Inquérito SP_D2_022

SPEAKER 1: : Eu gostaria que vocês começassem a conversar com a gente sobre os seus filhos. Contar, afinal de contas, como é que eles estão atualmente. Como eles estão atualmente? É. Como é que eles o Co como é que eles passam? Como vão os seus filhos?

SPEAKER 2: : Os meus, graças a Deus, estão melhor. As duas tiveram catapora. Durante os últimos quinze dias, eu passei por conta da doença delas. A mais velha teve bem mais forte. Tive que ficar passando o cremezinho que o médico recomendou em todas as bolinhas. ### Sabe, é mais nada você ficar tomando conta dela, dando remédios. Esses medicamentos que são dados em hora em hora. Antialérgicos, uma porção de coisa. Vê que nesse ponto, tem bastante assunto. Os meus meninos não estão aqui. Estão em Paiol Grande, passando férias. Foram com alguns brinos e outras crianças do colégio. Ao todo, vão para o Paiol duzentos meninos. Ah, eu tinha uma notícia para dar para você. Eu soube o nome daquela vacina que você queria que eu () Estava lá buscando lá dentro. Vacina? Contra alergi... ### Essa eu também queria. Eu acho que ele nem precisa mais. É principalmente para quem tem problema de asma, esse gênero de alergia à tartosa. O Henrique, meu pequenininho, tinha uma alergia à lã. E quando era pequeno, não podia usar casaco, espécie alguma. Mas agora, com o passar do tempo, ele foi melhorando. Eu acho que nem há necessidade. Esse inverno ele passou muito bem. Mas outro dia, a Eleninha, minha amiga, estava querendo o nome da vacina, até falei a ela que telefonasse para a Carola, para perguntar onde que se mandava buscar. Se você puder dar, eu dou a ela. Ela vai agora para a Europa. O menino dela é muito alérgico, o menor. ### tipo bronquíntima, bronquite alérgica. () de nariz Não adianta. () eu acho que adianta também. Mas mais assim, tipo, dias respiratórios, não tipo de alergia de pele. A minha pequena tem umas alergias de pele, que fica aqueles... fica embolotado, aquele negócio, e anda. Mas, (), eu acho que não Deve ser qualquer coisa relativa 

SPEAKER 1: : Você faz alguma coisa com ela, assim, quando ela tem essa manifestação de alergia? Você tem algum recurso para cuidar disso ou não?

SPEAKER 2: : Antigamente eu dava antialérgico. Mas atualmente eu acho que... Eu não sei o que é, tenho a impressão que é qualquer coisa alimentar, então eu estou simplesmente anotando diferentes tipos de comida, carne de porco, essas coisas, para ver se eu consigo determinar a causa. E não fica, assim, a ponto de ficar disforme, de inchar a boca e tal, não chega a esse ponto. Comava um pouco. Aliás, atrapalhou, porque ela teve uma gripe. Teve, em seguida, essa alergia, enquanto estava na cama. E eu não prestei a menor atenção na tal alergia, porque ela tem sempre. E, de repente, ela sarou da gripe, foi para o colégio, se formou no primário e tal. Quando volto para casa, trinta e nove de febre. Ela teve uma tarte, de repente. Pensei que fosse uma recaída da inflamação de amígdalas que ela estava. Aí, no dia seguinte, minha filha, a pequenininha, voltou da aula de arte. Eu dei um banho nela. Na hora que eu tirei a camada de tinta, ela estava inteira pintada com catapora, entendeu? E com isso que eu percebi que da outra era catapora. Eu estava dando por alergia. ### A catapora começa... Teoricamente, devia começar com febre. Mas o que aconteceu com a minha filha é que ela tinha febre acumulada, febre da catapora e febre da dor de garganta. E aí, eu só percebi porque ela estava com uma espécie de espinha no nariz. Ela tem dez anos e já está começando com esse problema de espinhas e tal. Eu não dei muita atenção. Aí aquela espinha começou a ficar muito funda e avermelhada em volta. E eu imaginei que fosse um pitico. Perguntei para o médico o que passava, repeti, comecei a passar o remédio no lugar e o negócio não regredia. De repente que eu percebi, não era nada, era catapora, vai ficar com uma cicatriz também do elefante, dá para guardar um feijão. ### ### ficou? () ainda está ficando () Ainda nem cicatrizou. Não cicatrizou, mas... Estavam () desde semana passada, agora estão sarando. Mas todo mundo disse que vai ficar marcada, porque se cria a pulso na na feridinha, e sempre fica com a cicatriz. Porque impetigo a gente trata de uma maneira contrária né. Como é que você trata impetigo? Eu tenho a impressão que impetigo você tem que lavar com alguma coisa para tirar a casca, e depois passar o o remédio, no caso, nebacetin, sei lá. E a catapora, não, não tem que mexer, tem que deixar formar a casca, então foi um tratamento totalmente errado. Mas a catapora coça muito, então os meus filhos, quando tiveram, Tínhamos de dar um banho de permanganato, aquele que a água tivesse colorido de vermelho, para não coçar. Você não deu? Não, o () mandou dar banho com (). Mandou dar () para não coçar.  Mas a gente não () demais porque tem o consumo. Tem que dosar um pouco. Não sei se o banho de permanganato é bom só para não coçar, mas o efeito psicológico é. fenomenal, que toma um banho vermelho, eu fico entusiasma () Banho toda hora, banho vermelho. ()

SPEAKER 1: : Carnaval continuavam querendo banho vermelho. (risos) Não, mas é verdade, os meus filhos e agora estão grandes, eles, até hoje eles me falam com saudade daquele banho que eles tomavam quando tinham () sabe?  lindo, né? É lindo banhar água, fica lindíssima. É uma performance da vida deles, né? Eu peguei, como é que vocês fazem assim com () essas essas ê ê  Eles já tiveram outras doenças infantis assim?

SPEAKER 2: : Doenças infantis lá em casa acho que tiveram catapora e rubéola. Porque agora sarampo, há uma vacina, não tem mais, né? E cachumba, há uma vacina também que aliás eu ainda não tenho. não tem, mas não tiveram. Preciso dar bem depressa, porque senão pego eu, que também não tive. (risos) Então é mais urgente a vacina. Mais uma hora, para para dar a vacina, a vacina americana, o médico manda buscar. Às vezes ele avisa que tem a vacina, mas o menino está resfriado ou está com qualquer coisa, não pode dar a va () também não levo relaxamento. () Vai passando. Agora que foram para o Pará, no mínimo voltam com tudo que tiver por lá, porque tantos meninos.

SPEAKER 1: : E você acha que se eles já tiveram essa experiência de férias coletivas assim com outro? Não, não é a primeira vez. E na escola, quando eles têm esse tipo de de de doença, há algum cuidado que se recomen Quando aparece na escola? Uhum () A escola pede para se tomar alguma providência quando a criança aparece com uma dessas moléstias contagiosas? Não?

SPEAKER 2: : Não, eu acho que as escolas não tomam providência nenhuma mesmo porque quando aparece a moléstia, o menino que estava com a moléstia incubada já transmitiu a todos e acho que não há mais o que fazia a não ser a hepatite. Então, muitas vezes, tem aquela... como chama aquele tratamento? É Imunoglobulina. É, teve uma escola que fechou para. Para fazer desinfecção? Fazer uma desinfecção completa, porque teve uma epidemia de hepatite. Hepatite realmente é séria. E depois também tem uma coisa que essas doenças de câncer todas têm que ter. E se não tiver em criança, se for ter em adulto, o negócio é muito mais sério. Eu tive cachumba há uns cinco anos atrás, quase mo E minha filha teve uma caxumba tão leve que sabe, ficou olhando bem para ver de que lado que era porque não dava para gente sabe, qual era.

SPEAKER 1: : Mas mesmo quando começa assim a secar a catapora, por exemplo, você deixa sua filha sair e tal, ir para a escola ou você espera?

SPEAKER 2: : Não, o pediatra é, que estive em casa, como chamamos, ele recomendou que esperasse cair, secar todas as feritinhas e cair aquela casquinha, porque ele disse que aquela casquinha é é assim, será um concentrado de germes trans, transmissores da catapora, que é a coisa mais importante ter paciência e deixar em casa. E depois, então, eu esperei, caí em todas as trezentos e sessenta casquinhas e agora, hoje, ela teve alta. (fala rindo) E

SPEAKER 1: : E outro outro tipo, assim, mesmo que vocês não não tenham tido, felizmente, a experiência de de doença nessa fase da idade dos seus filhos, vocês sabem que existem outras, né? Além daquelas que você falou.

