pouco pelo lado econômico. E também em função da da área onde trabalha, porque coisas dessas são enormes, problema de condução. ( ) eu acho o pior de cidade grande são os problemas de tempo perdido em condução, o desgaste né para chegar ao trabalho e voltar do trabalho. Isso é o pior de cidade grande. Principalmente uma cidade grande que ainda não tem metrô, não é,  que a condução não é boa, que agora estão se fazendo vias expressas. Talvez quando esteja tudo pronto fique bem mais fácil, mas por enquanto não é. Então a pessoa deve escolher uma proximidade do serviço, porque senão fica um inferno a vida. Não pode nunca vir almoçar em casa. A maior parte do pessoal que trabalha na cidade não almoça em casa nunca. Tem uma vida assim de muitas horas de trabalho praticamente sem interrupção, porque mesmo que saia para o almoço, É na própria cidade, se cansa para ir para o restaurante, come uma comida de restaurante às pressas, volta para o serviço, quase que não quebra assim a monotonia de trabalho. Né de maneiras que, em uma cidade como São Paulo, a gente precisa pensar muito em distâncias e localização em função da fase da economia né Porque aqui varia muito, é uma cidade muito grande que tem de tudo, tem todos os preços de comércio. E hoje em dia a gente tem comércios localizados. Uma pessoa quase nunca precisa ir à cidade para fazer uma compra. Porque ela pode se restringir a bairros. Se ela quiser, ou ela vai para aquela zona ali da... Como é que chama aquela rua que fica no Itaim? (  ) Não. Aquela... Joaquim Floriano, né? Joaquim Floriano e e as (  ) tem comércio para tudo. Para roupa, para tudo que você queira comprar. Bem em conta. ### Se quiser um comércio mais fino, vai para Rua Augusta e compra Ou então vai para o shopping center, que é é o médio, mas mais caro possível (risos). Quem gosta da comodidade, estacionar o carro, fazer tudo né. Quer dizer que realmente não há grande necessidade de ir ao centro. A não ser que queira resolver negócios. Mas uma parte assim de de compras, de manutenção de casa, não há necessidade maior de ir ao cen A pessoa pode se restringir a um bairro. Pode escolher para morar até num bairro bem servido. E não precisa nem sair muito de lá. Para o dia a dia, naturalmente, né? ### Mesmo em poder de você gastar mais, é indiscutível que a gente prefere um bairro residencial. ### ### Você pega Alto de Pinheiros, Morumbi, Os Jardins, Para você olhar, é completamente diferente. Muito mais arborizado. As ruas são mais tranquilas. Tem uma outra paz de espírito. Aqui, por exemplo, já nessa rua, embora fosse seja grudada a Avenida Angélica, a gente já tem assim um uma calma assim de de bairro residencial. Tem escola, tem supermercado, tem alguma coisa assim mas não tem tem tido loja e movimento. Já tem outros bairros que, embora residenciais, não dão essa ideia. Por exemplo, pega a Vila Mariana. Mesmo Pinheiros, aquelas ruas, não sei, parece que tiraram todas as árvores. Já fica assim né um um aspecto muito diferente, já muito mais pobre. Por causa, inclusive talvez, as faltas de jardins nas casas. São todas casas germinadas, na maioria, ou então pequenas, que não têm espaço para ter árvores dentro da própria casa. Então, já dá um aspecto muito mais triste né. Bem mais assim, não sei... ### Tem as as comodidades de de morar nesses bairros que tem de tudo também né. É o nível econômico que predomina mesmo na escolha.

SPEAKER 0: : ### Nós estamos falando ainda de São Paulo.