SPEAKER 2: : Agora eu tive (). É É? Tive () bem pequenininha, com (). E depois teve pneumonia, que não tem nada a ver com isso, porque não é doença infantil. Teve alguma complicação, sarampo ou não? Não, graças a Deus, não teve. Só aquele fibrão horrível. Tomei () () Calculo que uma semana, mas já faz dez anos e não me lembro mais. E depois passou sem maiores problemas. Outra doença que aparece e eu não conheço é a platina, né, que é bastante perigosa. É Mas graças a Deus, lá em casa, ninguém teve. E essas doenças respiratórias que a criança costuma ter bastante? Em casa não aparecia. (), assim? É, e de bronquios, assim. É Na minha casa também não teve. Paula era muito muito dada, e me da () ficava com a garganta inflamada cada quinze dias. Depois, crescendo, o negócio passou. Normalmente os médicos de cá têm que operar de noite, mas eu estou esperando porque ela é um pouco alérgica à anestesia. Ele sofreu uma mordida de um cachorro policial, mordeu no rosto. E aí na hora que eu li que eu ia ter que fazer plástica, não tenho dúvida, fomos melhor () para o hospital. E até chamamos o plástico, ele operou, mas meu tio que é anestesista fez anestesia na hora e não me falou nada. Há pouco tempo atrás me disse que ela tinha tido por duas vezes alergia. Então eu não vou operar adenoide porque eu acho assim, () Vale a pena correr o risco? No  caso deles respiratórios não tiveram, mas o o menorzinho teve um caso que é bastante raro de acontecer. () () A moleira fechou prematuramente e teve de fazer uma operação para, Eles cortam a cabeça nesse sentido assim, tiram pedaços do osso, para depois fechar naturalmente, porque senão haveria uma compressão no cérebro. Ele era de oito meses? De oito meses não, de um mês. Quarenta e cinco dias. ()  oito meses? Não, nasceu () ### Nasceu em tempo normal, mas com quarenta e cinco dias que o pediatra notou pela medida que estava fechando. Uma calcificação de () né. Ma É uma calcificação prematura. Mas notou antes que aparecesse qualquer sintoma, porque quando aparece, quando há a primeira compressão, é então que surgem os sintomas, né? Deu sorte em. Tem convulsão, coisas assim. Mas ele notou na medida, só na medida que achou que estava pequeno, não estava crescendo direito a cabeça, aí operou. Foi o caso mais surgindo antes que apareceu na família. (fala rindo)

SPEAKER 1: : Tomara que seja o único.

SPEAKER 2: : Graças a Deus ficou perfeito.

SPEAKER 1: : Mas a gente queria que vocês contassem como é que nasceram essas crianças, afinal de contas. (suspiro) Aí, vamos lá.

SPEAKER 2: : Acho que () (risos) o caso do nascimento é dos dos quatro, dos cinco, é mais ou menos o mesmo, porque nós temos esse tio que eu já contei que é anestesista, Então nós tomamos (), anestesia (), aliás uma espertalhona aquela mulher. Parto absolutamente sem dor. Anestesia desde a hora que entrou na maternidade até depois que nasceu. Um dia antes de eu de eu de eu entrar no prazo, ele tinha comprado um aparelho novo que ficava na minha casa. Aqueles que a gente cheira assim, ele embarca. E o aparelho, por si só, () é é a gente cura na mão. Então cheira a trilene, não sente mais nada de dores e tal. Eu primeiro a dor já comecei a tomar e aí ele cai por si. E depois assim, quando a gente volta um pouquinho na próxima, cheira de novo. E para quem vê de fora assim, quem está no quarto e tal, na aparência que você está perce percebendo tudo, lembrando de tudo. Quando eu eu me lembro que uma hora eu acordei e perguntei para minha mamãe, será que vai demorar muito? Mas não, a mulher já deu. Eu estava (), e rompeu a bolsa. (risos) Ele já tinha nascido a a eras e tal. Eu não lembro de cara, de sala de parto, não vi nada. Mas essa anestesia, o tor, que se chama tor, não dá para todo mundo. Ele só dá especialmente para nós porque exige um controle muito... Muito complicado, porque você fica o tempo inteiro lá junto e tal. Então, como é assim, é só para as sobrinhas que ele mandou buscar essa máquina especial. Depois também precisa ter muita habilidade para dar anestesia geral, caso precise, para fazer pontos e tal e tantas. Precisa ter muito cuidado com quem já fez essa anestesia contra  (), para fazer anestesia geral em seguida. Tem que ter lá certas precauções, concetração, enfim. Não é muito fácil, mas é muito confortável. Eu fico em matéria de parto, não não sei nem como é a sala de parto, apesar de ter três filhos. (fala rindo) Eu vi sala de parto quando eu tive um aborto, eu perdi um bebê. E aí, então, eu vi, na hora, até a hora que eu entrei, estiquei o braço, me deram um () na veia, divino também. ()

SPEAKER 1: : E o que fizeram com você nessa ocasião no hospital, quando você teve o aborto? O que foi feito assim para para preservar o seu estado de saúde?

SPEAKER 2: : Exatamente o que foi feito. Eu não sei. Desconfio. Fiz uma raspagem na sessão toda, mas agora exatamente não posso garantir, porque eu não não me lembro. Fiquei lá um dia e depois logo saí.

SPEAKER 1: : As duas sempre tiveram filhos assim no no prazo? ###

SPEAKER 2: : Aliás, mais exatamente, nunca. Sempre foi tudo com hora marcada, porque sempre atrasa o corpo, passa no prazo... É, (),esse parto. ### Então, o o médico tem que induzir o parto. E a outra irmã também. Então é sempre com hora marca A Carolina não foi. A Carolina nasceu vinte dias Mas marcou, também Não, e ela não marcou, claro. Ela nasceu antes porque () Eu conheci com o Dr. Zorrico, e aí ela nasceu,  Mas também pôs as  gosgotinhas para pressar, tá? E

SPEAKER 1: : E... mas vocês sabem, quer dizer, às às vezes há crianças que não nascem assim, vamos dizer, no no prazo normal. Você sabe se tem nome especial para isso, criança que nasce antes do do tempo? É prema Prematuras? Vocês chamam assim? De prematuras. E quando criança atrasa um pouco para nascer, ela tem algum nome, não?

SPEAKER 2: :  Sobre o nome técnico, deve ter vindo todos nomes feios que a família falou.

SPEAKER 1: : (risadas) Não, mas nem precisava ser um nome técnico, podia ser um nome efetivo. Eu não conheço. Não? Bom, eu queria que vocês falassem assim, como é que vocês costumam chamar os seus filhos? São de pouca idade ainda, mas a gente sabe que no decorrer da vida, mesmo na fase que a gente chama infância, conforme a idade, a designação é uma. Na verdade, eu não sei se vocês têm designações específicas, mas quando, por exemplo, a criança nasce, vocês se referem a ela sem ser pelo nome? Como bebê. Você também? Bebê também. E e até a até que idade vai esse bebê?

SPEAKER 2: : Em meu, menor, eu acho que vai em até Porque é o último (fala rindo) se aproveitar bem (risos).

SPEAKER 1: : Os outros logo não chamavam mais (fala rindo). Você chamava como? Quando se referia a eles? Como é que vocês costumam chamar? Agora, por exemplo? ()

SPEAKER 2: : Os meninos. () caso é os meninos são os dois maiores, que são junto, quase da mesma ida Sempre são os meninos. São já de dois. E o outro é o Henrique, Kique. Chamam pelo nome ou pelo apelido. E Em casa todos têm apelido. O Henrique se chama de Kiki. Depois tem o Marcelo, que se chama Mac. E o Paulinho se chama Paulo Júnior, Paulo Pequeno. (fala rindo) Porque meu marido se chama Paulo, então chamam ele de 

SPEAKER 1: : Paulo Júnior ou Paulo Pequeno. Agora a gente vai imaginar um crescimento dos filhos que ainda não ocorreu, mas vamos imaginar assim que vocês têm que se referir a eles, além dessa idade em que eles estão. Vocês já se imaginaram assim com os filhos já crescidinhos, como é que vocês falariam?

SPEAKER 2: : Olha, eu vi pela, pela nossa família, até noventa anos são as meninas se não casa... Fica. Na casa de meu marido tem uma tia que tem setenta, sei lá quantos, outros setenta, são as meninas para sempre. Agora, individualmente, eu acho que a Paula vai ser sempre Paula, e Carolina nós chamamos de Carola. Minhas crianças chamam de Lola, eles chamam de Lola, mas o apelido dela que eu acho que vai firmar vai ser Carola. Vimos na casa da Tietê, uma nossa tia, que tem um filho se formando em engenharia, outro em psicologia, são todas as crianças. Até hoje são as crianças. (fala rindo)  Todo mundo caçoa, morre de rir, () chamando de criança. Vocês ah...

SPEAKER 1: : Alguém chamaria, assim, por outro... por exemplo, nessa fase, De doze anos até vinte. Vocês ouviram alguém no ciclo de vocês terem um nome especial para isso? De garotas, rapazes? Hurum. É o que se usa normalmente para falar para essa faixa de idade.

SPEAKER 2: : ### Nas relações da gente, sim. Muita gente chama de bruta, mas eu acho... Eu não acho muito bonito.

SPEAKER 1: : Mas você acha que ainda se fala, se usa esse termo bruto, ou você acha que está meio fora? Assim, do uso, você acha que ainda se fala?

SPEAKER 2: : No nosso grupo está bem, mas a gente ouve. E você falou de, de... Também, por exemplo, no clube falam muito a molecada para lá, 

SPEAKER 1: : Essa molecada tem uma idade... Você vê esses meninos que põem o pé na cadeira. É pejorativo esse molecado, para se falar, querer assim, justamente, ressaltar alguma qualidade negativa, não?

SPEAKER 2: : Acho que é, justamente para ressaltar essa turbulência e falta de modos desses meninos que põe o pé na cadeira, risca o banco. Eu acho que o molecado é mais indefinido, assim. É só para meninos? Em geral, eu acho que sim.

SPEAKER 1: : E a menina, quando ela fica, quer dizer, ela já começa um curso superior, como é que ela se chama para vocês?

SPEAKER 2: : Eu chamaria de jovem, mas eu acho que eu nunca falei, chamei de jovem. É jovem só por escrito em boletins informativos. Boletim da igreja, acho que é muito bonito quando eu choro, mas eu nunca diria. (risadas) 

SPEAKER 1: : Se vocês tivessem referido, por exemplo, a uma mulher nessa faixa de idade e que vocês não soubessem o nome e tal, vocês falariam o quê?

SPEAKER 2: : Uma moça. Moça ou mocinha, se for.

SPEAKER 1: : E para o homem, no caso? Um rapaz. E uma coisa, você falou aí das meninas que não casam, né? Que ainda se chamam meninas. Mas... Elas se chamam sempre meninas?

SPEAKER 2: : Olha, esse é um problema sério, porque quando se manda um convite de casamento, ou um convite para uma senhora de setenta anos solteira, não sabe muito bem se põe senhora, senhorita, é esquisito, senhorita não dá. Porque é indefinida a época que muda então de senhorita para senhora.

SPEAKER 1: : É um problema delicado. As minhas tias (), elas querem que ponha senhorita.

SPEAKER 2: : Porque tem umas que põe assim e se ofende. Eu acho que se ainda a pessoa se acha casável, casadoira, eu acho que ela gostaria que fizesse senhorita, né? Mas e depois? É, mas a gente tem que adaptar isso à pessoa que vai receber dicas. Isso é uma coisa formal, não é só quando é uma correspondência, é uma coisa formal. Porque não sendo assim em família, eu acho que nos temos sim.

SPEAKER 1: : Mas se você quiser até ressaltar, um pouco malevolamente, o fato de não ter se casado, como é que se diz? Uma solteirona? Vocês conhecem outros termos para isso?

SPEAKER 2: : E para homem? O homem quando resiste ao casamento? Solteirão. Solteirão. Só que para homem, geralmente, solteirão não é um termo pejorativo como é para mulher. Para homem, até, uma beleza ser solteirão. Tem muito... Vocês são ricos solteirões, tem muito castaço. Então, para homem não é um termo pejorativo.

SPEAKER 1: : E não se usa outro termo, assim, nessa situação, nem para o homem nem para mulher? Assim, normalmente. Vocês não, não usariam, não pensariam em outro, não, termo para isso. Mas  eu queria que vocês contassem para a gente.

SPEAKER 2: : Usa-se. Às vezes, falassem. Lembra de estar encalhada? Usava-se. Agora, ultimamente, nem ouço mais muito isso (fala rindo). Mas vocês encalharam tudo.

SPEAKER 0: : Encalharam (fala rindo). (Risos)

SPEAKER 1: : Que bom, né? Olha, eu queria que vocês contassem o casamento. Como é que foi, quer dizer, Antes do casamento, como é que vocês fizeram para conhecer os respectivos maridos? Quer dizer, Essa fase anterior ao casamento. Como é que () vocês se conheceram? Como é que se processou esse conhecimento?

SPEAKER 2: : Meu marido eu conheci, assim, muitos anos antes de começar a namorar ou pensar em namorar (). Mais ou menos nós frequentávamos a mesma roda. Eu já conhecia a Ilha, as irmãs dele há muito tempo. Depois Começou casualmente. Qual que é o projeto? () como é que foi? Não tem não tem mistério nenhum (fala rindo). Mas foi assim, bem casualmente, eu encontrei. Em dois minutos, vocês encontraram em um jockey clube, no jantar, ele convidou para sair, daí... passei a sair mais vezes, enfim... coisa bem normal, nada extraordinário.

SPEAKER 1: : Mas como é que vocês se viam, assim, na sua casa...? Como é que era a forma? Nós queremos saber mais coisas. Aqui no nosso hotel é esse (risos).

SPEAKER 2: : É, na minha casa aconteceu que... Acontece que a família de meu marido já era muito conhecida da da minha família, digamos. Nível de avós, todos conheciam. Eu soube o professor da faculdade de medicina e tinha sido professor de meu pai. E o tio dele era muito amigo do meu avô, aquela coisa para a vida toda. num certo sentido. Foi muito apreciado. Papai gostou muito. Achava, assim, que digamos que eram, mais ou menos, o mesmo tipo de gente. E, portanto, ().

SPEAKER 1: : Você, Beatriz, como é que foi a coisa?

SPEAKER 2: : Meu marido, apesar de ser de São Paulo, eu conheci no Rio. Aham. Antes só mais tarde. Depois daqui, como eu contei muitas vezes, só mais tarde que começamos a namorar. () em caso, O namoro era engraçado, porque naquele tempo mamãe não deixava a gente sair sozinha de noite. Hoje em dia, negócio mais fora de moda que já aconteceu, né? () sempre saí com uma amiga. Irmãozinho? Não, saía sempre com uma amiga, mas tinha uma coisa muito engraçada. Eu tinha uma amiga que que morava na... Nós morávamos no Jardim Améri . Eu tinha uma amiga que morava na Vila Mariana. Então eu podia sair de casa, né, para ir buscar a amiga na Vila Mariana, para ir no cinema, mas não, depois devolver a amiga e voltar para casa. Eu não podia ir sozinha (fala rindo). E hoje em dia é tudo tão diferente, né? (fala rindo).

SPEAKER 1: : E hoje em dia como é que se faz esse namoro, assim? Vocês deve saber, claro. Embora não tenham a experiência direta com os filhos, mas sabem como é que essa rapaziada namora.

SPEAKER 2: : Hoje em dia é uma liberdade muitíssimo maior, né?

SPEAKER 1: : Em que sentido, assim ()? A abordagem de uma pessoa com outra é mais fácil? Através de quê?

SPEAKER 2: : Eu tenho noção que o ponto de vista da família que mudou. Hoje em dia é permitido que uma moça saia com um rapaz, inclusive não há problema nenhum em trazer um rapaz em casa e ficar conversando, seja namorado ou o que for. E antigamente a gente tinha que ter mais cuidado, não podia  Porque se incomodava muito mais, assim, com o que os outros poderiam pensar. E atualmente, não, é tudo mais uma coisa natural, normal, Quer dizer, mas o que o que a gente acha normal atualmente são é um sair, fazer um programa e tal. Mas atualmente a juventude tem uma liberdade sexual muito maior que em nosso tempo não tinha. Eu não sei até que ponto que isso é bom ou até que ponto que é prejudicial. Você () válido Ficava na minha pesquisa. A sua o que? Válido. Pois já ficou. Mas eu acho que o perigo disso é as mães que forem, as maẽs  dessa rapaziada de quinze anos, principalmente dessas meninas, que foram educadas numa outra mentalidade. Agora, para não ficar retrógrada, atrasada, então, precisam fazer que admitem. Quando, em verdade, não admitem, acho que é isso que pode criar um conflito. Porque se admitisse no duro, não tinha problema nenhum. Mas o problema é as pessoas tentarem mostrar que admitem uma coisa que não admitem, o que eu acho que é muito difícil. Se a pessoa for educada completamente, de uma maneira completamente tradicional, quadrada, de repente aceitar um dos padrões mais modernos, acho que essa é a dificuldade.

SPEAKER 1: : Você acha assim que o processo do namoro hoje é muito mais, vamos dizer assim, mais rápido do que foi, por exemplo, de vocês? Não.

SPEAKER 2: : Acho que eles começam a namorar muito mais cedo devido às facilidades. E aí entra um problema muito sério que é poder escolher, poder frequentar, poder sair e não ter maturidade para tanto. Sempre as escolhas são bem

SPEAKER 1: : Agora, em relação à família, assim, porque nos interessaria saber os graus de parentesco. Vocês já falaram dos seus, de tios, e isso também interessa saber. A família é enorme, pelo que parece. Então a gente gostaria, assim, vocês se encontram com a família em ocasiões especiais?

SPEAKER 2: : Encontramos. Na família nossa, assim, os irmãos e cunhados, Cunhada também. Toda quinta-feira nós jantamos na casa da mamãe e domingo almoçamos lá. Domingo as crianças vão também e na quinta-feira é só para as crianças. Agora, os tios, as irmãs da mamãe, não há um dia certo de encontro, mas no Natal sempre há um almoço. E no dia primeiro do ano também. Ah, e há bastante contato informal de ir na casa de irmãos, fazer uma visita, falar no telefone. Ah, mas não há um dia marcado. Não, fizemos contato informal com os irmãos. Agora nós, as irmãs, nos encontramos muito porque todas moram no mesmo bairro. Isso facilita muito. Agora também vamos muito na casa da mamãe.

SPEAKER 1: : E em relação assim aos filhos, uma da outra... É.. Vocês é, por exemplo, na sua casa vão os filhos da sua irmã?

SPEAKER 2: : Não, não vão muito. Os meus filhos se dão muito com os filhos da, do meu cunhado, que é irmão do meu marido, que são quase da mesma idade. Então passam sempre férias junto e fim de semana, estudam no mesmo colégio. Agora foram junto para o Paiol Grande e com esses primos que eles... se dão mais. Agora o meu menino menorzinho, tem um outro sobrinho que é filho de uma outra minha irmã, que com esse ele conta sempre bem pela frente. Coincide mais a idade. Hurum. E...

SPEAKER 1: : E com pessoas mais assim, um parentesco mais distante, vocês têm contato ou não?

SPEAKER 2: : Atualmente não mais. Quando ainda existia uma geração anterior, a vovó e a nossa tia, que era como uma avó do lado do, do pai, era um centro que reunia todos esses parentes. Atualmente a gente quase nem... Graças a Deus, porque era chatissimo (fala rindo) (risadsa) (tose) Agora só em festas de casamento, em enterros,

SPEAKER 1: : Ah, isso é bom. Eu gostaria de saber, você falou em festa de casamento e em perro. Como é que é a festa de casamento assim? Não preciso nem dizer na família de vocês, mas como é que é uma festa de casamento ainda hoje?