SPEAKER 1: : Dentro da cidade? ### ### Porque a classe operária hoje em dia ela quase não pode morar dentro da cidade. Os preços são exorbitantes. Ela tem que se restringir. ### ### ### ### ### ### ### Tem que ser fora mesmo, fora você tem que andar um espaço sem casas para chegar nessas localidades. quase sem reputações assim, com um comércio assim meio pobre. ### É suburbana já, já não é mais urbana. É uma zona suburbana. Porque senão não dá. E assim mesmo pagam preços assim absurdos. Às vezes localidades que você leva uma hora de ônibus para chegar em Pinheiros já é um preço que um operário de fábrica praticamente paga se tiver mais membros da família trabalhando. Se for ele sozinho com vários filhos, não pode. Mas se tiver família já com filhos grandes, que trabalham, que ganhem, aí já dá para melhorar um pouco o nível. É muito caro a habitação aqui. Aqueles Vila Diva, Cidade Ademar. Exatamente, Cidade Dutra. Essas zonas. Os os nomes que a gente nunca escutou falar, aí é que está a dificuldade. ### Vive naquilo que a gente conhece. São Paulo a gente não conhece. Não não não pode dizer, nasci aqui, morei aqui, não é dizer que eu sou trancada em casa, Eu conheço, assim, de repente eu passo num lugar que eu não tinha ideia que aquilo existisse dentro Por exemplo, você quer ver uma localização? Só para dar uma ideia de distância. Para fora de Santo Amaro, passando de Santo Amaro, além de Interlagos, aí você tem várias zonas de bairros, assim, que tem preços possíveis para operário. Santo Amaro fica o centro, né? É. Santo Amaro é uma cidade É. Completamente diferente da outras zona de cá, né? É, Santo Amaro já é. E Santo Amaro, inclusive, é uma localidade já com um um comércio bom e bem (  ). Depois de Santo Amaro, então, você tem a opção de vilas, dessas vilações e tal. Aí, já com nível para casa de operário. Tem vilas construídas, que eles fazem agora, muitas. ### para operários, casinhas mais ou menos ajeitadas, bonitinhas, já vendidas para o preço possível para operários. Isso também é muito ruim, porque nem sempre é próximo da zona da fábrica onde ele trabalha né. Se bem que perto de Santo Amaro tem uma zona grande, no fim da marginal, de fábrica. Lá já estão bem próximos né. É difícil, porque você pega assim ainda um pedreiro uma coisa assim e ele tem que ir para a construção dele. Então, muitas vezes, o que acontece, que é terrível, é essas favelas que você vê aqui pertinho no fim da ( )  Na Marginal Vergueiro, aqui em Pacaembu não sei o que, você vê aquelas favelas horrorosas, de miséria. Aquelas famílias de doze, quinze pessoas morando num quarto ãh, não tem... (  )  esgoto, água encarnada.  um luxo extraordinário que não tem nem. Eles nem podem sonhar com uma coisa dessas. E viver no meio daquela imundície, no meio de uma cidade perto né, aí talvez seja pelas condições, principalmente, de ser perto eee ### E, aquela aqui no meio, de repente, você depara com aquela favela, com aquela miséria terrível né. Isso tem, mas não tem tanto ( ). Ou talvez elas estejam mais escondidas que no Rio de Janeiro, por isso que a gente vê menos aqui em São Paulo. Mas tem muito também. Agora, mesmo nessas vilas operárias, nesses bairros distantes, as condições para se morar ainda são muito inaceitáveis né? Por quê? Primeiro, eu acho que falta arborização. A gente não passa você não vê nada de árvore plantada. As casas continuam sendo pequenas porque eles têm famílias grandes. ### ### ### Muito raro eles terem condições para fazer essa separação. Então dormem assim os três, no quarto da mãe e do pai e por aí vai. E essas casas, Não é sempre que elas são, digamos, ãh assoalhadas. Já é, ser assoalhada já é um relativo luxo, né? E também o problema de continuar com fossa, a maioria, porque não tem água encanada Água de poço. Então, de ver todas essas coisas, correr pelos postos de saúde, que nem sempre tem quem atenda, nada disso, né? Ainda é um uma condição muito sub-humana para se morar. (  ) Não sei agora, às vezes, tem firmas grandes, indústrias grandes tal aí que dão casas, constroem né casas eh mais de mais conforto. São muito poucas. muito pouco ainda né Mas isso é porque São Paulo é um centro né, um país pobre que tem uma cidade onde todo mundo acha que está o dinheiro. Então, é inevitável a imigração. Na Europa a gente vê isso hoje em dia de país para país. ### ### Quantas vezes que a gente vê na França trabalhadores de rua só falando português. (  ) porque vem de Portugal, fogem, às vezes, pela fronteira, sem papéis, sem nada. (  ) São tremendas as favelas portuguesas em Paris, né?  em busca de ordenados maiores. É o sonho de ganhar um ordenado maior né ### A cidade não oferece condições para receber todo esse esse mundo de gente, de repente. De maneiras que é uma coisa mais ou menos inevitável. É uma cidade grande demais. São Paulo já é grande demais. Não pode ter condições humanas para todo mundo. É como Nova Iorque também tem favelas. ### Como o bom Tóquio, nem se fala, porque é muita miséria também. Toda cidade que chega a esse ponto de centro e grande demais, não não pode oferecer condições humanas para todo mundo. A cidade ideal teria que ser uma cidade muito menor. ### O controle vai, obviamente, nos horários combinados, ele vai três vezes por semana, não três vezes E num deles, parece que na cidade Ademar, eles construíram então um prédio apropriado que tem os ah os aparelhos necessários. ### E eles estão fazendo uma coisa muito interessante, que é também oferecer o remédio. Porque não adianta você receitar (  ) em ambulatórios públicos e que depois a pessoa não ter o dinheiro para comprar o remédio. E tem até uma procura que vem gente de outros bairros muito distantes para lá. (  ) que eles tiveram que limitar esse problema ao bairro porque senão não dava para atender todo mundo, lógico. ### ### Agora eles reclamam muito lá que nos postos do governo quase nunca se encontra o médico. O médico vai, bate o ponto, vai embora. Não tem um controle e. E um dos grandes problemas é o problema de educação sanitária. que esse também eu estou tendo que enfrentar. E, na base assim, de comprar as pessoas para fazer os cursos quer dizer Se a mãe vai e assiste o curso, ganha uma lata de leite para o filho (risos). Na saída da aula, tem que assistir a aula até o fim. Quer dizer estão fazendo coisas desse gênero que eu acho muito interessante. Mas aí é que a gente constata mais como é que está ruim a situação para esses lados, né? Quem está acostumado... Imagina o lado de cá.