SPEAKER 2: : Em casa todos tiveram uma festa de casamento bastante semelhante. Tem... Nós temos uma irmã mais moça e um irmão menor que também já casou. Mas todos tiveram uma festa em casa.

SPEAKER 1: : Festa, tradicional, champanhe, bolo, comida, piru.  Mas como é que se casa? Quer dizer a cerimônia em si? Há dois casamentos? Há dois tipos de casamento ou não?

SPEAKER 2: : Ah, o casamento civil e o casamento religioso. No meu e da elicita usava-se fazer o casamento civil antes. Então era um dia antes ou dois dias antes em casa. Mas quando a Cícilia casou e o Berco também, aí já era o casamento civil depois do religioso, na mesma... durante a festa, né?

SPEAKER 1: : E como é que é esse casamento civil? Faça de conta que eu não sou casada e eu não sei como é que é, eu quero me informar.

SPEAKER 2: : É o casamento que vale legalmente. Mas como é que ele é feito? Como é feito em casa, não?

SPEAKER 1: : É preparação de papeis é fácil ou não? É isso que me interessa, é. Essa preparação.

SPEAKER 2: : É feita num cartório, num cartório de paz. Nós fazemos sempre num tabelhão nosso amigo. Vai lá, leva... Porque eles têm de fazer... como chama? Tem de fazer umas publicações para sair a licença. Então, é esse tabelhão que faz o casamento no dia.

SPEAKER 1: : Ele dá um documento para vocês desse casamento?

SPEAKER 2: : Ele dá uma certidão, né? Uma certidão que depois vai ser usada para tudo, para entrar em () com a criança no colégio, para tudo que... Com aquele que não desse uma dúzia, porque faz uma falta louca. Vocês usam muito essa certidão de casamento? Até para... de automóvel, você tá com... tem os papéis do carro, o nome do marido, tem que mostrar a certidão para provar que você não roubou o carro. Você acha que a gente é cara de ladrão de automóvel? Exclusiva para tudo também, para qualquer escritura que vai passar, comprar qualquer coisa. Tem () colégio Para tudo precisa. Para clube, para pôr crianças no colégio, para tudo. Até para o hotel. muita gente precisa? Ah, isso eu nunca ouvi contar. Sim, você precisa levar. Precisa levar, mas eu nunca ouvi contar de pedido. Tem uns hoteis que eu sei que não pede (fala rindo) Tem certos que estariam vázios, né?

SPEAKER 1: : Não foi nenhum do lado do Haroshi, nada disso. E no casamento religioso, é necessário tomar alguma providência antes do casamento?

SPEAKER 2: : Ah, e uma chatura sem tamanho. Mas conta essa chatura. É ótimo. E na igreja, onde foi batizado, que ninguém sabe mais onde é, achar um dia que o padre esteja lá, que também nunca está. tirar a testar de batismo, pedir uma licença para casar noutra igreja, porque no meu caso fui batizada em Santa Cecília, não é casada em Santa Cecília, evidentemente. Então, você pede uma licença, depois corre os proclamas, fica fixado na porta da igreja. Eu nem sei se hoje em dia o padre lê, mas antigamente lia alto o nome da pessoa falando que ia casar. Não, agora faz o curso obrigatório. Curso de preparação.

SPEAKER 1: : Curso de noites, é obrigatório. É obrigatório para o padre fazer o casamento, mas ele não faz?

SPEAKER 2: : Como é? É obrigatório que os noivos frequentem esse curso, que parece que tem umas seis aulas. Até para batizado, os padrinhos e os pais da criança têm de fazer um curso especial. Mas quem não quer se incomodar com isso, vai na igreja São Gabriel. É que lá dá-se um jeito. (risadas) Só de benedito? (fala rindo) É. Lá não precisa. Nem confessar para casar preci

SPEAKER 1: : Acho que não precisa nada.

SPEAKER 2: : Acho que no entanto também não precisava. Não me lembro. Não, é agora que tem isso. que tem esse curso, essas coisas.

SPEAKER 1: : Mas eu, eu quero saber como é que esse casamento, como é que ele é feito, assim? Como é que vocês fazem para chegar, para casar, enfim, a cerimônia? Eu queria que vocês comentassem sobre isso.

SPEAKER 2: : Como é que é? A cerimônia é no dia? É, casamento religioso. Como é que se faz? Tem o primeiro turno que ela faz preparatório. A costureira, a chapeleira, a turma, Vai preparar a noite. Depois, a gente, em geral, saia atrasadíssima de casa, aflitíssima. Nosso caso, nós saímos... Nós não tínhamos mais pai. Quando nós casamos, meu pai já era falecido. Então, foi um dos nossos tios que foi para entrar conosco na igreja. Aí, com toda aquela aflição, chega na porta da igreja, fica esperando um pouco. Não sei o que a gente fica esperando. Fica esperando alguma coisa.

SPEAKER 0: : Abre a porta e começa a tocar a música.

SPEAKER 2: : Começa a música e tal. E aí entra, tem que cumprimentar, todo mundo tem que fazer uma cara que não seja nem de quem tá animadíssimo para ter conseguido casar. Nem pode fazer uma cara tristíssima. No meu caso eu não enxergava nada, porque tava sem óculos, com cumprimentos, assim, desencana Cara de fada, entendeu? E quem fez o meu casamento foi um padre que era meu professor de sociologia no Sede. Na hora que eu nunca tinha visto ele com aqueles paramentos, na hora que ele ia com os paramentos, me deu uma vontade de dar risada que eu não aguentava mais. Eu não vi mais nada do casamento tão engraçado que era. No caso é bispo hoje, né? Bispo? Não é? Faz ()? Ah não ### Pai do Benedito. Esse é o São Gabriel, ai Não. É o Benedito Leo Aveira.

SPEAKER 1: : É muito importante. () Mas durante o casamento há alguma cerimônia religiosa ou é só o casamento?

SPEAKER 2: : Tem gente que casa na missa, não no meu caso.

SPEAKER 1: : E, afinal de contas, ali, nessa cerimônia, o que consiste a cerimônia em si, do casamento religioso? Conta para gente, eu não sei como é que é isso. Esqueci. Somos ()

SPEAKER 2: : Ah, tem umas bênçãos, umas orações e a troca de alianças, a bênção de alianças. () E, e a cerimo... Mas hoje em dia tá muito diferente, perguntam... Não, mas a cerimônia do casamento consiste, em essência, naquele negócio de o marido perguntar, o pai pergunta, você aceita, com seu legítimo esposo, quer dizer, é esse consentimento que é a essência do casamento. E tem o consentimento do público também, que os perantes não tem ninguém... Não, é consentimento do público, porque o padre, se não me engano, pergunta se não há ninguém que tenha alguma objeção a fazer, etc. etc.

SPEAKER 1: : E quem é que acompanha a noiva? A entrada da igreja? Além do... é... quem é que acompanha?

SPEAKER 2: : Às vezes há um cortejo. Tem dama de honra. Mais várias, né? Eu tive uma... Você não teve, né? Não tive. No meu casamento teve uma minha prima que era dama de honra. E acho que uns dez coroinhas, que eu vi só na fotografia, porque no dia nem vi. E depois os padrinhos ficam na frente, no altar mesmo, os noivos do Latos também, os pais também de casa. Quando o cara veio, eu era bandeirante, então tinha matado uma cerimônia. que as bandeireiras se entregavam um broche de ouro para todas as chefes que casavam. Então, meu problema também teve isso.

SPEAKER 1: : Depois do casamento  Não, antes.

SPEAKER 2: : Na hora que entra na igreja e na frente.

SPEAKER 1: : E no casamento civil também tem padrinho ou não? Ou são outras pessoas que acompanham a noiva? No casamento civil. Civil? É. Tem.

SPEAKER 2: : A pessoa escolhe um casal, dois casais da parte do  noivo, e um, dois casa foi comparti lhandos. ### ### eu e os meus meni ###

SPEAKER 1: : Os pais também ### ### ### Se vira. No casamento quando o ### ### O pai dos () ###

SPEAKER 2: : noiva () no Então, já Mudou a vida ### Vem correndo, pega o buquê, trem, trem, trem, pega o buquê. Trem Daí, depois quando sai o cortijo, ah o cortijo, aí troca o pai da noiva, dá o braço para a mãe do noivo. () Ai Deus. E depois o que que acontece?

SPEAKER 1: : cumprimentos viu () Essa cerimônia é feita aonde?

SPEAKER 2: : Geralmente a igreja, em que há uma sala especial para receber os cumprimentos, ou então é depois da porta da saída. ou na sacristia, conforme a igreja. Em geral, facilita muito quando a igreja tem uma sala de cumprimentos, que aí não é uma...

SPEAKER 1: : Uma fila muito desorganizada, né? Uma imensa cerimônia de casamento, assim, quando  a a vamos dizer, o o a a os convidados querem manifestar os seus votos assim, Existe algum algum processo para isso, de manifestação coletiva de votos, afinal de contas?

SPEAKER 2: : Coletivo não, mas individualmente, geralmente todos os todos os convidados, ou pelo menos, porque assim, manda-se convite para dois tipos de pessoa. É um tipo de pessoa, que são os mais amigos, que geralmente mandam presentes. E também o convite funciona como uma espécie de participação. A pessoa que não tem uma amizade próxima, que recebe aquele convite como se fosse uma participação, apenas manda um telegrama agradecendo o convite.

SPEAKER 1: : Mas eu não sei se na tradição brasileira, não sei, não tenho experiência. Existe uma uma uma uma maneira de saudar os noivos depois do casamento? Na igreja? Ou a saída dos noivos? Existe

SPEAKER 2: : (), quer dizer, eles ficam de pé, evidentemente,  quando sai do cortejo assim

SPEAKER 1: : Mas não existe nada assim que simbolize votos de... É, eu acho que tem que falar muitas felicidades.

SPEAKER 2: : Eu acho, cumprimentos não comuns. E depois quando os noivos vão saindo da igreja, assim? Não acho () joga nada, não. () Só na hora que a pessoa... Já é, já ouvi usar muito... Na hora que você sai para viagem de nu Quer dizer, que você deixa a recepção, então joga um arroz e tal. Armavam latas no carro, pintam o carro todo. Aquele carnaval, de vez em quando, vão os carros só atrás. Não sei () Vão atrás, todos correndo, uma baderna daquelas Mas isso depois, quando os noivos estão indo embora, né?

SPEAKER 1: : Para viajar, embora da festa. Na igreja não se ousa fazer nada desse termo Nada desse tipo

SPEAKER 2: : () Acho que assim, socialmente, não. Parece que um casamento militar, né, cruzam as espadas. Fazem um arco assim, com as espadas, () Se não me engano jogo moedas. Passam embaixo o noivo Jogam moedas de ouro. Na Santa Terezinha igreja Santa Terezinha tem uma um buraco no teto, não sei o quê, que caem rosas, caem pétalas de rosa. Em cima, da da a pessoa precisa pagar para não jogarem as (risos) É tão caipira (fala rindo) Paga para não jogar. (tosse)

SPEAKER 1: : Se não pagar, joga. É (tosse) Se não pagar, vem vem Bom, e depois que o o há a cerimônia do casamento, vocês já falaram o que que acontece, quer dizer, as o casal se prepara para o que se costuma fazer logo em seguida, saem de casa, não é? Para o quê? Fazem uma viagem? Como é que se chama essa viagem? chama Lua de Mel. Ou viagem de nupcias. Ou viagem de nupcia. Dessa ainda essa área do casamento, vamos para a outra oposta, né. Como se morre. Não é um assunto mais desagradável (fala rindo) (risos). Tem um festivo (risos). Ah, mas, pensando bem, às vezes é. É um pouco assim de irreverência e até de crueldade, mas se a gente analisar bem, em certos...() até que faz roupa. () Como é que é feita eh eh, como é que, afinal de contas, se costuma a a pessoa, () quando morre, o que que acontece? A cerimônia propriamente dita, disso. Nós falamos da cerimônia do casamento, e da morte?

SPEAKER 2: : Bem, a... a morte tem um velório. Quando morre, coloca-se um caixão e tal. Aí tem a o velório, que chega todo mundo, é chatíssimo. Telefona para todos os  próximos. () para todos, porque não dá para sair no jornal, né? Nunca dá () de sair no jornal. Parece gente passando (). Fala um pouquinho sobre isso. Então tem o velório, mas no velório é um caso... Tem as pessoas que, parentes do morto, que estão sentindo ou não, geralmente estão sentindo (fala rindo) a morte e tal. Tem uns amigos que vêm. Vem consolar, realmente. Agora, uma grande maioria vem fazer um ato social (fala rindo). Falar de pecos, as piadas (fala rindo), contos conhecidos (fala rindo). Uma grande maioria faz número, mesmo assim. Depois, quando dá a missa de sétimo dia, chega todo mundo lá só para assinar no cartão e cumprimentar. É uma cerimônia que eu acho que até devia ser eliminada, porque não tem sentido.

SPEAKER 1: : Foi ótimo né, você ter falado, porque eu não ia perguntar para você, para Alice, assim, você se imaginando, desculpe na a... a coisa, indo ao enterro, como é que vocês fazem? Quais são os passos que vocês dão para chegar até... O local, etc.? () roupa, alguma coisa assim.

SPEAKER 2: : É bom. Eu não acho que a gente sempre ()... () Usualmente vai com uma roupa assim. Se não for para gente próxima, uma roupa escura. É uma roupa dis Discreta, pelo menos. () usar vermelho, cor-de-rosa, etc., etc. Também (), se tem manga ### ### Agora aí também depende, né? Porque se é uma pessoa bastante amiga, geralmente você vai porque você vai fazer companhia para a pessoa. Isso daí a gente que tá no caso, né? Ou você vai para fazer companhia mesmo para a pessoa durante a noite do velório, que normalmente é bastante difícil. ou então você vai fazer um ato social, você vai na hora. É, e se for social aí você tem que ir vestido de acordo com com a família do morto que você vai visitar, e não de acordo com os sentimentos próprios. Tem gente que faz muita questão, muito formal. Ficam todos de preto, sabe? Quando a gente sabe. Tem gente que... Muitas vezes não está em casa na hora do enterro.

SPEAKER 1: : E como é que se faz, assim, para marcar a presença nessa cerimônia, se vocês não têm muita intimidade com a pessoa?

SPEAKER 2: : Há na entrada uma urna, que a gente assina o nome no cartãozinho e coloca lá. É, mas de qualquer modo você vai () E dar os pêsames para... digamos, para o parente mais próximo ou porque você tem uma uma Aquele que você conhece. Por quem? Você foi no enterro, né? Então chega lá e dá os pêsames para ele, e já Aonde que são feitos os velórios? Agora, atualmente? Atualmente há há lugares próprios. Como chama? a na milícia portuguesa? Chama velório mesmo? Não. O nome técnico é Mórguinez, eu acho horrí Morgue? Morgue, bom, é que isso é um caso. Morgue da rua Antônio... Antônio Carlos. Tem que ser sempre normal (fala rindo).

SPEAKER 1: : E e como é que, nessa, durante esse velório, há alguma cerimônia que se processa, ou não?

SPEAKER 2: : Minha pose () Tem gente que fica rezando o terço, então reza um terço, chama, puxa o texto, aquela coisa. E depois, em todos os casos, vem um Na hora de sair do enterro. E dá uma benção, né? Antes de fechar o caixão.

SPEAKER 1: : Para sair no enterro. E como é que sai sem enterro?

SPEAKER 2: : Nunca vi. Bem, o carro funerário já tá parado na porta, fecha o caixão, depois dessa benção que o padre dá, e levam, são homens, geralmente parentes próximos, ou amigos, que carregam o caixão, uns seis, oito, sei lá. Retira as mulheres do show? Colocam (fala rindo) no carro fundo e vão todos os outros carros atrás, até o cemitério. Mas geralmente só vão os homens. E quando chega lá? () Também não vou lá. no enterro não. Eu sei que dá uma bênção, leva o caixão lá para um... capela, dá uma outra benção depois leva para enterrar, mas eu... Em geral, só é homem. E conforme for a importância do do morto, há discursos no cemitério também.

SPEAKER 1: : E onde é que eles põem esse caixão? Você sabe? Há al, há alternativas? Alternativas do quê? Para se pôr esse caixão, () no cemitério.

SPEAKER 2: : No cemitério? Depende do tipo de túmulo que tiver a família, se sei lá, se tem de gaveta, que aí não enterra, só coloca. E suponho que seja assim, não tenho certeza. Óh, então () E há um cemitério novo no Morumbi, não sei como chama, que vai ser como um jardim, só tem as... umas cruz... () lápide, assim... com uma cruzinha em cada... em cada E então isso daí coloca... já, mas dentro também tem gavetas e coisas assim, mas só que por fora é... Por cima é um jardim. Não sei como que chama () Bonita. Chama uma coisa assim, lá no Morumbi, lá atrás. E isso vai ser um jardim, porque os outros... Também é um pouco menos opressivo,  jardim do que esses outros cemitérios tradicionais, o Consolação, a nossa família tem um túmulo lá na ordem no cemitério da Ordem Terceira do Carmo. () tem todos aqueles túmulos de mármore, não sei o que, tudo tudo tétrico.

SPEAKER 1: : E um enterro bem popular, assim, vamos dizer, vocês imaginam, onde é que você põe esse caixão?

SPEAKER 2: : Nas alas comuns. Agora, em termos de cidade do interior, que eles passam a pé, todos de terno branco, carregando o caixão a pé assim, já vimos algumas vezes passando assim. Quando morre a criancinha, como é que eles chamam, você sabe, no interior? Não sei, não. Pelo menos eu já ouvi contar, eu já sei como é, mas não me lembro como... como é o ()

SPEAKER 1: : Me diz uma coisa. Quando a a pessoa morre e tudo mais, e depois disso, quer dizer, além de enterrar et cetera, depois de um certo tempo, essa morte, socialmente é ou religiosamente, ela é ainda considerada. Por exemplo, você vocês falaram, inclusive nisso, ah que a pessoa assina um cartão, et cetera Então, a família depois, ela se manifesta () com essas pessoas que que compareceram?

SPEAKER 2: : A família envia um um cartão de agradecimento. Um cartão tajado de preto agradecendo.

SPEAKER 1: : E depois de sete dias, se costuma fazer alguma coisa em relação a essa pessoa que morreu?