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : Bom, do lado de cá, o que a gente vê é o Hospital das Clínicas, é o centro né que vem.  atender todas as as pessoas, praticamente corre para o Hospital das Clínicas. As pessoas têm posse. Tem aquele esquema de que tem que ser pessoa que não pague ene pê esse, não pague esses outros tipos de hospitais. Prova que não tem condições financeiras, et cetera. ### Agora, com o atendimento, e qualidade de atendimento, não há dúvida que é o melhor né? ### É, porque é um hospital escola

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : ### De maneira que eu não faço nada (risos). ###

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : ### realmente é um caso de se perguntar. Meu cunhado, por exemplo, teve um acidente com o irmão que caiu e levou um tombo de cavalo na hípica. E e ele se machucou bastante, quebrou o nariz, e quebrou a clavícula e tal. E era domingo. Então, o médico conhecido da família ortopedista não estava em São Paulo. Levaram para um pronto-socorro. ### ### E a pessoa entrando assim sem maiores conhecimentos, fica limitada ao médico de plantão. ### E atende daquele modo, né? ### ### ou pessoas mesmo necessitadas, ou então quando a pessoa chega em estado tão grave que não pode ser removido. Aí qualquer condição entra. Se um um polícia tem um desastre na rua e e a pessoa é levada para lá, chegando lá em estado tão grave que não pode ser removido, fica lá até poder ser removido. Mas se não, não pode ser atendido lá. E é uma coisa mais ou menos justa. Uma vez que o hospital é feito para necessidades, que não vai ficar se gastando tempo humano e nem recurso com pessoas que podem pagar fora. Mas os prontos-socorros, assim mesmo, pagos mesmo, que existem pela cidade, geralmente são de nível baixo. São de nível bastante baixo. ### Por causa do papai e tal ### ### Eu não lembro da hora que bateu. Eu só lembro de ter acordado no hospital. ### ### ### ### Ia ser costurada por uma moça estudante e tal, que não entendia nada de plástica, tinha ferimento no rosto. Mas só olhar a agulha que estava na mão dela, já viu que ia ficar com a marca da costura, né? Além da marca do rosto, ia ficar com a marca da costura. ### ### ### Tem medo tem que ser aquele que tem confiança, aquele que a gente acredita. ### Em mais ou menos em qualquer lugar do mundo. Porque a medicina assim de urgência, de plantão, é naturalmente feita pelos indivíduos que estão começando a carreira. Porque o médico de um pouco mais de experiência, de renome, ele não vai trabalhar no serviço de plantão de vinte e quatro horas por dia, que é o serviço exaustivo então ### ### É o recém-formado, aquele que está fazendo estágio, quando não era estudante mesmo, que faz aquilo para ganhar um dinheirinho. É que a medicina de urgência é sempre feita nessa base, em qualquer lugar. ### Se for um médico amigo, ele vai, mesmo no meio da noite. ###

SPEAKER 0: : ### ### ### O que você compraria no seu bairro?

SPEAKER 1: : No meu bairro? ### ### ### ### ### ### ### ### ### Ela também tem lojas de fazendas, mas assim, só para coisa muito ligeira. ### ### É, realmente, tem uma boutique (risos). ### Ah, o resto não mas se você morasse em Pinheiros , por exemplo, dá para fazer todo tipo de compra agora Calçados, roupas, todos os tipos de compras assim de de de ### ### ### ### ### ### Agora, ele é um rapaz extraordinário. ### ### ### ### Não tem interesse de carro, seja ãh com motor melhor ou pior. Andando é o que interessa. ### Comigo então fica um pouco difícil. ### ### Agora, é muito difícil, principalmente para a mulher, tratar esse tipo de... com esse tipo de gente que vai para essa casa. ### ### ### um um defeito, daqui a pouco aparece outro, então aparece O mesmo naquele lugar, de novo, daqui a dois dias. E a gente nunca sabe muito bem o que que fez com o carro. ### Leva naquele outro que é melhor. ### ### Então, agora tem também um... Tem um outro que é mais ou menos confiança da família. ### ### ### ### Nem sei o nome da oficina dele, é o Hans. ###

SPEAKER 0: : ### ###

SPEAKER 1: : Eu acho que ele é o dono, ele não mexe. Mas na oficina dele faz a parte de eletricidade também? ### ###  só mecânica ele... ### quebrou alguma coisa da parte elétrica do carro ou de funilaria, ele encaminha para outras pessoas. Quer dizer, a gente deixa lá do mesmo jeito geralmente ele encaminha. Ele faz esse serviço de levar em outro.

SPEAKER 0: : E que e essa pessoa que faz assim essa reparação na amassadinha no carro, você sabe o que é? ### ###

SPEAKER 1: : ### Não sei, talvez tenha algum outro nome que agora, se falar eu reconheço.

SPEAKER 0: : ### No caso, você diria aí que precisaria de um... Reparo de funilaria.

SPEAKER 1: : ### ### ### Mecânica...ás vezes, a gente fala que tem alguma coisa no motor né, porque a gente não entende nada. ### Então, o máximo que eu conheço os termos é embreagem, o breque, estar com folga na direção e o farol está (  ). ### ### ### saber o que que é, porque eu não tenho noção do que que é. Muitas vezes ele também não sabe antes de abrir. ### ### Eu não tenho a menor noção do que seja girabrequim no carro. Agora, não sei, a gente leva normalmente nesse mecânico. e parece que é de confiança, sim. Mas outro dia também, não sei, o Camilo, meu namorado, deixou o carro dele lá para ver a parte elétrica, o irmão foi buscar. Acontece que meu namorado é fanático por automóvel, tem aquele motor especial, tem um buggy já para começar tudo isso. E soube que o... quando o irmão dele chegou lá para buscar o carro, um dos mecânicos do Hans tinha saído com o carro. Bom, aquilo foi a morte, né? já quis me proibir de levar de novo o carro no Hans, porque onde já se viu imagine e saí com o meu carro, daí puxou demais, não sei o que que fez que já, ele achou que deu um defeito no motor, que gente que não sabia guiar, foi guiar o carro porque era bacana tudo isso. Mas acho que o nosso povo não tem esse problema, (risos) não estão interessados. ### Isso é muito comum demais para eles quererem dar uma volta com o nosso carro. Na minha casa já funcionou de maneira diferente. E como meu marido é médico, toda essa parte de assistência assim, as coisas do lado, tipo mecânico para automóvel, encanador, eletricista, ele tem pessoas que ele trata e que, em troca, fazem as coisas para Por exemplo, o encanador. Nunca paguei encanador na vida, porque ele operou de uma ideia especialista em cirurgia de surdez. Então, havia um encanador no Hospital Samaritano que tinha um sobrinho que nasceu sem o sem orelha e sem perfuração e. Então, e ainda operou esse sobrinho, desse encanador.  E ele ficou muito agradecido e até hoje todas as coisas que eu preciso do encanador, eu telefono para o Bolinha, o Bolinha vem, conserta e não quer nada. É a pessoa de confiança que, naturalmente, que ele cobra as peças que coloca né. Geralmente diz o que precisa, compra na hora, nem eu me preocupo de ver notinha. É uma pessoa de inteira confiança que faz o concerto na hora, vem quando eu chamo. Todas as facilidades. Eletricista, a mesma coisa. Para automóvel também tem outro que é assim como amigo, a pessoa que entra lá em casa quando traz o automóvel, vem buscar em casa, entra, senta, janta, toma café, quer dizer, é mais amigo do que é um servidor. De maneiras que nós nunca nos preocupamos muito com essa parte, nem trocamos praticamente nunca de servidor, a não ser uma coisa, uma um eletrodoméstico que esteja na garantia, uma coisa assim, então eu procuro naturalmente assistência especializada. Mas, normalmente, para coisas que quebram dentro de casa, tem sempre um cupincha, assim, amigo, que faz. Mas esse que a gente nunca... Você mora em casa também?

SPEAKER 0: : Não, em apartamento. Você prefere?

SPEAKER 1: : Prefiro sem filhos. Se eu não tivesse filhos, eu moraria a vida inteira em apartamento. Porque eu gosto muito de viajar. ### Então, você tem toda a facilidade de trancar a porta, entrega a chave para o zelador, está guardado, tem uma pessoa que toma conta, que dá comida para o passarinho, enfim, faz todas essas coisas. Não é que se der uma enchente dentro de casa, ele vai lá e resolve. Não precisa ter guarda, não precisa ter nada disso. Eee e é muito mais seguro. Se você chega à noite, você tem uma pessoa que abre o portão você  Todos os problemas em São Paulo de ladrão, de assalto. Claro que existe também em apartamento, mas se limita muito. Agora, com criança, naturalmente que casa é melhor. Eu já estou construindo casa, vai ficar pronta logo. Vou mudar para uma casa. Provavelmente vou ficar em casa até ter os filhos crescidos, né? E depois... Nunca ninguém pode fazer programa, porque até lá as condições de vida mudaram tanto. Pode ser até que tenha mudado de país, não sei. (  ). ### Mas eu acho que para um casal sem filhos, o ideal é o apartamento. Eu nunca tinha morado em apartamento até me casar. ### Mas eu mudei para apartamento, me adaptei muito bem.

SPEAKER 0: : E o seu apartamento tem essa parte de serviço muito bem distribuída, como é que é?