SPEAKER 2: : Depois de sétimo sete dias, a missa de sétimo dia, sai um convite no jornal. E essa missa nós já falamos né, como se realiza. Aham Antigamente tinha de trigésimo dia e tal. Agora há também de trigésimo dia, mas em geral não não sai o convite no jornal.

SPEAKER 1: : Nessa missa, há há há ainda a renovação ãh desse dessa manifestação de amizade à família?

SPEAKER 2: : Nessa missa, quando termina a missa, é uma missa normal, só que quando termina a missa, o padre faz uma cerimônia lá, que é um tipo de encomendação do corpo, não sei, e depois todos os presentes, em geral, cumprem a missa, quer dizer, dão pêsames a família. Há missas em que a testemunha já foi eliminada.

SPEAKER 1: : E a família, assim, a ainda tradicional, ela exterioriza esse esse esse essa morte da pessoa?

SPEAKER 2: : É, eu acho que isso vem caindo, sem relação a luto, uhum, vem caindo, caindo em desuso. Há dez ou quase quinze anos atrás, quando o papai morreu, nós ficamos seis meses de luto, que se chama luto fechado, usando só roupa preta e tal, e depois mais seis meses do que se chama luto aliviado, que é cinzento, branco, preto, não sei disso. Mas hoje em dia eu acho que ninguém

SPEAKER 1: : Vocês acham que isso não choca assim as outras pessoas? Não não acham que é uma falta de de consideração et cetera.

SPEAKER 2: : Vocês acham que hoje em dia... Eu acho que talvez as pessoas mais antigas, as pessoas mais velhas talvez choquem porque estão acostumadas de uma outra maneira. () Todo mundo espera que ponha para eles também. Mas eu acho que uma geração mais nova não se concebe mais isso. Porque não tem sentido, né? Não vai resolver problema nenhum porque está de preto ou não está, inclusive, com a complicação que é para fazer roupa preta para todo mundo. (risos) É, mas é um pouco chocante, uma vez que eu fui fazer uma visita, sétimo dia, da sogra de uma amiga, ela saiu de vermelho, recebendo as visitas. Chocante, por quê? Chocante, às vezes. Toda contente, que bom que morreu, mas... () (risos). Foi isso 

SPEAKER 1: : Não, vou poupar vocês. Chega de morte, né? Escuta uma coisa. Ah Ainda... E e os aniversários de casamento, se comemoram?

SPEAKER 2: : Geralmente... Não, a única pessoa que comemora é a mamãe, que dá um presente. É muito bom. (risos)

SPEAKER 1: : O aniversário de casamento tem nome especial?

SPEAKER 2: : Geralmente que assim, que há festas sociais, bodas de prata com vinte cinco anos de casamento, bodas de ouro com cinquenta anos, depois tem bodas de diamante, sessenta. Os avós do meu marido comemoraram bodas de diamante e agora eles já estão quase fazendo setenta anos de casados. Mas agora a avó está muito mal, não sei se eles chegam a tanto.

SPEAKER 1: : Será que haveria um outro tipo de de de  bodas aí, da além da diamante?

SPEAKER 2: : ### Ah, existe, é? Existe. É setenta anos de bedente, né? ### () Não sei, é pouco tempo que ele vê a Maria Unita que ele fez essas bodas. Eu vi no jornal, como muito comentado, uma festa com duzentos netos, sei lá. Não sei se era setenta  e ci nco anos. É uma festa. Ou se é setenta anos. Porque setenta e cinco é praticamente impossível, né? Porque o casal precisa ter noven

SPEAKER 1: : Quem sabe, se a gente chega lá né, não nós todas.

SPEAKER 2: : Eu espero que não. (risos) Até tento

SPEAKER 1: : Bom demais. () E essas pessoas que, afinal de contas, já viveram muito tempo assim, elas, como é que elas são tratadas? Assim, carinhosamente ou não?

SPEAKER 2: : Depende de uma opção de cura. (fala rindo) É, pois é. É bastante relativo. Não, mas eu acho que via de régua são tratados carinhosamente, se eu não... (). Depende, Lise Problema que tem família que... Primeiro (). Tem família que... tem disponibilidade e tal. É, mas... pelo menos, assim, digamos, nas nossas relações, eu não vejo. A gente vai ver ela ser maltratada, a volta, tal. Agora, o que acontece é que depende do do estado da () e de outras coisas, porque tem alguns que se tratam né (). Então, para quem convive assim, muito proximamente, quem mora junto, muitas vezes é difícil.

SPEAKER 1: : E essas pessoas mais velhas, assim, vocês sabem, você falou em em artérias clerose, quais são as molestias assim, que costumam afetar a velhice?

SPEAKER 2: : Há uma diminuição gradual de todos os sentidos. E geralmente fica surdo, não enxerga direito ou tem catarata. Geralmente é esse tipo de de doença, uma uma dificuldade para andar, para se locomover, para levantar, sentar.

SPEAKER 1: : E a família, no ca

SPEAKER 2: : a pessoa, com quando tem artérias clerose, vai perdendo a lucidez. Então, tem momentos em que está bem, tem momentos em que está, não lembra das coisas, não reconhece.

SPEAKER 1: : No caso, essas pessoas geralmente ficam junto à família, elas têm cuidados especiais. Como é que vocês veem essas pessoas velhas assim?

SPEAKER 2: : Geralmente, tendo família

SPEAKER 1: : E a própria família cuida ou, se tiver recursos, contrata pessoas para cuidar?

SPEAKER 2: : É. No caso de doença, contrata, né? Que tipo de pessoas? Um tipo de enfermeira, que em geral não é enfermeira enfermeira diplomada, mas é uma pessoa prática. Para acompanhar e tal. Na casa do meu marido, ele tem um avô e a avó. O avô acho que tem oitenta e oito anos e a avó uns oitenta e sete. Agora ela está muito mal, mas ele é uma gracinha. Ele é austríaco, fala com sotaque e e lê jornal todos os dias. Até pouco tempo guiava automóvel, agora não não pôde mais porque estava já muito perigoso, porque já não tem mais reflexo, não escuta direito, estava muito perigoso guiando automóvel. Mas ele é uma graça. Lê jornal todos os dias. A gente Então ele comenta assim. Outro dia nós fomos lá perguntamos (). Você tem lido o jornal? Não, agora só leio as notícias importantes, assim, o assassinato. (risos) O importante é isso. Mudança de trânsito, custo de vida, também ele interessa, porque ele acha o cúmulo ler no jornal quanto custa uma casa hoje em dia. (fala rindo) Ele acha que é um absurdo isso. (risos) E É uma graça.

SPEAKER 1: : E quando... ãh, é é costume acontecer, não com pessoas de muita idade, que levam quedas, não é? Como é que se costuma fazer? Como é que vocês imaginam, se vocês não têm experiência, para se cuidar dessas pessoas?

SPEAKER 2: : Eu acho que, em geral, são os filhos que cuidam, no caso.

SPEAKER 1: : E se a pessoa tem que ficar imobilizada, então?

SPEAKER 2: : Fica em casa, imobilizada, contrato de enfermeiro podendo. Porque uma pessoa de mais idade, quando se quebra, né, há uma dificuldade bem grande de para soldar de novo Então é é muito difícil.

SPEAKER 1: : () e é  essas pessoas de mais idade tem problema Você disse, quer dizer, não só dos sentidos, mas parece que todo físico vai perecendo devagarzinho, né? Por exemplo, nas vias respiratórias há algum problema que atinge a velhice?

SPEAKER 2: : Problema tipo assim de ficar com falta de ar e coisa assim? Acho que às vezes sim, às vezes não né.

SPEAKER 1: : Eu  acho que não é uma uma coisa natural. E que tipo de cuidado assim que se que se toma para que as pessoas realmente não fiquem doentes quando estão velhas assim?

SPEAKER 2: : Olha, eu tenho reparado Todo velhinho que chega velhinho mesmo, andando por aí, são aqueles que andam a pé. Todo velhinho que a gente conhece, que já tem seus oitenta e firminho, é aquele que andava a pé nos Campos Elíseos, até não sei onde, todo dia. Porque naquele tempo eles andavam no Campos Elíseos, né? Agora ninguém mais anda por lá. (risos) Mas era essa gente que andava a pé que vai longe.

SPEAKER 1: : Gente de automóvel, uma pita, uns quarenta  Mas assim, há exames médicos periódicos?

SPEAKER 2: : Não, shake-up, né? Não deve-se fazer  É, sempre tem um médico. Família, telefone, perguntar alguma coisa.

SPEAKER 1: : Esse médico tá sempre preocupado em relação ao ritmo do coração?

SPEAKER 2: : É, pressão. Sempre o problema é a pressão. Subiu pressão, desceu pressão, sempre é a pressão arterial que é o problema.

SPEAKER 1: : E em relação assim ao aparelho digestivo, alguma coisa assim que se costuma fazer em relação aos velhos? Ou mesmo o que não, não precisa ser velho não.

SPEAKER 2: : Eu acho que é uma alimentação controlada, com frutas, que facilita o andamento do aparelho digestivo.

SPEAKER 1: : E quando a pessoa, assim, começa a ficar muito angustiada e tal, o aparelho digestivo pode se afetar com isso? Vocês são filhas de (), vocês sabem coisa dessa, vocês não contam a respeito. Como é que é? Em relação ao estômago, por exemplo. Úlceras?