SPEAKER 1: : Você quer dizer a parte pessoal do apartamento? Não

SPEAKER 0: : ### Desde a entrada, et cetera, como é que é servido 

SPEAKER 1: : Bom, o apartamento tem zelador, tem um faxineiro e tem um guarda-noite permanente. Quer dizer, ninguém tem a chave do do prédio. Existe um guarda que fica lá a noite inteira e que abre e fecha a porta para todo mundo que chegar ah E tem um faxineiro que faz a limpeza e que na hora que o zelador almoça e janta, o faxineiro fica tomando conta da porta. Existe um telefone interno. Controlam um pouco o zelador, porque se ele não estiver na portaria, e alguém telefonar, justo naquela hora. De maneiras que, como essas coisas, existe uma porta, porque ele tem um jardim grande atrás, os carros entram dentro e da garagem, mas há uma área grande fechada atrás, onde as crianças brincam e.  a porta que dá deste jardim para dentro do prédio fica trancada, e daí cada um tem a chave. porque o zelador estando na frente, naturalmente que alguém poderia entrar pelo fundo, porque entra pela garagem, ali a entrada da garagem não é tão visível e depois ele entra dentro do prédio. Então, agora é trancado. Mesmo assim, eu não não considero a garantia total, porque já chegou a subir gente lá que ninguém sabia como subiu, nem o que era, nem o que queria. De maneiras que eu não não não deixo porta destrancada, essas coisas, de gente mais preocupada. E realmente a gente sabe, nunca houve nenhum assalto lá dentro, mas já chegou gente que não estava querendo nada, que não sabia explicar o que queria, que precisou fechar a porta. ### ### Eu tenho oito apartamentos. Além disso, tem gente que mora na fazenda. dentre esses apartamentos. São muito poucos os ocupantes do prédio. E tem dois elevadores. Mas que não existe problema que existem em alguns prédios de demorar elevador, de subir, não se sabe onde fica. Não existe também problema de muita conversação em área de serviço, porque ele tem área de serviço fechada eee separada, quer dizer, não é aquelas áreas centrais de serviço que conversam de um andar para outro, né? Ele é um bloco retangular. Em cada andar, um apartamento fica em cada extremidade ( ). As áreas de serviço num nem dão uma para a outra. Ficam completamente isoladas. São fechadas. Não há muita conversa nem para cima e nem para baixo. Também existe pouca gente. É um apartamento, realmente, é um prédio que tem condições meio fora do comum. Normalmente, você pensa em um prédio, tem problemas também, porque mora muita gente. Tem gente que não gosta que empregada fique conversando, quer tomar conta da... Eu não me preocupo muito, eu acho que desde que o serviço esteja feito (  )... Já é uma coisa tão boa ainda existir empregada aqui, e acho que vai... já é por pouco tempo, não não não considero que essa regalia vai demorar muito, não. Maneiras que acho que desde que o serviço esteja feito, se quiser conversar, se quiser... Falar com a vizinha, até é bom porque fica de mais bom humor. Mas tem gente que não gosta, que acha isso um grande inconveniente de morar em apartamento. Eu já vi muita dona de casa que odeia vir em apartamento porque diz que conversam, que vão de um andar para o outro, que perde muito tempo no eleva Mas para mim não é problema. Prédio é completamente diferente, por exemplo, do prédio da Rosa, que tem um problema oposto, né? É, é um desses prédios do Takaoka, que tem mil apartamentos, tem dois blocos enormes, com piscina no meio, playground, sala das crianças. ### ### Acho que cada prédio tem cinquenta, sessenta apartamentos. Mas também é uma solução para quem, por exemplo, meu é irmão casado, tem uma filhinha pequena. Eles não não têm condições econômicas de comprar uma casa, um jardim, lá sairia muito caro. Então, eles estando nesse apartamento, que tem uma porção, um edifício que tem uma porção de apartamentos, eles tem podem ter uma sala para criança brincar coberta, onde inclusive tem preparado para dar festinhas, porque tem kitnet e toalete, todas essas coisas. Depois tem o playground, tem a piscina das crianças, tem a piscina dos grandes, tem a sala enorme para o pessoal jovem, que eles não usam, mas assim a gente vai lá e sempre vê aquela garotada de quinze, dezesseis anos, todos reunidos, acho que como se tivesse uma reunião todo dia. Tem as salas grandes que eles ouvem vitrola, Dão as festinhas dele lá tudo, quer dizer... É um outro tipo de facilidade. Para quem não tem a oportunidade de ter a sua própria casa, é uma solução. Eee não sei... Eu acho também num, ela não se aborrece muito com os outros condôminos do prédio. Não sai caro o condomínio, porque embora tenha todas essas facilidades, inclusive que ela fica espantada, tem uma babá permanentemente embaixo, para as crianças, uma babá extra. Eee não sai tão caro que divide por todos, né? Tem muita gente para dividir, então não sai. ### Agora, de resto, Tem todas as outras comodidades que se poderia desejar. Tem a segurança né?

SPEAKER 0: : Você eu não sei se você já ouviu isso, mas há alguns, principalmente amigos franceses assim, que reclamam muito do clima de São Paulo. Não, e nas condições, vamos dizer, internas dado as casas, que as casas não estão preparadas para o clima. ### Você acha que é verdadeira?

SPEAKER 1: : Eh São Paulo, a cidade de São Paulo, você está falando, né? É a cidade. A cidade de São Paulo no inverno tem feito muito frio. Cada vez eu tenho pensando que os invernos estão ficando mais frios. E aqui não existe casa com aquecimento. ### Eu não conheço, não ouvi falar de nenhuma casa em São Paulo que tivesse aquecimento. Tem lareiras mais refinadas. Lareira geralmente, quase sempre, é um objeto de enfeite da, um adorno da sala né. Embora agora já esteja começando mais gente a usar. Eu tenho mais visto mais gente que usa lareira e faz lareira funcional. Porque eu também ouvi dizer que por papos assim de pessoas que é dificílimo alguém que construa uma lareira bem feita, que não encha de fumaça a sala e que dê para aquecer alguma coisa. Agora, quanto a bater sol, ser casas arejadas, acho que nesse ponto de arquitetura está tudo ótimo. ### ### De uma maneira geral, o francês é muito reclamão, né? Aham. Saiu da França, tudo é ruim.

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : ### O meu irmão agora está morando na França. Diz que estava encantado porque a casa dele, o apartamento que ele mudou, tinha... Eu nem sei, não é lixeira, é aquele lixo de apartamento, aquele lixo geral assim que desce, que não precisa descer com a lata de lixo até embaixo. Então ele estava felicíssimo, porque o prédio dele era uma raridade, tinha isso, imagina, não precisava descer com a lata de lixo 

SPEAKER 0: : Eu nunca pensei que em Paris tivesse isso (risos). ###

SPEAKER 1: : Pois é, então ele estava felicíssimo que encontrou um prédio que tinha isso, quer dizer Eu não acho que quanto ao resto das coisas, As duas casas têm algum inconveniente de construção. Acho que uma casa mais pobre tem menos conforto que uma casa mais rica. O único problema que eu acho é esse problema de aquecimento no inverno. Mas também o inverno em São Paulo faz um frio mais ou menos rigoroso. Mas não é sempre, é pouco tempo durante o ano que faz esse frio. E tem a época do calor terrível também, por outro lado.

SPEAKER 0: : Em matéria de de de vamos dizer de monumentos, o que que vocês falariam disso sobre São Paulo? O que que vocês achariam que valeria a pena assim mostrar ou até exaltar? Um desastre! (risos).

SPEAKER 1: : (risos) Em todo sentido? Olha... Um monumento bonito em São Paulo, coisa que tem ### Já tive a oportunidade de receber gente de fora que queria conhecer São Paulo. ### Se for estrangeiro, leva no Butantã. Se for brasileiro, já não tem o interesse para ver as copas. Se for alemão, tem que ir no Butantã em primeiro lugar. ### Pontos bonitos de São Paulo. Você vai ver o Ibirapuera, aquela sujeirada toda, tem um obelisco lá, eu acho bonito. Aquele movimento, aquele monumento dos dos bandeirantes também ali no Ibirapuera, eu acho interessante, uma coisa bonita, eu não acho feia não. Agora, já para ver lá o o Borba Gato, a gente chama daquilo... O gigantão, o bobão, qualquer coisa. ###  bandeirante feio. O bandeirante feio, eu não sei. ### Uma coisa tão grande e tão feia. Ele é um desastre. Não tem muita coisa. Agora, por exemplo tem, e o mau gosto está começando a imperar, que é uma tristeza. ### Me põe corzinha nas fontes. ### ### ### Também, você viu agora, está tudo colorido. Luzes verdes, vermelhas, azuis. Um desastre completo. Agora, os viadutos eu acho uma coisa bonita. ### Para a gente guiar, até a gente complica um pouco, até aprender aonde que tem que entrar aonde para sair, aonde você quer. É meio difícil. Mas eu acho bonito. ### O melhor para você fazer com estrangeiro é você levar para jantar no restaurante Itália e ele enxerga bem por cima assim com as luzes acesas e fica mais bonito (  ). ### ###

SPEAKER 0: : A pessoa se impressiona também. É.

SPEAKER 1: : se impressiona muito. Não vê nada do que em detalhes. ### ### ### outras cidades de São Paulo. Então eles gostam de ver, por exemplo, passear no Morumbi, tem aquelas casas riquíssimas. ### ### Porque a ma a maior parte das cidades, mesmo europeias, grandes tudo não tem bairros residenciais desse tamanho, dessa grandiosidade. Não é hábito, quer dizer, mesmo o pessoal de dinheiro mora na maior parte das vezes em em apartamentos, ou então já é muito longe, muito afastado mesmo. Como nos Estados Unidos, eles já moram meia hora, uma hora fora da cidade, que vão de trem e voltam de trem. Então, você tem bairros residenciais. Mas bairros residenciais assim dentro da cidade, como nós temos, isso realmente é uma coisa que não se encontra muito em outro lugar. Com casas tão ricas, tão grandes. Assim isso é uma coisa que você pode mostrar para estrangeiro. E eles gostam de ver. Morumbi mesmo o Palácio do Morumbi, eu acho um palácio ### Eu não gosto daquelas... Puseram também ladrilho azul (risos). Tudo ali daquela cor verde, verde, bonito. Você vê agora na parte da frente onde tem um uma espécie de fonte. Puseram um ladrilho assim azul turquesa. Péssimo gosto. ### Isso tem com o Paulistano bonito, grande, tem o Pinheiros, eles ficam impressionados pelo tamanho né, que a gente anda dentro de Pinheiros (  ). E o pessoal que vem de outros estados gosta muito do shopping center. Que são os shoppings, né? ### Porque não parece que não é comum nos outros estados. Você diz de um brasileiro que vai ao shopping? O que que as crianças gostam de fazer no shopping? ### ### Meu filho quando vai lá com a vó volta cheio de pacotes de bobagens assim (risos). ### Mas na porta das lojas Americanas, você viu o que tem agora?