SPEAKER 2: : Minha conhecida, meu marido tem. Úlceras no duodeno. Tipicamente no esboço. Quando chega que dxtá doendo, vejo tomando leite, já sei que aconteceu alguma coisa. Por quê? É uma coisa tipicamente nervosa. Como é que você cuida dele? () cuido. Tem os remédios lá, toma (), leite e tal. Tem uma dieta para fazer nessas épocas que tem crise de úlcera. E a E a úlcera é úlcera de fato, porque se tira a radiografia, aparece na radiografia. Mas depois passa umas épocas bem. Pode operar. O dele é úlcera de duodeno, não é de estômago. Mas todas essas úlceras são de fundo nervoso, né? Uhum. Geralmente aparecem pessoas aparentemente bastante calmas. Uhum Que é o caso. Paulinha, sim, é a pessoa mais calma que tem. E tem úlcera. Porque aqueles que extravasam todos os sentimentos, não criadíssimos, sem educação, nunca tem. (risos) Já gastaram todas as úlceras nos berros. Provocaram nos outros, né?

SPEAKER 1: : Os professores da faculdade costumam ter úlcera, parece que faz parte da carreira universitária. né. Há vários que ficam perguntando, você já teve, né? Quando não se diz nem o que, já se sabe o que é. Mas ah. Mas é porque desilusão dos alunos? Desilusão a respeito dos alu

SPEAKER 2: : Não, eu acho que os alunos não... Eles manifestam bem a desilusão deles. (risos) É uma fonte de ()

SPEAKER 1: :  com os alunos, ()... Trabalho...ãh. É mais em relação ao sistema, né? Você pode imaginar o desespero de um professor tendo novecentos alunos em um ano letivo, o que isso, afinal de contas, pode acarretar. Mas eu estou eu sou eu sou meio desavergonhada, não tive úlcera até agora. Acho que escapei em tempo. Me diz uma coisa, em matéria assim, agora eu vou voltar para a doença, você me desculpe, mas tem muita coisa para falar de doença ainda. (risos) Em matéria de doença assim, o que vocês temeriam como doença? O que que vocês têm medo? A gente não costuma confessar essas coisas, mas aqui... Eu tenho medo de qualquer... Diga, por exemplo.

SPEAKER 2: : Eu também, de qualquer uma. Primeiro, porque eu tenho medo de tomar injeção então.  já primeiro indício () nenhuma. Mas tem umas doenças, se é isso que você quer saber, tem umas doenças, por exemplo, câncer, que agora as pessoas falam, mas antigamente não estava com uma doença muito séria. Ninguém fala. Câncer e tuberculose ninguém fala porque... A tuberculose agora está até popular. Não, () era segredo profissional, você tinha tuberculose. Nós temos uma irmã que teve teve tuberculose, né? () então então tem pleurisia, porque era mais fácil, mais bonito, mais sociável falar. (fala rindo)  tuberculose é bem extinta até depois. E afinal não é nada disso, né? Porque uma pleurisia é uma inflamação na fleura, a volta do pulmão, e ela tem efeito tuberculose mesmo.

SPEAKER 1: : socialmente () E por que a tuberculose hoje é uma coisa assim que não causa esse terror?  Há porque tem antibióticos.

SPEAKER 2: : Sara-se, né? Uhum Teoricamente, né. Por que teoricamente era isso? Tem muita gente que não sara e morre de tuberculose né. Mas também morre de qualquer outra coisa. Sara-se foi promisso, foi tra

SPEAKER 1: : Eles costumam ainda fazer intervenções ãh para tuberculose, você sabem, não? Porque isso, do ãh, no começo do século, se usava muito, né? Pelo menos todo romance que a gente lia de tuberculose... Não, eles não eram tuberculosos, eles eram tísicos.

SPEAKER 2: : ###

SPEAKER 1: : Pois é, para esses tísicos. (risos) Você costumava fazer alguma coisa? Você costumava, assim, cirurgicamente?

SPEAKER 2: : Eu não sei. O meu primeiro tratamento era um Ares. Ares variado, se fosse aqui São Paulo, ia para Campos do Jordão. Não podia ir à praia de maneira nenhuma. Não, mas é

SPEAKER 0: : Na Europa tinha diversa

SPEAKER 2: : ### Tinha lá em ca um indivíduo que era tuberculoso. Ele explorou a mamãe, acho que vinte anos. Quando ele chegou lá, disse que ele tinha sido carteiro, leiteiro, qualquer coisa assim lá de casa, que estava tuberculoso, precisava de nada para fazer uma operação, não sei o quê. E a mamãe dava dinheiro. Daí um ano ele aparecia, que não tinha podido ir, queria, não sei o que. Eu sei que ela, durante uns vinte anos,(risos), aparecia lá. No máximo de exploração. Outro dia mesmo eu decidi não estar falando para mamãe, que ele apareceu de novo. Mas você deu. Ela falava, dei, porque coitado. Mas se ele tivesse tão tuberculoso, já tinha morrido. (risos) Faz vinte anos que ele está tuberculoso, né. Mas não morreu. Esse não morre mais. Não precisa nada. Eu achei uma outra doença horrível também, que que os homens tinham muito medo, né? No começo do século. () da tuberculose, né?

SPEAKER 1: : Doença de de vias respiratórias, não?

SPEAKER 2: : Não, acho que é de vias urinárias, não sei bem. Sífilis? Sí Eu acho que () fora de pergunta.

SPEAKER 1: : Essa não existe ma ### Acho que, assim... Também, por causa de tratamento, né. É claro ###

SPEAKER 2: : Onde há miséria, eu acho que é possível haver tudo, né. Não, tem, mas é o negócio é a possibilidade de tratamento. Então, diminuir a possibilidade de contágio. Uhum

SPEAKER 1: : E, assim, em matéria de doença de pele? Que tipo de doença, assim? Você tinha falado da alergia eu vibrei com a coisa. Achei ótimo. É que também não, não ãh? Doença de pele assim, o que que se costuma ter?

SPEAKER 2: : Antigamente usava (), uma coisa que tinha que era linda. () Isso aqui dava na mão, nunca soube como é que era. Como é que chama? Rangerbir Uma doença lindíssima que dava nas mãos, mas eu também não sei nem o que que era, nem como é que cuidava. Você dava em dia de chi () É. (Risos) Vivia sim um negócio qualquer de...  Da alergia, fica meio sangrando assim. Chega até a sangrar. E uma tal de Inisipela, que dá na perna, faz uma mancha vermelha. O senhor pega aqui, tem várias. Não é? O... Você não lembra o que o Paulinho teve? Faz uns dois anos, ficou de petarfinho. Ah, mas tem muita () que tem (), escutei uma avó de um amigo meu que teve, até morri. Por fora? A pele? É. Né? Porque tem um problema de artéria, sei lá. Faz uma ferida que não fecha, enfim (). E que

SPEAKER 1: : quem tem variz costuma ter outro tipo de coisa? Não tem consequência de de variz, além disso, não?

SPEAKER 2: : Você se perde (), nem conte que eu vou ficar tão nervosa (risos).

SPEAKER 1: : Ah, mas eu, não, eu não estou sabendo não, eu queria perguntar para você.

SPEAKER 2: : Eu tenho muitas varizes, não adianta.

SPEAKER 1: : Eu estou querendo me informar para tomar as minhas providências. (Risos) () sobre varizes, tem vários tipos, não tem? Eu não sei nada dessas coisas, porque eu acho que inclusive é defesa de não querer saber. Tem tipos de varizes diferentes? Não.

SPEAKER 2: : Umas que são mais superficiais? Tem varizes internas. Varejas internas é uma que você não vê, que em um certo sentido, pelo menos do ponto de vista estético, são fabulosas, mas tem uma dor horrível na perna. E tem as varejas externas, que são as da nossa família. Todos. Todos têm. () Você tem que operar ().

SPEAKER 1: : E aquelas varizes assim, fininhas, fininhas, fininhas, sabe se elas têm um nome assim, especial ou não? Não. Não. E em relação, assim, ao coração, o que que pode dar em uma pessoa em função do coração?

SPEAKER 2: : Casos desesperados, em parte. (Risos) Dopnia de artéria também está muito em moda agora. Opera, troca por uma artéria (). É um tratamento que estamos fazendo. Tenho um amigo  fez. Ele teve uma ameaça de infarte, um rapaz com uns trinta e seis anos, então foi operado pelo Zerbino. Eles tiram uma artéria da coxa e implantam no lugar onde havia o entupimento. Essa ameaça de infarte, não era o Marcos que estava contando que está muito em moda entre os professores de administração de empresas (fala rindo), todos estão vindo (fala rindo) (risos). Na mercadologia teve um infarte coletivo (fala rindo).

SPEAKER 1: : Sei lá. Será porque o mercado flutua muito e é isso é que dá roda ou não?

SPEAKER 2: : Não, porque pela flutuação, acho que o sangue também vai e vem, né, entupimento já (fala rindo). Deve ser um estacionamento do mercado, da moeda (fala rindo), sabe? Estacionamento de salários.

SPEAKER 1: : Mas a a, gente que morre (), que se diz assim, morre do coração, além de infarte, de que mais que morre? Que pode morrer? Em relação, em função do coração, quando ele deixa de... de bater. Há alguma outra doença que vocês sabem que pode, assim, ocasionar a morte? Não. Parada cardíaca? Eu acho que

SPEAKER 2: : Sim, é sim. Só que eu já me esqueci, porque eu em geral procuro esquecer as coisas. sei se ajuda. Mas, eu não sei o que significa um soco no coração... imagino que seja um defeito, mas um soco acho engraçado, não sei o que que é. As coisas também nem quer saber muito bem como é, né? Acho com azar () Quem procura sempre acha. Procura muitas vezes, mas sempre acha alguma.