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 1: : Uma máquina de batata frita (risos). É, então (  ). ### ### Sundaes, né? ### Aqueles bem coloridos, creme de chocolate, nozes, coisas, todas em cima, eles acham uma delícia, né? O shopping não é um lugar bom, digamos assim, para quem quer fazer compras boas com economia. Eu não considero bom, acho as lojas, a ma maior parte são lojas médias, que não tem artigos nem extraordinários, também não é ordinário, mas é caras. ### Agora, realmente, ele oferece uma grande comodidade para quem é obrigado a fazer compras com filhos. Porque estaciona o carro uma vez só e. estacionando o carro uma vez só, ela pode comprar de tudo tudo o que ela precisa. Porque tem lojas para todos os artigos, digamos, de uma vez só. Então, se ela vai na rua Augusta, é um lugar onde ela estaciona o carro, desce com a criança, tira de dentro do carro, se está chovendo abre o guardar chuva, vai até a loja, volta, torna a pegar o carro, procura outra vaga, o que é uma façanha (risos), e torna a descer com a criançada quer dizer E realmente, é uma grande comodidade para a mulher que é obrigada a sair com criança, compensa o preço extra que ela paga na (  ) ### Tem supermercado. E tem...Pão de Açúcar, bem grande, Tem uma loja que é o depósito normal para coisas finas. Aí é mais bebidas finas, conservas estrangeiras, nozes, amêndoas, queijos. ### ### Só queijos. Aí tem queijos importados nacionais. ### Tem peixaria também. ### ### ### Agora, quem não está com criança, quem não está cansada (  ) ### ### Bom, na Rua Augusta você está indo, para começar, num desfile de modas. Você não precisa entrar na loja. É só ver o pessoal que anda lá. ### ### ### ### Quem é rapaz que gosta de carro, motocicleta, essas coisas também estão ali. A exposição dos últimos modelos, dos mais por dentro, como é que chama, né? Bom, fora isso, as lojas. As lojas da Augusta, depois é uma coisa. ### Tem lojas que tem coisas muito boas e que não são tão caras. E que às vezes você vai até Pinheiros ou vai até o Cid, não sei o que, e você compraria pelo mesmo preço na Rua Augusta. E com uma oportunidade de escolha três vezes maior. Porque tudo que é novidade, tudo que é bonito, chega antes na Augusta. Isso chega assim indiscutivelmente, às vezes um mês antes. Ou mais as coisas estão na Augusta e não chegaram ainda nos outros lugares. A gente não encontra em mais lugar nenhum. Tanto que tem uma variedade de matéria de novidade, de coisa bonita para escolher, como não tem em nenhum outro lugar em São Paulo. Você quer comprar sapato? ### ### ### Depois, se você quer esporte, você tem o Adriano. Você tem... Só em loja de sapatos, você encontra, digamos, que tenha ãh trinta bons em São Paulo. Vinte e cinco estão em Augusta ou ali nas travessas né (  ). ### ### É que as lojas melhores puxam as piores. Então, embora, às vezes, elas não possam estar concorrendo em matéria de preço, tudo isso, elas têm que apresentar coisas bonitas. Também, na moda, porque se ela fizer uma coisa muito arcaica, ali a loja fecha, porque ali não vende mesmo. Então a gente encontra lojas menores com coisas de muito bom gosto também, com as vezes um preço muito mais em conta. ### Bom, você encontra coisa muito boa e muito barata, mas o que você andou, o que você viu de monstruosidade ali no meio, de coisa sem gosto? No fim, eu tenho a impressão que ataca o gosto da gente. (risos) A gente não tem...que a gente não pode...se a gente quiser comprar alguma coisa na Zé Paulino, a gente tem que passar a manhã inteira andando na Augusta, vendo o que é bom, o que é bonito, e daí vai na Zé Paulino, acha, encontra e volta. ### ### E eu tenho a impressão que o drama é esse, ficar atacado pelo mau gosto, porque você só vê tanta coisa feia no meio, que no fim você acaba achando que aquilo é normal, que aquilo está bom, que aquilo está na moda. ### Qual é o problema também maior é ### Nós estamos falando de gente de classe média, bom ãh de bom nível, digamos. Que pode escolher onde quer comprar, e o que quer comprar, que pode ir na rua, se dar ao luxo. Tem muitas, como nós sabemos, principalmente da nossa geração mais jovem, talvez já valorize mais o tempo, mas da geração das nossas mães, nem tão, mais para baixo das nossas mães até, A mulher brasileira nunca fazia nada além de cuidar da casa. Desta classe, digamos e com facilidade, porque cuidar da casa até uma época mais ou menos recente, e filhos, não exigia tanto tempo da pessoa, porque ela tinha mais serviçais, as crianças iam para a escola perto, ou então iam com ônibus do colégio. Rara mãe que tinha que levar e buscar toda hora filho para a escola. Os filhos não iam a cursos extras, além da escola normal. de maneiras que o tempo não era tão valorizado. ### Agora, se você pensar que numa vida atual, que a gente tem milhões de coisas para fazer, e leva a criança aqui traz, mesmo quem não trabalhe fora, se tiver alguma atividade, um curso de língua, assim queira fazer uma outra coisa qualquer, encadernação, uma atividade qualquer extra, então ela precisa valorizar também o tempo dela. Então, na economia, ela precisa contar que se ela perdeu cinco horas para fazer uma compra, mais vale ela pagar trinta contos a mais, porque o tempo dela também vale. E isso o brasileiro não está acostumado a valorizar. Então você ouve que para fazer uma economia foi comprar um carretel de linha. ### Foi comprar um carretel de linha na Zé Paulino ou então foi naquela Vinte e Cinco de março também. ### ### Tem uma determinada loja na Vinte e Cinco de março que tem uma diferença grande de preço. Então, você vai você vai fazer uma compra enorme. Você vai economizar, sei lá, cem, duzentos, trezentos cruzeiros Compensa largamente. Mas para você fazer uma viagem dessas e levar três horas procurando para achar, para comprar uma blusinha ou alguma coisa, não compensa absolutamente. Mas a Rua Augusta tem um outro atrativo? ### Eu não vou lá tal, mas muita gente vai lá para paquera. é o lugar de se encontrar não sei, cada vez a gente tem menos festas em casa de alguém. Uhum. Ah... Não são tantos que são sócios de um clube (  ). Então, o ponto de encontro, o ponto de reunião das pessoas, foi para a rua. O Rio sempre teve a praia, que era o ponto de encontro. São Paulo achou a Rua Augusta, eu tenho a impressão. Então, você não tem programa, você quer encontrar gente, você quer ver gente, quer bater um papo, ou até mesmo encontrar os seus amigos, ao invés de levar para casa, você se encontra na Rua Augusta. ### Você quer encontrar o rapaz, não quer telefonar para ele e tal, você sabe que tal hora ele está na Augusta, então você se emboneca toda e vai para lá. E no fim acaba sendo um negócio gozado, porque virou tanto um ponto de encontro, que se uma moça, por exemplo, que tem um namorado, eu já vi isso não comigo, mas com a maioria das minhas pessoas que tem um namorado, tem um marido, não gostam que as moças vão ali de sábado de manhã na rua Augusta. porque é um lugar que já ficou visado como é o lugar de paquera, o lugar de encontros. Então, parece que quem vai na Augusta esse horário está querendo paquerar o outro, entende? Ou o rapaz também. Quer dizer, e eu acho importante uma cidade ter um ponto de encontro. ### Tem dez anos. É metade de uma geração. ### ### Hoje em dia não tem isso. Eu quando tinha quinze anos tinha muito mais festas do que eu tenho a gora, agora se eu quiser dizer que eu vou na festa, na casa de uma amiga,  negócio assim, fora do normal. Não se vai, não tem. Ninguém dá festas em casa. Quando muito dá uma reunião no aniversário, os íntimos aparecem. É o máximo. Mas num num se vai em festa em que você vai conhecer gente nova Então, um ponto de encontro para para uma juventude na cidade, eu acho uma coisa muito importante. ### É uma classe, em relação assim à cidade, é uma classe bem limitada né. Tem esse ponto de encontro lá. Já é válido, mas é uma classe bem limitada. Mas isso também acho que é uma consequência de ser uma cidade tão grande, com uma vida tão, assim, digo tribulada, movimentada, uma vida tão rápida. ### Ninguém tem tempo para nada, quem dirá para a parte social. Em cidade pequena, já as pessoas têm muito mais tempo, porque a vida é muito mais parada. ### Dancei muito. Tinha muita festa. Muita festa. Bailes, mesmo, bailes grandes. Bailes de formatura todo mundo ia. E havia festas mesmo. ### ### Hoje em dia, a gente vê reuniõezinhas, mas num num dançam quase. É. ### ### ### E eu fui muito em boate porque eu casei tarde. Depois, quando eu já tinha meus dezoito, vinte anos, aí sim, aí já começaram mesmo. Agora, minha irmã, que é dois anos abaixo de mim e que casou-se com dezoito anos, nunca foi em uma boate solteira. Ela se casou com dezoito anos. Hoje em dia, uma moça de dezoito anos já conhece meio São Paulo de boates. E ela nunca tinha ido a uma boate. Eu fui a uma boate com dezoito anos escondida da mamãe. Aí é que está, porque a mamãe tem uma diferença de idade grande com relação a mim. Eu sou a sexta filha, ela casou com vinte e cinco anos, então já tem muita diferença de idade. E eu fui escondida com o meu irmão. ### Depois disso, eu só fui a uma boate com vinte anos. Foi o momento que eu cheguei na mamãe e falei, mamãe, eu vou a uma boate. Porque não não dava. Agora, eu sempre fui atrasada.