SPEAKER 1: : Nossa, eu vejo a nossa missão aqui é árdua, porque a gente tem que procurar. (risos) Procurar saber se é uma doença, porque geralmente se resiste, né? Uma é é ainda É como você diz, não é? Se a gente  muito mexendo nessa coisa, pode a gente ser atingido de uma maneira ou de outra. Sei lá, ou ficar com ideia fixa em determinada doença.

SPEAKER 2: : Há pessoas que são fanáticas por doença e por remédio. Então, esses aí têm tudo, porque qualquer sintoma (fala rindo) que contem de doença já sentem. Nesse caso, eu acho que é melhor a pessoa não saber, porque não sente. O dia que tem, tem no duro, né? Porque os outros já ficam sentindo a vida inteira sem ter nada.

SPEAKER 1: : Tem gente que toma a, toma aspirina, assim, aos montes, né, oito, dez em um dia.

SPEAKER 2: : E agora há, inclusive, uns tratamentos diferentes.  Uma mulher andou fazendo um um processo chamado acupuntura, uhum, um processo chinês. De agulhadas, né? Os pé têm lugares vitais, nervos vitais. Sara qualquer doença.  Não sei se vai passar hoje alguma, mas, teoricamente... O exame é feito assim. Ele pega o pulso... Pensa, o vestido. Antes chora, tem variz na perna esquerda, tem os (), foi tudo. O diagnóstico é dos mais dos mais rápidos.

SPEAKER 1: : E se o pai acei aceitaria esse tipo de coisa, ele resistiria ou não? Ah, claro que não.

SPEAKER 2: : Todo médico. Alopata não quer nem saber de homeopatia (fala rindo) ou de qualquer uma dessas novidades. Acha tudo besteira.

SPEAKER 1: : Mas não se tem tanto sucesso? Vixe, é, medicina não tradicional na China é uma coisa importante, pelo menos, a gente ouve dizer, assim, coisas incríveis, né? Agora, no caso da sua mãe, vocês não tiveram, assim, ãh possibilidade de verificar se realmente funciona ou não?

SPEAKER 0: : ###

SPEAKER 2: : ;() é muito difícil, porque o médico recomenda diversas coisas, o médico mesmo, e este outro também recomenda, como ela não faz nenhum, em geral ela não melhora ou melhora por ci() Não sabe qual... e vocês costumam, ou talvez não, porque... Faz tratamento, porque os () tinham deslocado qualquer nervo aqui do ombro, então fazia tratamento, agulhada, não sei o que, depois não fazia, ()

SPEAKER 1: : Não há solução para uns caso desses (fala rindo). E, às vezes, assim, domesticamente se procura solução, não é verdade? Quer dizer, quando vocês têm dor de cabeça, é difícil perguntar porque vocês já estão condicionados por serem filhos de mulher, mas eu tenho a impressão que vocês lançam mão de recursos não muito ortodoxos.

SPEAKER 2: : Estou de cabeça, novalgina. Novalgina, é cafezpeína.

SPEAKER 1: : Melhoral. Vocês acham que essas biberragens têm algum efeito medicinal?

SPEAKER 2: : () teoricamente deve ter, porque... O quê Toda a farmacologia, final das contas, originou-se de observação, de uma determinada era, fazer o sujeito dormir ()... Mas eu acho que é preferível a gente usar da experiência dos outros, não vamos começar  Mas aí no caso, por exemplo... Mas há, há algumas coisas. Por exemplo, quando as crianças têm diarreia Você dá? Eu não O médico manda dar uma opção de antibiótico.                Você dá também. Também a água de arroz. Você dá? Eu dou. As minhas empregadas são de Minas. (Risos)

SPEAKER 1: : Minas sabe tudo.

SPEAKER 2: : Muito obrigado. Então então elas tratam do jeito delas e eu trato do jeito médio (fala rindo). () niguém sabe que jeito.

SPEAKER 1: : Mas e você costuma dar alguma coisa quente assim? no caso de que ele dá um uma espécie de medicamento caseiro imediato para os seu filho, não?

SPEAKER 0: : Não.

SPEAKER 2: : As coisas quentes, não. Única coisa... ...teve medicamento caseiro. É, quando está com febre, que a gente dá o banho. Mas isso não é medicamento. uhum

SPEAKER 1: : Não se dá nada para beber, assim, que seja... Não digo medicamento, mas para dar uma ajuda.

SPEAKER 2: : Só em caso, quando a criança tem febre alta, você tem que dar muito líquido para evitar a desidratação, mas também a queijo não. Esse remédio de caseirinha em geral, nós nunca usámos. O vovô usava muito iodo para tudo, mas isso não é caseiro. por que não. Ela usava para as coisas que o médico  Porque não só o papai era médico, como também o vovô, o pai da mamãe, era médico também. E essa nossa outra tia, que é muito chegada, nossa, também é uma linda médica. Então, sabe como é, né? (risos) () para os remédios caseiros.  tomar alguma coisa que que era? Eu gosto bem vermelho. Também servia para tudo.

SPEAKER 1: : Sim.

SPEAKER 2: : E quando a criança é bem pequenininha, assim, aqueles tipo de coisa para evitar dor de barriga, () ### Tipo chazinho? Chazinho. Chá de erva-cidreira, o médico mandava dar, mas eu também nunca dei, por que preguiça de fazer. Chá de erva-doce. () Erva-doce. Erva-doce de camo Também só dei para o primeiro. Os outros, coitados, nem suco não tomaram. (fala rindo) Não tinha mais paciência para esse suco de tomate, que não sei o quê.

SPEAKER 1: : E como é que se dá essa alimentação para esse menino pequeno assim, recém-nascido? Como é que vocês fazem para que ele para que ele, a, se alimente? Onde? Qual é o recipiente?

SPEAKER 2: : Primeiro amamenta viu? Uhum E depois? Depois só na mamadeira.

SPEAKER 1: : E o líquido, tem uma mamadeira especial ou não?

SPEAKER 2: : Tem, tem uma que se chama chuca. Uhum. Que é uma pequenininha Mas chuca é o nome de fabricação. É, mas você você chama como? Você chama () de que? Lembreto de ()

SPEAKER 1: : (risos) E depois, a assim, esse tipo de alimentação, por exemplo, de criança?

SPEAKER 2: : A criança começa comendo só leite, água e chá. Depois de uns dois meses, começa tomando suco Suco de tomate, cenoura, laranja. E é muito complicado porque dá aler gia. Então dá, espera. Começa com poucas gotas cada dia. E depois cenoura, tijolo, abacate, ou fran go. É () que eu só dei para os primeiros outros. () É, primeiro filho não é com açúcar, é com destrozol. Porque açúcar faz mal. Depois, em água também serve. cerveja na madeira ()

SPEAKER 0: : Tinha as babá.

SPEAKER 2: : Depois chega outro com mão de terra, põe na boca do bebê, não ajudou nada. (fala rindo)

SPEAKER 1: : E o e quando o bebê começa a comer as

SPEAKER 2: : sim. Primeiro o bebê começa a tomar suco. Sopa é um caso também complicadíssimo. A primeira vez, o primeiro filho que a gente não sabe fazer sopa de nenhuma espécie, quanto mais de bebê. (risos) A senhora deve saber direiti A gente manda a cozinheira para explicar a receita com essas co Quem vê, não tem ideia. () quero saber como é que vocês se arrumariam com isso. Bebê cho ra, cospe, tudo. (risos) Eu tenho que vestir um avental para dar. É longe. É e E, e, teoricamente, a gente deveria dar na colher. Mas eu sempre dava na mamadeira. Um buracão na na chupeta e () E tomam a sopa até... Aí depois tem um outro ali que manda dar um () um bife de fígado ou não sei o que para a criança chupar.

SPEAKER 1: : Que vem outra porcaria, porque suja tudo. (risos) Eles aceitam esse tipo de coisa, os meninos geralmente? Os meninos assim? Ah, lá em casa acei

SPEAKER 2: : Na minha casa aceitam tudo. Comigo eu não preocupo. O que der come. Minha casa todos magros, ninguém come nada. Então... E e

SPEAKER 1: : E depois como é que vai sendo feita assim, ao aos poucos essa alimentação desses O que eles comem de manhã, por exemplo? Já em uma idade um pouquinho, vamos dizer assim, dá por volta de um ano. Que tipo de alimentação se dá?

SPEAKER 2: : Tem uma hora que eles enjoam, em geral, da mamadeira, então eles tem que substituir ou dar um tody ou uma Uma vitamina batida de com leite e frutas. Ou um mingau. Quando a gente era criança, tomava café com leite. Café com leite. Café com leite não toma lá em casa. Pão com manteiga. Mas em casa só toma o tody. Saem da mamade ira e direto tomam o tody. Até hoje. Tomam gemada também lá em casa. Hm

SPEAKER 1: : Você sabe fazer gemada? Como é que se faz? Põe só a gema.

SPEAKER 2: : Bate com açúcar. Bate até ficar bem branquinho a gema.

SPEAKER 1: : Você costuma pôr alguma coisa na gemada, além disso, ou não?

SPEAKER 2: : A gente crente põe rum,  né. Alguma coisa assim. Para criança, lá em casa, às vezes põe chocolate, também. Lá em casa é proibido, gemada não entra. Por quê? Porque isso é gordisimo assim Então come banana amassada também, com... (tosse) Uma dessas farinhas neston, () Eles comem também isso.